terça-feira, 12 de setembro de 2017

WALTER CARDOSO - Em Memória

WALTER CARDOSO - Em Memória



Comecei a fazer maquetes com 10 anos, ainda criança. Na época usava lata de leite klim, que vinha da Holanda, pois ainda não existia a Nestle no Brasil. Eu emendava uma lata na outra com arame, e fazia um avião enorme, com rodas de madeira, que comprava na mão de um vizinho em recife.
Essa ideia de fazer aviões de lata de leite foi minha. 
  
Ninguém me ensinou ou falou para fazer. Não li em lugar nenhum e também não vi na televisão. Internet naquela época nem se imaginava que um dia iria existir e a televisão estava ainda rasteijando. Não sei nem explicar como surgiu na minha cabeça essa paixão. 
 

Só sei dizer que desde criança eu só fazia aviões e a cada dia venho melhorando e aperfeiçoando minha técnica. Quando comecei a fazer realmente o DC-3, posso dizer hoje que fazia sempre com defeitos, não saía bom, como eu queria. Parece incrível que depois de velho, comecei a fazer o DC-3 exato, sem defeitos.

 A ideia de vender maquetes surgiu por acaso, quando fiz os 2 primeiros C-46, eu já estava com uns 40 e poucos anos. Foi só então que descobri que poderia ganhar dinheiro com maquetes. Quando fui vender um DC-3 com 1,60 mts. de fuzelagem ao comte Rocha, que foi da Aerovias Brasil, porém o diretor do Museu do Rio, não quiz, porque era de uma empresa comercial. 
 Tempos depois quem me comprou este mesmo DC-3 foi o comte Fellipe Wagner, dono de uma Escola de Aviação em São Paulo, me pagando na época em dólares. Logo depois vendi outro para uma loja no Bairro Moema em São Paulo. Foi aí que percebi que havia mercado para minhas maquetes de aviões e comecei a construir para vender.


Depois o comte Felipe Wagner me encomendou maquetes de todos os aviões. Antigamente fazia com madeira balsa, depois fiz 3 formas de fibra de vidro do Douglas DC-3 -Convair 440 Metropolitan e o Constellation L-049 que foi o Jumbo da década de 40 e 50.


 Até hoje, só tenho recebido elogios de todo o Brasil. Existe até uma maquete do Douglas DC-3 da Cruzeiro do Sul lá em Rio Branco no Acre. Nunca tive a oportunidade de participar de uma feira ou exposição.
 
Quem levava para uma feira acho que no interior de São Paulo, era o comte Felipe Wagner. Certa vez, ele me contou que uma vez levou às maquete do C-46 com quase 3,00 mts de envergadura, e outro comte quando viu o C-46 na feira, começou a chorar, lembrando de quando estava na ativa. Nunca fiz reportagem sobre minhas maquetes. Esta é a primeira vez que estou fazendo um trabalho publicitário e estou gostando. 

 Somente fabrico por encomenda e fico sem estoque aqui em casa. Os detalhes eu consigo, primeiro porque conheci a fundo todos esses aviões, depois tenho muitas revistas e fotos. E tenho plantas da maioria. Minhas ferramentas? São as piores possíveis, só sei fazer com ferramentas da pior espécie possível!!!!  Invento na hora, mas sai tudo certo. Eu fazia contabilidade, imposto de renda para Pessoa Física mas já me aposentei. Meu filho só tenho um casal!! Gosta muito de avião....   

 Mas para construir, nada para ninguém. Quem me ajuda a construir, é DEUS e mais ninguém.  Com a planta faço qualquer avião comercial. já fiz Douglas DC-3 -Convair 440Mmetropolitan -Constellation L-049 -Boeing 727-100 -Boeing 767 -C-46 -Dart Herald - etc. E claro adoro minha família. O que seria eu senão fosse eles.
 

 Viajo de avião desde de 1946 nas empresas linhas aéreas Trans-Continental, Brasileiras - Linhas Aéreas Paulistas s.a. foi aí que começou a minha paixão pelo Douglas DC-3, o avião mais bonito fabricado até hoje. Em 1946 embarcava no campo do Imbura em Recife, as vezes para Aracajú e outras vezes para Salvador. O episódio que achei mais engraçado, foi passar quase 10 anos fazendo e desmanchando a frente do Douglas DC-3 mais ou menos 45 vezes. 

 
Por incrível que pareça, fui achar a caverna certa que fica a janela do comte, em 2 ovais que. tem na cabeçeira de minha cama de casa. Tentei 10 ou 15 anos, mas acertei. Em agosto de 1959 sai de feira de Santana na Bahia e fui para São Paulo, tentar entrar na escolinha de pilotos da Real-Aerovias, passei em tudo, mas quando o médico foi tirar a minha pressão, estava alta,  eu com 21 anos, 

 Não sabia nem como funcionava esse negocio de pressão Ainda fiquei em São Paulo 3 anos, morei na rua Vitória no Hotel Continental, e por fim no Hotel de Sirio Bardauni na 25 de Março. Trabalhei nas Inds. Cama Patente e depois a firma me transferiu para Salvador.
Essa é a minha historia.