quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Ricardo


Riccardo Bison
Unindo três grandes paixões:
viagens, aviação e a VARIG! 

 Eu na cabine de um DC-10 da Varig, nos anos 80



Fale um pouco de você, da sua infância

Brasileiro, paulistano. 51 anos, casado e pai de um pimentinha de 7 anos, o Henry. Meu pai, Mario, italiano; minha mãe, alemã e de nome bem fácil – Roswitha Friederike Margarete Johanna Von Faber Bison. Irmão do Adriano (sou o mais novo).

O Henry, meu filho, em Lucerna (Suíça)


Minha mãe veio com seus pais para o Brasil muito cedo, com apenas 5 anos de idade. Meus avos maternos perderam tudo o que tinham, em Nuremberga, durante a Segunda Grande Guerra. 

A casa em que moravam veio abaixo, vítima dos bombardeios – imaginem o cenário de terror quando tocavam as sirenes, anunciando a proximidade de ataques aéreos inimigos, e todos tinham de correr para os abrigos subterrâneos...e daí você sai, quando os ataques cessam, e sua casa, que estava lá minutos antes, não existe mais!               


Meus avós maternos,
Eberhard e Margarete


Nuremberga foi documentada pela primeira vez em 16 de julho de 1050. É uma cidade ao norte da Bavária, diferenciada pela sua arquitetura medieval com fortificações e torres de pedras. 

Por sua forte ligação com Hitler, que declarou a cidade como sede oficial dos Comícios do partido Nazi, Nuremberga acabou sendo uma das cidades mais atacadas, e destruídas, durante a guerra – incluindo a maioria de suas construções da Idade Média – mais tarde reconstruídas, seguindo rigorosamente suas características originais.


Cidade de Nuremberga


O meu avô, Eberhard, foi combatente e sofreu ferimentos na Finlândia, durante a guerra - acabou atingido que por estilhaços da explosão de uma mina. Como estava longe da Alemanha e de um socorro imediato, e muito necessário, acabou tendo complicações neste ferimento. A perna gangrenou e teve, infelizmente, de ser amputada.


Minha avó paterna (Nona Tereza)
e meu avô materno (Eberhard)
em Foz do Iguaçu, em 197
5


Ele, porém, não permitiu que a amputação o derrubasse e procurou, de forma sempre muito positiva, ter uma vida o mais normal possível, com ajuda de uma perna mecânica. 

Casou, teve uma filha, trabalhou normalmente a vida inteira, dirigiu por muitos anos sua inesquecível Brasília vermelha (devidamente adaptada), e soube aproveitar bem todos os momentos em companhia da família e de seus amigos. Muito estudioso e inteligente, era uma pessoa extremamente culta. A ausência de uma perna em nada o atrapalhava para fazer as coisas que gostava, como mexer no jardim e até, vejam só, jogar tênis no clube. 


Meu avô trabalhando no jardim,
na casa da Serra da Canteira


Seu sofrimento não se limitou ao período da guerra e se estendeu ao pós-guerra. Era ainda muito jovem e estudava história da arte / arquitetura, mas sem moradia e um emprego para sustentar a família, se via sem perspectivas. Foi quando uma tia, que trabalhava como governanta para a família Suplicy, em Santos, o convidou para se mudar para a América.

E foi assim que, em 1951, embarcaram ele, minha avó e minha mãe, criança, em um Super Constelation e vieram, com a cara e a coragem, para tentar a vida no Brasil.

Moravam de forma bastante precária na cidade praiana e tiveram, claro, muitas dificuldades para se adaptar. O sustento vinha do meu avô, que trabalhava para a família Suplicy, no ramo de exportação de café. Anos mais tarde, em busca de melhores oportunidades e condições de vida, se mudaram para a cidade de São Paulo.

E foi lá, em 1962, que minha mãe conheceu meu pai, com quem se casou cedo, aos 19 anos.

Meu pai é de Turim, no norte da Itália. É a capital de Piemonte e conhecida pela sua arquitetura e gastronomia requintadas. Os Alpes elevam-se a noroeste da cidade. Imponentes edifícios de estilo barroco e cafés antigos preenchem suas avenidas, calçadas cobertas e grandes praças, como a Piazza Castello e a Piazza San Carlo.


Cidade de Torino, Itália
 

Meu pai junto com sua mãe, na Itália


Meu pai vem de uma família simples e numerosa, com 3 irmãs e 2 irmãos. Veio sozinho ao Brasil, em 1962, em travessia feita a bordo da navio Federico C.
 


Trazia consigo um contrato que previa apenas um ano de trabalho, no ramo da metalúrgica. Encerrado este ano de intercâmbio, retornaria para a terra natal. 

Mas antes disso conheceu minha mãe e, por ela, resolveu ficar. 

Casamento dos meus pais, em 1965


Do casamento, realizado em 1965, nasceram dois filhos. Eu, em 1971, e meu irmão mais velho, o Adriano, de 1967. 

Meu pai, com muito estudo, trabalho e dedicação, conseguiu ultrapassar diversas barreiras e prosperar no Brasil. Começou por baixo, foi crescendo na carreira e chegou a ocupar diversos cargos de direção, incluindo a vice-presidência, na empresa de parafusos Mapri, mais tarde adquirida pelo grande conglomerado da Belgo Mineira. 


Festa Junina na escola. Eu e meu irmão, Adriano
 

Eu pequenino, no clube


Com o sucesso profissional do meu pai e todo o apoio e dedicação da minha mãe, sempre presente, eles conseguiram dar, a mim e ao meu irmão, uma ótima educação e uma vida confortável.

Estudamos no bairro do Alto da Boa Vista, na Escola Rudolf Steiner, de pedagogia Waldorf – vai aqui um parêntesis. Para quem não conhece, a pedagogia Waldorf, amplamente difundida pelo mundo todo, parte de uma visão antroposófica, que vê o homem como um conjunto harmônico que abrange três dimensões: físico, anímico e espiritual. Dessa maneira, fundamenta as práticas educativas que desenvolvem o aluno de forma integral, ou seja, associando habilidades corporais, cognitivas e emocionais. 

Usando uma definição menos complicada, é uma escola que respeita a infância como ela deve ser e que prepara os alunos para a vida, e não apenas para o vestibular. E que carrega bastante nas mais diversas especialidades artísticas, como desenho e  pintura, música, teatro, esculturas em argila e madeira, arte têxtil, entre outros.


Foto da minha turma na Escola Rudolf Steiner


Enfim, seguindo.....somos, claro, muito gratos aos nossos pais. Nunca chegamos a viver no luxo, longe disso, mas também nunca nos deixaram faltar o necessário!

E foi assim que tive o privilégio de desfrutar de uma infância incrível, e muito ativa! Seja no prédio em que morávamos em São Paulo, no bairro do Itaim Bibi (e mais tarde no Alto da Boa Vista), seja principalmente aos finais de semana, que costumávamos passar no clube, na Serra da Cantareira. 


Eu e meu irmão na piscina
do Petrópolis Tênis Clube, na Cantareira

A Cantareira é uma extensa área verde ao norte da cidade de São Paulo, com 64.800 hectares de área, abrangendo os municípios de São Paulo, Mairiporã, Guarulhos e Caieiras.  É considerada a maior floresta urbana do mundo!

Meus avos maternos “descobriram” a Serra da Cantareira lá pelos anos 60, quando quase tudo em volta ainda era mata pura. 

A “estrada” para subir a serra era de terra e bastava uma chuvinha para ninguém conseguir passar.  Eles compraram um terreno (na época, com preços muito convidativos) e ganharam um título no recém-criado Petrópolis Tênis Clube, estrategicamente localizado em um vale. 


Hoje asfaltada, a estrada naquela época era toda
de terra e lama, um verdadeiro desafio aos motoristas
.

 

O Petrópolis Tênis Clube, na Serra da Cantareira,
em seus primeiros anos


Um ano mais tarde, minha mãe apresentou a serra ao meu pai, que também se encantou. Eles então adquiriram uma unidade no “chateau”, conjunto de pequenas casas de final de semana, pertinho do clube, e passaram a freqüentar a serra todos os finais de semana. 


Meu pai e o Adriano, no Chateau, Serra da Cantareira

 

E foi lá que cresci e vivi uma infância maravilhosa!

O tempo passou e em 1979 meus pais e avos maternos decidiram construir uma casa maior na serra, para toda a família, naquele terreno adquirido nos anos 60 - localizado no alto de um morro, com linda vista para o vale (onde fica o clube) e montanhas que cercam a represa de Mairiporã. A casa foi construída em estilo de chalé europeu, com o telhado pontudo, em “V” invertido, e marcou uma virada nas nossas vidas – para melhor, claro. 


A casa sendo construída, em 1978


No início, passávamos apenas os finais de semana nela mas, passados alguns anos, nos mudamos em definitivo para cá (meus pais, eu, meu irmão Adriano e meus avós maternos).

A Serra foi sendo descoberta, a estrada asfaltada e aos poucos muitas outras pessoas passaram a morar por aqui - e durante a recente pandemia da Covid, este movimento foi muito intensificado. 

Hoje, além de ter uma grande comunidade de moradores, virou um point de final de semana para os paulistanos que buscam pelos seus diversos bares e restaurantes, concentrados em dois pólos gastronômicos criados recentemente. 


O Frutta & Crema é um dos diversos restaurantes
que abriram recentemente fazendo
da Cantareira um polo gastronômico dos paulistanos.


Eu me mudei de volta para São Paulo quando comecei a trabalhar, e depois me casei, mas seguia vindo religiosamente para a Serra aos finais de semana.

Quando veio a pandemia, em 2019, fugimos para cá e nos meses de confinamento decidimos que era a hora de voltarmos em definitivo. E cá estamos, morando na Serra (na mesma casa, construída em 1979) e oferecendo ao nosso filho, o Henry, uma qualidade de vida sem igual, em contato direto com a natureza.

A Serra me ensinou desde pequeno (e é isso que tento passar hoje ao meu filho) a apreciar e respeitar a natureza. Andar descalço, brincar na lama, sentar no gramado, amar os animais... 


Meu filho Henry em momento
de infância pura, brincando na lama.
 

Foi daí, inclusive, que comecei, pequeno ainda, a fazer trilhas (como é que meus pais deixavam??? Para ser honesto com eles, nem sabiam direito...rs). Sim, eu e meus amigos saíamos “por aí” abrindo trilhas na mata, em busca de cavernas e cachoeiras. Éramos a “Turma da Aventura” e passávamos grande parte dos finais de semana lá, dentro da floresta.

Acho que criança tem mesmo anjo da guarda muito forte, pois em todas essas nossas aventuras mata adentro, nunca encontramos uma única cobra. E olha que entrávamos em cada buraco que hoje, só de imaginar, tenho medo. O esconderijo da turma era, vejam só, dentro de um cano sujo e escuro, que passava por de baixo de uma rua de terra, perto do clube.

Brincávamos ao ar livre, faça sol ou faça chuva (na chuva, aliás, sempre ainda mais divertido). O futebol sempre foi outra paixão. Eram horas e horas seguidas jogando futebol de salão (mais tarde renomeado para futsal) e futebol de campo, lá no Petrópolis Tênis Clube. 

Mais tarde, na adolescência, entrei para o time principal do clube, que jogava todos os sábados contra times que vinham, sem sua maioria, de São Paulo. Joguei no “Primeiro Quadro”, como lateral direito, e fiz parte deste verdadeiro “esquadrão”, sem falsa modéstia. Era um time muito forte, dificilmente perdíamos uma partida. E eu era tão fominha que se sobrasse uma oportunidade, atuava um pouco no segundo quadro também, e no time de veteranos, que jogava aos domingos (o time era de veteranos, mas eu com meus 20, 25 anos...rsss).


Time de futebol, Torneio Azul e Branco,
Petrópolis Tênis Clube (sou o segundo em pé,
da esquerda para a direita). Foto de 1987


O grande esquadrão do Primeiro Quadro,
 que dificilmente perdia uma partida.
De pé (da esquerda para a direita): Flavio, Guya,
Nine, Vasco, Hominho e Roger.
Agachados (da esquerda para a direita):
eu, Marcelo do Cartório, Cris, Renato e Zequinha.


Eu era tão fominha que se tivesse vaga,
jogava até no time de veteranos do clube.
Olha eu lá, o primeiro agachado,
da direita para a esquerda


O futebol sempre foi uma enorme paixão.
Se pudesse, ficava jogando o dia todo.

O futebol foi meu principal esporte, por anos e anos....até eu sofrer uma séria contusão no joelho, que me afastou dos gramados. Mas o futebol não ero o único. Jogávamos de tudo, vôlei (eu era péssimo, assumo...rs), basquete, taco (quem se lembra?)...bolinha de gude, peteca...


Com os amigos do clube, jogando peteca
(sou o do meio, com a raquete na mão) 

E jogávamos muito tênis também. Aliás, no tênis em mandava bem, cheguei a ser campeão infantil lá no clube. Praticava todos os sábados de manhã, com meu irmão e meu pai -  o meu mestre!

Sim, meu pai era fera no tênis, uma verdadeira “lenda” no Petrópolis tênis Clube. Ninguém o derrotava, poucos o desafiavam. 

Chegou a ter um torneio lá no clube, na base da brincadeira, em que puseram meu pai para jogar em condições bem desfavoráveis, só para dar mais chance aos adversários. Então meu pai teve de jogar segurando a raquete em uma das mãos, e uma mala...sim, uma mala, na outra mão. E mais: uma mala cheia de tijolos!!! E adivinha, ele ganhou!!!! 


Meu pai jogando com uma mala na mão.
Com tijolos dentro. E ganhou mesmo assim! 
 

Meu pai era fera no tênis!
 

Eu, porém, nunca levei o tênis muito a sério, o futebol sim, era minha paixão. E a infância foi passando assim, leve e solta...éramos uma turma enorme de crianças lá no clube, brincávamos de tudo, polícia e ladrão, caça ao tesouro....construíamos cabanas com galhos de árvores, andávamos de carrinho de rolimã ... essas coisas gostosas que a criançada de hoje em dia nem sabe o que é! Ô infância boa!!!

Éramos o terror dos funcionários do clube...rs. Coitados, sofriam conosco!!! O clube tem um lago, e barcos a remo. Mas só maiores de idade podiam remar. Nós, crianças, só acompanhados por um adulto. 

Mas sempre dávamos um jeito de “pegar” as chaves para dar uma volta, escondidos. E em uma dessas vezes, o funcionário saiu correndo, berrando, para voltarmos. “Voltem, por favor...se o presidente fica sabendo que vocês estão no barco, e esse barco afunda, estou ferrado”. Hoje, claro, eu voltaria (aliás, nem pegaria)...mas criança, sabe como é, né? 

Não voltamos....pior, existe uma ilha no lago e uma parte dele ficava escondido atrás de uma churrasqueira, na ilha. Então ao chegarmos a este “ponto cego”, tiramos o barco do lago, escondemos ele com uma lona e começamos a fazer barulho, batendo com os remos na água...”socorro”, “socorro”, gritávamos....”o barco está afundando”...rsss...nos molhamos para dar ainda mais autenticidade à história e seguimos gritando...”o ‘fulano’ sumiu, acho que afundou, socorro” rssss.....e o funcionário veio correndo, desesperado....quase morreu de susto, coitado. 


Vista parcial do lago do clube


Mas nem toda minha infância foi assim, aprontando...rs. Depois, na adolescência, fiquei mais responsável...rs. A ponto de ajudar meu grande amigo, Renato, a montar uma equipe de recreação no clube. Éramos em 4, na assim chamada “Equipentelhação”. 

De uniforme laranja, organizávamos todas as atividades recreativas do clube, como campeonatos das mais diversas modalidades esportivas, caminhadas pela Cantareira e muitas atividades voltadas à criançada.


A Equipe de recreação “Equipentelhação” (de laranja)
em um dos passeios com as crianças do clube
 

Além disso, organizávamos o PTCamp. Nada a ver com o tal partido político...rss...é que o Petrópolis Tênis Clube era conhecido como PTC (suas iniciais) e resolvemos ajustar esse nome ao acampamento que fazíamos a cada semestre, na época das férias. 

Reuníamos cerca de 150 crianças por uma semana para um sensacional acampamento, na ilha do clube - eram 20, 30 barracas espalhadas pelo local.

Durante esses dias, e sobretudo nas noites nós, os monitores, fazíamos uma série de atividades super empolgantes com os acampantes. Gincanas, jogos, música, teatro...e quando o sol se punha, os sempre esperados (e temidos) jogos noturnos.

Eram jogos de terror, baseados em filmes e personagens do gênero (Jason, Fred Kruger, o palhaço do IT, entre outros), onde os acampantes tinham de seguir um roteiro e buscar objetivos enquanto monstros (nós, os monitores, devidamente fantasiados) tentavam evitar que alcançassem sucesso. Imaginem o clube todo apagado, no meio da mata, música de terror tocando ao fundo e os acampantes tendo de andar nesse breu, em pequenos grupos e munidos de uma simples vela, sabendo que monstros estavam a espreita para assustá-los. Era um festival de gritos e sustos, mas todo mundo adorava, acreditem. 

Fomos, posso dizer assim, os precursores das tais noites do terror que depois viraram febre em parques como o Playcenter e, mais tarde, Hopi Hari. 


Equipe de monitores de um acampamento PTCamp.
Olha algumas barracas lá no fundo da imagem.
 

 Como é morar na Cantareira?

Me defino como sendo um pouco “bicho do mato”...risos. Embora tenha passado parte da minha vida na cidade grande, nunca deixei de freqüentar a Serra. 

E para ser sincero, nunca gostei da cidade de São Paulo. Grande demais, confusa demais, muito cheia, suja, cinza, poluída....enfim, sou mais o ar puro e a natureza, definitivamente.
 

Há claro coisas que gosto na cidade, como ir aos jogos do Corinthians, meu time do coração. Sou corinthiano roxo e freqüento as arquibancadas desde pequeno.

Meu pai, italiano, logicamente tentou me fazer torcer para o Palmeiras....até me levou em um jogo do “Palestra” (sorte, não lembro...rs). Mas não devo ter gostado muito e pedi para me levar em um do Corinthians. Ai foi o grande erro dele, como palmeirense....ele me levou! E eu fiquei absolutamente fascinado por aquela torcida fantástica do timão e decidi, sem chances de volta, que a partir daquele dia aquele seria o meu time. E cá sou eu, um legítimo “corinthiano, maloqueiro e sofredor, graças a Deus” rssss 


Adriana e eu, indo “vistoriar” as obras de construção
da Arena Corinthians, em Itaquera


Saudoso estádio do Pacamebu.
Vivi muitas emoções neste lugar!

Mas voltando à Serra. Comparado à cidade de São Paulo, é o paraíso na terra! Nada se compara a estar no meio do verde, respirando o ar puro. A tranqüilidade e a paz só são quebrados de tempos em tempos por, vejam só....aviões, em rota de pouso em Guarulhos. Quer coisa melhor???? Rs. 


Henry crescendo junto à natureza, na Cantareira


Criança com espaço, junto ao verde, é criança feliz!
 
Gramado vira escorregador...delícia!

 
Aqui temos espaço de sobra, que o digam nossos cachorros. Aliás, outra paixão que tenho. Sempre gostei muito deles e se pudesse ($$$), teria muito mais aqui em casa. Já chegamos a ter 6 ao mesmo tempo – hoje, são 4. 

Na maioria das vezes nossos cães não são de raça, preferimos os sempre dóceis e simpáticos vira-latas. E muitos deles, ao longo desses anos todos, foram adotados das ruas e instituições que cuidam de animais abandonados. 

Faz cerca de duas semanas, por exemplo, chegou o "Timão". Foi encontrado atropelado em uma avenida de São Paulo. Resgatado e devidamente cuidado, por uma amiga da minha esposa, está aqui conosco agora, feliz da vida. Logo de cara ficou amigo do "Marley", que neste mês de novembro fez um ano conosco.

Marley apareceu aqui do nada, arranhou o portão e quando abrimos, correu para dentro. Como que pedindo para o adotarmos. Soubemos depois que era maltratado pelo antigo dono, que o abandonou. Chegou com cinomose, uma terrível doença canina, com altos índices de letalidade. Salvamos sua vida e hoje se transformou em um belo cão, forte, alegre e feliz!

Desde pequeno, cuidando e gostando de cachorros

Henry, meu filho, seguindo pelo mesmo caminho.
Os cães são seus grandes amigos! Aqui, ele com minha mãe,
no jardim de casa. Com a Pupi (nossa cachorra)
e o Amarelinho (cachorro de pelúcia)

O Marley é nosso cachorro mais recente.
Veio da rua, abandonado, doente. Hoje um belo cão,
forte, feliz. Ajuda até o Henry nas lições de casa...rssss
 


Mas não é só cachorro que tem aqui. Temos macaquinhos sagüis que nos visitam todos os dias e comem da nossa mão, macacos-prego, tucanos, esquilos, jacus...até bicho-preguiça e porco-espinho já passearam em nosso jardim. 

Tá, tem aranha e cobra também, claro...é o preço de quem escolhe viver no “mato”. Cobra é muito difícil de ver, mas aranha tem até dentro de casa, no teto da sala – é como se fossem de estimação...rsss...são aranhas pequenas, achatadas, que não fazem nada, não representam perigo algum. O perigo maior está nas venenosas armadeiras, que vez ou outra aparecem e nos assustam. 


Bicho-preguiça passeando em uma árvore
no terreno de casa, na Serra da Cantareira

Os sagüis nos visitam diariamente.
Muito dóceis, comem da nossa mão


Mas aqui na Serra eu trabalho ouvindo o som dos pássaros, e isso não tem igual. Olho pela janela e vejo morros verdes a perder de vista...saio às vezes para caminhar, em ruas ainda de terra...delícia! E o que é melhor, estamos no interior, mas a apenas 15 minutos de carro da zona norte de São Paulo, e de todos os serviços que a cidade oferece. Meu filho mesmo estuda na cidade, e levamos 20 minutos de casa até lá (tempo até menor do que talvez se levaria morando na própria cidade). 


Nada de joguinho eletrônico.
A infância do Henry é assim, ao ar livre,
junto à natureza.

Outra coisa que diferencia a Serra da cidade é o clima. Eu por exemplo não gosto de calor, daquele insuportável, típico do verão. E curto muito um friozinho. 

E aqui a temperatura é sempre, no mínimo, 4 a 5 graus mais baixa que na cidade de São Paulo. Não tem coisa melhor do que estar na cidade, sofrendo com 35 graus, e subir a serra...e ir sentindo a temperatura ficar cada vez mais amena à medida que os quilômetros avançam serra adentro. E chegar em casa com agradáveis 27 graus!!! O inverno? Bem, já foi bem pior, com geadas e carros congelados ao amanhecer. Mas faz tempo que isso não acontece e os invernos, por aqui, são bem suportáveis, mesmo nos dias mais frios.

E o gosto pela aviação, como surgiu.

Como podem notar pelo que já contei, eu era bastante ativo na infância, um verdadeiro sapeca. Mas eu tinha meu lado calmo e bonzinho também....rssss

E nos meus momentos mais caseiros, eu tinha outro hobby: desenhar. E o que eu mais desenhava? Aviões!!! Desde pequeno, um apaixonado por eles. 


Desenhos da infância. Um Airbus A300 da Cruzeiro
sobrevoando as cataratas de Foz do Iguaçu...


...e um Electra na pista do Aeroporto de Congonhas


 Boeing 767-200 da Transbrasil (sempre tive um carinho por esta empresa simpática)


E o Concorde, claro, não podia faltar!

Como surgiu? Não sei, não lembro, juro. 

Na verdade, quando menor, o que eu mais gostava nem eram os aviões, e sim os ônibus. Até que um dia me levaram em um carrossel, escolhi o ônibus, claro, e fiquei lá, feliz da vida, rodando e rodando com ele. Até que em um determinado momento, dizem meus pais, eu tirei o sorriso do rosto e comecei a chorar, berrar, espernear.....me tiraram do tal ônibus do carrossel e perguntaram o motivo do choro repentino...e eu expliquei que meu ônibus estava indo para Ubatuba (ah a imaginação infantil) e que quando passou por Ubatuba ele não parou...hahahaha

Não sei e foi depois desse episódio, mas o fato é que logo esqueci dos ônibus e me apaixonei, de vez, pelos aviões.

Meu presente de Natal e aniversário todos já sabiam, tinha de ser um livro ou uma maquete de avião, e eu já tinha diversas. Gostava muito de brincar com elas, mas eu brincava sozinho. Ficava lá, no meu mundo imaginário, como se eu estivesse de fato “naquele voo” de fantasia - e não gostava de ser importunado e interrompido nessas “viagens”.

Cheguei a ter duas maquetes bem grandes, daquelas de loja de passagens, sabe? Ambas da Iberia – um A300 e um Boeing 747-100 – que eu consegui em uma Festa Junina, lá no clube. 

Mas eu sempre queria mais e de vez em quando  ia com minha mãe lá no centro da cidade, ali na São Luis, onde as cias. aéreas tinham seus escritórios. Íamos de escritório em escritório pedindo material, folheteria, adesivo, boné, o que fosse. E maquete, claro. 

Mas maquete ninguém dava, a única que consegui nessas andanças todas me foi dada pela LAP, Líneas Aéreas Paraguayas – um lindo exemplar do Boeing 707!

Eu tinha, também, alguns modelos da Varig, que eram vendidos no escritório da Revista Ícaro, que ficava próximo ao aeroporto de Congonhas. Um 767-200ER, um 747-200 e um DC-10, além de um A300 da Cruzeiro. Os dois primeiros tenho até hoje e os dois outro foram doados a um amigo, Sergio Knoch (mais adiante falo mais dele). Livros eu tinha muitos também, todos importados - não existia nada de aviação aqui no Brasil. 


Maquete do 747-200 da Varig, comprada a loja da Icaro

Gostava tanto dos aviões que na minha infância eu ficava observando e registrando a mão, em uma caderneta, os que passavam sobre o prédio onde morava, na Avenida Joaquim Floriano, em rota de pouso para Congonhas. 

Fazia isso rotineiramente! Era Electra da Varig, 737-200 da Vasp, Varig, Aerolineas Argentinas. Tinha o Super 200 da Vasp, da Lloyd Aero Boliviano, o 727-100 da Transbrasil, da Cruzeiro....depois, anos mais tarde, o “gigante” A300 da Vasp. E eu anotava tudo, tipo de aeronave, qual a companhia aérea, horário em que passou, etc. Eram outros tempos, nada de Flight Radar...rs

E quantas não foram as vezes que minha mãe teve de me levar para  observar o vai e vem dos aviões no saudoso terraço do aeroporto de Congonhas. Ela me pegava na escola e íamos direto, almoçávamos na lanchonete que ficava no terraço e passávamos horas e horas lá. Uma vez, inclusive, almoçamos no luxuoso restaurante do aeroporto, com vista para a pista. Nem me lembro da comida....afinal, o que importava não estava no prato..rs. Era sensacional, o terraço sempre cheio e os aviões ali, pertinho...o cheiro do querosene de aviação...os passageiros embarcando a pé ou naqueles ônibus em azul e amarelo, da Sata. Bons tempos! 


Foto da Internet, que mostra bem como era o terraço
do aeroporto de Congonhas antigamente
 

Anos mais tarde, com a inauguração do Aeroporto de Guarulhos, passei a adicionar este também nos meus freqüentes passeios. E lá também, a exemplo de Congonhas, tinha um terraço aberto que atraía muita gente. Não tinha a mesma visão do aeroporto central, mas permitia ficar bem próximo de aviões do mundo todo, e de grande porte. Reinavam os gigantes DC-10 e 747, além do A300 e dos primeiros Boeing 767. O 707 e o DC-8 ainda eram presença constante, além de raridades como o imponente Tristar. 


Curtindo a vista em um dos vários passeios
que fiz para aproveitar o terraço aberto do Aeroporto
de Guarulhos. Um lindo DC-10 da Varig ao fundo.

Aliás, não consigo entender por que afinal das contas fecharam esses espaços, de observação, nos aeroportos brasileiros. Segurança? Este argumento não me convence, afinal eles seguem existindo mundo afora. Aqui, quem gosta de avião, sofre para conseguir um lugar para observá-los, uma pena! Quem conhece o tal "morrinho", perto do Aeroporto de Guarulhos, sabe do que estou falando.

Sempre gosto de citar o exemplo do aeroporto de Zurique (mas há muitos outros que mereciam destaque também). Quem já foi no terraço do aeroporto suíço sabe bem como é. Um espetáculo! 

Um enorme espaço aberto, com locais cobertos (para sombra nos dias quentes e proteção nos dias de chuva), lanchonete, restaurante, loja de artigos aeronáuticos e até playground para a criançada. 

E no espaço para observar cada aeronave estacionada no finger, um painel com informações sobre o respectivo voo e fone para escutar a comunicação da cabine de pilotos com a torre.  O lugar acaba virando uma opção de lazer, seja para quem usa o aeroporto como para moradores da região. Gera receitas, gera emprego, traz turistas. Tanto que já abriram um segundo terraço, em outro terminal. Por que não se consegue fazer isso aqui no Brasil também? Alô autoridades, por que???? 


Terraço do Aeroporto de Zurique 

Para finalizar, sempre que meus pais viajavam (e eu por algum motivo não podia estar junto), eu pedia que eles tirassem fotos da cabine de passageiros, do serviço de bordo, da vista da janelinha, dos comissários, pilotos...rss....coitados, mas eles faziam este esforço por mim. E quando voltavam das viagens eu nem queria saber muito de presente, o que queria mesmo era ver as fotos e saber detalhes dos voos...rs


Meu pai na cabine da Classe Econômica do DC-10 da Varig


Minha mãe de penetra, para tirar uma foto para mim da Primeira Classe do 747 da Varig


E meu pai na escada do Boeing 747-300 da Varig, na Itália
 

Verdade que essa paixão pela aviação te levou à Inglaterra?

Sim, verdade. Tamanho era este amor pela aviação que, ainda bem jovem, botei na cabeça que queria conhecer a Feira de Farnborough, na Inglaterra – a maior feira mundial de aviação comercial, junto com Le Bourget, na França (elas se alternam, uma a cada ano). 

Escrevi para a organização da feira, contei sobre mim, sobre meu sonho e esperei. Sem muitas esperanças, claro. Mas não é que veio a resposta? Abri a correspondência todo ansioso e, dentro dela, tinha uma carta e dois ingressos em meu nome...uau!!!! Pensa que eram ingressos para os dias abertos ao público em geral? Não!!! Eram para os dias “nobres” da Feira, reservados a negócios - onde apenas gente do ramo e grandes empresários da aviação participam. Imaginem a minha empolgação!

Para chegar lá, tive o privilégio de pegar um dos primeiros voos do então novíssimo MD-11 na frota da Varig, e graças a um conhecido do clube, que era comandante da empresa, pude assistir à decolagem e ao pouso na cabine de pilotagem. 

Cabine de Classe Econômica do MD-11 da Varig,
nos anos 90
 

E foi assim que um garoto jovem, estudante, vindo do Brasil, participou da maior feira da aviação, na Inglaterra, em meio à gente engravatada, poderosa e endinheirada. Pude andar livremente pelo espaço em que as mais recentes novidades da indústria ficavam expostas, entrar nos aviões, nos estandes, e o mais sensacional, assistir da beira da pista à exibição das aeronaves em voo. 


Estou ficando velho...rss...O A340,
que hoje já é uma avião antigo e em desuso,
era uma das grandes novidades na Feira de Farnborough,
quando tirei esta foto.

Um “intruso” em meio aos executivos que visitavam a Feira 

Era começo dos anos 90 e, naquela edição, 144 aeronaves estavam em exposição em Farnborough, sendo talvez as maiores estrelas os gigantes Airbus A330 (nas cores da Cathay Pacific, de Hong Kong) e A340 (nas cores originais do fabricante). Na área militar, talvez a estrela maior daquele ano tenha sido o caça francês Dessault Rafale. 

Eu gastei sola nesses dois dias memoráveis, andando sem parar para conhecer tudo, tudo mesmo. Eu não usava terno, como os demais participantes, mas estava igualmente bem trajado, com um boné da Varig na cabeça!!!! 


Olha eu lá, em Farnorough,
com o bonezinho da Varig na cabeça
(todo orgulhoso)

 

Quando voou pela primeira vez?

Meu primeiro voo foi bem cedo, eu ainda era bebê e voei em um DC-8 da Swissair para a Europa, devidamente acomodado em um daqueles bercinhos que ficam pendurados na parede da cabine.

Como meus pais são europeus e tenho família na Itália, costumávamos viajar muito ao Velho Continente, quando eu era criança. Tenho vagas lembranças de viagens que fiz no DC-10 e no Boeing 747-200, ambos da Alitalia, embarcando a pé, pela pista, em Viracopos. Nosso voo com o jumbão atrasou 6 horinhas, isso eu me recordo bem. E, na volta, passamos por um aperto daqueles, embora nada tivesse a ver com o voo propriamente dito. 


Minhas impressões do voo com o Boeing 747 da Alitalia,
em 1982 (11 anos de idade)   

Ocorreu no Aeroporto de Roma, antes de embarcarmos de volta para o Brasil. Tenho um tio que mora na capital italiana e que foi do Exército. 

Quando fomos visitá-lo ele nos deu, de presente, um enfeite para ser usado em casa, como decoração. Até aí nada demais. Mas o tal enfeite era a carcaça de uma pequena bomba, talvez do tempo da guerra, e com um pedestal. Enfim, tem gosto para tudo...rssss. 

Colocamos na mala e fomos para o aeroporto. Ao passarmos pela rotineira inspeção policial, a caminho do embarque, nos perguntaram se trazíamos algo proibido – pergunta, aliás, de praxe. “Não seu guarda, nada não...niente.” Foi quando meu irmão resolveu complementar, “só  uma bomba” rssssss  “O que? Uma bomba??? Por favor me acompanhem!” 

Antes que pudéssemos explicar, fomos “convidados” para uma sala reservada, anexa, especial para casos suspeitos....rs. Sorte que logo tudo foi devidamente esclarecido e pudemos embarcar normalmente, mas posso garantir que mobilizamos uma boa parte da estrutura policial do terminal naquela noite....risos. Se fosse nos dias atuais, certamente teríamos tido mais problemas.

Dois 747´s que voei, um da Varig
(em primeiro plano) e o da Alitalia (ao fundo).
Ambas, infelizmente, não existem mais.
E que me perdoem os italianos,
mas a Varig era muito melhor!

A primeira viagem internacional, porém, que me lembro um pouco mais, foi realizada em um DC-10-30 da Varig, também para a Itália Fiquei maravilhado com aquele bichão enorme e com o atendimento super simpático da tripulação. 

A comissária, acidentalmente, derrubou um pouco de guaraná em mim enquanto servia o jantar. E desde aquele momento ficou “me enchendo” o voo todo dizendo, em tom de brincadeira, que eu tinha sido o culpado...rs. Era ela passar por mim e logo falava para a colega, “cuidado com esse menino”...rsss.


Foto junto ao motor do DC-10 da Varig,
em Roma, Itália

Visita à cabine do DC-10,
na viagem que fiz pela Varig para a Itália

Ah, os cardápios da Varig, sempre lindos e oferecidos mesmo na Classe Econômica, guardamos e depois emolduramos para decorar nossa casa (eram aqueles modelos com pássaros do Brasil). 


Os famosos cardápios de pássaros do Brasil, da Varig,
que acabaram virando quadros em casa
 

Mas o primeiro voo internacional que me recordo de tudo, em detalhes, foi em um imponente (e tinindo de novo) Boeing 747-300, da Varig, para Roma – prefixo PP-VOA (fiquei sabendo outro dia que foi ele quem fez o último voo de um 747 na frota da Varig). E voamos em Classe Executiva. Uau!!!! 

Quando meu pai foi comprar a passagem, ele nos deu duas opções: esta, do 747-300 da Varig ou uma mais barata, em um Boeing 707 da Lan Chile, com escalas no Nordeste e na Espanha. Olha que privilégio ter estas duas opções!!! Não dá para fazer as duas, pai? Rssss. 



A sempre simpática tripulação da Varig.
Aqui, na Executiva do 747-300,
em viagem que fiz com a família para a Europa 

Escolhi a Varig e olha, foi um show! De conforto, de simpatia da tripulação, de comida gostosa...e para quem adorava voar, como eu, não posso reclamar da rota “pinga-pinga” que fizemos: São Paulo – Rio de Janeiro – Milão – Roma. Horas e horas no 747-300, delícia demais!

O primeiro grande susto que tive a bordo de um avião eu me lembro bem também. Foi em um trecho interno, na Itália, em um surrado DC-9 da Ati (uma empresa doméstica que pertencia à Alitalia). 

Ao iniciar o procedimento de descida pegamos um grande vácuo (quem já experimentou um sabe bem a sensação nada agradável que ele causa aos passageiros) e o bichinho de pelúcia que eu levava nos braços voou no teto. Foi uma queda grande, depois informada pelo comandante – despencamos cerca de 100 metros, segundo o próprio. 

Viajava muito de avião no Brasil também. 

Meu pai trabalhava em uma empresa de parafusos, a Mapri, e viajava regularmente para reuniões nas filiais em Petrópolis (RJ) e Betim (MG). E quando essas viagens coincidiam com minhas férias escolares, ele me levava junto.

Imagina a minha felicidade. Voei muito, nessa época, no 737-200 da Vasp e no lendário Electra, da Varig. Me recordo que levava comigo uma mochila com caderno e canetinhas e enquanto meu pai tinha sua reunião, eu ficava desenhando numa sala ao lado. O dia todo, esperando ansiosamente o fim do trabalho dele para pegarmos o voo de volta para casa. 

Ah o Electra!!! Viajei bastante nele....
olha o espaço e conforto desses assentos! Bons tempos!

Foi em uma dessas viagens que fiz meu primeiro voo sozinho. Fui com meu pai para Belo Horizonte, no então novíssimo Fokker 100, da TAM. A empresa do Comandante Rolim estava numa grande crescente e se esmerando em oferecer um serviço de bordo de alta qualidade, mas o que me marcou nesse voo foi a demora no serviço. Fui receber meu jantar apenas quando a aeronave já estava iniciando a descida! Nem consegui comer, fiquei decepcionado.

Dormimos lá e no dia seguinte, antes de ir à fábrica em Betim, meu pai me levou ao aeroporto de Confins, onde embarquei sozinho para São Paulo (GRU). Quem me transportou em um Boeing 737-300, também novinho em folha, e cuidou de mim nesse trajeto, foi a Varig! Cheguei em Guarulhos e passei o dia lá, no antigo terraço, esperando pela chegada do meu pai, em voo no final da tarde.

E quando suas viagens não coincidiam com minhas férias, eu pedia e ele sempre me trazia aquelas antigas lancheiras de plástico, onde vinha o lanche que era servido a bordo. Meu pai, coitado, deixava de comer só para me trazer o kit completo, cheio de coisinhas gostosas dentro. 

Voos para viagens de férias também fiz alguns que considero especiais. Quando a Vasp recebeu o seu wide-body Airbus A-300, por exemplo, apelidado de Epaminondas (pelo seu tamanho), voei nele de Congonhas para o Galeão, no Rio de Janeiro. 

Quando chegou o primeiro 737-300 da Vasp, voamos nele para Fortaleza. E quando a Varig recebeu seu primeiro Boeing 767-200ER, voamos nele do Galeão para Guarulhos (voo seguia depois para Lima).

anúncio promocional do A300 da Vasp


Cabine de um Boeing 767-200ER
recém-chegado na frota da Varig


A Varig sempre fez parte da minha história!
Aqui, no Boeing 727, em escala
na cidade de Salvador, a caminho de Maceió. 

A partir de então, passei a usar o dinheirinho que guardava para realizar viagens solo, sem destino. Eu explico: como amava voar, eu esperava por promoções e comprava por exemplo 2 ou 3 trechos para o mesmo dia, só pelo prazer de estar em uma avião. Eu não ficava em nenhum destino, saía cedo de SP e voltava no final de tarde para SP. 

Fiz, por exemplo, Guarulhos-Galeão em um Boeing 767-300 da Varig; em seguida, Galeão-Brasília em um Boeing 737-300, também da Varig (onde me lembro comi um delicioso peixe). Cheguei na Capital Federal e já embarquei de volta para São Paulo, no breguinha da pioneira, fazendo a rota Brasília-Goiânia-Guarulhos (e me lembro, também, dos deliciosos salgadinhos servidos naquele voo. Coxinha, risole, empadinha, pão de queijo, frutas e doce. Me senti em uma festa...rs).


O lanche quente citado no texto,
no voo de Goiânia para São Paulo. Delícia!!!
 

Outro exemplo: Guarulhos-Galeão-Recife, no 767-300 da Varig (voo que seguia depois para Lisboa), com refeições quentes na Classe Econômica (sim, eram outros tempos. Não só refeições quentes e completas em voos domésticos, a Varig oferecia até aquela toalhinha aquecida antes do serviço de bordo. E estamos falando de Classe Econômica, hein!). 

Este voo atrasou umas duas horas na partida, pois o comandante não compareceu (ok, acontece...rs...tiveram de chamar um substituto). Perdi a conexão em Recife e acabei sendo acomodado em um surrado 737-200 da Vasp, para Fortaleza (voo de uma hora, mas com jantar!!) e depois Fortaleza-Brasília-São Paulo, no Boeing 767-200 da Transbrasil (com um lanche quente no primeiro trecho – destaque para uma gostosa pizza, e feijoada no segundo trecho...uau!).


Propaganda da época, anunciando a feijoada
servida em alguns voos da Transbrasil

Eu gostava tanto de voar que anos mais tarde, já trabalhando na Varig e usufruindo do benefício das passagens baratas, cheguei a acompanhar meus pais em um voo para Milão (eles passariam as férias na Itália). Viajei a noite toda, cheguei lá, me despedi deles e fiz o check-in para embarcar de volta para o Brasil, no mesmo avião. Enfim, voar sempre foi um enorme prazer, desde pequeno.
 

E como surgiu essa sua paixão pela Varig?

Sempre que tinha de escolher um trabalho para fazer na escola (e depois também na faculdade) eu direcionava o tema para este assunto que tanto me apaixonava, a aviação. Foram diversos! E em muitos deles solicitei e tive a ajuda da Varig, que me recebeu sempre de portas abertas.

Fui, por exemplo, algumas vezes ao hangar de cargas da Varig no Aeroporto de Guarulhos, para visitar e fotografar o interior dos gigantes Boeing 747 e DC-10 (que ficavam estacionados lá, durante o dia). O trabalho escolar me lembro bem, era sobre a "evolução da cabine de passageiros na aviação comercial".


Foto da Primeira Classe e da Classe Econômica
de um Boeing 747-200Combi, da Varig,
estacionado no Aeroporto de Guarulhos.
Em uma das diversas visitas que fiz lá, para trabalho escolar.

Visitei também o hangar dos Electras, em Congonhas, e até mesmo as impressionantes instalações da empresa no Galeão. O que dizer daquele hangar imenso ou das oficinas de motores? Sensacionais! Assim como era sensacional também o prédio do Catering da Varig (vendido anos mais tarde), onde pude acompanhar todos os processos de produção, desde a chegada das matérias-primas até sua estocagem e análise laboratorial...o funcionamento das cozinhas em produção, a montagem das bandejas e trolleys, a parte das bebidas...os cuidados com as louças, toalhas e guardanapos...enfim, uma visão por trás das cortinas do espetáculo que era oferecido mais tarde a bordo dos voos da Empresa.

 

O prédio do Catering da Varig, no Galeão...


...instalações impressionantes....
funcionários preparando as delícias...

...que seriam servidas mais tarde nos voos da Empresa.

Todo o cuidado e esmero com as louças

E os caminhões que levavam as refeições para as aeronaves.

E esta paixão pela Varig não foi motivada apenas pelo fato de terem sempre atendido  meus pedidos e me recebido, fazendo com que eu conhecesse muito bem a empresa por dentro, como também por ter tido sempre ótimas experiências a bordo de seus aviões, em viagens de família. Foram diversos os voos memoráveis que fiz pela pioneira. 

Comandante e co-piloto de um DC-10 da Varig,
super gentis, posando para uma foto comigo
na cabine da Primeira Classe. Neste dia, realizando
um voo doméstico de Salvador para São Paulo.
 

Viagem em família para Maceió, a bordo
de um Boeing 727 da Pioneira. Na foto,
minha mãe, avó, meu pai e meu irmão. Este voo arremeteu
devido 
ao mau tempo e alternou para Salvador.
Lá, esperou pela melhora das 
condições meteorológicas
para finalmente voarmos e chegarmos à capital alagoana.
 
O espetacular serviço de bordo da Varig,
mesmo na Classe Econômica 
(como nesta foto que fiz,
em um voo de Londres para São Paulo,
a bordo do novíssimo Boeing 747-400) 

Para exemplificar como já gostava da empresa gaúcha, eu tinha desde a adolescência a mania de ir recortando tudo que é notícia que saía dela na imprensa. 

Eu recortava e colava tudo em pastas. Juntei milhares de recortes, dos mais variados possíveis, como a inauguração do aeroporto de Guarulhos, feita por um 747 da Varig, ou a chegada do primeiro 767 na frota. Anúncios de novas rotas, serviços, matérias completas ou simples notas curtas, propagandas, tudo, tudo que eu via sobre a Varig eu ia arquivando. Guardei esse valioso material por anos até que decidi doar grande parte dele ao amigo Sergio Knoch (falo dele mais adiante).

E esta paixão só cresceu ao longo dos anos. E quando me perguntavam o que eu queria ser quando adulto, eu sempre respondia que tanto faz, desde que eu pudesse trabalhar na Varig!
 

E realizou este sonho?

O fato é que os anos passaram, ingressei na faculdade, no Mackenzie (onde cursei desenho industrial – projeto de produto) e meu objetivo seguia sempre o mesmo: trabalhar na Varig. 

Quando me formei enviei o curriculum e aguardei ansioso por uma oportunidade. E não é que ela veio? Lembro bem da felicidade que senti quando fui convocado para processo seletivo na empresa, para uma vaga de agente de loja (para mim o tipo de vaga disponível pouco importava, nem o fato dele não ter nenhuma relação com a matéria pela qual me formei na faculdade. O importante era entrar na Empresa).

Mas tinha um problema, meu inglês não era lá essas coisas e a vaga exigia fluência em um segundo idioma. Perguntei então se poderia ser no meu idioma materno e mais uma vez foram gentis comigo, e aceitaram que a prova de idioma fosse realizada em alemão. 

Não sei onde conseguiram arrumar um entrevistador em alemão, mas arrumaram...rsss...e eu passei! Não só na prova de idioma como no processo em geral - e fui instruído a aguardar ser chamado para começar o treinamento. 

Mas logo alguns dias depois fui informado que as vagas tinham sido congeladas (era 1993, 1994, seria esse já o início dos problemas financeiros da Varig?) e que o processo de seleção tinha sido cancelado. Eu deveria aguardar uma nova oportunidade. E concorrer de novo!

Imaginem como fiquei. O sonho realizado e, logo em seguida, destruído. 

Mas escorpiniano que sou, não desisti. E meses mais tarde fui chamado novamente, para um novo processo seletivo. Dessa vez fui com a cara e a coragem e enfrentei o exame de idioma como exigido, em inglês mesmo. E passei de novo! Será que agora daria certo? 

Dessa vez deu! Que enorme alívio!!!

Carta da minha admissão na Varig, em 1994 

E como foi o começo na empresa gaúcha?

Fiz o treinamento em Congonhas, com o grande mestre Valmir, e no dia 26 de setembro de 1994 fui finalmente admitido como funcionário da Viação Aérea Rio Grandense. 

Todo orgulhoso fui buscar meu uniforme no almoxarifado em Congonhas e semanas depois comecei a trabalhar, como Agente de Lojas, na Loja da Consolação, região central da cidade. 

O Grande mestre Valmir (em pé, ao centro),
junto à turma em treinamento
para Agente de Loja, no Aeroporto de Congonhas.
Olha eu lá, sentado –
o primeiro da direita para a esquerda.
 
Em treinamento, ao entrar na Varig em 1994 

Naquela época, muito antes da Internet e de suas facilidades, as empresas aéreas tinham que disponibilizar lojas físicas, para atender os clientes. A VARIG, como maior do Brasil, tinha muitas. Só em São Paulo, pelo que me lembre, tinha a nossa, a da Consolação, além de lojas na Avenida Paulista, na Vila Mariana, Santo Amaro e nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos. E uma ainda no ABC (se não me engano, em São Caetano).


Um dos meus primeiros holerites na Varig. 

A Loja da Consolação era a maior de todas, linda. Um grande lustre e uma maquete do DC-10 logo na entrada, além de uma área de triagem para o atendimento inicial dos passageiros. Depois vinham as posições de atendimento (diversas, acho que cerca de 20), uma área de recepção com sofás, a sala da gerência e um mezanino. Com um pé-direito alto e decoração sofisticada, era um charme só, e representava muito bem todo o glamour da Varig.

Eu e duas colegas da Varig
junto ao campeão olímpico Joaquim Cruz,
na entrada da Loja da Consolação, onde trabalhei.

Os computadores, como dá para imaginar, verdadeiros monstrengos comparados aos de hoje. Para fazer as reservas, emitir os bilhetes e todos os demais serviços relacionados, usávamos o Sistema Íris, da própria Varig. 

Anos mais tarde foi substituído pelo Sistema Amadeus, mundialmente utilizado por diversas Cias. Aéreas. E nós, Agentes de Lojas, sofremos com esta transição, lembro bem.

Diz-se muito por aí que a Varig era uma grande escola, e é a mais pura verdade. Aprendi MUITO no ano que trabalhei lá, atendendo os passageiros. Foram centenas, milhares de reservas, emissões de bilhetes, remarcações, reemissões...


Cheguei a participar de eventos como este, n
o Expo Center Norte, onde a Varig (e sua parceira Lufthansa)
tinham balcões de atendimento para os participantes.

Quantas pessoas diferentes, de várias partes do mundo, atendi. Cada vez que tocava a campainha chamando um novo cliente, um frio na barriga e uma nova experiência pela frente.

Eram outros tempos, muito mais românticos, digamos assim. Viajar de avião ainda era um acontecimento para muita gente, e a compra da passagem era uma etapa importante neste processo. Os passageiros, em geral, vinham muito bem vestidos para esta “ocasião” e saíam todos felizes com o bilhete de passagem nas mãos. Alguns, mais freqüentes, até nos traziam lembrancinhas, como agradecimento. Bons tempos! 

Bons tempos em que a passagem aérea era muito mais
que um simples papelzinho, como hoje.
 

Mas nem tudo eram rosas, claro, e tinha muito perrengue também. Como quando tínhamos de cobrar alguma multa tarifária do cliente, por mudança da data da viagem, por exemplo, e o mesmo não aceitava. Ou quando o sistema caía e o cliente ali, parado na sua frente, com pressa. Cheguei a pegar, outro exemplo, uma reemissão de bilhete em trajeto de volta ao mundo, uma tarefa tenebrosa de tão complicada que é. Muitas vezes era necessário ir até a salinha da gerência, no fundo da loja, para pedir ajuda aos supervisores...rs.

Tive lá um grande “mestre”, o saudoso gerente Gouveia (João Manuel Soares Homem de Gouveia, nascido na Ilha da Madeira, Portugal), a quem devo demais pelos conhecimentos que adquiri! 

Ele era uma verdadeira “enciclopédia”, sabia tudo de cabeça....regras tarifárias, entradas nos sistemas, soluções para os casos mais complicados. Um profissional incrível. E uma pessoa idem! 

Devo a ele, também, a oportunidade de ter sido promovido, logo no ano seguinte. Ele me indicou e fui escolhido para subir ao sexto andar do mesmo prédio da Consolação, onde ficava a Gerência de Vendas da Empresa, e onde passei a trabalhar no setor de Apoio a Vendas e Análise de Mercado.

A equipe feminina da Loja da Consolação
com o querido e saudoso gerente Gouveia, ao centro.

Não sem antes passar pelo único problema que tive com um passageiro. E olha, foi acontecer no meu último dia na loja, antes de assumir meu novo cargo. 

Uma mulher arrogante, muito mal-educada que me destratou de tudo que é forma. Eu firme, mas de forma sempre educada, não permiti que ela seguisse com seu show de baixarias. Tudo porque não tinha lugar no voo que ela queria, nem em outros voos mais próximos. Afinal, que culpa eu tinha? Enfrentei a situação mas saí muito aborrecido deste último atendimento. 

Cheguei a duvidar que fosse verdade, até questionei o Gouveia se não tinha sido uma pegadinha armada por eles para a minha despedida....rs. Mas não, foi real mesmo, infelizmente.
 

E como seguiu sua trajetória depois de deixar a loja de passagens?

Eu gostava de trabalhar na loja mas estava empolgado pela oportunidade de crescer na carreira e assumir meu novo posto, na Gerência de Vendas. 

Facilitou bastante na minha adaptação o fato dos escritórios serem no mesmo prédio da loja, onde trabalhei antes. E o Alexandre Camargo, meu novo chefe direto, me recebeu super bem. 

Éramos apenas ele e eu no setor. Atuando hoje como Country Manager na Assist Card (no ramo de seguro de viagem), o Alexandre foi também muito importante nesta minha trajetória! Criativo, ousado, inteligente, me ensinou muito. 

A sala onde trabalhei em meus primeiros anos
na Área Comercial da Varig, no prédio
da Rua da Consolação (o mesmo onde ficava a loja)
 

E não posso reclamar da sorte, pois tive também um outro grande mestre, e muito especial na minha carreira -  o João Roberto Lacerda Sabino. 

Era ele o gerente geral de Vendas em São Paulo e mais tarde se tornou responsável pela área comercial de toda a região Brasil Sul (que englobava os estados de SP, PR, RS e SC), para o qual o meu setor se reportava - anos depois o João Roberto assumiu a presidência da Nordeste Linhas Aéreas, que pertencia ao Grupo Varig. O Alexandre foi com ele. 

Parte da sensacional equipe Comercial...
eu, à esquerda, Robson, Solange,
João Roberto Sabino e Alessandra Barboni
 

O João Roberto, como disse, foi um grande “professor” para mim. Com aquele seu jeito franco e direto, exigente e com olhar fulminante, botava medo em muitas pessoas. Mas desde o início eu me dei bem com ele, e com suas cobranças.

Lembro de uma vez, quando já tínhamos nos mudado para os escritórios em Congonhas. Ele me chamou à sua sala, que ficava no térreo. Eu ficava no primeiro andar. Desci correndo, sabia que com ele era tudo para ontem...rs. 

Cheguei e ele me pediu algo (não me recordo agora o que era, mas não vem ao caso)...com urgência!!! Saí da sala apressado e subi as escadas de volta ao meu escritório. Nem bem cheguei à minha mesa e o telefone, tocando. Era ele querendo saber se eu já tinha providenciado o que me pediu (?) rsss. Engraçado agora, mas na hora dava uma dor no estômago...rssss 


Evento de confraternização no Clube Chuvisco,
da Varig. Roberto Namindome (à esquerda),
depois João Roberto Sabino,
Rubens Ciasca e Sr. Kaiser
 

Outra história engraçada que mostrava bem como era o João, e como era perfeccionista. Eu costumava fazer diversos relatórios para ele e em uma dessas ocasiões desci à sua sala, todo orgulhoso do trabalho que tinha feito. 

Resultado: ao invés do aguardado elogio, o que ele me deu foi uma baita bronca....rss....pois grampeei as folhas da forma errada, com os grampos desalinhados....rs. Resultado, nunca mais grampeei nada na minha vida sem que os grampos estivessem devidamente alinhados com as páginas. Até hoje, sempre que vou grampear algo, mesmo que seja um simples trabalhinho da escola do meu filho, me lembro do João Roberto...rsss

Brincadeiras a parte, ele era duro sim, exigente, sim. Mas muito justo, muito correto, inteligente. E de bom coração. E, claro, bom no que fazia. Um exemplo a ser seguido, sem dúvidas! Tenho contatos esporádicos com o João até hoje, e apesar da distância, o considero muito. Como um amigo! 


Mais “feras” reunidas nesta foto.
Da esquerda para a direita:
Alexandre Camargo, Enio Andrade, Pedro Sorrentino,
João Roberto Sabino, Roberto Namindome,
Rubens Ciasca e João Carlos.
 

Senti muito quando ele foi para a Nordeste, mas ao mesmo tempo feliz por ele e pelo reconhecimento que alcançou. Aliás, diga-se de passagem, fez um grande trabalho neste braço regional da Varig. 

Quem o substituiu foi o Sr. Antônio Américo, que hoje trabalha na Azul e, mais tarde, quando passei para o Marketing, tive o Faustino Pereira como chefe.
 

Como era e o que fazia o setor onde você trabalhava?

O setor onde trabalhava (nunca me esquecerei da sigla, SAOWTRG) era responsável por oferecer, seja à Gerência Geral, seja às filiais, o suporte necessário para vendas.  

Relatórios de vendas, targets, análises do mercado, materiais analíticos de desempenho, informações, instruções...campanhas de vendas e incentivo junto aos Agentes de Viagens, apresentações corporativas, benchmarking... e também comunicação com o mercado de Agências de Viagens, Operadoras, Consolidadoras e afins.

E foi para estabelecer este contato direto com o trade que o Alexandre Camargo criou o Multinews, primeiro informativo regular da Varig direcionado aos Agentes. Relembrando hoje parece peça de museu, mas era a mais avançada tecnologia na época.

O Multinews era transmitido de noite e madrugada, via fax (isso mesmo, via fax). Dos tempos das cavernas...rs. Começávamos os “disparos” no final da tarde, antes de irmos embora, e deixávamos a máquina trabalhando...na manhã seguinte chegávamos ansiosos para saber se a transmissão tinha funcionado ou não (muitas vezes a resposta era “não”. Uma simples queda de energia durante a noite, por exemplo, parava tudo).



Com os avanços tecnológicos logo aposentamos o tal Multinews  e demos um grande upgrade na comunicação com os agentes. Surgia o Net News, informativo enviado por email. Ganhamos em velocidade, abrangência, qualidade e eficiência!
 

É desnecessário falar muito sobre a importância do Agente de Viagens para uma Cia. Aérea. Como principal distribuidor do nosso produto, eles tinham de estar sempre devidamente informados sobre os mais diversos assuntos, como promoções, mudanças de malha, regras e procedimentos, serviços oferecidos pela Varig, frota, planos de pagamento, etc e etc e etc. E o Net News veio para ficar, tendo sido um case de sucesso no mercado.

O Net News foi, aliás, o trabalho que mais me identifica na Varig. 

Quando assumi o setor anos mais tarde (quando Alexandre rumou para a Nordeste), consegui fortalecê-lo e tornar este importante trabalho de comunicação com o trade ainda mais abrangente e efetivo.

Tanto que, anos mais tarde, fui promovido novamente e transferido para o Marketing, como Gerente de Marketing Apoio a Vendas. Graças principalmente ao trabalho que desenvolvia com o Net News – que seguiu sendo o carro chefe desta nova gerência. 

Esta gerência que assumi (por volta de 2003) era responsável por todo o trabalho de comunicação da Varig com os Agentes de Viagens, seja via email, seja via folheteria impressa, anúncios nos veículos do trade (como o Panrotas, Brasilturis, Mercado & Eventos), releases, entre outros. 





Como era feita a criação do Net News

Quando você tem que se comunicar com o seu principal distribuidor, velocidade é fundamental. Uma notícia importante, uma nova promoção, uma mudança de voo, uma nova instrução de procedimento de reembolso, uma novidade, entre outros, não podiam esperar dias para chegar aos Agentes. Tinha de ser imediato!

Então era uma correria daquelas...rs.

Vamos fazer um exercício de imaginação. Uma empresa contrata uma agência de publicidade para desenvolver uma campanha. O que a agência faz? Reúne sua equipe, faz um brainstorming, escolhe as ideias mais atraentes, seus especialistas desenvolvem melhor...selecionam e chegam ao modelo que mais agrada. Daí mexe daqui, muda dali, ajusta. Conversa com o cliente, faz novos ajustes e, finalmente, tem a peça final pronta. Isso, claro, leva tempo, apesar de toda estrutura e know-how de uma agência dessas.

Agora vamos levar essa situação, com o devido desconto, para a questão do Net News. A informação chegava internamente (como se fosse um cliente pedindo a criação de uma peça publicitária, no exercício acima) e precisávamos correr e publicar muitas vezes no mesmo dia. Então tinha, na maioria das vezes sozinho, de ter a ideia rápido, desenvolver rápido, aperfeiçoar rápido, revisar rápido e publicar rápido. E além dessa pressão do relógio, tinha de ter capricho, claro, e evitar erros. 

Para todo esse processo de criação e publicação, tínhamos digamos uma, no máximo duas horas. Isso quando não eram 4, 5, 6 ou mais informativos no mesmo dia (e olha, acontecia). Ou seja, fazer do Net News um canal de comunicação bonito, ágil e eficiente demandava sangue frio, muita criatividade e um esforço danado. Era o tal do “se vira nos 30”, diariamente...rs 

O bacana é que com o tempo fui ganhando cada vez mais autonomia para poder escolher os assuntos, os conteúdos e a apresentação visual das peças, o que tornou a comunicação ainda mais rápida e efetiva (pois quando se tem de passar por muitas aprovações prévias, perde-se inevitavelmente muito tempo). 

Então eu era livre para criar, e isso era muito divertido – porém, imaginem a responsabilidade. Afinal, eu estava falando em nome da Varig para milhares de pessoas, não podia errar!

Mas não era só isso. Além de criar a peça, tínhamos depois todo o trabalho de hospedar a peça no servidor da Varig e comandar o envio aos Agentes, através de um amplo mailing. Certamente o mais completo do Brasil. E manter e atualizar este mailing de Agentes de Viagens era outra tarefa complicada, que demandava muita dedicação. 


Além do Net News, que outros trabalhos desenvolvidos na Varig pode nos contar?

Além do Net News, já citado, tocamos diversos outros importantes trabalhos internos e externos no nosso setor de Apoio a Vendas. 

Tínhamos por exemplo o Net Corp, também enviado por email, porém este era direcionado às grandes empresas, aos clientes corporativos. Com periodicidade semanal, trazia um conteúdo mais institucional, com ênfase em produtos e serviços voltados ao passageiro que viajava a negócios.

Mas o primeiro trabalho que fiz, digamos assim, com “a minha assinatura”, logo que saí da loja e ingressei na Gerência de Vendas, foi justamente algo direcionado às lojas da Varig. 

Como eu tinha acabado de vivenciar por pouco mais de um ano, trabalhando na Loja da Consolação, eu sabia bem de algumas carências que os agentes de lojas tinham no seu dia-a-dia de atendimento ao público. 

Criei então o “Manual de Serviços”, entregue a cada funcionário das lojas da empresa, e que continha a descrição completa dos serviços oferecidos pela Varig em todas as classes, além de um descritivo do que era servido em cada voo da empresa, seja doméstico ou internacional. Se era para vender Varig, o agente de lojas tinha de estar bem por dentro do produto e dos diferenciais oferecidos pela Varig. Essa era a ideia!

 


Outro trabalho interessante que desenvolvemos, este bem mais adiante, foi o Conexão Fim de Semana. Era distribuído a bordo nos voos de sábado da ponte-aérea, com dicas de passeios, dicas culturais e gastronômicas do final de semana nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. 

Se nos dias úteis esta rota era dominada por passageiros em viagens de negócios, nos finais de semana a maioria era formada por aqueles que viajavam a turismo, daí a ideia de oferecer a eles, a bordo, sugestões de passeios nas duas cidades.


Voltando aos Agentes de Viagens, produzíamos também o VARIG NEWS, um bonito folder distribuído pelos Promotores de Vendas da Varig nas Agências de Viagens. E usado também em feiras e eventos, para distribuição no stand da Varig.

Mais adiante, o VARIG NEWS virou também anúncio, publicado em veículos do trade, como Panrotas, por exemplo. De uma ou duas páginas, trazia em seu conteúdo um apanhado das últimas novidades da Empresa, seja promoções, rotas, frota, produtos e serviços. 




Na mesma linha, porém para anúncios curtos nos mesmos jornais, revistas e sites direcionados aos Agentes de Viagens, produzíamos também tiras e o Conexão Agente. 



Mas um dos projetos que mais me orgulho de ter participado foi a criação do Site Agentes, o primeiro site de uma empresa aérea no Brasil dedicado exclusivamente aos Agentes de Viagens. Ajudamos a desenhá-lo e cuidamos, a partir de então, do conteúdo e da sua constante atualização. 

O Site Agentes trazia, em seu conteúdo, todo o material de apoio necessário para o dia a dia dos Agentes de Viagens, nas suas vendas Varig. Mapas de assentos das aeronaves, planos de parcelamento, tarifas e condições tarifárias, produtos, serviços, bagagens, destinos, e muito mais. Ah, e a reprodução de todos os informativos NET NEWS.



Eu participando da Feira da ABAV, promovendo o lançamento do Site Agentes 


Propaganda criada pelo Marketing da VARIG
para anunciar a criação do Site Agentes.

Outro projeto grande que participei foi o “Reserva Sim, No-Show Não”, comandado pelo saudoso amigo Alípio (que nos deixou recentemente). 

Rodamos o Brasil visitando agências de viagens e fazendo eventos para conscientizar o trade sobre os malefícios do no-show (que é o não comparecimento para embarque de um passageiro reservado para o voo), e para mostrar a eles de que forma podiam ajudar neste combate. 

Foi uma campanha bastante forte, que durou muitos meses e que trouxe resultados muito positivos para a Empresa. E que me deu um grande amigo! Que confiava e apostava muito no meu trabalho, e que com seu jeito sempre desinibido e engraçado, cativava a todos. Nunca me esqueço, por exemplo, do Carnaval que passamos na sua casa, no Rio de Janeiro...e das nossas regulares conversas ao telefone. Você faz falta, amigo! 


O Alipio merece um capítulo a parte. Trabalhei com ele
em alguns projetos importantes, como o de combate ao No-Show
(quando viajamos pelo Brasil para instruir os agentes
de viagens), e acabou virando um amigo, de coração.
Recentemente, com grande pesar,
ele nos deixou. Saudades, meu amigo!
 

Fiz parte também do grupo que treinou e utilizou o Smart, ferramenta produzida pela Lufthansa e que mostrava, através de reservas futuras, tendências do mercado. 

A aquisição e utilização do Smart, pela Varig, visava criar, de forma antecipada, estratégias para enfrentar a concorrência. A nós, de SAOWT, cabia analisar dados e fornecer conteúdo analítico às gerências e diretoria de vendas, que então se encarregavam de tomas as medidas comerciais cabíveis. 

Lembro bem, por exemplo, que nesta época surgia a Gol, pequena e “inofensiva” em seu início. Mas o Smart já detectava nela uma concorrente forte, a ser enfrentada desde cedo. 


No estande da Varig, em uma edição da Feira da ABAV
 

Para o público interno produzíamos também muito conteúdo, como o Benchmarking (com notícias e análises da concorrência), o Relatório Unificado de Desempenho Operacional (com dados de ocupação dos voos, pontualidade, receita, entre outros), Relatório de Vendas (com desempenho de vendas de cada filial, incluindo lojas), SAODB INFORMA (com orientações e instruções da Diretoria de Vendas para as filiais) e diversos materiais de apoio para reuniões e apresentações.

 


Relatório interno prestando contas dos serviços executados
durante o ano, no setor que eu gerenciava. 

Trabalhando forte durante Convenção de Vendas
realizada no Hotel Tropical, em Manaus.
Na foto aparecem também o João Carlos (gerente de filial)
e a Alessandra Tortora, que trabalhava junto comigo.
 

Ah, teve mais um que me lembro agora. Com o sucesso do Net News, que acabava também circulando internamente na Varig, fui solicitado e cheguei a produzir edições internacionais do informativo, para que as gerências da Varig no exterior (como Itália, França, Espanha, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos) publicassem aos agentes de viagens locais. 

E fui, também, contratado pela Varig Log (unidade de carga do Grupo,) para fazer o informativo deles, chamada INFORMELOG, destinado aos agentes de cargas. Serviços que muito me honraram! 


Prestação de serviços que realizei para a VARIG LOG. 

 

Fale um pouco da equipe que trabalhou contigo

Como dito antes, quando entrei em SAOWT (a sigla do meu setor) éramos apenas eu e o Alexandre Camargo, meu chefe. Cerca de um ou dois anos depois, entrou a Alessandra Barboni, que acabou sendo, nos anos seguintes, o meu braço direito na Varig. Além de uma grande amiga!

O Alexandre saiu para a Nordeste Linhas Aéreas e seguimos apenas eu e a “Alê”, tocando o setor. 

Isso foi por muitos anos até que a equipe voltou a crescer, com a chegada de mais uma “Alê”, a Alessandra Tórtora – que já tinha trabalhado comigo, na loja de passagens da Consolação, e hoje segue atuando no turismo. Pois é, vejam só, o setor teve bastante "Alês" - o Alexandre e depois duas Alessandras!!! 

Quando SAOWT saiu da área comercial e passou para o marketing, chegou mais uma integrante. Alessandra, de novo? Não, dessa vez não...rsss. Foi a Cintia Andrade, que segue na ativa, na aviação - agora na Gol Linhas Aéreas.


A turma de SAOWT. Da esquerda para a direita:
Alessandra Tortora, eu, Alessandra Barboni e Cintia Andrade


Equipe de SAOWT ajudando na preparação
de evento Emissão Premiada,
com Agentes de Viagens do Espírito Santo.


Além do setor onde trabalhava (SAOWT),
havia outros quatro iguais: um no Rio de Janeiro-RIOWT,
um nos EUA-NYCWT, um na Europa-PARWT
e um na Argentina-BUEWT. Aqui, foto divertida tirada
em um evento, reunindo todos os colegas “WTs”.
 

Alguma peculiaridade nesses anos todos de Varig?

Se teve uma coisa que fiz muito durante esses anos todos na área de vendas e marketing foi me mudar de casa. Nisso eu fiquei muito bom...rsss.

Eu não era casado ainda, meus pais moravam na Serra da Cantareira e já naquela época começou a ficar impraticável ir e voltar todo dia para a cidade. Até tentei, por um tempo, indo de carro até Santana e depois de metrô até o centro, na Consolação. 

Depois que o escritório mudou para Congonhas, ficou pesado demais "viajar" todos os dias da Cantareira até o aeroporto, e resolvi então alugar um pequeno (minúsculo...rs) apartamento no bairro de Moema.

Mas logo meu escritório se mudou de novo para a Consolação, e lá fui eu, sair do apartamento e alugar outro, no centro.  


 

Passado um tempo, novo susto! Vamos nos mudar de novo!!!

E lá fui eu, trabalhar agora no “predinho”, um belo e moderno prédio junto ao Parque do Ibirapuera, comprado pela Varig para abrigar sua diretoria e a diretoria da Fundação Ruben Berta. E eu, o que fiz? Mudei de casa, de novo. Afinal eu queria estar sempre perto do meu trabalho, de preferência para poder ir a pé. 

E foi assim que me mudei mais uma vez depois, quando voltamos a Congonhas pela segunda vez. Ou seja, foram 4 mudanças em cerca de 10 anos!!! 

Consolação, Ibirapuera ou Congonhas?

Difícil responder qual gostei mais, cada um teve uma história, cada um tinha suas vantagens e desvantagens. A Consolação fica no centro da cidade, uma região que tinha muitas opções para almoçar, por exemplo. Mas muito cheia para o meu gosto. Mas como não lembrar com carinho deste que foi meu primeiro local de trabalho na Varig? 


Fachada do prédio da Consolação,
capturada na Internet, já anos 
após o
fechamento da Varig. No térreo, ficava a loja
de passagens, 
e nos andares de cima
(se não me engano do 2ª ao 6ª), 
ficavam diversas gerências da Área Comercial. 

O “predinho”, perto do parque do Ibirapuera, por outro lado, nos deu as melhores instalações. Prédio novo, moderno, amplo. E em uma região bem bacana (tinha vezes que eu saía do trabalho e ia me exercitar no parque, final do dia). Mas ao mesmo tempo, isolada e longe de comércio e restaurantes. Mas tinha todo aquele glamour de ser o prédio da presidência e tal...gostei muito de lá. 


Foto do Google Maps, da fachada do “predinho”
que foi da Fundação Ruben Berta,
próximo ao Parque do Ibirapuera

Já Congonhas...bem, se é mesmo para escolher um, escolho Congonhas. Afinal, é aeroporto, tem cheiro de querozene de aviação, barulho de avião. Ali eu me sentia de verdade na Varig, pois tinha muitos funcionários, as instalações eram grandes e englobavam diversas áreas, como vendas, marketing, treinamento, almoxarifado, contabilidade, cargas, manutenção...ou seja, “sentíamos a Varig pulsando” ali, entende? 

E, anos mais tarde, passou a ter também a lojinha com produtos da Varig. Uma verdadeira perdição...risos!!! Tinha dois restaurantes, esquema bandejão. O de cima, com mais opções e mais caro - o “sai duro”, e o de baixo, mais digamos assim, “popular” - o “cai duro”...rsss. 


Foto de uma das portarias das antigas instalações
da Varig em Congonhas (trabalhei
por alguns anos nesta casa, ao fundo).
Nesta foto que busquei no Google, já não eram mais
da Varig, a original (e sim da Gol,
do período em que usou a marca Varig).
 

Os hangares ficavam ali ao lado, e também o ambulatório da Fundação Ruben Berta, que atendia os funcionários nas mais diversas especialidades médicas. Ah, e tinha uma salinha muito especial, que era onde íamos para emitir as passagens aéreas com aqueles super descontos para funcionários.  

O estacionamento, por sua vez,  ficava nos fundos,  em uma área verde ao lado do hangar das congêneres Vasp e Tam, e com vista parcial da pista. Adorava estacionar lá e ficar admirando os aviões parados, ali do lado!!! 


O belo hangar de madeira fazia parte das instalações
da Varig no Aeroporto de Congonhas
  

E como se deu sua saída da empresa?

Fiquei na Varig por 12 anos, de 1994 a 2006. Não fosse sua grave crise financeira e conseqüente fim das atividades, certamente eu teria seguido lá por mais muitos e muitos anos. 

Às vezes paro para ficar imaginando como teria sido, e me vejo velhinho, de cabelos brancos, trabalhando lá em Congonhas. Com um diploma de 50 anos de Empresa pendurado na parede! 

Dói pensar, é como uma história que estava sendo contada e que foi bruscamente interrompida...e não chegou ao final que se desejava. E quantas não foram, não é? A minha é apenas mais uma entre tantas.

Como não podia deixar de ser, senti na pele os momentos finais e toda a agonia da empresa que tanto amava. Todos nós, funcionários, sentíamos. Foram tempos muito difíceis!

Os funcionários, aliás, literalmente carregaram a Varig nos braços nos seus últimos anos de vida, em um exemplo emocionante de amor, comprometimento e profissionalismo. 

Trabalhamos por vezes meses sem receber salários e, nem por isso, deixamos de dar o nosso máximo. Pelo contrário, dava a impressão de que todos estavam se esforçando ainda mais, como se com isso fosse possível salvar a Varig. Confiávamos até o final de que haveria uma solução, mas infelizmente estávamos enganados. Já era tarde demais.

Deixei a Varig pouco antes do seu fim, já sem forças para seguir lutando, e passei pelo período mais difícil da minha vida, assolado por uma profunda depressão. Que me derrubou! 

Sente alguma mágoa da Varig? Algum arrependimento?

Igual aos demais ex-funcionários, a Varig também me deve. E não é pouco, financeiramente falando. Infelizmente a situação atingiu muita gente. Salários, direitos trabalhistas, fundo de pensão Aerus... uma situação muito triste, sem dúvidas.

Não falo pelos outros, cada um tem sua própria opinião, suas próprias necessidades, sua forma de encarar esta situação. No meu caso específico, acho que consegui separar bem as coisas e, mesmo com dinheiro a receber, consigo não guardar mágoas e agradecer muito tudo que a Varig me deu em troca. 


Meu cartão de visitas,
no último cargo que tive na empresa.

Viagens, experiências incríveis, amizades, aprendizados (foram incontáveis, por exemplo, os cursos e treinamentos que me ofereceram, no Brasil e no exterior)...reconheceram meu valor, me promoveram. Investiram em mim. Muito! 

 A VARIG reconheceu meu trabalho e me deu muitas oportunidades para crescimento profissional. Aqui, em evento de reconhecimento com Roberto Macedo e Antônio Américo.


Foram tantas as viagens. Obrigado, Varig!

E se a Varig era uma escola, e era mesmo – das melhores, tinha também a fama de ser uma empresa de família. E casamenteira! 

E, como se não bastasse, a Varig me deu uma família!!!

Sim, uma família. Lembra lá no começo que falei que sou casado....tenho um filho pequeno, o Henry? Então, a Adriana, minha esposa, conheci lá, na Varig. Ela atuava na VarigLog e fomos apresentados pela Alessandra, que trabalhava comigo. As duas se conheciam do ônibus que costumavam pegar juntas quando voltavam para casa (moravam perto uma da outra).

 
A Adriana, minha esposa, conheci lá, na Varig!
 

Certa vez, voltando do almoço no aeroporto de Congonhas, estávamos eu e a Alessandra caminhando de volta para o escritório. Foi quando vi uma menina linda andando um pouco a nossa frente e comentei com a minha amiga. E ela, de imediato, disse que a conhecia....e ai não sosseguei enquanto ela não nos apresentou...rssss.

Os pais da Adriana, assim como a sua tia, também trabalhavam na Varig...olha que sensacional tudo isso! Tem como não agradecer? Não fosse a Varig eu não teria casado com a Adriana e não teria hoje meu pequeno Henry, meu maior tesouro, aqui comigo. Muito doido ficar pensando nisso...


Não fosse a Varig, essa família não existiria!
Como é a vida, né?


Família passeando nos Alpes, Suíça.

Nas belas praias da Bahia, em 2018 

A questão das dívidas financeiras que ficaram vou, claro, seguir tentando buscar pelos meus direitos. Mas, sinceramente, nem conto com isso, principalmente a parte do Aerus. Se um dia eu receber, ótimo, vai ser como um “bônus”. Se não receber, eu não vou me frustrar tanto, pois já não esperava recuperar esse dinheiro. 

Então, se tenho algum arrependimento? De ter aderido ao Aerus, com certeza! Mas quem, lá atrás, ia saber do futuro, não é?
 

Conte alguma passagem engraçada, algumas historias marcantes nesta sua jornada na Varig

Não resta dúvidas de que a maioria dos casos engraçados aconteceu durante o período em que trabalhei na loja, diretamente com o público.

Tinha por exemplo a história (real) do “Louco do Copan”, um sujeito meio doido mesmo que morava neste famoso prédio de São Paulo, o Copan – projetado na década de 50 pelo arquiteto Oscar Niemeyer.


O sujeito vinha, semanalmente, comprar passagem aérea na loja, com destino a Porto Alegre. Sempre em cash! 

De aparência meio estranha, mas aparentando ser uma pessoa calma e tranqüila, ele tinha o costume de se transformar, de repente (e sem motivo aparente), em uma pessoa violenta e muito mal-educada, doida. E tinha o nada educado e muito nojento costume de, nessas horas de fúria, cuspir (isso mesmo, cuspir) no funcionário que lhe atendia. 

Não por acaso quando viam ele chegando na calçada, todos os agentes se levantavam e corriam para o fundo da loja (uns “iam no banheiro”, outros “iam tomar água”, “arrumar a maquiagem”...rsss....enfim , davam um jeito de sumir e não ter de atendê-lo...rss). 

Sobrava sempre para o coitado do Sebastião, o funcionário mais velho – e calmo – “cuidar” dele. O Sebastião era tão boa praça e controlado que certa vez, ao seu atingido pelo cuspe do “Louco do Copan”, ao invés de reagir com raiva, como a maioria certamente faria, limpou o rosto e em um tom super tranqüilo e sereno, com a voz doce, disse apenas que aquilo era muito feio. E só! risos

Eu o atendi uma única vez (vai ver não consegui “fugir” a tempo....hehehe) e dei sorte, não levei nenhuma cusparada..rs.

E tinha aqueles passageiros de primeira viagem, inocentes que só, que sempre rendiam ótimos momentos. 

Tem uma da senhora que estava indo viajar para acompanhar um casamento. Quando a passagem dela foi emitida foi oferecida a ela, como de praxe, a opção de reserva de assento. O agente perguntou, com toda a naturalidade, se ela desejava se sentar na janela. Ela, gentilmente recusou, pois já viajaria arrumada para o casamento e o vento da janela poderia desmanchar seu penteado (!!!). Acho essa ótima..rs

Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado


Teve aquela, também, do senhor que ao receber sua passagem, foi instruído a procurar pelo check-in no aeroporto, no dia da viagem.  E que, com ar de interrogação, perguntou ao agente da loja como ele faria para encontrar esse tal “Chiquinho” (?). Quis saber como ele era, para identificá-lo melhor. Se era alto, baixo, gordo, magro...rs.


Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado

Outra que me recordo, mas essa só pode ser lenda...kkkk. Diziam que o agente de loja foi oferecer a marcação de assento ao passageiro e informou que os melhores lugares já estavam ocupados, mas que ainda havia alguns disponíveis, porém “sobre a asa”. No que ele foi prontamente repreendido pelo passageiro, que se recusou a viajar do lado de fora do avião....rsss.


Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado

Lembrei de outra agora, essa ocorreu anos mais tarde, quando eu já trabalhava no Marketing. Será que posso contar? Rs. Ok, vou contar. Mas sem dar nomes, claro.

Num determinado dia estava eu lá trabalhando no meu escritório e toca o telefone interno. O diretor me chamando para acompanhá-lo para uma reunião. No Rio de Janeiro! 

Isso era bastante comum, viagens assim em cima da hora. Foram muitas! Mas com o diretor? Ok, vou, claro! Era aquela época em que Varig e TAM estavam operando voos domésticos em code-share, e acabamos embarcando num Airbus da vermelhinha.

Primeira fila. Ele na janela, eu no assento do meio. E meio sem graça, sem assunto nessas horas. Poxa, era o diretor! Enfim, lá vamos nós. O A319 alinha na pista e começa a corrida. 

Preciso dizer que eu adoro sentar na janela e sempre faço minhas reservas de assento lá. Mas ia dizer o que ao diretor, “me dá licença e deixa eu sentar aí pois prefiro janela”? hehehe, Nem pensar né? 

Mas mesmo sentado no meio, fiquei espiando a janela, claro. E foi aí que notei que ele, sim ele, o diretor, se agarrou ao braço do assento com uma das mãos, ao terço na outra mão e começou a suar frio e falar algo sozinho, em voz baixa (rezando, talvez?). 


Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado
 

Caramba, e agora??? O diretor, coitado, que devia ser um dos funcionários que mais tinha de viajar de avião a trabalho, morria de medo de voar!!! 

A cada movimento do avião, como uma simples curva, ele se agarrava com ainda mais força e suspirava algo. Parecia se contorcer no assento! Imagina a minha situação, o que fazer numa hora dessas? Virar para o lado e pegar na mão dele? Tentar falar algo que o acalmasse? Não tinha essa intimidade, então resolvi fingir que nem percebi, abri a revista de bordo e disfarcei hahaha. 

E ele quieto o voo todo, dava para perceber claramente que sofria. Coitado, imagina como sofreu esses anos todos. Ao desembarcar, porém, voltou ao normal, como se nada tivesse acontecido!

Ah, tenho outra!

Eu sempre fui um péssimo fisionomista, e meio desligado em reconhecer pessoas. E na Varig eram milhares, né? 

Certo dia estava eu almoçando, lá no restaurante “sai duro”, quando alguém se aproxima....”Fala Bison, tudo bem? Posso sentar?” Olho para cima....gelo...quem é? Não reconheço de imediato. “Pode sim, claro”.  A ideia era desenvolver a conversa durante o almoço e, desta forma, descobrir quem era a figura. 

Que nada! Passamos o almoço todo conversando, ele definitivamente me conhecia bem..e eu lá, desesperado com a situação. Nos despedimos e até hoje não sei quem era...rssss. Que vergonha! Espero que ele não tenha percebido, acho que disfarcei bem..risos.


Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado

Falando agora de histórias marcantes, tem uma que sempre gosto de recordar. 

Uma vez recebemos na Diretoria de Vendas Brasil alguns desenhos de um garotinho chamado Lucas. Eram desenhos, muito caprichados, de aviões da Varig.

Quando esse material parou nas minhas mãos, logo me identifiquei com ele – afinal eu, quando criança, fazia desenhos muito parecidos e tinha, certamente, alguns sonhos muito semelhantes aos desta criança. 

Fiz contato com os pais e convidamos para que viessem conhecer as instalações da empresa, em Congonhas. E assim foi feito, com direito a visita ao interior de duas aeronaves que estavam estacionadas no hangar (um Boeing 737-700, novinho na época, e um Embraer 120 Brasília, ambos da Rio-Sul). 

Olha aí eu e o Lucas, e sua irmã,
visitando o interior de um Boeing 737-700 da Rio-Sul,
nas instalações da Varig em Congonhas 
 

O Lucas era apaixonado por aviões e gostava tanto da Varig que logo nos mandou novos desenhos, e criamos um vínculo.  

Acabamos levando ele e família para o Rio de Janeiro (Galeão), a bordo de um MD-11, para visitar as instalações da Empresa na Área Industrial, no Galeão.

A bordo do MD-11, a caminho do Rio de Janeiro.
O Lucas, claro, foi na janelinha! 

Lá, puderam conhecer o imenso hangar de manutenção, e aeronaves que estavam lá estacionadas. O CEMAN (Centro de Manutenção), construído na década de 70 e inaugurado em 1980, tinha uma área total de 200 mil metros quadrados - apenas o hangar principal, que era o maior da América Latina e o quinto maior do mundo, era capaz de abrigar três Boeing 747 simultaneamente. Era realmente uma construção impressionante, uma maravilha da engenharia! 


O magnífico hangar...


...e uma vista mais ampla, de parte do complexo.

Além disso, fomos até o Centro de Treinamento de Pilotos, onde o Lucas pôde fazer um voo no simulador do Boeing 747 – com direito a diploma!

Eu também fiz o voo simulado, mas não me saí muito bem....acabei derrubando um Jumbão....rssss. Mas mesmo assim, ganhei um diploma também...risos. E olha como foram simpáticos comigo, o diploma diz que “realizei com sucesso” este voo!!! Então ta, né? Rs 


Eu também ganhei meu diploma de “piloto por um dia”
 

Lucas ficou tão famoso na empresa que chegou a visitar nossos escritórios, que na época ficavam no prédio perto do Parque do Ibirapuera, e onde conheceu pessoalmente ninguém mais ninguém menos que o presidente da Varig à época, o querido Sr. Ozires Silva.


O sempre simpático Sr. Ozires, recebendo o Lucas
em sua sala, na presidência. Que momento!

Aliás, lamentável que os Curadores
da Fundação Ruben Berta não tenham dado
ao Sr. Ozires a liberdade para desenvolver
seu trabalho. Quem sabe a história teria sido outra,
nunca saberemos...
 

Pensa que acabou aí? Não!!! Como eu era responsável pela produção do anúncio e folheto VARIG NEWS, destinados aos Agentes de Viagens, resolvi fazer mais uma homenagem ao Lucas. 

O VARIG NEWS costumava ter sempre, como ilustração principal, a imagem de uma aeronave da Varig e a ideia foi colocarmos, nesta edição especial, a imagem de um desenho de avião da Varig, feito pelo menino. 

E assim foi, com a devida autorização dele e dos pais, produzimos este material incrível ... que ficou lindo!!!! Detalhe, era a edição comemorativa aos 75 anos da VARIG!


O desenho feito pelo Lucas virou
até material promocional da Varig. Muito legal!!!
 

O Lucas? Acompanho sua trajetória até hoje, via mídias sociais. Acreditou nos seus sonhos e se tornou piloto e, como se não bastasse, também músico. E fiquei sabendo que virou papai recentemente! Fico feliz de termos participado de uma parte dessa história!!!

Agora vou contar uma história do Net News. 

Como disse antes, eu tinha a confiança da direção da Empresa para criar as edições do informativo, sem necessidade de passar por aprovação prévia (a não ser, claro, em assuntos mais técnicos e específicos, que exigiam ajuda e aprovação de especialistas na área). Essa liberdade me dava asas para criar e, às vezes, cutucar a concorrência (e porque não?).

Era 2002, ano de Copa do Mundo. A VARIG, a transportadora oficial da Seleção Brasileira. E eu não ia aproveitar isso de alguma forma? 

Com craques como Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho no time, a Seleção foi ganhando seus jogos, um a um.

Tá, mas e daí? Já sabemos, a Seleção ganhou todos os jogos, foi a campeã do mundo, a Varig trouxe a taça para casa, seu Boeing 767-300 especialmente decorado sobrevoou Brasília, escoltado por caças da FAB. Vampeta deu cambalhotas na rampa do Palácio do Planalto, com a camisa do Corinthians. Tudo isso já sabemos. Mas e o Net News, o que tem a ver com isso? Já vou explicar o que fizemos.


A Varig vivia na época uma intensa disputa pela liderança do mercado, com a TAM.

A empresa do finado Comandante Rolim era conhecida como a vermelhinha, por adotar, naqueles tempos, uma pintura vermelha nas suas aeronaves (quem se lembra da assinatura “The Magic Red Carpet”, por exemplo).

E a Varig era mais “a cara do Brasil”, seja no azul dos seus aviões (lembrem-se que o segundo uniforme da Seleção era azul), seja na assinatura que adotou em seu nome, quando atualizou sua identidade visual nos anos 90. Era o “Varig Brasil” presente em sua logomarca! E seja também por toda a tradição de representar o país por décadas, mundo afora, além de produtos do seu serviço de bordo sempre direcionados à “brasilidade”. E, sem esquecer, era a transportadora da Seleção. 


Na época da Copa do Mundo, produzimos
também esta edição especial do Varig News,
folder distribuído aos Agentes de Viagens em
visitas dos promotores de Vendas e na Feira da ABAV
 

Enfim, naquele ano, a VARIG era o Brasil! E a TAM? Bem, demos um jeito da TAM ser vista como a adversária do Brasil....rs

Mas como assim? Por uma feliz coincidência (para nós, da Varig Brasil), os adversários da nossa Seleção, naquela Copa, usavam uniforme ... adivinha? Vermelho! Como a TAM...rs 


Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado

Senão, vejamos: jogo de estreia, Brasil x Turquia (Turquia de uniforme vermelho) ; segundo jogo, Brasil x China (China de uniforme vermelho); terceiro jogo, Brasil x Costa Rica (que usava, também, uniforme vermelho). 

Pensa que parou aí? Nas oitavas de final enfrentamos a Bélgica. De uniforme vermelho!!! Depois uma pausa para pegar a Inglaterra de branco, nas quartas (mas tinha vermelho no uniforme), para enfrentar de novo a vermelha Turquia, na semi-final. Pena que a final foi contra a Alemanha (de branco e preto) e não contra a Rússia ou Polônia, por exemplo, que também usam vermelho...rsss

Ou seja, a cada jogo publicávamos uma edição especial do Net News, fazendo referência ao Brasil (da Varig) enfrentando o adversário “vermelhinho” (sem citar o nome, mas em clara referência à TAM)....hehehe. E o Brasil sempre vencia! 

Foi muito engraçado e divertido, uma brincadeira sadia, nada agressiva. Se aumentou as vendas da Varig não sei, mas que foi muito bem recebida pelos agentes, ah isso foi!!!! Por quem vocês acham que eles torceram nesta “disputa”? risos 


Vestindo a camisa da Varig, sempre.
Aqui eu, com meu sobrinho Luigi (hoje com 23 anos)
 

Bom, para finalizar esta parte, gosto sempre de contar que a Varig me marcou tanto, que guardo até hoje na memória o numero dos voos da empresa, e prefixos de aviões. 

Tá, não lembro mais de todos, claro, mas da maioria deles. São Paulo-Frankfurt, por exemplo, voo RG 8740 ; São Paulo-Manaus, outro exemplo, voo RG 2200; São Paulo-Madri, voo RG 8714; Rio de Janeiro-Nova York, voo RG 8860, e assim por diante.

O mesmo com os prefixos dos aviões da frota daquela época. A frota de Boeing 777? PP-VRA, PP-VRB, PP-VRC, PP-VRD, PP-VRE, PP-VRF... MD-11? PP-VOP, PP-VOQ, PP-VPM, PP-VPN, PP-VPP, PP-VQH, PP-VQI... qual era o PP-VQA? Um Boeing 737-800. E o PP-VOE? Um Boeing 737-300. O PP-VMB? Um DC-10...e assim vai, com todos os modelos da frota dos anos 80, 90 e 2.000, os prefixos dos aviões também ficaram registrados. 


Junto ao gigante motor do 777,
na Área Industrial do Galeão, Rio de Janeiro.

Ainda relacionado aos voos, eu tinha um passatempo que amava, seja para algum estudo analítico, seja para “me divertir” nas horas vagas. Coisa de maluco por aviação mesmo! 

Eu amava ficar olhando dados dos voos da empresa. Explico: pelo sistema de reservas, existia uma entrada ( “VID”, seguido do numero do voo e data), onde apareciam informações dos voos....horário previsto, horário efetivo, tipo de aeronave, matrícula, numero de passageiros a bordo, por cabine....e eventuais ocorrências, como algum problema técnico, desvio de rota por condições meteorológicas, e etc. 

Usava muito essa ferramenta para ver como andava a ocupação dos voos, e o que mais dói de comprovar é que os índices eram ótimos. Como pode uma empresa estar falindo se seus voos estão sempre cheios??? Os passageiros estavam lá, prestigiando. A maioria não abandonou a Varig, mesmo quando ela já enfrentava seus momentos finais!

E cabe aqui uma informação importante, e que de certa forma comprova o que eu via nesses meus “estudos” superficiais. A Varig tinha um grave buraco financeiro, todos sabem, mas na parte operacional, na maioria das vezes, seguia lucrativa. Era portanto uma empresa operacionalmente viável. 

Isso, porém, não foi suficiente. Não surgiu, ou como muitos acusam, talvez certas forças políticas acabaram impedindo que surgissem reais interessados em salvar a Varig. Uma pena!

E qual sua opinião sobre os culpados pelo fim da Varig?

A Varig teve grande parcela de culpa em sua derrocada, sobretudo pela atitude arrogante e arcaica dos "deuses" que compunham o Conselho de Curadores da Fundação Ruben Berta, especialmente de 1990 em diante. 

Mas acredito muito, também, de que o Governo (seja o de Fernando Henrique como principalmente o seguinte, de Lula) fizeram um esforço danado, não para salvar, mas sim para acabar com a Varig. 

Circulam muitas histórias a este respeito, como aquela em que Ozires Silva, então presidente da Varig, teria negado ajuda financeira para a campanha petista nas eleições e, a partir de então, a empresa teria ficado jurada pelo partido. 

Ouvi inclusive de um amigo meu (pessoa de quem não tenho motivos de duvidar), que participou junto a um grupo do alto escalão da Empresa de uma reunião no Planalto, com a então ministra Dilma Rousseff, que ela teria dito logo de cara, e com todas as letras, que "nós não gostamos da Varig".

Verdadeiras ou falsas essas e outras histórias que envolvem principalmente o governo do PT, o fato é que todos vimos, claramente, a ação desproporcional que empresas estatais como Infraero e BR Distribuidora aplicaram visando estrangular as já combalidas finanças da Varig. E isso antecipou, e muito, o fim das suas operações.

E para finalizar, teve aquele teatro de mentirinha da venda para a Gol, um verdadeiro insulto a quem construiu uma Empresa de nível top no mundo, como foi a Varig. Aquilo foi uma sujeira, um jogo podre de compadres. E a tal "nova" VARIG que chegou a operar por um tempo, jamais pode ser considerada como sendo a VARIG...aquilo foi um verdadeiro Frankenstein dos ares. Tanto que logo sucumbiu (ou isso já fazia parte dos planos, não é?). 

 

Viajava muito a serviço? Já passou por algum perrengue lá em cima?

Ah, resposta rápida: sim e sim!

Viajava bastante. O Boeing 737-300 da ponte-aérea era meu transporte mais regular, quase que semanal. Viajava muito para o Rio de Janeiro, para reuniões lá nos escritórios da Varig no Santos Dumont (hoje ocupadas pelo Hotel Prodigy). E era privilegiado, adoro voar e aquela rota é linda. 


O 737-300 foi meu grande companheiro de trabalho.
Me levou incontáveis vezes ao Rio de Janeiro,
e me trouxe de volta sempre com conforto e segurança.

O pouso e decolagem no SDU então, dizer o que, né? Mas era descer do avião que eu sofria, muito! Sempre de terno e gravata, era duro para mim enfrentar aquele calor do Rio de Janeiro. Não havia ainda os fingers de hoje, então descíamos na pista (asfalto derretendo de calor) e para encurtar o trajeto até o prédio da Varig, eu nem passava pelo terminal, ia caminhando por dentro, beirando o pátio de estacionamento dos aviões. Sob um sol de 45 graus!!!! Resultado, sempre levava uma troca de camisa junto, pois sabia que chegaria literalmente molhado de suor daquela caminhada de cerca de 500 metros...rsss


Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado

Fiz também diversas viagens Brasil afora, seja para convenções de vendas, reuniões ou eventos promocionais – como por exemplo a Promoção Emissão Premiada, que dava prêmios aos agentes que mais vendiam Varig, nos diversos
estados do país. E com sorteio de um carro 0km ao final da campanha!

 

Equipe de SAOWT em Porto Alegre,
junto à equipe de Vendas do Rio Grande do Sul
(com o Gerente local, Carlo Coelho, segundo de pé,
da esquerda para a direita)e Sr. Antônio Américo
(o segundo de pé, da direita para a esquerda), em
ação de Sales Blitz com os agentes de viagens gaúchos.
Aqui, em Porto Alegre.
 

A VARIG me levou também muitas vezes ao exterior, a trabalho. Neste caso, para cursos e treinamentos. Miami e Frankfurt, por exemplo, fomos para treinar o sistema SMART, que fazia uma análise futura do mercado e servia como base para nossas análises e estratégias de vendas, no Brasil.

Já a lazer, foram incontáveis as viagens, graças aos benefícios de preço oferecidos aos funcionários. Desfrutávamos de tarifas realmente muito atrativas (bota muito nisso), mas tinha um porém: era sujeito a espaço. Ou seja, só embarcava no final, se sobrasse lugar a bordo. Felizmente sempre embarquei, com exceção de uma única oportunidade. Chile, EUA (incluindo Havaí), Europa...Nordeste, Sul...quantas e quantas viagens inesquecíveis! 


Foto na Classe Executiva do novíssimo Boeing 777.
Em visita técnica, a serviço, para conhecer a aeronave.
 

Perrengues? Tive alguns sim. Nada, acredito eu, que tivesse me colocado em risco, mas meio assustadores mesmo assim...hehehe. 

Como disse antes, adoro voar e sempre confiava muito tanto na manutenção como na qualidade profissional dos responsáveis pelo voo. A Varig, afinal, sempre foi reconhecida pelo seu alto padrão não só no atendimento e serviço de bordo, como também pela sua confiabilidade operacional. E eu viajava tranqüilo, sempre! Parece clichê, mas eu entrava em um avião da Varig e me sentia em casa, relaxado.

O primeiro susto que passei foi no recém-chegado Embraer 145, apelidado de “Jet Class” pela Rio-Sul. Para comemorar sua entrada na frota foram oferecidos voos de demonstração aos funcionários e eu, que trabalhava em Congonhas naquela época, fui um dos escolhidos. 


Foram diversos voos deste tipo naquele dia, cada um levando pouco mais de 40 funcionários a bordo, em um trajeto curto, de cerca de 20 minutos, que ia de Congonhas até Santos, de onde retornava. 

O meu voo era um dos últimos do dia. Decolamos e, como planejado, rumamos para Santos, onde o comandante fez uma linda passagem rasante. Depois subimos novamente em direção à Congonhas. 20 minutinhos mesmo, voo rápido.

E os 20 minutos passaram e começamos a orbitar em uma região perto da cidade de São Paulo. Normal, Congonhas tem muito tráfego mesmo, sem problemas. 30 minutos ... 40 minutos ... e continuávamos girando...daí um começa a olhar para o outro, meio desconfiado... 50 minutos ... ué, o que estaria acontecendo afinal? Passou mais de uma hora e dez quando, finalmente, alinhamos para o pouso.

Nunca soubemos exatamente o que ocorreu, mas dias depois ouvi dizer que a aeronave tinha enfrentado um problema com o trem de pouso e que, por isso, ficou em orbita por tanto tempo. Bom, se foi isso mesmo eu não sei, mas o fato é que pousamos direitinho, e não foi de barriga...devem ter solucionado o problema lá em cima rssss 


O elegante Embraer 145,
apelidado de Jet Class pela Rio Sul.
Apesar de ser uma bela aeronave,
não me trouxe lembranças muito boas..rssss
 

Outro susto, coincidentemente, foi com o mesmo Jet Class. Voltávamos de Caxias do Sul, onde tivemos um evento com agentes de viagens locais. Era verão, fim de tarde. O voo foi tranquilo, normal, mas chegando perto de São Paulo nuvens negras começaram literalmente a “nos cercar”. Sabe aquela famosa tempestade de fim de tarde, típica desta época do ano? Pois é, multiplique por dois. 

De repente estávamos no meio dela, não se via nada pela janela...só cinza, ora mais escuro, ora mais claro. E o Embraer, relativamente pequeno, começou a jogar de um lado para o outro. 

E lá fomos nós orbitar para esperar o tempo melhor. Mas normalmente essas orbitas são realizadas fora da tempestade. Esta não, esta foi feita no “olho do furacão”. Acho que chegou tão rápido que pegou a todos de surpresa pois vez ou outra quando abria uma fresta entre as nuvens, víamos outros aviões circulando próximo ao nosso. 

Depois de muitos sobe e desce e gritos de alguns passageiros, finalmente o tempo melhorou um pouco e conseguimos pousar em Congonhas. 

Adriana, hoje minha esposa, mas namorada naquela época, me aguardava no saguão. Chorando! Ué, será que ficou sabendo do nosso perrengue lá em cima e se preocupou? Não foi isso...rs. Ela tinha acabado de ser desligada da Varig Log (sinais da crise que se aprofundava) e estava arrasada. E ao consolá-la, nem tive como contar direito a aventura que tinha acabado de passar.


Cabine do Jet Class da Rio Sul

O perrengue mais forte que passei, porém, foi meses antes, retornando de uma convenção de vendas em Manaus. Na escala em Brasília o voo lotou (de passageiros pagantes) e alguns de nós, funcionários, tivemos de desembarcar para ceder os lugares. 

No meu caso, a única forma que a Varig encontrou de me reacomodar em um outro voo para São Paulo, meu destino final, foi perguntando se eu aceitaria viajar na cabine, junto com os pilotos. Hehehe não me conhecem, precisa mesmo perguntar??? É claro que sim!!!!!!!!!! 

E foi assim que embarquei em um Boeing 737-300 da pioneira, rumo a Guarulhos. Voo lotado! Fui apresentado à tripulação e assumi meu lugar, atrás do piloto e do co-piloto. Uau, que sensacional, visão perfeita dos instrumentos, da pista. Coração a mil de emoção! 

Decolamos. À nossa frente, via-se bem uma imensa, enorme, gigantesca camada de nuvens pretas. Pretas não, rochas! 


Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado

E eu ali, quietinho, torcendo para que nossa rota fosse à esquerda, ou direita. Mas não reto! Mas era, retinho, em direção exata rumo ao tenebroso temporal. 

O co-piloto era quem estava no comando (procedimento mais que normal) e em determinado momento perguntou ao comandante se deviam seguir em frente ou fazer uma curva e solicitar rota mais longa, para evitar as nuvens. E eu lá... aceita, aceita, aceita!!! Negativo, disse ele, siga conforme planejado, “vamos aproveitar e lavar o avião”. Hã? Lavar o avião??? Ai ai ai, não me soa bem...rs. 

E assim foi, seguimos e entramos com tudo naquele paredão assustador.


A rota é reto...que maravilha...rssss
Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado

Olha, não sei como foi lá atrás, na cabine de passageiros, mas lá na frente o bicho chacoalhou forte, como nunca tinha experimentado antes. Ouvia-se as pedras de gelo batendo forte no teto da cabine, como quando se está num carro em um temporal com granizo. 

E raios por todos os lados, sem parar!!! A expressão antes tranquila dos dois comandantes logo mudou, e passaram a adotar um procedimento muito mais, digamos, concentrado e atento a tudo. Foram intensos minutos! 

O Comandante imediatamente solicitou a interrupção do serviço de bordo lá atrás. Pouco depois, solicitou ao controle mudança de altitude, para tentar encontrar uma situação meteorológica melhor. Solicitação que foi, porém, solenemente negada pelo controle de tráfego (até hoje me pergunto por que!!!). 

Ou seja, teríamos de seguir ali, no meio do turbilhão. Ouvia-se no rádio outros aviões reportando dificuldades com a mesma tempestade e solicitando, igualmente, mudança no nível de voo. Não estávamos sozinhos enfrentando aquilo, definitivamente.

E eu lá, quietinho...sem querer atrapalhar, claro. Só olhando (meio assustado, talvez rss). E nunca tinha visto antes, mas da janela da cabine, à frente, saíam raios violetas (alguém sabe dizer o que seriam? Eu na hora nem me atrevi a perguntar). Mas era uma visão perturbadora, raios lá fora e raios correndo pelos vidros!!! 

Em determinado momento, no que foi o ápice da aventura, o comandante falou repetidamente ao co-piloto, de forma firme, e essas palavras não me saem da memória: “não deixa cair, não deixa cair”. Hã, o que? Não deixa cair???? Pronto, morri!!! 


Imagem meramente ilustrativa,
para representar o fato narrado 

Só depois fui compreender que a instrução era para não deixar perder altitude. Então fala “não deixa perder altitude”, caramba, vai assustar a mãe hehehe!!!

Enfim, foram cerca de 45 minutos de terror, sendo jogados para cima e para baixo, e para os lados. Finalmente, de repente, o céu limpou, e vimos as luzes de São Paulo à nossa frente. Não gosto de São Paulo (tanto que fugi da loucura da cidade para morar em meio à natureza, na Serra da Cantareira), mas nesse dia (já era noite), amei estar chegando em Sampa. O pouso foi suave, uma beleza. Nem parecia que tínhamos passado por tudo aquilo. O avião, certamente, limpinho por fora, lavadinho...risos.


Este ítem deve ter sido muito útil neste voo,
lá na cabine de passageiros.


Me refiz, fiz aquela pose de tudo bem, nem senti nada e aguardei o desembarque dos passageiros. A porta da cabine aberta. E foi aí que vi a cara dos pobres coitados dos passageiros. Brancos, pálidos, olhos ainda arregalados. A comissária na porta, ao se despedir de cada um, além do tradicional “até logo”, emendava um “está melhor”? ou “tudo bem, já passou!”... “Melhoras, viu”. Um dos primeiros passageiros a desembarcar foi a Hebe (lembram dela?), que fui saber depois, passou muito mal a bordo. E quem é que não passou, não é verdade? Rsss


E sobre viagens a lazer, o que pode nos contar?

Olha, se tem algo que gosto tanto quanto de aviação, é viajar. Me defino como um viajante assíduo, daqueles que deixam de gastar com roupas e jantares fora, por exemplo, só para poder viajar mais. 

Brinco que ando de tênis com furo no dedão, mas viajo para a Suíça...kkk. Sou defensor aquele clichê de que viagem não é gasto, mas sim investimento. 


Subi no upper-deck do 747-300 da Varig,
com minha avó, para tirar uma foto
na Primeira Classe. Viagem sem fotos
dos aviões não era viagem para mim...rsss
 

O gosto por viagens eu trago desde a infância, quando viajávamos regularmente para visitar a família, na Itália. Era comum eu escrever diários dessas viagens, reportando todos os momentos que para mim eram importantes e impactantes.

Depois, adulto, comecei a focar esses meus registros em fotografias (adoro) e vídeos e, mais recentemente, passei a produzir livros com imagens das viagens que faço (uso o programa D-Book para essas produções). 

Não importa de que forma, mas as viagens devem ficar guardadas e registradas, para serem revistas a qualquer tempo. E, claro, ficam registradas também na memória e na alma, como bem dizia uma campanha publicitária da Varig. 


Viajando, desde pequeno.
Aqui, minha mãe comigo e meu irmão,
em algum lugar dos Alpes.
 


Viagens à Europa, sempre tão especiais.

Na infância e adolescência, como disse, viajávamos muito para a Europa, para visitar a família, e também para Ubatuba, no litoral norte do Estado de São Paulo. Depois, quando entrei na Varig e passei a usufruir dos benefícios das passagens aéreas com preços muito baixos, para funcionários, passei a viajar muito mais. A Varig me levou, quase de graça, para lugares fantásticos, seja aqui no Brasil, seja no exterior.

Depois da Varig continuei viajando muito, não com a mesma freqüência, claro. Mas o máximo que pude, sempre! Como segui trabalhando no ramo do turismo (conto mais sobre isso mais a frente), e de certa forma tendo acesso à alguns benefícios de preços mais atrativos, com descontos, consegui continuar viajando. Tá certo que quando o câmbio ainda nos era favorável, era bem mais acessível. 

Nunca voei de Primeira Classe 
(sempre foi um sonho...rs).
Mas foto na Primeira Classe eu fiz...rsss...
aqui, no Boeing 777-200

Hoje em dia, com o dólar nas alturas, seria praticamente impossível visitar a maioria dos lugares por onde passei. Mas viajante que se preze não desiste e passa o ano todo matutando formas de viabilizar a próxima. E pesquisando, muito! 

São incontáveis os lugares que já "viajei" sem nunca ter ido lá....calma, eu explico. Nessas pesquisas todas, acabo estudando diversas opções de destinos, mas a maioria fica só no estudo mesmo e não se realiza de verdade, por questões financeiras. Mas de certa forma, acabo curtindo um pouco esses lugares...mesmo que só no imaginário...e ficam guardados na caixinha, quem sabe um dia eu consiga viabilizar, né?

Brasileiro quando vê neve sempre se derrete, não é? rsss
 

Quando chegou o Henry, nosso filho, já logo colocamos ele no esquema e hoje, com 7 anos, Henry já é uma pessoa bem viajada.

Com pouco mais de um ano de idade, viajou conosco para a Alemanha e Itália. Com cerca de 3 anos, conheceu a Holanda. No ano seguinte, a Riviera Maya, no México....depois Gramado, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Morro de São Paulo, Paraty, Penha (Beto Carrero World), Brusque, Campos do Jordão...e, mais recentemente, a Suíça! A próxima? Já está marcada, será em janeiro, para Bariloche! 


E com o Henry foi igual,
viajando desde bem pequeno.
Aqui, em 2017, a caminho da Europa
(no 747-8 da Lufthansa)


Em 2022 fomos à Suíça,
neste magnífico A350-1000 da British Airways


Viva o México!!! Riviera Maya, em 2019

Viajando pelo Brasil também, claro. Aqui,em Gramado (2021)


E visitando o DC-3 da Varig em Porto Alegre


Morro de São Paulo, Quarta Praia (2019)
 

E não sei se está no sangue, mas o menino gosta muito de viajar. Aliás, quem não gosta, não é? A Adriana também curte muito, então defino nossa família como viajante, sempre em busca de novas aventuras e momentos especiais. E alguns, marcantes, de um modo não tão agradável....risos...mas faz parte.

Na nossa viagem para a Holanda o Henry nos meteu em uma enrascada...rs. E depois a Adriana, minha esposa, em outra! risos. 

Tudo começou no voo de ida, pela Iberia. Tudo ia bem, Henry jantou bonitinho, assistiu vídeo e caiu no sono. Mas no meio da noite, ele acordou (e também a nós e a todos os demais passageiros), berrando sem parar. Gritava e gritava, chorava e chorava, ininterruptamente. Era de madrugada, sobrevoávamos o Atlântico. Nada, absolutamente nada o fazia parar. Eu então peguei ele no colo e caminhei pela cabine, para ver se acalmava. E sem me dar conta, com isso, acabei acordando mais gente....rs. Daí adentrei na primeira cabine da Classe Executiva (estava tão desesperado com a situação que nem notei) e acabei acordando até o comandante reserva, que dormia na primeira fila! 

Tudo ia muito bem no voo, até que... 

Por sorte, depois de um longo e interminável tempo, uma passageira veio até nós, disse ser médica, e deu a ele um remedinho. Devia ser dor de ouvido. E ele acalmou e, ufa, pegou no sono novamente. Chegamos em Madri, onde faríamos escala, morrendo de vergonha dos demais passageiros, afinal tínhamos de certa forma atrapalhado muito o voo deles...risos.

Mas pensa que terminou aí? Não mesmo! 

Fizemos a conexão e embarcamos no voo seguinte, para Amsterdã. Chegamos, descemos do avião, passamos pela alfândega quando, de repente, a Adriana sente falta (agora?????) de uma mala de mão. Como assim???? Não dá mais para voltar ao avião, como vamos fazer? O que tinha nessa mala? O celular, a carteira...um livro que o Henry amava....nada demais...rs.

A partir desse momento foi uma correria geral pelo gigantesco aeroporto, atrás do pessoal da Iberia e de recuperação de bagagens. Chegou uma hora em que tivemos de nos dividir, para ver se achávamos alguém que pudesse nos ajudar. Resultado, Adriana se perdeu de nós. E ela estava com nossos documentos...e eu fiquei lá, com o Henry, sem documentos, esperando ela nos achar. Foi preciso uma ajuda providencial da polícia para ela finalmente nos localizar. Enfim, um tormento!!! A mala não foi encontrada e chegamos à Holanda com vontade de voltar, de tanto estresse...risos.

Ainda bem que ficamos, pois depois daquela ida traumática, a viagem acabou sendo maravilhosa. Amamos a Holanda!!! A mala? Foi finalmente localizada....meses depois. E entregue, com tudo dentro. 

Campos a perder de vista. Nós amamos a Holanda!!!

 
Sid, o fiel companheiro de viagens do Henry

Passeio no belíssimo Parque de Keukenhof, Holanda
 

E além de muitos campos floridos de tulipas, waffles, parques incríveis e cidades encantadoras, a Holanda esconde também uma atração especial para quem gosta de avião, como nós (digo nós porque além de quem vos fala, o Henry também já pegou gosto na coisa...rs). 

Chama-se Aviodrome, em Lelystad (a cerca de 1 hora de carro de Amsterdã). Quem estiver pelos Países Baixos recomendo a visita, além dos diversos aviões da holandesa Fokker e algumas raridades antigas, tem um imenso Boeing 747-300 da KLM estacionado lá, para visitação. 




Além deste perrengue citado na viagem à Holanda teve outra situação complicada que passamos com o Henry, no exterior. Foi em 2017, na Europa. A primeira viagem internacional do nosso pequeno, e vovó (Oma) e vovô (nono) foram junto. 

Pensando em tudo, levamos brinquedos
para entreter o Henry 
durante o longo voo para a Europa.

A viagem foi sensacional, tudo correu bem....passamos por Garmisch-Partenkirche e Berchtesgaden, nos alpes bávaros. Também no Lago de Garda, no norte da Itália...em Schenna, no tirol italiano (parte da Itália onde ainda se fala o alemão)....e ainda em Selva Gardena, no coração da belíssima cadeia de montanhas dos Dolomites, Itália também. Visitamos ainda o famoso Castelo de Neuschwanstein, em Füssen (Alemanha), Salzburg e Ramsau, na Áustria. Henry, com um pouco mais de uma ano de idade, se comportou muito bem e curtiu muito cada momento da viagem.


Passeio de barco elétrico no Lago Königsse,
em Berchtesgaden, Alemanha
 


Batendo papo com o nono (vovô)
em passeio pelos campos da Alemanha


Esta igrejinha  de Ramsau, na Alemanha,
já foi até cenário de quebra-cabeça

A cerca de 3 dias do final da viagem, estávamos passeando em uma região afastada, na Áustria. Almoçando em um restaurante de montanha, bem afastado. 

A Adriana então decidiu descer um escorregador que tinha lá, com o Henry junto. E no final, quando o escorregador fazia uma curva fechada, ele acabou torcendo o pé. E gritando de dor!!! E agora, o que fazer?

Pegamos o carro e corremos para a cidade mais próxima, onde encontramos um hospital. E que hospital, lindo, novinho, tudo brilhando...a cidade? Bem pequena! Primeiro mundo, né? Henry foi logo atendido e constatada só a torção, nada muito grave, graças a Deus! Ficou alguns dias sem poder pisar, mas a viagem, como disse, já estava no final....sem grandes prejuízos, portanto. 

Foi então que perguntei quanto custaria a consulta e os exames. Ora ora ora, esqueceu onde está? A moça olhou incrédula com minha pergunta. “Quanto custa? Como assim? Nada, claro!” 


Enfim, voltamos para o Brasil e cerca de um mês depois chega uma correspondência do hospital, lá da Áustria. Tá vendo só, eu sabia que ia custar algo...deve ser a cobrança, só pode! 

Que nada, cobrança coisa nenhuma. Era apenas uma carta desejando que o Henry tenha tido uma boa recuperação!!! Ahhh Europa!!!!

Em outra viagem, esta ainda antes do Henry nascer, estávamos em um hotel lindo, em uma ilha paradisíaca no Índico. Nosso bangalô de jardim ficava bem afastado da recepção e do restaurante do hotel e ao voltarmos do jantar, a noite, nossa chave não abriu. Teríamos de voltar até a recepção para recarregar o sistema da chave e, naquela altura, cansados e com sono, nem eu nem a Adriana estávamos com vontade de andar tudo aquilo de novo. 

Então eu tive a brilhante ideia, eu faço pezinho e a Adriana pula o muro do bangalô (sim, ele tinha um muro na parte de traz, onde ficava o banheiro a céu aberto), entra no quarto e abre a porta por dentro, e eu entro. E no dia seguinte resolvemos a questão da chave. Simples! 

Invasão no paraíso..risos 

Bom, o muro era bem altinho, mas com minha ajuda, ela conseguiu pular para dentro. Eu fui em direção à porta, esperar que ela a abrisse. 

Foi então que eu vi o numero do bangalô, na porta. 

E gritei, desesperado, para ela sair de lá. Nós nos enganamos “Mô”, sai daí que esse não é o nosso bangalô...risos. São todos tão parecidos, que nos confundimos...e ela tinha literalmente invadido o bangalô de outras pessoas (por sorte, deviam estar jantando e não tinha ninguém no quarto..rs). 

Tá, mas e agora...para pular para dentro, eu ajudei...e como ela pularia para fora, sozinha??? Ah meus amigos, no desespero agente faz cada coisa...kkk....ela conseguiu, rapidinho...rs. Tá certo que se esfolou inteira...risos.

Viagens são assim, imprevistos e fatos que podem aborrecer acontecem, claro. Mas fazem parte, e devem sempre ser encarados com humor (sempre que possível..rs), afinal os momentos bons vividos superam, em muito, qualquer contratempo que se tenha, posso garantir. 

Com o nono, em Riva di Garda, Itália 


Tira a cara daí, Henry.....rsss...Thun, Suíça, 2022
 

Bom, retomando. Nossa preferência (minha, dos meus pais, irmão e, mais tarde, também da minha esposa e agora até do Henry) sempre foi a Europa. Não sei se pelos laços de família e o sangue meio alemão meio italiano, mas o Velho Continente sempre me cativou muito.

E neste incrível Continente passei, claro, por alguns dos seus mais tradicionais destinos turísticos. Cidades grandes, como Paris, Londres, Roma, Amsterdã... E outros cartões postais bem disputados, como a Costa Amalfitana, a Sardenha, os campos de tulipas e os moinhos holandeses, os canais de Veneza, a incomparável região da Alsácia e até mesmo a Disney Paris e os menos comerciais parques de diversão Efteling (Holanda) e Europa Park (Alemanha). 


Sorvetão em Colmar, na Alsácia....delícia!!! 

Henry com os personagens do Europa Park,
em Rust, Alemanha
 

Mas o que mais busco, nessas viagens, é muito menos o movimento dos grandes centros e suas ultra-concorridas atrações, e sim a tranquilidade, autenticidade única e beleza incomparável dos Alpes, em seus campos e pequenos vilarejos!

Daí vem minha paixão pela Suíça, um país singular, incomparável em todos os sentidos. E com as mais encantadoras regiões de montanha que eu conheço. Grindelwald, nos Alpes Berneses é, talvez, meu cantinho preferido no país. Mas tem muitos outros igualmente charmosos e com vistas de cair o queixo, como Lauterbrunnen, Mürren, Engelberg, Saanenmöser e Zermatt (esta última, já bem mais agitada). 


Como não gostar de um lugar desses???
Região de Grindelwald, Suíça. 


E aí Henry, será que gostou da Suíça? rs 

Agora em 2022 passamos duas semanas lá, em uma casa esquema Airbnb, em Grindelwald. Os donos moram no andar de cima e os hóspedes ocupam o de baixo. Um gramado na frente, parquinho, e uma vista de cair o queixo à frente, com as imponentes montanhas ali, como que querendo cair sobre nós. Mas o que menos importa é onde vai se hospedar lá, o mais sensacional é passear pela região, a pé, de bondinho, trenzinho, carro, bicicleta, patinete...o que for, opções são dezenas, centenas. Uma mais espetacular que a outra, garanto! 


O jardim na frente da casa onde ficamos,
em Grindelwald. Ô saudades!!!
 

Gosto de estar em contato com a natureza e é lá, nos Alpes, que me realizo. Não tem nada que se compara, para mim, a caminhar pelos seus bosques e campos floridos, banhados por pequenos rios, riachos e lagos de água transparente, com os picos nevados ali, logo ao lado. E para completar, com o som dos pássaros cantando e aquele som típico produzido pelos sinos pendurados no pescoço das vacas, que pastam tranquilamente nestas paisagens de cinema!


Minha mãe e os campos floridos no tirol italiano


E mais flores, desta vez, na Suíça
 

E o mais incrível é que em qualquer lugar que se vá, mesmo nos vales mais escondidos, tem sempre uma infinidade de trilhas a disposição, devidamente sinalizadas. E de bondinhos também, para subir aos picos que se multiplicam. O verdadeiro paraíso na terra, sem dúvidas! 


O bondinho “First”, em Grindelwald – Suíça
 

Ah, e se for com criança, melhor ainda. Playground por todos os lados, você faz uma trilha, entra no bosque e de repente, do nada, um parquinho enorme à sua frente. Um mais bonito e bem conservado do que o outro. E todos, o que achei incrível, com brinquedos a disposição...na caixa de areia, por exemplo, tem caminhão, pazinha, baldinho, formas e tudo mais...ali, para uso de quem chegar!!! 


Parquinho na Itália, região de Merano


Parquinho na estação de montanha Bort,
em Grindelwald, Suíça

Ok, ok, mas e praia, nada? Sim, gosto de praia também, obvio, embora não tanto quanto das montanhas. Costumo me enjoar de praia rapidamente...nas montanhas não, eu ficaria lá semanas, meses...eternamente!

Se for para citar as praias que mais me encantaram, nessas minhas andanças todas, me vem a cabeça essas: a quarta praia, em Morro de São Paulo ; a Ilha de Boipeba, também na Bahia ; Ilhabela, no litoral norte de São Paulo ; Paraty, Trindade (Praia do Meio) e a Ilha do Pelado, no litoral sul do Rio de Janeiro ; Moorea, Bora Bora e Rangiroa, na Polinésia Francesa (aqui um porém. Tivemos um certo azar e devido a um tal de swell, não pegamos o mar translúcido como deveria ser. Mas mesmo assim hello, uau, é incrível!!! Hoje, impagável ir para lá...ficou caro demais, uma pena) ; a Sardenha, no Mediterrâneo; e as estonteantes ilhas nas Maldivas! Aliás foi lá, nas Maldivas, que me encontrei com o mar mais incrivelmente transparente da minha vida, um lugar onde você chega e custa a creditar que é verdade. Parece cena de foto promocional de viagem, carregada de Photoshop! E você pede até que te belisquem, para saber se é mesmo verdade o que seus olhos estão te mostrando!


Hotel Kanuhura, Maldivas


Praia do Meio, Trindade (RJ)


Ilha do Pelado, Paraty

Conseguimos viabilizar esta viagem para as Maldivas através de uma promoção sensacional que tive a sorte de pegar, caso contrário, teria ficado só no sonho mesmo. É um destino muito caro, fora das possibilidades financeiras da maioria das pessoas, e dificilmente conseguirei voltar. Mas pensando bem, foi tudo tão perfeito, o preço baixo, o clima, o visual, o hotel, que não se deve voltar mais. Dificilmente uma nova viagem superaria aquela, melhor então ficar com essas ótimas lembranças na cabeça, do que um eventual retorno com certo ar de decepção. 


A magnífica experiência
de voar em um hidroavião. E nas Maldivas!!!
E com preço super promocional.
Foi sorte demais!
 

Aliás, quem viaja bastante sabe. Há certos lugares em que não se deve retornar. E me refiro a lugares que te agradaram muito. Uma segunda viagem ao mesmo destino pode, às vezes, te desiludir e tirar um pouco do brilho que você tinha na memória. Paris é um exemplo disso. Retornei recentemente e me decepcionei muito. A cidade estava suja, mal cuidada, tapumes horríveis em volta da Torre Eiffel, muitos camelôs importunando o tempo todo, multidões de pessoas, filas, gente de mal humor, cheio ruim....
 

E como foi ser pai? Nos conte um pouco mais

Eu fui pai relativamente tarde, então não posso reclamar de não ter tido tempo para mim. Hoje, não tenho mais...rssss.

Brincadeira a parte, ser pai muda a vida de qualquer um e, claro, comigo não foi diferente. Difícil fugir daquele clichê, mas super verdadeiro, de que o filho é o nosso maior presente na vida!

Ser papai do Henry é uma experiência maravilhosa e, também, muito desafiadora. Não posso dizer, porém, que me tornei mais responsável após a paternidade, pois tirando minha infância meio doindinha (risos), sempre fui meio certinho. Tanto que os pais dos meus amigos, muitas vezes, só deixavam eles sair (seja a noite, seja para viajar, etc) se fosse com o Riccardo...rs. O fato de eu não beber ajudava também...risos. Mas tenho também minhas “recaídas”...afinal, é o papai por exemplo que deixa o Henry brincar e se sujar todo na lama, enquanto a mamãe esperneia....rsss...é o papai que fala “vai, pula” incentivando o garoto a vencer desafios de altura....rssss....foi o papai que levou o menino, bebê ainda, para assistir jogo do Corinthians no estádio....rssss

Henry é muito próximo de nós, talvez por ser filho único, não sei. Fazemos questão de estar sempre presentes, compartilhando o máximo de momentos com ele, como exemplificado no tópico anterior, onde falei das viagens. Viajar é sempre muito positivo, talvez ainda mais para as crianças, ávidas por descobertas e novas aventuras. E ensinamentos. Em nossa viagem mais recente, à Suíça, Henry faltou quase 3 semanas na escola, mas não me preocupei, matéria se recupera... a experiência de uma viagem dessas, entretanto, traz muito mais bagagem para a sua vida do que alguns dias em sala de aula, com certeza! 


Henry indo para a escola. Escola?
Parece estar viajando... 


...sim. Viagem é também uma escola,
não é verdade?
 

O menino, sapeca que só (ainda bem, sinal de saúde), dá um trabalhão, eu com 51 anos já sofro para acompanhar o pique dele...rs. É um tal de corre, abaixa, levanta, vai prá cá, vai prá lá que só quem é pai sabe como é, e eu tento acompanhar.

Mas sempre brinco que meu papel principal de pai já fiz, com sucesso, pois conseguir fazer o Henry ser corinthiano....hehehehe...apesar da cor preferida dele ser, adivinhem...o verde!!! E de (ainda) não gostar de futebol. Enfim, nem tudo é perfeito (risos).

 
Corinthiano desde pequeno...


...e freqüentador de arquibancada também!!!
 

O bacana, também, é que ele seguiu o gosto do papai por aviões, e vem se tornando um expert....adora acompanhar o FlightRadar por exemplo, e sabe identificar a maioria dos aviões que passam. E também companhias aéreas! Que orgulho...rs. Se ele gosta da VARIG? Gosta, claro, por tudo que contamos a ele. Mas ele não vivenciou este período, então é da LATAM e da GOL que ele mais gosta....fazer o que? Risos. Ah, e ama também a Emirates, e seu A380!

 
Desenho feito pelo Henry. Avião da GOL


E um da TAM


Desenhou um Beluga, da Airbus, também


Felicidade ao ganhar um A380 de presente.
Enviado pela Emirates, olha que chique!

 

Aliás, gosto de imaginar como teria sido se ele tivesse chegado bem antes, quando a Varig ainda existia. Quantas viagens bacanas, quantas coisas legais eu teria mostrado a ele. Quantas experiências incríveis ele teria vivenciado lá. Mas tudo tem seu tempo certo, como dizem, e a aviação está nele, mesmo sem a Varig presente. E por enquanto, pelo menos, ele não quer trabalhar na aviação. Quer ser motorista de caminhão de bombeiro, quando crescer! 


Ele quer ser motorista de caminhão de bombeiro,
quando crescer


É, apesar de não gostar de fogo, leva jeito..rs
 

Tenho a sorte de tê-lo sempre por perto, já que trabalho de home-office, e somos muito ligados um ao outro. Trabalhar com ele por perto, fazendo suas bagunças, não é fácil...mas já me acostumei. E minha mãe, uma anjo, ajuda muito entretendo ele durante a tarde, enquanto eu trabalho. Aqui, na serra, ele brinca ao ar livre, e conseguimos fazer com que tenha uma infância meio à moda antiga, sem video-game, sem muita TV e até mesmo com menos celular do que a maioria das crianças de hoje. Enfim, sou muito agradecido por ter o Henry na minha vida e hoje tanto eu como a Adriana vivemos um pouco por nós, e muito por ele! 



 E depois que saiu da Varig, foi trabalhar onde?

Como disse antes, passei um período muito difícil depois que me desliguei da Varig, atingido que fui por uma forte depressão. Fiquei alguns meses trabalhando com meu irmão, na empresa dele, mas eu “não estava lá”, apesar de fisicamente estar, entende?

Enquanto isso dei entrada na abertura de uma empresa, com planejamento de atuação no ramo do turismo. E desta forma nasceu a Mailnews, uma empresa de email marketing direcionada a fazer divulgação de informativos eletrônicos aos .... aos ... adivinha? ... sim, aos Agentes de Viagens. Eles mesmos, sempre eles ... rs.

A ideia foi justamente aproveitar minha expertise nesta área, adquirida nos anos que trabalhei com o Net News, na Varig, e aplicar na minha empresa, a Mailnews.

Mas o começo foi terrível. Além daquela depressão, que graças a Deus aos poucos fui curando, não consegui os clientes que imaginava. A empresa patinava e não decolava de jeito nenhum. Foram incontáveis os contatos que fiz para oferecer os serviços e nada, nadinha de clientes.

Mas persisti, sou mesmo duro de desistir...rs. Persisti e persisti e persisti e aos poucos comecei a conquistar um cliente aqui, outro ali, e a Mailnews começou a decolar lentamente (como um A340 carregado, sabe? Vai subindo devagar, parece que não vai conseguir, mas decola Hehehe).

Para dar um exemplo de como fui buscar os clientes, gosto sempre de citar o caso da Turkish Airways. Quando a empresa anunciou sua chegada ao Brasil, fizeram uma sessão de entrevistas para interessados em trabalhar na equipe que estava sendo montada por aqui, incluindo até comissários de bordo. E lá fui eu, nada a ver com o assunto, de gaiato e com a maior cara de pau...e quando fui chamado à sala, cheia de executivos da empresa, ao invés de pedir a vaga, comecei a apresentar a Mailnews a eles....em inglês....rsss. Devem ter gostado da minha ousadia, pois seguimos em contato depois e acabamos fechando uma parceria que agora já dura muitos anos.

A Alessandra Barboni, que me acompanhou por anos lá na Varig, veio trabalhar comigo na Mailnews, assim que a pioneira fechou as portas. Esta parceria seguiu por mais alguns anos, até que ela resolveu partir para outros desafios profissionais.

Chegou então o Marcelo, velho conhecido meu. Somos amigos de infância, lá do clube, na Serra da Cantareira. Ele veio trazendo uma grande bagagem técnica para a Mailnews, que carecia desse know-how. E seguimos assim, nesta estrutura enxuta, até hoje – apenas eu e ele. 



Amizade antiga, que vem da infância.
Nas fotos aparecem eu, o Marcelo
e nossas esposas,a Adri e a Chris.
 

Agora já são 16 anos de atuação! A empresa cresceu, prosperou. Temos em nosso portifólio de clientes diversas empresas de renome, sempre do ramo do turismo.

De companhias aéreas, temos a Emirates, a British Airways, Iberia, Aerolineas Argentinas, Turkish Airlines, Air Canada, Ethiopian Airlines, Royal Air Maroc e a Boa Boliviana de Aviación.

De outros ramos temos clientes como a Costa Cruzeiros, Unidas Rent a Car, Avis / Budget, Palace Resorts, Sandos Hotels & Resorts, Decameron All Inclusive Hotels & Resorts, Grupo Leceres, BRT Operadora, Kangaroo Operadora, SatGuru, Turismo da Suíça, entre outros. Um portifólio de respeito, que muito me orgulha! 

Exemplo de informativo produzido aqui na Mailnews
(vê-se na imagem apenas uma parte da peça)
 

A Mailnews é responsável por cuidar da comunicação destas empresas com os Agentes de Viagens e conta hoje com um mailing altamente qualificado e atualizado, com mais de 26.500 contatos ativos. Este cadastro é nosso, montado ao longo de muitos anos. Não trabalhamos com listas compradas, aquelas listas com centenas de milhares de emails, sem qualquer filtro, sem qualidade. 

Nosso amplo mailing de Agentes de Viagens,
grande trunfo da Mailnews.
 

Passamos recentemente, assim como tantos outros, por um momento muito complicado, devido à crise do Covid. O turismo foi um dos setores mais prejudicados e nós, que trabalhamos nesta área, fomos atingidos em cheio. A empresa, que vinha numa crescente constante, tomou um grande tombo. Mas vem se recuperando e estimamos que já em 2023 se volte aos níveis de negócios pré-pandemia. 



Outros exemplos de informativos
produzidos na Mailnews (vê-se na imagem
apenas uma parte da peça)...

 



...e publicados aos Agentes de Viagens de todo o Brasil
 

A Mailnews é uma empresa pequena, enxuta, e isso é intencional - não queremos crescer demais.  Como atuamos em um nicho muito específico e com um único cadastro de emails (de Agentes de Viagens), temos de ser prudentes e evitar enviar uma grande quantidade de emails todos os dias. Por isso atuamos com um numero restrito de clientes e com respeito aos destinatários das campanhas que publicamos. 

Mais dois exemplos. Clientes de peso...Emirates...


...e Turkish Airlines.

Hoje posso dizer que a Mailnews é um case de sucesso pois soube encontrar e se estabelecer em uma área de atuação carente de prestadores deste tipo de serviço. E soube, também, cativar os clientes com qualidade, velocidade e atendimento personalizado.

Nossa rotina é bastante corrida, imaginem, apenas duas pessoas para atender a esses clientes, criar a arte de diversos informativos todos os dias, publicá-los, cuidar das listas, produzir relatórios, cuidar da parte comercial, do marketing, do financeiro...definitivamente não podemos reclamar de monotonia no nosso trabalho..risos. É uma correria danada!

Sempre gosto de citar que saí da aviação quando a Varig fechou, mas a aviação não saiu de mim. E é com enorme satisfação que tenho, no meu dia-a-dia aqui na Mailnews, contato com diversas empresas aéreas, do mundo todo. Então, de certa forme, sigo neste mundo que tanto amo.

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Para quem quiser conhecer mais, convido a visitarem o site da empresa: www.mailnews.com.br 


 


Mas a Varig segue fazendo parte da sua vida, não é verdade?

Sim. Sempre!

Sou até chato com isso, fico sempre postando coisas da Varig no Facebook, lembranças, fotos, datas especiais. E comparando com os serviços medíocres oferecidos pelas empresas aéreas nacionais hoje em dia (aliás, não é exclusividade das nacionais, né?). Tá certo, sei que são outros tempos, mas parece que todas viraram low cost. Para quem conheceu e viveu a aviação do século passado e preza por qualidade, chega a ser deprimente!

Você telefona na Central de Reservas de uma empresa e fala com uma máquina. Paga para reservar um assento (como se já não tivesse comprado seu lugar quando adquiriu a passagem), vai ao aeroporto e faz seu próprio check-in. Você mesmo etiqueta e despacha sua mala. Despacho este, aliás, que você também paga a parte. Durante o voo, se quiser comer algo, na maioria dos casos tem que pagar também (ou se contentar com um biscoitinho, “borrachinas” coloridas e outros tipos de produtos industrializados). E os preços das passagens? Nas alturas! 


Hoje é assim! Preço altíssimo e qualidade baixa demais
 

Enfim, papo de saudoso velho chato, né? Hehehe. Sou saudoso mesmo, assumo. Do tempo em que se comia lanche quente em um voo de 35 minutos na ponte-aérea. Do tempo em que se servia cerveja, vinho, whisky (não que eu beba. Eu, aliás, não bebo nada alcoólico). Do tempo em que o contato durante as diversas etapas de uma viagem era muito mais humano! 



Não muito tempo atrás, na Varig, era assim
(lanche da ponte-aérea, voo de 40 minutos)

Lanche caprichado da Varig, em voos domésticos.
Relativamente recente. Antes, servia-se até
refeições quentes, completas, em voos nacionais.
 

Ok, ok, a regra atual é cortar custos (e entendo perfeitamente que eles são absurdamente altos, principalmente aqui no Brasil, onde os impostos são extremamente pesados), mas o downgrade tem sido forte demais, na minha opinião, como consumidor. “Popularizaram” não os preços, mas sim a prestação do serviço. O custo das passagens, este segue cada vez mais “elitizado”!

Mas enfim, voltando à sua pergunta. A Varig segue fazendo parte da minha vida, e de uns tempos para cá, ainda mais. Iniciei um projeto dedicado a ela, que tem tomado bastante do meu tempo (de uma forma positiva), e que me enche de satisfação e de orgulho.
 

Nos conte mais deste projeto

Durante os anos em que trabalhei na Varig e antes mesmo disso, já na minha infância e adolescência, costumava colecionar coisinhas da empresa. Um talher aqui, um cardápio ali, uma maquete. E assim fui formando um pequeno acervo. Mas não só da Varig. 

Passei a investir em uma ampla coleção de maquetes, importadas. Foquei nas escalas 1/200 e 1/400. Fui adquirindo aos poucos, uma a uma, tentando ter um exemplar de cada modelo (sem repetições). Modelos da Boeing, Airbus, Embraer, Douglas, Lockheed, Ilyushin, Tupolev, e assim por diante. Cheguei a ter cerca de 130 modelos!!! 




Anos mais tarde, após minha saída da Varig, resolvi fazer um livro de imagens da pioneira, usando um programa chamada D-Book, onde você mesmo consegue fazer toda a diagramação e depois enviar para impressão. Um livro sem fins comerciais, apenas para mim mesmo.

Eu tinha juntado já muitas imagens bonitas, mas ainda não o suficiente. Foi aí que li, não me lembro bem onde (acho que no Facebook) algo sobre um ex-funcionário da Varig, chamado Sergio Knoch, que mantinha em sua casa um enorme acervo da empresa. 


Sergio e seus “filhos”. Um variguiano como poucos! 

Fiquei empolgado, consegui o contato e liguei para o Sergio. Muito simpático, ele me convidou para conhecer o acervo, e lá fui eu, feliz da vida, em um sábado ensolarado. Cheguei e fui super bem recebido. Na sala de entrada, antes do ambiente onde ficava o acervo, uma TV mostrava um vídeo com os procedimentos de segurança, como se fosse o início de um voo real da Varig. Sergio, descobri rapidamente, era um cara sensacional, pensou em pequenos detalhes como este, apenas para me receber (na hora do lanche, outro exemplo, me ofereceu um “serviço de bordo”, com sanduíche, bolo e refrigerante, devidamente servidos em pratos e copos, e com talheres da empresa).

Bom, nem preciso dizer como fiquei maravilhado quando entrei naquele quartinho meio escuro, de dimensões modestas até...mas com um conteúdo que jamais poderia imaginar existir. Uau, o que era aquilo!!! Impressionante a quantidade de objetos e recordações que ele guardava ali...posters, propagandas, chaveiros, canetas, camisetas, uniformes, maquetes e um sem fim de outras coisas de grande raridade. 


O tal “quartinho” que guardava as preciosidades sem fim
do magnífico acervo do Sergio.

O que mais me impressionou, porém, foi o conjunto de bandejas e louças usados no serviço de bordo, desde os mais antigos, do tempo do Super Constellation, até os mais recentes, de quando a Varig mudou sua identidade visual - para aquela criada pela Landor. 

 

Eu “briguei” com o Sergio algumas vezes, dizendo que ele TINHA que achar um espaço maior e abrir um museu, cobrar entrada mesmo. Claro que para viabilizar a idéia precisava arrumar um patrocinador, e não sei se ele realmente foi atrás, fato é que isso ficou só no imaginário. 


Nem vou me ater muito mais a falar do acervo, pois me faltam até palavras para descrevê-lo. Vou falar um pouco mais sobre a pessoa do Sergio, que logo se transformou em um grande amigo. Tivemos uma conexão muito boa e passamos, a partir de então, a nos falar regularmente. Estive por exemplo mais uma vez lá, no acervo, para ajudá-lo a fazer imagens dos seus materiais, principalmente daquelas bandejas de serviço de bordo. Não sou fotógrafo (apesar de gostar muito de fotos), mas acho que o resultado ficou muito bom! E nos demos tão bem que logo decidi doar para ele todos os objetos que eu tinha em casa, da Varig. Certamente ele merecia e os meus objetos estariam em ótimas mãos, muito bem preservados. Não pensei duas vezes, reuni tudo que achei em casa e entreguei a ele, de coração!

Algumas das fotos que fiz para o Sergio,
mostrando bandejas de serviço de bordo
que ele mantinha no acervo. Elas estão
naqueles livros que montei, usando o D-Book.


Passamos nos meses seguintes a conversar muito sobre novas aquisições para o acervo dele e tive o prazer, até, de participar de algumas delas, ajudando da forma que pude. Ele, com aquele seu jeito tranqüilo, amigável, bondoso, sempre fazia questão de compartilhar comigo suas felicidades (lembro bem, por exemplo, de como ficou radiante quando conseguiu aquela maquete gigante do DC-10) e também frustrações (como quando surgiam ótimas oportunidades de novas aquisições, mas faltava o dinheiro necessário para concretizá-las). Infelizmente o Sergio não estava em boas condições financeiras, tentou voltar ao mercado de trabalho mas muitos que poderiam ter ajudado, lhe fecharam as portas. Talvez pela idade, não sei, uma vez que qualificações, experiência, paixão e vontade não lhe faltavam.


Esse grande DC-10 foi uma das conquistas
que deixou o Sergio
mais feliz, sem dúvida alguma.
 

Quando meu filho nasceu, logo o Sergio providenciou uma mochila do Variguinho e deu de presente. Um doce de pessoa, repito. Mais para a frente, infelizmente, o Sergio teve um problema na vista e, a partir de então, passou e viver grandes sofrimentos com sua saúde. Quem o conhecia bem (e eu posso dizer que conhecia, apesar do pouco tempo em que convivemos) sabia bem o que ele estava passando, e quanto isso tudo o derrubou. Por mais que tivesse ajuda de algumas pessoas (eu também procurei ajudar, claro, sempre que podia), não foi suficiente, hoje sabemos.

Presente do Sergio ao meu filho Henry,
quando nasceu.
 

Saí de férias e fui viajar com a família para a Europa sem, antes disso, prometer que na volta doaria ao acervo um antigo punhal da Varig, que eu tinha achado no meio das minhas coisas. 


Essa estava reservada para ele.
Entregaria ao retornar de viagem.
Não deu tempo, ele nos deixou antes, infelizmente.
 

Ele ficou feliz e estava certamente ansioso por receber o presente. Mas não chegou a recebê-lo. Nem o prato típico alemão, de decoração (ele gostava, me disse), que comprei para ele em Füssen, na Alemanha, dois dias antes de ler no Facebook, absolutamente em choque, que ele tinha nos deixado! Ficaram as saudades e as boas recordações do amigo, e a frustração por tê-lo conhecido tão tarde, desfrutando por muito pouco tempo da sua amizade.

Meses depois, ainda muito chateado com a partida repentina do amigo, ganhei do meu irmão, de aniversário, um conjunto de copos e um porta-copos da Varig. Achei um pouco mais tarde alguns outros objetos antigos da empresa, “escondidos” em armários de casa. E foi então que decidi: vou montar meu próprio acervo da Varig!


O presente de aniversário que ganhe do meu irmão,
e que me fez ter a ideia de começar a montar, do zero,
o meu próprio acervo da Varig.
 

Comecei, portanto, praticamente do zero e decidi que faria este acervo por mim, claro, mas também pelo Sergio, a quem dedico o mesmo. E por todos nós, variguianos, tão carentes de espaços que preservem a história da empresa gaúcha.

Para dar o start no projeto, com força, resolvi me desfazer daquela grande coleção de maquetes, citada antes (meu filho, o Henry, até chorou, tadinho....tinha se apegado a elas). E deu certo, achei compradores e consegui um bom dinheiro com elas, o suficiente para adquirir grande numero de antiguidades da Varig.

O acervo começou praticamente do zero, como disse, mas cresceu bem rápido, graças a esta verba que entrou. 

Tanto que, durante a pandemia, quando resolvi sair de São Paulo e me mudar em definitivo para a Serra da Cantareira, logo dediquei um ambiente inteiro da casa,  exclusivamente a ele (hoje, já ocupa dois...rs). 

Imagem de um dos ambientes do acervo,
que serve também como meu escritório de trabalho.
 

Acho sempre importante ressaltar que o acervo que cuido não tem qualquer pretensão comercial, financeira. Não visa lucro! É movido apenas e exclusivamente pela paixão que tenho pela Varig e pela vontade de ajudar, humildemente, com a preservação de parte da sua história! 


Essas estantes foram feitas sob encomenda,
justamente para abrigar os itens do acervo.


Mas vamos lá, seguindo. Passei a garimpar regularmente em sites como enjoei.com, OLX, Mercado Livre ebay e junto a doações de familiares, amigos e desconhecidos, item por item, o acervo foi ganhando corpo. 





E começou a faltar espaço. Tive então que mandar fazer cinco estantes. E, hoje, já estão repletas, sem espaço para mais nada! Consegui então convencer a Adriana, minha esposa, a utilizar um outro cômodo da casa, que já foi uma pequena adega, e assim abrir novos espaços para o acervo (mas mesmo lá já começa a faltar espaço). 


Imagem parcial do segundo ambiente do acervo. 


Imagem parcial do segundo ambiente do acervo.
 

São atualmente mais de 1.200 peças, como louças, copos, taças e talheres do serviço de bordo, mantas, cardápios, maquetes, uniformes, produtos infantis, quadros, posters, livros, revistas, apostilas e manuais de treinamento, e cópias de muitos trabalhos que toquei lá na Varig (incluindo aí mais de 10 pastas de informativos Net News). 




No site do acervo, https://www.varig-acervo-varig.com, os itens estão divididos por categoria, e com opção de busca por ordem alfabética.

Tem uma área que mostra sempre as aquisições mais recentes, sendo sempre atualizado. Em outra área, que considero muito importante, falo das doações, tão essenciais, e faço questão de agradecer, e dar nome, a todos que de alguma forma contribuíram com o acervo. Outra parte que gosto muito é a introdução, e homenagem que faço ao saudoso amigo Sergio Knoch.

Depois, o site se divide nas seguintes categorias:  imagens gerais do espaço  /  maquetes / quadros, posters / serviço de bordo / amenidades e itens de conforto / material de leitura / entretenimento a bordo / itens de segurança / kids / passagens aéreas e outros / material promocional / propagandas / comunicação interna / roupas, uniformes... / fotos de cabine de passageiros / ensino, treinamento e instrução / Fundação Ruben Berta e Depto. Pessoal / diversos / e Eu na Varig. 




Cada uma dessas categorias tem diversas sub-pastas, cada qual com um tipo de item – formando assim um conteúdo bastante extenso e completo, que vai agradar a todos os gostos. Quem gosta por exemplo de material técnico, vai se deliciar na área de Treinamento ; quem gosta das propagandas antigas da Varig, vai se deliciar com uma quantidade imensa de peças impressas, e de inesquecíveis peças produzidas para a TV ; quem gosta de promoção (como brindes, folders, mapas de rotas, time-table, entre muitos outros) vai adorar visitar a parte que fala de Materiais Promocionais ; na área de Serviço de Bordo, outro exemplo, todos fazem uma verdadeira viagem no tempo e conferem, de perto, um pouco da qualidade excepcional que a Empresa entregava aos seus passageiros.




Ah, o 3 livros que eu produzi e que citei antes, quando falei como conheci o Sergio Knoch, estão no acervo também. Reúnem todo tido de imagens da empresa, desde aeronaves (das mais antigas às mais modernas), as cabines de passageiros, serviço de bordo, entretenimento, manutenção, propagandas e etc. São meus xodós, fiz e cuido deles com muito carinho, pois são filhos únicos. 

Aqui, e abaixo, algumas imagens dos livros que produzi,
em homenagem à Varig. São meus grandes “xodós”.
 








Algumas raridades como a Revista de Bordo Ícaro nº 1, um antigo manual de radionavegação, mala e quepe de comandante, entre outros, estão lá também, lado a lado com itens como a boneca aeromoça Susi, da Estrela, pratos da Boa Lembrança, maquetes e um sem fim de outras preciosidades. 




É um material bastante completo, histórico, e que está muito bem cuidado e preservado. Um acervo de respeito! Mas longe de ser um acervo como o do saudoso Sergio Knoch, aliás, nunca tive a pretensão de igualá-lo e sim, como dito antes, apenas de homenageá-lo. 



Pretendo seguir crescendo o acervo, disso não tenho dúvidas. Dependo porém de espaço (já estou ocupando hoje dois ambientes da casa com o acervo e como temos um sótão, provavelmente ele será o próximo...rs) e, muito, de doações. Itens da Varig são caros, normalmente mais caros que de outras empresas aéreas, então sempre que as finanças permitem, claro, compro algo (tenho, porém, ainda uma lista enorme de itens marcados como favoritos em sites de compra, aguardando verba para serem adquiridos).
 

Como as pessoas podem acessar este acervo?

Este acervo que mantenho é dedicado a todos que, como eu, amam e sentem saudades da Varig. Mas é particular, caseiro, e como também moro fora da cidade, não tem como ser aberto ao público (pelo menos por enquanto, quem sabe um dia eu consiga viabilizar).

Porém, faço questão que as pessoas tenham, de alguma forma, acesso a ele. Pensando nisso criei um site bastante completo, já citado antes, onde estão expostas literalmente todas as peças do acervo. Não disponho de verba para pagar um programador e tal, então usei uma plataforma pré-existente, da Google, e montei o site sozinho. As atualizações, faço também por conta própria. Cada um se vira como dá, não é verdade? Claro que gostaria de ter uma página, digamos assim, mais profissional, mas acho que do jeito que tenho feito está bastante satisfatório.

 


De fácil navegação, ele vem sendo atualizado regularmente para que os visitantes possam ver sempre as novas aquisições que vem chegando. Uso e abuso das imagens, feitas por mim também (sou portanto o programador, editor, revisor, fotógrafo e responsável pelo marketing do site...rsss). 

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Aproveito aqui, então, para reforçar o convite.
Visitem regularmente a página,
sem vocês ela não tem sentido:
https://www.varig-acervo-varig.com
 

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E não posso terminar este assunto sem agradecer, publicamente, a todas as pessoas que de forma generosa têm se oferecido para doar objetos ao acervo. Chamo essas pessoas, carinhosamente, de “Anjos do Acervo”. É de emocionar ver como muitos tem se desapegado de antiguidades que guardavam (muitas com forte valor afetivo)  e os repassam, de coração, para que possam ser preservados e eternizados aqui no espaço que mantenho. A eles meu muito obrigado pelo carinho, pela gentileza e pela confiança!

E se alguém que estiver lendo esta matéria tiver algo da Varig para doar, qualquer coisa, por favor me escreva no email riccardovfbison@gmail.com . Sem essas preciosas colaborações, o acervo não seria jamais o que hoje é!

E sem me alongar, e finalizando (agora de verdade...rs), gostaria muito de agradecer ao Jones pelo espaço cedido para contar um pouco da minha história e do meu trabalho. Muito bonito este olhar humano que o blog dá a quem, como eu, gosta e vive de aviação. Me sinto honrado em ser lembrado por aqui!!! São tantas as histórias aqui já contadas e tantas outras que virão, parabéns pela iniciativa, parabéns!



Fernando Bello

Um DC10 - tb sentei ali várias vezes, inclusive uma no simulador - fui com meu pai no simulador, na Ilha do Governador, e dei a maior sorte - o copiloto teve um problema e não pôde ir, então tive o privilégio de sentar no lado direito em todo o treinamento. Até acionei flaps e levantei e baixei o trem de pouso ! Inesquecível

 

Sebastião Tião

Aviação. fantástica. Show parabéns

 

Teté Souza

Show parabéns

 

José Roberto Marcondes

ki Bacana Vai Firme Caro Amiguinho

 

Rosangela Dias da Silva

Era o sonho do meu filho, fazer isso!! 

 

Teté Souza

Muito lindinho!!

 

José DAquino Vieira Dos Santos Daquino

Feliz Natal e próspero ano Novo




Jane Griffo

Que estória bacana! Que lindo esse amor pela aviação. Obrigada por compartilhar. E obrigada também por manter essa chama da Varig viva, tão importante para nós que um dia fizemos parte da sua estória.