sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

SOCORRO O AVIÃO VAI DECOLAR - DEIXA EU DESCER





Meu nome é Matheus Costa Galhota, tenho 18 anos. Nasci em Mauá SP, depois de que completei dois anos viemos morar na capital, já que minha mãe havia conseguido um emprego aqui. Moramos por um tempo de aluguel, porém a situação financeira não era das melhores então fomos morar na casa da minha avó da parte do meu pai. 



Tenho uma irmã e um irmão, ambos por parte de pai. Passei minha vida como uma criança bem ativa, jogava bola, brincava de esconde-esconde, jogava bolinha de gude e etc. Mas após atingir 14 anos, estava bem mais interessado em vídeo games do que na rua.



Mudei a algumas vezes de escola, terminei o fundamental na escola Júlio Ribeiro, depois fui para o Rui Bloem, na minha antiga escola tinha feito bons amigos, então quando cheguei ao Rui estava bastante fechado socialmente. Não fui com a cara de algumas pessoas, dentre elas o Lucas que pensei que fosse outro nariz empinado dentre outros que haviam ali, porém nos aproximamos e hoje somos grandes amigos.
 
Comecei a trabalhar aos 14 anos, quando ajudava minha mãe entregando panfletos para o salão dela, tentei trabalhar na sorveteria do meu pai, porém não deu muito certo. Após isso me tornei jovem aprendiz trabalhando como mensageiro em um hotel residencial. Fiz alguns cursos durante minha vida, aos 10 anos fiz um curso de computação. 



Aos 12 comecei um curso de inglês, porém por motivos financeiros tive de mudar de curso, do CNA para a Microcamp de lá para a StartPro depois para a Microlins, foi uma confusão, porém nesse meio tempo passei em uma prova para fazer um curso de design gráfico e tive de abandonar meu curso de inglês pois seria muito pesado financeiramente, terminei este meu curso de design e no momento estou cursando cursando design na faculdade.

Sempre tive fobia por alturas, nem pensar em ficar próximo a um terraço ou a viaduto e olhar para baixo, eu travo todo o corpo. É automático, não consigo administrar. Voar de avião é algo que jamais imaginaria fazer, fora de qualquer hipótese, imagina ficar naquelas alturas e a cima das nuvens. Imagina como estar lá dentro enquanto o avião decola e pousa. 
 

E numa turbulência. Eu já nem gostava de ver filmes com aviões comerciais prolongando o momento da queda. Volte e meia eu falava para o Lucas que ele era doido porque queria trabalhar na aviação e ele ficava zoando comigo. E eu sempre dizia que jamais iria entrar num avião, muito menos voar. Na verdade, meu medo não era propriamente voar de avião, mas sim é de altura.



Meu primeiro voo surgiu do nada, eu estava no churrasco de um amigo e de repente o pai do Lucas me ligou me chamando para ir para o sul, como fui pego meio que de surpresa, nem me passava pela cabeça a forma que iríamos ir e simplesmente aceitei. Depois que fui parar para pensar.  Lembrei que o Lucas sempre diz que seu pai vive viajando de avião, lembrei que ele tem umas 250 maquetes de aviões na casa dele e comecei a refletir, pensei diversas vezes em dizer que não iria, mas me contive pois não podia dar um vacilo desses.



 No outro dia, o pai dele me ligou, como ele é muito gozador, fiquei esperando ele me falar que era tudo brincadeira. Que nada, pediu para eu ir na casa dele para ele me explicar tudo, pois as passagens ele já havia comprado. Eu lhe perguntei quando “nós” iríamos. Então ele me falou outra bomba: “você vai sozinho”. 



Eu travei na hora. Agora piorou mais ainda. Estou ferrado de vez. Mais nada pode piorar agora. Não era brincadeira, vou de avião e sozinho. PQP estou ferrado. Até me esqueci de perguntar como eu voltaria, se de carro com o Lucas, mas provavelmente voltaria de carro com a família, pois muitas vezes eles viajam de carro para o sul do país.



Conforme combinado, na quarta feira as 13:00 horas fui na casa do pai do Lucas em ponto. Então ele me deu outra notícia fatal. Eu iria ter que fazer uma conexão no Rio de Janeiro. Ou seja, decolo de São Paulo vou até o Rio de Janeiro, troco de avião, decolo novamente e então vou pousar em Porto Alegre e na volta a mesma coisa.



Para tudo, deixa ver se eu entendi, minha cabeça começou a esquentar e eu comecei a suar frio. Eu não iria simplesmente a Porto Alegre. Agora que eu entendi. Eu na verdade iria fazer quatro decolagens e quatro pousos. O pai do Lucas, vai até o quarto, volta com a mala se despede dos seus pais, e diz vem comigo, vamos ao aeroporto que eu estou indo agora para Porto Alegre e você vai no sábado. Eu estava travado na cadeira, imobilizado. Ele dá um berro “Vamos Matheus Acorda que eu não posso me atrasar”. Eu levanto, nem sei como, como fosse um robô, na verdade, nem lembro como sai da casa do Lucas e fui parar no aeroporto. 


De repente nós estávamos lá e ele me explicando como fazer para tentar antecipar, parecia que ele estava falando em outro idioma, falava e eu nem estava prestando atenção, eu só balançava a cabeça e dizia que sim. Eu estava pensando em como dizer para ele que eu não iria. Quando de repente ele me abraçou, falou alguma coisa e entrou num corredor, quando eu fui atrás um funcionário me barrou pedindo a minha passagem. Então, neste momento eu compreendi que já era. Que eu iria ter que assimilar tudo e tomar meu rumo.



Meu voo era as 20:00 horas, cheguei no aeroporto as 09 da manhã. Fui na loja da Companhia Aérea tentar antecipar meu voo, mas não deu certo. Parecia tudo muito simples o que o pai do Lucas havia falado. Tudo simples. Mas quebrei a cara de simples não tinha nada e não consegui antecipar. Então decidi passar o dia no aeroporto. 


 Telefonei para o Lucas dizendo que eu estava no aeroporto, conversamos um pouco e desliguei. Minutos depois liga o pai dele, mandando eu ir lá na loja, eu falei que eu já tinha ido e que não tinha jeito. Ele nem me ouviu, mandou eu ir lá. Eu querendo explicar e ele pedindo para eu voltar na loja. Lá eu fui de novo, já sabia que iria ouvir novamente um não bem redondo. 



Chegando lá a funcionária já foi dizendo que não tinha como antecipar que todos os voos estavam lotados, porque era véspera de Natal, era a mesma pessoa que me atendeu antes. O Pai do Lucas estava no “Viva Voz” do telefone, e pediu para falar com o Supervisor. Ela apontou para o Supervisor que gentilmente conversou com o pai do Lucas. Mas eu já sabia que de nada iria resolver. Já haviam me dito que todos os voos estavam lotados. 
 

Conversaram uns cinco minutos, e o Supervisor me pede a minha passagem, digita no computador e rasga minha passagem e fala: “filho você está no próximo voo Direto a Porto Alegre, faça uma boa Viagem, é uma satisfação que estejas voando conosco!” E me entrega a passagem nova. Eu olho e não acredito. Agradeço o supervisor e vou para o portão de embarque. Não sei o que conversaram, mas resolveram tudo muito rápido.



Tenho tanto medo de altura que quando fomos passar pelo finguer, já nem pude olhar para baixo, quase travei ali. É sério, minhas pernas travam. Ali já estava com medo. É um corredor com segurança eu sei, tem vidros nos dois lados, mas é possível olhar a altura. Só nisso eu já fico tonto.



Enfim entrei no avião, não imaginava que fosse tão enorme, tão comprido. Foi fácil localizar minha poltrona. Eu estava ao lado de uma garota bastante atraente, então não podia dar vexame, então tentei relaxar, comecei a reparar os detalhes do avião, os botões, os passageiros entrando e alguns com dificuldade de localizar sua poltrona, outros com dificuldade de guardar suas malas, porque rapidinho tudo fica lotado.


Quando o avião começou a andar eu estava bastante calmo, mas quando ele acelerou para valer eu já estava quase pegando o cinto dos outros passageiros, me segurei no apoio dos braços e empurrei meu corpo contra a poltrona. Acho que fiquei uma estátua, duro que nem pedra. Olhava para frente rígido e pensava como que fui parar naquela fria. Que brincadeira de mal gosto que fizeram comigo. Então, resolvi fechar os olhos e ouvir minha respiração para me acalmar. Percebi que eu estava todo suado. Escoria suor dos meus cabelos pela minha testa. Que vergonha eu passei. Mas, acho que ninguém percebeu, porque dentro do avião estava quente.


Depois que decolou eu estava ficando calmo novamente, estava até olhando pela janela, mas quando vi a asa começar a virar toda para baixo, parecia que o avião iria cair. Isso porque o avião precisava fazer uma curva e traçar o rumo, fiquei novamente em pânico, o avião todo virava junto, claro é. O avião virava, e virava e virava. Minha vontade era dar um grito e dizer pro Comandante “O tio para de virar esse avião porque daqui a pouco ele vai cair de vez!”  Então, fechei a janela e encostei muito no banco e novamente fechei os olhos. Voltei novamente a suar frio. Acho que eu estava branco que nem neve. Devo ter virado um fantasma perdido dentro do avião. Que sufoco.



Quando o avião já estava bem alto houve turbulência, porque tinha que ter? Então, para não ficar nervoso, eu comecei a pensar nas decisões da minha vida até passar. Não me mexi no avião a viagem inteira. Eu estava com medo do movimento dos outros passageiros influenciar no controle do avião, só me mexi para pegar os pãezinhos que os comissários ofereciam, comi uns 7 de tanto nervoso, porém a parte que eu achei que seria a pior, foi a mais tranquila que foi o pouso, antes de descer do avião agradeci a todos os funcionários do avião e fui alegremente curtir a viagem, voar foi difícil mas é uma experiência único. Foi maravilhoso voltar a pisar em terra firme. Sentir o chão, a terra. Isso que é bom, poder caminhar e saber que você não irá despencar daquela altura toda.



Eu ficava olhando as outras pessoas, como que podia, uns lendo jornal normalmente, outros conversando de boa. As crianças brincando ou chorando, acho que elas eram como eu. Tinha até fila para ir no banheiro. Eu percebia que alguns que caminhavam no corredor parecia que estavam bêbados e se desequilibravam conforme o avião andava, outros caminhavam normalmente. Se as crianças pudessem iriam brincar até de "pular corda" dentro do avião.


E os comissários e aeromoças trabalhavam naturalmente, caminhando para lá e para cá. Atendendo e servindo os passageiros, como se estivessem em um restaurante. De repente a porta do cabine de comando abriu e o comandante saiu e foi no banheiro. Novamente fiquei nervoso. E agora, e se houver algum problema? Enquanto ele não voltou para a cabine não tirei os olhos do banheiro. Sei que tem aviões enormes que tem até camas para os comissários e pilotos se revessar para dormir.



 No voo de volta, houve muita turbulência, não sabia com que cara ficar, quando a turbulência começou ficar mais forte. Então, fiz o que muita gente faz, comecei a orar. Tinha uma mulher do meu lado e ela não parava de me olhar para mim, com uma cara de raiva, fingi que nem percebi. Descobri também que quando voamos o ouvido entope num nível inacreditável, quando meu ouvido entupiu, dei uma segurada da emoção. Porém, quando chegou nessa hora havia uma criança no voo que estava chorando e gritando "mãeeeee tá doeeeeendooooo, o tempo todo, sem brincadeira foi a única vez que pensei em levantar da cadeira e ficar trancado dentro do banheiro, só para não escutar a criança chorar.



Quando passou a turbulência ficou tudo tranquilo. O avião pousou e pedi para a comissária para visitar a cabine. A aeromoça disse que eu só precisava esperar todos os passageiros desembarcarem, esperei eu fui tirar foto. Não entendo como alguém pode manusear um avião, tinha dezenas de botões, até em cima cadeira do piloto. Depois que tirei a foto, cumprimentei o piloto, porque pilotar não é para qualquer um. O piloto conversou comigo alguns minutos e chegou a apresentar rapidamente os instrumentos e como funciona o avião.  



Mas e as minhas férias no Rio Grande do Sul? Foi uma loucura!

 

Durante o voo eu também fiquei pensando como seria passar vários dias com a família do Lucas. Já conhecia muito bem a Dona Maria, mãe do Lucas. O pai do Lucas, o Seu Jones, eu tinha pouco contato, sabia apenas que era brincalhão.  Na verdade sou um cara tímido, e ficava imaginando como seria passar tantos dias com todos eles. Como seria acordar e dormir na casa deles. Almoçar e jantar. Talvez o pior seria, acordar e tomar café pela manhã. E a avó do Lucas e quem sabe quais outros familiares do Lucas eu viria a conhecer. Sei lá, se o pessoal não seria tudo metido a rico. Mas fui recebido por todos como da família. A Dona Carlota me recebeu como se fosse mais um de seus netos. Até com a cachorrada me dei muito bem.



Cada dia uma uma emoção diferente, um passeio novo, uma programação que o Lucas bolava. Haviam noites que eu deitava e apagava que nem pedra. Já no carro, na volta eu já vinha dormindo. Haviam noites que eu apagava na noite e dormia direto. Só acordava no outro dia. E olha dormia até quase ao meio dia. Alias, o dia começava as vezes com o almoço. E depois rua. Pra onde? Para onde os Ventos tocavam. Até em Porto Alegre eu fui dormir na volta, na casa de um tio do Lucas, que me disseram que era mafioso. Não falei nada, mas vi que não era nada. Muito educado.



Fizemos várias vezes trilhas pelas florestas de São Francisco de Paula e Cambará do Sul durante horas. Atravessamos rios e cachoeiras. Subimos e descemos ladeiras. Bebemos água direto da fonte. Tomei banho gelado em baixo da cachoeira. Pulamos riachos com cipós e de pedra em pedra. Estivemos ao lado de mata densa, com cobras, aranhas, escorpiões e outros animais. Numa das vezes, na hora de iniciarmos a trilha caiu o mundo de água da chuva. Claro pelo Lucas tínhamos enfrentado a empreitada. Mas não deu não. Era muita chuva mesmo. Cada gota era do tamanho de um balde. Não dava para ver nada na frente. Imagina só como seria subir e descer. Iríamos descer como se fosse um topogã de pura lama.




Uma vegetação densa um verde profundo. Muitos pássaros e inúmeros insetos. Numa das trilhas tirei os tênis um pouco para descansar os pés. E sai caminhando, depois de uma hora, que me lembrei dos tênis. Já era, pensei. Fiquei triste, esqueci os tênis ao lado da árvore. Lembrei que havia trabalhado um mês inteiro para comprar aquele par de tênis. Mas fazer o que? Tênis de marca, custou uma fortuna. E com tantas pessoas indo e vindo nas trilhas. As vezes passavam dúzias de pessoas, outras vezes pares ou uma pessoa sozinha caminhando.



Continuamos a trilha. Na volta, localizei a árvore, próxima a um riacho onde havíamos sentado para descasar e tirado os tênis para massagear. Olhei e claro eles não estavam lá. Ao chegar próximo, os enxerguei, pois estavam do outro lado da árvore. Não acreditei. Cheguei quase a chorar de alegria. Pensei, um mês de trabalho só para comprar o tênis e ajudar minha família.



Outros dias, fizemos programas mais tranquilos. Fomos a Gramado, num Bar de Gelo, um frio penetrante nos ossos. Nos vestimos com enormes casacos de peles artificiais. Lá dentro tudo de gelo. Poltronas de gelo, mesas, árvores, armários, o bar. Tudo absolutamente de gelo. E claro, com direito a um gole de alguma bebida e a uma foto para eternizar esse momento.



A cidade de Gramado é espetacular de dia ou de noite. Deve parecer com a Suíça ou Nova York. Simplesmente espetacular. A cidade, toda iluminada, as ruas todas enfeitadas para o Natal. Milhares de turistas se misturando com pessoas da região. Automóveis com placas do Brasil inteiro. Gostaria de estar nessa cidade com minha família, com meus pais e meus irmãos, Seria maravilhoso. Mas quem sabe. Sonhar não é proibido. Quem sabe não é tia Maria e tio Jones?


Um dos raros dias que não fomos passear foi no dia 24 de dezembro, na verdade foi quando cheguei a São Francisco de Paula, na casa da Dona Carlota. A casa já estava muito movimentada. Cheia de familiares. Primos e primas do Lucas. E foi com os preparativos do Natal, que me dei por conta que não estaria neste ano com minha família, com minha mãe, meus pai e meus irmãos, minha avó e todos meus familiares. Senti nesse momento uma dor no peito, uma tristeza, uma saudade da minha família. Mas tudo bem, telefonei para minha mãe e passou a tristeza. A casa do Lucas estava cheia de familiares. 



Havia uma árvore de Natal na sala repleta de presentes. Antes da ceia de Natal todos se reuniram na sala e começaram a entrega dos presentes. Fiquei na minha. De canto. Sabia que não iria ganhar presente e também não tinha presente para dar para ninguém. Então fiquei lembrando nesse momento dos meus Natais com minha família. 



E vendo a distribuição e as pessoas abrirem os seus presentes. De repente alguém chama meu nome, pensei em levantar, mas imaginei que fosse outro Matheus. Iria passar a maior vergonha, eu levantar para pegar um presente e aparecer outro Matheus. Já pensou o Mico! O Lucas iria contar para todos em São Paulo.  Mas todos olharam para mim. Então, era eu mesmo. fiquei muito feliz, lembraram de mim. E ganhei dois presentes legais, uma camiseta e um caneco. Fiquei até sem jeito porque não tinha presente para ninguém, mas logo vi, que não tinha problema. Todos estavam preocupados era que eu me sentisse em casa, como se fosse da família. E isto aconteceu de verdade.




Sou uma pessoa que tenho muita fome, aliás, isso o pessoal percebeu logo de início. Eu sempre falava que estou em fase de crescimento. Também com tanta agitação, subindo e descendo morro, escalando montanhas, tomando banho de cachoeiras. Tudo isso dá um fome. No início fiquei preocupado com isso. Imaginando como eles seriam. Imagina se fosse todos sofisticados e chiques. Imagina um jantar só com migalhas, coisa de gente mimimi. Eu iria morrer de fome. Já sou magro, voltaria mais magro que a Olívia Palito. Mas que nada. Desde o início me senti como se eu estivesse em minha casa. O negócio do pai do Lucas era só um, fotografar. Toda hora. O Lucas como não gosta muito de ser fotografado. Sobrava para eu ser a vítima. Então era: "Matheus olha para cá" . "Matheus olha para lá". Até na hora da comida eu não escapava.



Outro dia fomos visitar hotéis fazendas. Onde aproveitei para fazer um passeio a cavalo. Foi maravilhoso. Estar cavalgando no meio da natureza.  Fomos em dois hotéis fazendas. O pai do Lucas, com certeza não bate bem da cabeça. Ele vai entrando como se fosse hóspede e tal. O segundo era para gente de grana. Escondido e caro. Ele se meteu em tudo que foi canto. Visitou até os aposentos e áreas de lazer. Só faltou jantar de graça e beber um vinho importado, mais um pouco iria dormir de graça. Mas não foi longe, não é que ganhou uma semana de hospedagem em outro hotel fazenda. Eu não disse ele é muito cara de pau.



Teve um dia que resolvi sair sozinho da casa da avó do Lucas, acabei me perdendo, caminhei muito. Então para voltar, resolvi pegar um ônibus, e adormeci com o sacolejo. Acho que dormi por uma hora. Foi quando descobri que estava indo para outra cidade, e o pior é que só teria outro ônibus três horas depois. Então decidi. Para complicar mais ainda, eu estava sem celular. A região totalmente deserta. Eu com sede. Voltar caminhando impossível, seriam mais de 80 quilômetros. Então, a solução era deitar no banco da parada do ônibus e esperar horas o ônibus passar. Tentei carona, mas nada, ninguém passava nem a cavalo.



A avó do Lucas, Dona Carlota, resolveu até me ensinar a costurar. Ela tem uma máquina antiga de costura. Mas não deu muito certo não. Furei meu dedo com a agulha. Muito complicado. Tem que ficar pedalando com os pés e controlando o tecido com a mão.  Enquanto que a máquina costura. Se você não controla direito fica tudo torto ou toda a costura amontoada. E ainda por cima quebrei a agulha da máquina. Então a dona Carlota desistiu e disse: É menino é melhor deixar a minha máquina antes que você acabe com ela, você não tem jeito não para isso.



Para que, no outro dia. O pai do Lucas que inventou. Resolveu me botar a trabalhar em trabalho de macho kkkkk. Passei o dia todo pintando, carpindo ou capinando, abrindo leia com machado e cortando a grama. Minhas mãos ficaram cheias de bolhas. A mãe do Lucas colocou uma compressa caseira muito fedorenta, segundo ela era feita de ervas indígenas. Enfim acabei pagando pela minha hospedagem. E a tinta quem dizia que saia, era tinta a óleo, podia lavar e lavar que não saia, o Lucas só se divertia com a situação.


Mas claro na casa de Gaúcho tem uma coisa que não pode faltar. E o Lucas como bom anfitrião logo foi me ensinar como se faz o bom churrasco gaúcho. Primeiro coisa que ele foi dizendo acender o fogo sem álcool em hipótese alguma. Nunca!!! Meu pai me mata se eu pensar nisso. Até porque não precisa e é muito perigoso. Tudo é simples enrola o jornal numa garrafa, depois coloca o carvão ao redor. Tira a garrafa e depois derrame azeite e pronto. Agora no lugar da garrafa coloque um jornal enrolado e coloque fogo e aos poucos sozinho tudo acenderá sozinho de forma simples e segura. Depois coloque a carne. Todos os espetos com os ossos virados para baixo. Nada de ficar virando toda a hora. Deixe 30 minutos assim, até quase os ossos estiverem soltando da carne. Aí sim vire toda a carne. Claro né, vá antecipando os corações, o salsichão como diz o Gaúcho e o queijo. E Gaúcho como é uma boa costela.



Finalmente voltei para casa, e como é bom estar novamente na minha casa, com minha família maravilhosa. Nesses dias todos eu fui tratado como filho. Mas como é bom eu estar com minha mãe. Várias vezes senti saudades de meus pais e de meus irmãos. Todos queriam saber como foram minhas férias. Uma loucura, todos perguntando ao mesmo tempo. Vieram aquelas sequências de perguntas tipo: Foi legal? Você não teve medo? A decolagem foi emocionante? E eu só ouvindo aquelas perguntas, nem dava tempo para pensar e já vinha mais perguntas. Finalmente, deitei e dormi na minha cama. Se eu tiver outra oportunidade de voar. É claro que vou!!!.


C O M E N T Á R I O S

Dona Lena - Mãe do Matheus
Nossa que legal, muito obrigada. Eu adorei.

Marisa Lucchiari NunesQue Legal! Ele nunca mais vai esquecer. Que bom poder proporcionar a alegria de outra pessoa.


Cleber De Souza Alves
Muito Show. Parabéns. Foi inesquecível! Você ganhou um filho.....


Manoel Jorge Conzença Nuovo
Muito Legal

Sonia Tavares
Amei

 Piloto Paulo Henrique
Parabéns!!!

 
Rafael Deyvid Silva  
Caraca que história rsrss ... Valeu a pena le

Antonio Carlos Alvarenga  
Muito bem escrito e que experiência!

Francisco Souza  
Só de ler sua história, me deu um nervosismo agora com crise de riso. Eu nunca viajei de avião. E dia 06 de Dezembro tô indo visitar meu irmão não França. Quanto mais próximo a viajem vai chegando, eu fico nervoso. Detalhe eu irei viajar sozinho. 😱😃


Joao D. Ribeiro 
Que bela história, garoto! Parabéns!

Selma Andrade
Muito legal a história do Matheus, foi uma experiência de vida mesmo. Muitas coisas acontecendo e muitas pessoas acolhedoras. E para complementar o medo de altura que muitas pessoas tem, e eu também.
...meu amigo: se é um DC-3 vá tranquilo. Baita avião guapo, esse.