sexta-feira, 21 de maio de 2021

MALU - COMO MEU SONHO VIROU REALIDADE NA AVIAÇÃO E NO CARCAVAL.

                       



Primeiro gostaria de agradecer o convite, confesso que fiquei surpresa. Uma honra ser convidada a compartilhar um pouco da minha história de vida profissional com você. Nasci numa família simples, meu pai era funcionário público, minha mãe além de dona de casa foi secretária por anos em uma escola do bairro. 


Sou a do meio de três irmãos, quando pequena minha mãe conta que eu dizia que ia voar, e que eu subia em um monte de areia que havia no quintal da casa que estava em obras, e descia de braços abertos dizendo que estava voando. 

Além de “aeromoça”, eu dizia que ia ser secretária executiva da General Motors, fiz secretariado Comissária (aeromoça da Air France) estudei na Ibero Americana, curso de letras, tradutor e intérprete de inglês e francês, e também Aliança Francesa, adoro a língua francesa. Tranquei minha matrícula na faculdade quando em 1979 

Entrei para a Varig e me mudei para o Rio de Janeiro. Outra coisa que eu dizia, que seria professora de Educação Física, pratiquei atletismo por um bom tempo, 100mts de corrida, 400mts revezamento 4x100, salto em altura, salto em extensão e arremesso de peso. Gosto de ginástica, hoje pratico com menos intensidade. Me formei em música, sou professora de piano. 

 CARNAVAL DE 2023 NA SAPUCAI - AJUSTES DE ÚLTIMA HORA

Gosto de desafios, então ao longo da carreira de comissária fui descobrindo outros ares. Fiz curso de fotografia; quando saí da Varig fiz curso de guia de turismo; voando na Tam fiz o curso de operadora de mesa quântica estelar. Quando comecei a voar? Num domingo em 1977, indo a missa encontrei um amigo que me disse - “Você viu que a Transbrasil está abrindo inscrições para comissário de bordo?” 

- Fiquei super agitada, era mês de maio de 1977, voltei para casa e fui procurar o jornal para ver o anúncio. Minha mãe quando viu exclamou: - “Eu sabia!" - quando ela pegou o jornal naquela manhã e viu o anúncio pensou: - “Arrumei emprego para a Maria Luiza”. 

Dito e feito, segunda-feira pela manhã, meu pai foi me levar para os testes na empresa. Fiz as provas, fui passando por todas as fases, a última prova se eu não me engano era da de Inglês, que era uma conversa com um engenheiro da BAC (British Aircraft Corporation) BAC111, avião que a Transbrasil possuía na época apelidado carinhosamente de Jatão Colorido.

Ao final da manhã fui informada para aguardar a resposta dos testes, não me lembro se naquele mesmo dia, ou no dia seguinte, recebi o comunicado que havia sido aprovada, sendo convocada para fazer o curso. 

O curso durou três meses, naquela época as empresas davam a formação e você já saia empregado, a menos que algo desabonasse sua conduta durante esse período. Estudávamos muito, o dia inteiro, sobrevivência na selva, sobrevivência no mar, primeiros socorros, peso e balanceamento, me arrepiava pensar que estava recebendo informações de como colocar um avião no ar, e que apesar de remota, existia essa possibilidade.

Tínhamos aula com despachante de voo para entender, ou melhor, aprender a ler os bilhetes, combate ao fogo, meteorologia, serviço de bordo, etiqueta, maquiagem e muitas outras coisas, mas a satisfação em estar realizando meu sonho me levava a estudar com afinco. 

Minha família me deu todo apoio que precisava, meus pais sempre nos incentivaram a fazer o que quiséssemos, a única recomendação era “seja o melhor, foi você que escolheu sua profissão”. 

Depois de três meses houve a festa de formatura, missa, almoço, coquetel e entrega de certificado de conclusão do curso, nossa plaqueta nominal, meu nome de guerra ficou MALU, não podia haver dois comissários com o mesmo nome, nome esse que me acompanha até hoje. 

Uma alegria imensa se apoderou de mim, minha nova vida iria começar, ao mesmo tempo um frio na barriga, nunca havia entrado em um avião. Naquela época, às vezes no final da semana íamos ao aeroporto ver os aviões da “praia”, como era chamado o terraço de Congonhas. 

Na Transbrasil, nossa escala era publicada toda quinta-feira até a próxima quarta-feira, tremi ao pegar aquele papel e saber que dali pra frente, minha vida seria gerida por ele, não teria sábado, domingo, feriado, Natal, Ano Novo, Carnaval, aniversário, etc…

Tudo sempre foi maravilho. Eraótimo! Estava fazendo o que queria! E lá fui eu fazer meu primeiro voo, meus pais foram me levar ao aeroporto. A emoção ao entrar no D.O, despacho operacional. Procurar pela tripulação, instrutora, e o frio na barriga, cabeça com 1000 pensamentos, como seria entrar num avião, e trabalhando, será que eu lembraria de tudo que aprendi? Como seria recebida pelos colegas? Encontrei minha instrutora (Marilene), uma pessoa encantadora, que me recebeu de braços abertos com carinho e atenção, uma profissional impecável e, sobretudo paciente (somos amigas até hoje). 

Fomos para o avião e comecei a receber instruções, cheque de equipamentos, cheque de cabine, toaletes, serviço de bordo. A Transbrasil, além de rigorosa com os procedimentos de segurança, também o era com relação aos detalhes no serviço de bordo.

Os ensinamentos que lá aprendi, levei comigo para sempre, detalhes que parecem sem importância, mas que, quando se vê o resultado é uma obra de arte, detalhes como por exemplo: ao entregar qualquer coisa para o passageiro, copo, xícara, talher.

Sempre acompanhados de um guardanapo dobrado ao meio com a logomarca da empresa voltada para o passageiro, e tudo era assim feito, o nome da empresa sempre voltado para o passageiro. No final de tudo você admirava aquele ritual, tinha orgulho de estar desempenhando um novo papel e sentia orgulho da empresa que estava trabalhando, orgulho em portar aquele uniforme, que fazia questão de manter impecável, minha identificação, tudo perfeito! 

Na aviação tudo se sabe, as notícias correm na velocidade do avião e olha que naquela época não existia celular. Durante o voo, passamos por uma turbulência, deixei cair a bandeja de café, as xícaras eram de porcelana, não sobrou uma para contar história, foi uma risada só da tripulação, eu estava morta de vergonha sem saber o que fazer. 

                              

Com toda paciência do mundo, Marilene me olhou, e como calma me disse: - “Acontece!” - me instruiu a quando não me sentisse segura a caminhar no avião durante a turbulência, colocar a bandeja no chão e segurar nas poltronas. Na volta desse mesmo voo, o avião balançou, não pensei duas vezes, bandeja no chão. 

Novamente risos de todos, o que para mim era um terror, para eles acostumados a voar, era uma coisa tranquila. Com o passar do tempo vi que realmente a turbulência tem várias categorias e ao longo da minha carreira passei por algumas bem severas. Enfim chegamos a São Paulo, quando entramos no D.O. ouvi: -” Dando prejuízo para a empresa!” - Fiquei estarrecida, todos já sabiam que eu tinha quebrado as xícaras, as notícias literalmente voam. 

Pousamos em Congonhas e eu continuava nas nuvens, meu primeiro voo, apesar do episódio das xicaras de café, tinha transcorrido bem, eu já estava me sentindo mais confiante. Fui para casa de taxi, meus pais haviam me deixado no aeroporto e de lá iriam ao supermercado. Quando cheguei em casa, eles ainda não haviam retornado, me dei conta do quão rápido é o avião, eu tinha ido e voltado de Curitiba e eles ainda no mercado, era apaixonante essa ideia de deslocamento! 

Outra coisa inesquecível na Transbrasil sua feijoada, maravilhosa, o serviço de bordo era todo com louça, servíamos caipirinha de limão e maracujá como aperitivo, entregávamos a bandeja para o passageiro e em seguida saiamos com outra bandeja com as cumbucas de feijoada. Naquele tempo, os carrinhos não iam para a passarela (corredor do avião), esse serviço era feito no trecho Congonhas - Brasília, e a feijoada era muito saborosa, mas preocupada com aqueles que não a aceitasse, a Transbrasil colocava um percentual de uma segunda opção. Numa outra situação, pousamos em pé, isso é possível? 

Não deveria, mas aconteceu, estávamos na galley conversando e percebemos o início do procedimento de descida, preparamos o avião para o pouso, anúncio para os passageiros, guardar todo o material e por qualquer motivo continuamos a conversar e nada do avião pousar. Quando um dos colegas olha para fora para ver em que altitude estávamos, grita: - “Gente já pousamos!" - todos olharam para fora e realmente o avião já estava rolando na pista, não sentimos nenhum impacto, o pouso foi incrível, e o comandante nem o reverso acionou, ficamos todos boquiabertos e os passageiros aplaudiram entusiasmados. 

Coisas aparentemente inusitadas acontecem, por duas vezes minha mala foi roubada do avião, sendo que uma delas eu consegui recuperar; quando os passageiros desembarcaram, fizemos o “cheque de abandono”, para verificar se alguém havia esquecido alguma coisa a bordo, esse procedimento é efetuado toda vez que há desembarque. Nesse momento dei por falta da minha mala, olhei rapidamente pelo avião pensando na possibilidade do passageiro ter pego por engano, mas não havia nenhuma bagagem sobrando. 

Corri para a porta do avião e vi o passageiro calmamente pela pista com a minha mala, desci as escadas correndo e me dirigi a ele: - “Senhor, essa mala é minha!” - ao que ele calmamente me olhou e disse: - “Ah! Ta!” - largou a mala, me deu as costas e foi embora, fiquei tão sem ação que não consegui falar ou fazer qualquer coisa para denunciá-lo, muito cara de pau! A segunda vez não percebi, fiquei sem mala. 

Em um voo para Londrina, se não estou enganada, (pousamos lá porque o aeroporto de Curitiba estava em obras, ou de Florianópolis, não me lembro bem) aquela era a primeira vez que um avião de porte maior, um Boeing 727, pousava naquele aeroporto. Foi bem legal, banda de música, o avião foi aberto a visitações, escolas com crianças para conhecer, enfim um acontecimento. 

De repente uma criança olha bem séria para mim e diz: - “Esse avião é grande! Mas tem um avião mais grande que esse” - e eu respondi: - “Tem sim, e você sabe qual é?” - e ela respondeu: - “Sei, é um que tem um caroço na cabeça” - fazendo alusão ao Boeing 747, todos nós adoramos a definição e eu particularmente a adotei, quando até hoje alguém me pergunta com o olhar de interrogação 747? eu respondo, sim aquele que tem um caroço na cabeça! 

Naquela época as companhias aéreas pernoitavam todas praticamente nos mesmos hotéis, então havia um entrosamento bem gostoso, Transbrasil, Varig, Vasp, uma festa. A tripulação da Varig tinha um voo que saía de Porto Alegre para Recife e chegávamos quase no mesmo horário, o que acontecia? havia um jogo de vôlei para relaxar depois do voo, preparávamos tudo e a tripulação da Varig trazia a carne para o churrasco, eram momentos de descontração incríveis, a maioria participava e formávamos um grupo bem alegre. 

Tínhamos também um pernoite em Fortaleza, chegávamos lá num horário meio ingrato, final de almoço, no restaurante era servido como uma das sobremesas merengue, delicioso, eu por várias vezes corria até o restaurante na esperança de ainda ter tempo para degustar o doce. Fiquei várias vezes desapontada quando os garçons me diziam que tinha acabado, mas me sentia privilegiada quando entrava no restaurante ainda uniformizada e vinha um garçom já com o doce servido dizendo que quando me viam já preparavam o doce, era um gesto de carinho que jamais esquecerei. 

Certa vez, voltando de um voo para Congonhas não tivemos tempo hábil para servir o café, estávamos já no procedimento de descida e o chefe então suspendeu o serviço. Quando em dado momento eu passava pela passarela recolhendo alguns materiais ouvi um “psiu, psiu” (confesso a vontade era não atender, afinal uma plaqueta no meu peito com o meu nome servia para que?) atendi, o passageiro me pediu um café, mesmo com o serviço suspenso, por ser um pedido só fui preparar. Antes disso o passageiro me disse que o amigo também iria querer, olhei e o amigo estava dormindo, argumentei com o passageiro, ele então acordou o amigo e perguntou se o mesmo iria querer café, o outro sonolento respondeu que sim. Fui até a galley e preparei 2 cafés e entreguei. 

Passaram-se alguns dias e como já disse, na aviação tudo se sabe, chego ao D.O. e me perguntam -” Foi você que teve problema com um diretor da empresa?” - surpresa, respondi que não. Passou, fui então chamada na chefia dos comissários. Nossa chefe Ciça, sempre educada e com uma voz calma me diz: - “Recebemos o relato de um diretor da empresa reclamando que no seu voo ele pediu um café e você negou.” 

Gelei, não me lembrava de ter negado nada a ninguém, perguntei em qual voo e quando ela respondeu eu me lembrei das falas, e coloquei para ela a situação, mencionei que agora sabendo ser o passageiro diretor da empresa me surpreendia a atitude dele em me chamar fazendo “psiu, psiu”. Ela me olhou bem séria e perguntou -” Como ele te chamou? - e eu respondi: “Psiu, psiu”, ela calmamente pegou o relatório, olhou para mim e disse: - “Psiu, psiu ele vai fazer para as mulheres dele” - e rasgou o relatório. 

Tive colegas maravilhosos, não vou mencionar nomes, pois corro o risco de esquecer algum. Os colegas mais antigos me surpreendiam com suas respostas divertidas para os passageiros, mas eram dadas com tanta diplomacia que os passageiros ficavam sem ação. Uma vez recolhendo o serviço de bordo com uma colega, para ser exata as xícaras de café, o passageiro havia apagado o cigarro dentro da xícara, ela olhou para ele calmamente e disse: - “O próximo cafezinho que o senhor me pedir, eu trago no cinzeiro” - saí rápido para não rir na frente do passageiro. 

Tínhamos os famosos voos noturnos chamados de “Corujão”, embarcava na galley para preparação de drinks, um vidro de azeitonas verdes e um vidro de cerejas. Indo para Manaus no Corujão eu e uma colega após o término do serviço, sentamos próximo a galley e começamos a conversar, pegamos o vidro de cereja e começamos a beliscar, conversa vai conversa vem, acabamos com o vidro, não preciso dizer que ficamos muito enjoadas e eu não posso ver cereja em conserva até hoje que me dá arrepios só em lembrar! 

Conheci muitas cidades, Porto Alegre, Manaus, Belém, Rio de Janeiro, Brasília, etc. Como nosso país é lindo, e conhecer essas cidades era encantador. Quantas recordações, às vezes agíamos como crianças, em certa ocasião em Fortaleza, chovia muito e não tínhamos o que fazer, não deu praia, não deu piscina, ficamos no quarto assistindo televisão, de repente começamos uma guerra de travesseiros, as camas eram nossa proteção, em determinado momento.

 Revista Marie Claire -Junho de 2021

Quando levantei-me para jogar o travesseiro algo atingiu minha cabeça, uma lixeira, o colega não tinha mais travesseiro e simplesmente jogou a lixeira, abriu minha sobrancelha, fomos para o pronto socorro, a enfermeira me deu 3 pontos, voltamos para o hotel, com que cara dizer para o comandante do voo que eu tinha levado uma “lixeirada” na testa? Como toda a tripulação era unida, inventamos uma história convincente e eu voltei para São Paulo com a sobrancelha remendada. 

Quando comecei a voar pela Transbrasil, estava cursando a faculdade, minha mala vivia cheia de livros, cadernos e dicionário, um peso só! Tinha que negociar as faltas com os professores, muitos aceitavam a minha condição até me ajudavam, outros no entanto eram intransigentes e cheguei a ficar de segunda chamada por faltas, mas recuperei. Vejo hoje em dia como tudo ficou mais prático. A Transbrasil na época fazia alguns voos fretados e um desses fretamentos era um voo para a Air France, fui convocada para fazer parte da tripulação, fiquei lisonjeada e lá fui eu. 

Durante o voo conversando com um dos passageiros, este me perguntou se eu gostaria de estudar francês na França, respondi prontamente que sim, trocamos endereço e depois de alguns dias recebi uma carta com toda a informação do curso de francês na Sorbonne, uma das mais antigas instituições de ensino superior na França, a emoção se apoderou de mim, fui pedir férias para poder ir para França fazer o curso, e para minha tristeza a empresa negou meu pedido, fiquei muito frustrada, mas não podia simplesmente abandonar o emprego para ir embora. 

Anos mais tarde já voando internacional na Varig, em Paris resolvi conhecer a Sorbonne, uma emoção enorme se apoderou de mim, sentada em um banco na pracinha em frente a universidade, não pude conter minhas lágrimas, rolavam sem controle, quando entrei no prédio da universidade todo um passado idealizado e não realizado veio a minha memória e eu fiquei ali, parada chorando, imaginando como teria sido minha vida se eu tivesse ido para Paris estudar. 

Ainda na Transbrasil, fazendo um outro fretamento, esse com passageiros americanos, um passageiro me perguntou se eu gostaria de voar na PanAm, me entregou a proposta para ser preenchida e todos os pré requisitos necessários. Lá fui eu de novo empolgada, na época as provas da PanAm eram feitas nos E.U.A Miami. A prova funcionava assim: o candidato ia para Miami por sua conta e risco, durante a fase de seleção você se mantinha, se você fosse aprovado ela reembolsava suas despesas e assumia você durante o curso, caso contrário você pegava seu avião de volta e continuava sua vida. 

Não quis trocar o certo pelo duvidoso, não fui, mas continuei em busca do meu objetivo: voar Varig e voar internacional, ela era na época a única no Brasil que voava para o exterior, reconhecida no mundo todo. Passei dois anos descobrindo o Brasil, mas a mente voltada para descobrir o mundo. Finalmente esse dia chegou, Varig abriu inscrição para comissários. 

Naquela época existiam dois tipos de seleção: comissários com carteira (licença de voo), o comissário era contratado e passava por um curso de adaptação a nova empresa e começava a voar e comissário sem carteira, ou seja, ele tinha que fazer todo o curso de 3 meses para obter a licença de voo e começar a voar. Em 1979 a Varig abriu inscrição para comissário sem carteira, mas eu não abri mão, fiz minha inscrição e fui selecionada para fazer as provas. 

Minha mãe sempre diz que a Divina providência nunca falha, e que as coisas na nossa vida acontecem quando tem que acontecer. Fiz os testes sem precisar faltar a nenhuma programação na Transbrasil, pois ainda estava voando, as coisas se encaixaram de uma maneira surpreendente. 

Fiz todas as provas e ao final delas enquanto aguardava o resultado, fui ao R.H da Varig e indaguei: - “Gostaria de ter a resposta da minha seleção, eu ainda estou voando na Transbrasil e só vou pedir demissão se souber que fui aprovada.” A resposta foi que eu estava aprovada e embarcaria para o Rio de Janeiro em mais ou menos 10 dias para começar o curso e já que estava ali iriam tirar a foto para o crachá. Eu tinha chegado de voo, estava uniformizada e não tinha como naquele momento trocar de roupa para fazer a foto, pois minha mala estava no carro. 

O uniforme da Transbrasil era azul com uma gravata vermelha e o emblema da cia bordado nessa gravata, o que eu fiz? Virei ao contrário a gravata e tirei a foto. Pena que com as mudanças de crachá eu não tenha mais, mas o meu primeiro crachá da Varig foi com o uniforme da Transbrasil. Era chegada a hora de mudar de casa, ou, de “asas”. 

Fui a chefia da Transbrasil pedir minha demissão, nossa chefe Ciça, sempre elegante, me recebeu muito bem. Ela já sabia que eu estava fazendo seleção na Varig, pois a empresa já havia pedido informações a meu respeito. Conversei com ela, agradeci a oportunidade que tive, a acolhida que recebi de todos, o carinho, os ensinamentos, mas havia chegado a hora de alçar voos mais altos, nessa época a Transbrasil talvez nem pensasse em voar internacional. 

Ela me ouviu, me cumprimentou, me desejou boa sorte, me liberou de alguns trâmites legais, e a frase final que ela me disse, ficará comigo para sempre,” Você pode contar com a nossa empresa a hora que você precisar, nossas portas estarão sempre abertas. Você é uma ótima profissional” Chorei, porque sou assim, me emociono e choro, era uma empresa maravilhosa, fiz amigos que hoje, depois de 43 anos, ainda os tenho e é como se tudo estivesse começando agora, nossos papos são recheados de casos e acontecimentos que marcaram para sempre nossas vidas, foram dois anos maravilhosos. 

Parafraseando, a minha primeira coca-cola não foi nas asas da Panair foi nas asas da Transbrasil. E lá fui eu começar de novo! Era junho de 1979. Como falei, entrei no curso de comissário iniciante, então tive que fazer tudo novamente: primeiros socorros, marinharia, combate ao fogo, sobrevivência na selva e no mar, regulamentação, etiqueta, maquiagem, serviço de bordo, etc....mas eu estava feliz, estava onde eu queria estar. A Varig nos hospedava no hotel Aeroporto, perto do aeroporto Santos Dumont, acordávamos todas as manhãs no horário previsto, tomar café e atravessar a passarela para ir para o curso. 

Éramos num total de 30 alunas, algumas cariocas, outras gaúchas e nós de São Paulo, o que me chamou a atenção, eu era a única negra na turma. Conhecemos D. Alice Klauz, diretora de ensino na Varig, carinhosamente chamada por todos de tia Alice. Austera, com um porte militar, sempre altiva e com um olhar de lince sobre todas nós. Quando entrou na sala de aula no 1° dia ficamos em pé para recebê-la, ela olhou todos nós de cima abaixo, analisou e depois mandou que sentássemos. 

Fez um discurso de boas vindas, deu orientações que teríamos que seguir e todas as regras a cumprir. Tia Alice não se preocupava muito com o efeito de suas palavras, ela falava e pronto. Olhando em direção a classe, começa um discurso “minha filha” (ela sempre nos chamou assim, percebi isso com o tempo), você saiu de algum vendaval? 

Que cabelo é esse? e pelo tom de voz, nenhuma de nós se atreveu a virar a cabeça para ver a quem ela estava se dirigindo, e ela continuou, “isso não é cabelo de comissária, você não está vendo a moça, bem penteada, bem maquiada”, e apontando para a classe, e nós continuávamos impávidos, “eu vou sair da sala e tenho certeza de que essa moça bem penteada, bem maquiada, não vai se importar em te ajudar”

Nesse momento eu não me contive e olhei para trás para ver com quem ela estava falando e ela num tom mais enfático diz “É a senhora mesmo!”, me voltei para frente assustada, e ela tornou a repetir, “a senhora mesmo, pode ajudá-la a ficar com cara de comissária” e saiu da sala. Quase enfartei, fiquei sem saber o que fazer por alguns instantes que pareceram uma eternidade. 

Fiquei estática, quando ouço uma voz dizer em tom de desdém “também pudera ela estar bem arrumada, ela já é comissária" sai do transe e rebati: “Bom zelo e gosto pessoal independe de profissão”. Me dirigi à colega e perguntei se ela realmente queria a minha ajuda, esse foi o início do 1° dia na Varig. 

Nunca fui uma criança calma, que aceitava tudo e ficava calada, desde pequena minha mãe vivia nas escolas apagando os incêndios, pois eu sempre que tinha razão não deixava as coisas para trás, respondia as professoras, colegas, brigava na escola, e na aviação não foi muito diferente. É claro que não bati em ninguém, nem briguei na rua, embora muitas vezes tivesse vontade. Tínhamos que ir ao RH da empresa para receber e entregar documentação, receber o número de matrícula e depois passar no setor de uniformes, a empresa fornecia um uniforme para o curso. 


Pois bem, estou no RH sendo atendida por um funcionário e minha colega por outro, o que estava me atendendo deu por encerrado o trâmite e me dispensou, eu observei que ele não havia me entregue o número da matricula, coisa que o funcionário ao lado havia feito. Gentilmente perguntei: “Não está faltando nada?” 


Ele me olhou e respondeu: “Não está! Ou você vai querer me ensinar o meu serviço?” Fiquei calada e me dirigi ao setor de uniforme. Enquanto aguardava para receber o uniforme, fui chamada de volta ao RH, o funcionário me disse: “Ficou faltando entregar seu número de matrícula", ao que respondi: “Ainda bem que não precisei te ensinar teu serviço”, peguei o papel, dei as costas e sai. 


No dia seguinte nos apresentamos para início das aulas, tia Alice entra na sala e faz a checagem da nossa apresentação, olha pra mim e diz: “o sapato é marrom, não preto”, gelei, havia recebido em SP uma informação por escrito dizendo que deveria ter um par de sapatos preto, meias de nylon, maquiagem, roupas discretas para o dia a dia e foi o que levei, receberíamos uniforme para fazer o curso. 

Ela disse: “Para amanhã, providencie um par de sapatos marrom”. Passei o dia inconformada com aquela situação, sai no final do dia e literalmente fui a todas as lojas de sapatos que pude em busca do tal sapato marrom, mas em todas esbarrei numa coisa chamada numeração. Eu calço 40 e só achei 39, o que fazer? Enfrentar a tia Alice! 

Na minha bagagem para o Rio, eu tinha um par de sapatos, com 3 tons de marrom. Chegando na empresa pedi para falar com ela, levei o papel que havia recebido em SP, expliquei que não havia encontrado o sapato e mostrei para ela o meu par de sapatos. Ela leu o papel com a solicitação que mencionava sapatos pretos, me olhou e disse: "está autorizada, pode usar os seus”, que alívio, fiz feliz o curso com o sapato de três tons de marrom, para surpresa de algumas colegas, que vieram me indagar o porquê, respondi a todas, conversem com a tia Alice. Ela era uma pessoa austera, enérgica, exigente e principalmente justa. 

Ainda durante o curso tive que passar por algumas situações delicadas como o dia que uma colega me perguntou: “quem te colocou na Varig?”, meu sangue ferveu, respondi: “a vontade que eu tenho em lutar pelas coisas que eu quero, entrei na Varig pela porta da frente e de cabeça erguida, não devo favor a ninguém!”. Como já mencionei, minha turma era composta por 30 alunas, a maioria delas orientais, a Varig estava contratando com idioma japonês pois tinha rota para Los Angeles e Tóquio. Além das colegas que falavam japonês, havia quem falasse chinês, foram contratadas e iriam após 90 dias de voo direto para essa rota. 

Nossa sala de aula tinha uma janela enorme e era impossível não descortinar a vista do mar e do Pão de Açúcar, às vezes nos pegávamos apaixonados pelo visual e esquecíamos da aula. Haviam alguns procedimentos durante o curso bem interessantes, tínhamos uma “xerife”, cada semana era uma sorteada. Esse xerife era quem levava as reivindicações da turma e, recebia o que também deveria ser passado. Desde que não fosse algo muito sério, caso contrário tia Alice entrava em ação. Todos os dias ela perguntava a xerife se estava tudo em ordem, e sempre passava pela sala de aula. 

Tínhamos uma colega que mascava chiclete o tempo inteiro e era proibido. Nossas cadeiras de classe levantavam o braço e descobrimos que a colega colava todos os chicletes ali. Um dia, na volta do almoço, abrimos o braço da cadeira deixando à mostra os chicletes, quando a colega entrou e viu aquilo ficou apavorada. E nós com a maior seriedade dissemos que tia Alice tinha visto e estava esperando o regresso do almoço para ver de quem era a tal cadeira, nossa colega entrou em pânico! 

Tia Alice entrou na sala como de costume, falou o que tinha que falar e saiu da sala, sem mencionar os chicletes claro, ela não sabia da existência deles. Nossa colega sem entender nada passou o dia se perguntando e também a nós porque ela não dissera nada. Ao final do dia resolvemos acalmá-la dizendo que nós havíamos inventado toda aquela história, ela ficou muito brava, mas depois riu aliviada, afinal tinha se livrado de um belo puxão de orelha. 

Uma outra situação divertida, quando uma outra colega, interpelou minha colega de quarto, dizendo que ela me olhava durante as aulas e mesmo andando pela empresa e achava que eu tinha um porte altivo, minha colega (que depois se tornou uma grande amiga, que infelizmente não tenho mais contato) olhou e bem séria respondeu: “você não sabe, a Malu é de família nobre na África, de dinastia de Kunta Kinte, fazendo alusão a um filme que havia passado na TV. A colega ingênua, “comprou” a história e veio falar comigo a respeito, por um tempo brincamos com essa fantasia, mas depois contei a verdade. 

Na verdade, sempre fui muito alta, minha mãe nunca permitiu que eu curvasse as costas, ela dizia que eu ficaria corcunda, havia desfilado por um tempo, tudo isso contribuiu para a minha postura, a colega a princípio ficou com ar desapontado quando eu disse que era brincadeira, mas me disse: “você bem que poderia sim ser de uma dinastia, é muito elegante”. Fiquei lisonjeada com o elogio, e guardo boas recordações dessa colega que hoje em dia já não está mais entre nós. 

Durante o curso o Sr, Sergio Prates, entra na sala de aula com um saco de veludo preto, coloca sobre a mesa e pergunta –Vocês sabem o que tenho aqui?” Ficamos sem resposta, ele tira de dentro do saco um troféu, e nos mostra, era o prêmio de melhor serviço de bordo do mundo que a Varig havia recebido naquele ano. Ele continuou, “ganhamos porque grupo de voo é o melhor que temos, fizeram um trabalho excelente, por isso merecemos esse prêmio e eu espero que vocês continuem esse trabalho espetacular para que outros prêmios possam vir”. 

Quanta responsabilidade e mesmo sem ainda estar voando me senti comprometida a fazer o meu melhor por aquela empresa que se descortinava a minha frente com um mundo de oportunidades. Senti um orgulho como se já fizesse parte do que sempre chamamos “família Varig” No final do curso, o Sr. Sergio entra novamente na sala de aula e diz: “Preciso de algumas comissárias na base Rio”, disse o número de comissárias que precisava e continuou, “a experiência me diz que sempre fica quem não quer ficar e vai que quem não quer ir” se referindo a base São Paulo. 

Ao término da aula fui procurar a chefia de comissários e perguntar quais vantagens eu teria em ficar na base Rio. Me foi dito:” Você fala inglês, francês, se ficar na base Rio, máximo dos máximos em dois anos você está na internacional, em SP pode levar esse tempo ou mais”, pensei: é tudo que desejo. Naquele final de semana viajei para SP, reuni minha família e comuniquei minha decisão:” 

Vou mudar para o Rio de Janeiro, meu futuro profissional está lá", e expliquei tim-tim por tim-tim, meus pais novamente me deram todo o apoio. No final do curso teríamos uma solenidade, entrega de certificado de conclusão do curso, estávamos todos ansiosos pela famosa foto no terraço do prédio Santos Dumont, tendo como cenário ao fundo o Pão de Açúcar. 

Infelizmente, não sei por qual motivo, fizemos a famosa foto, mas nunca nos foi entregue. Várias vezes perguntei por ela e cada vez era uma resposta, e não a tenho, fico triste por não ter essa recordação. Terminado o curso a Varig nos hospedou em um hotel em Copacabana por 15 dias para que pudéssemos procurar lugar para morar. Aluguei um quarto no Leme, fiquei 1 mês, não gostei, mudei, na época havia um grupo de comissárias que moravam juntas num apartamento na Rua Barata Ribeiro, um apartamento grande para seis pessoas, havia saído uma colega, me mudei. 

Foi uma época maravilhosa, o respeito, a individualidade, pela casa, aprender a viver em comunidade, com as diferenças, as incertezas, as qualidades e os defeitos de todas, um grande aprendizado, somos amigas até hoje. Com o tempo cada uma seguiu sua vida, umas casaram, outras saíram da aviação e outra se tornou mestre em Yoga, palestrando pelo mundo. Enfim término do curso, começar a voar, três meses de ponte aérea e então ir para os voos de linha, Tive três instrutores, todos excelentes profissionais e quando fui depois para a rota internacional voamos juntos várias vezes, e o mesmo rigor nas instruções que tive na Transbrasil, tive na Varig. 

Descobri que a Varig era tão exigente quanto a Transbrasil. Uma das minhas instrutoras na nacional, me deu várias dicas, que carrego comigo até os dias de hoje e já repassei também para várias colegas. Coisas que ela me disse; “você tem que levar a mala em todos os voos, pois bem, tenha sempre na mala um biquíni, não interessa para onde esteja indo, um casaquinho, o tempo pode mudar e um modelito, nunca se sabe quando as oportunidades vão aparecer, e o mais importante, tenha sempre um uniforme reserva, nunca me arrependi”. 

Primeiro avião que voei na Varig, o famoso Electra, um charme só com aquele famoso lounge ao fundo, os passageiros corriam para poder ocupar aqueles assentos, eu mesma quando viajava para São Paulo, tendo a oportunidade, gostava de sentar ali, uma sala de estar! O serviço na ponte aérea era um requinte só, bombom de boas-vindas, arrumados numa bandeja um a um, acompanhado de um guardanapo. Durante o voo, bebidas alcoólicas, whisky, Campari, cerveja, vinho tinto, vinho branco, suco, refrigerante e água, e o lanche. Eram 90 passageiros e dois comissários, e acredite, dava tempo. 

Uma vez fazendo um voo na ponte aérea era a primeira do dia, seis horas da manhã, olho para os passageiros subindo as escadas e percebo que um senhor estava de peruca, só que a peruca estava ao contrário, não me contive, comecei a rir, os passageiros embarcando e eu com um sorriso de orelha a orelha, de repente um outro passageiro para na minha frente e diz:” Bom dia, meus parabéns! É a primeira vez que alguém me recebe com um sorriso de verdade” - agradeci e me lembrei da peruca. Ah! 

Quando comecei a voar na Varig, uma das observações que me foram feitas foi: “não esqueça o sorriso Varig!” Eu sou ré confessa, não sei sorrir, ou estou com todos os dentes de fora, ou estou com a boca fechada, o sorriso Monalisa, sem chance. E falei para meus instrutores exatamente isso: “não sei sorrir, só sei rir” e minha vida no avião passou com alguns passageiros questionando eu ser séria (na adolescência quando desfilava, uma vez o apresentador do desfile fez um comentário: “Ela não ri”, óbvio que achei engraçado e comecei a rir). Após três meses de ponte aérea fui para o voo de linha, continuei a conhecer o Brasil, esse país maravilhoso, de uma natureza incrível e que hoje temos tantas memórias destruídas. 

Nos voos de linha o serviço de bordo também era muito bem elaborado, em determinados voos, servíamos drinks a francesa, bandeja inox, copos long, drink com whisky e Campari, e água, e caso algum passageiro desejasse outra bebida íamos até a galley para preparar e servir. Lembro de um serviço de pizza, acompanhado de vinho, era um barril pequeno, montado sobre o trolley e copos de vidro para fazer o serviço. Naquela época todo serviço era feito com louça e talheres de inox, copos de vidro, não precisávamos de musculação, só carregar a bandeja já era um exercício. 

Voando nacional, fui convocada para fazer parte de um fretamento do Chase Manhattan Bank, algumas reuniões para informações pertinentes ao serviço e ao voo foram efetuadas, foram 2 aviões B737 com serviço de 1ª classe. Mas ao término de uma dessas reuniões, fui chamada pelo então supervisor da nacional que fez o seguinte comentário: “você sabe porque foi chamada para fazer esse voo?” respondi que achava por ser uma boa profissional. 

Ele então concluiu. ”sim você é uma boa profissional, mas também porque é exigência do contratante que na composição das tripulações, tenham tripulantes negros”. Não podia acreditar no que estava ouvindo, olhei para ele e disse:” posso concluir que se não fosse exigência do contratante, só as loiras estariam no voo, é isso?” Não dei tempo para ouvir a resposta, virei as costas e fui para casa, estarrecida com o que tinha acabado de ouvir. 

Uma vez pernoitando em Porto Alegre, teríamos que acordar muito cedo, então resolvi pedir o café da manhã no quarto. Recebi a refeição e quando parti o pão, achei para minha surpresa um papel escrito “Vale fusca 0 Km”, liguei para o restaurante, dizendo em tom de brincadeira que queria meu prêmio. O garçom surpreso me diz “você não foi a única pessoa que recebeu esse papel no pão, outro colega também, você pode por favor deixar o papel na bandeja para eu mostrar para o gerente?” respondi que sem problemas, deixei o papel e fui voar. 

Na programação seguinte, coincidentemente era um voo para Porto Alegre, encontro o garçom na recepção do hotel e pergunto: “e aí, cadê meu carro?”, rimos da brincadeira, o gerente estava na recepção, furioso me olhou e disse: “É você que está dizendo que havia um papel dentro do pão?” 

Parei de rir, olhei pra ele e disse: “abaixa o tom de voz, você não está falando com seus filhos, em primeiro lugar eu não disse que achei, eu achei e deixei o papel na bandeja atendendo solicitação do seu funcionário, e fui informada por ele que outro colega também havia encontrado a mesma brincadeira, certamente feita por alguém da padaria, uma vez que o papel só foi achado quando parti o pão” Ele arrogante ainda me disse, “vocês tripulantes vivem criando problemas”, respondi “nós não criamos problemas, cobramos coisas que não estão em conformidade, como por exemplo, morcego no ar condicionado, janela que não fecha, ar condicionado que não funciona etc. Acabou a discussão, o garçom me deu razão (não sei se ele perdeu o emprego). 

Como me haviam dito quando entrei e optei em ficar na base Rio, com dois anos de empresa fui chamada para a internacional, exatamente no dia 04/06/1981, um voo para o México. o voo era efetuado pelo B707. Fui acionada no sobreaviso, informei a escala que ainda não tinha tido instrução nesse equipamento, a resposta foi “não se preocupe o B707 é um B737 grandão, e eu fui fazer meu voo. Chegando ao D.O. procurei pela tripulação, a chefe de equipe do voo, era conhecida por ser muito rígida, gelei! 

Me apresentei coloquei-me a disposição explicando que aquele era meu primeiro voo na internacional e que ainda não tinha recebido instrução naquele equipamento, que toda crítica seria bem- vinda e que iria me esforçar ao máximo para não enrolar o serviço. Chegando ao México, ela me convidou para jantar, pensei, “Meu Deus!”, mas fazer o que, aceitei o convite. Durante o jantar ela me diz, “você está de parabéns, gostei da sua atitude, se colocou à disposição com humildade, gostei da sua postura profissional, atitude de quem realmente quer aprender”, relaxei, consegui jantar, pois até aquele momento a comida estava presa na garganta. 

Voltei feliz para o Brasil. Trabalhei na Varig 27 anos, 25 deles na Internacional. Onde voei electra,  B707, DC10, MD11, B747, 200, 300, 400, B767, B777, B727, B737, B767 e Airbus 300. Depois na Tam/Latam A319,A320,A321,A330,A350, B777,B767, Ufa ..... Cheguei a tirar carteira do B757, mas esse avião não tripulei, ele foi embora da empresa logo em seguida. Comecei a viajar pelo mundo, meu sonho! A Varig tinha voos para Paris, Amsterdam, Madri, Barcelona, Lisboa, Miami, Nova Iorque, Los Angeles etc....contava as horas para estar em todos esses lugares. Meu grande sonho sempre foi conhecer a França, quando completei um ano de empresa, pedi férias e uma passagem para Paris, aproveitei pedi também para Roma e Madri. 

Na hora do embarque, uma emoção se apoderou de mim, estava embarcando para Paris, mais surpresa ainda fiquei quando a colega do check-in me acomodou na 1ª classe, dá pra imaginar, Paris de 1ª classe, que mais eu poderia querer? Não me lembro se pousamos em Orly ou no Charles de Gaulle, só me lembro que quando desembarquei fui acometida por uma crise de choro, chorei do aeroporto até o hotel, a impressão que tinha, era de que nada me era estranho, a sensação de estar revendo tudo, voltando pra casa eu diria e isso acontece comigo até hoje. 

Fiquei no hotel com a tripulação, uma amiga me convidou para ficar no quarto com ela. O pernoite era de 3 dias inativos, quando ela foi embora fiquei com outra colega, fiquei m Paris uma semana, conhecer o Louvre, Notre Dame, Champs Élysées, Museu Rodin, caminhar por Saint Germain de Prés e todos os lugares que consegui visitar, sabia que voltaria outras vezes a Paris. Havia uma frequência do voo para Paris, que hoje as pessoas não conseguem imaginar, Rio/Manaus/Belém/Porto/Paris, acredite chegando lá, saíamos para jantar. 

Os anos foram passando e eu me candidatei a trabalhar na 1ª classe, fui aprovada, eu iria agora executar aquele serviço de bordo que havia dado para a empresa o prêmio de melhor serviço de bordo do mundo. Era um ballet, vários carros saiam na cabine para execução, carro de drinks, de vinho, entrada, caviar, sobremesa, digestivo e ao término do voo como despedida oferecíamos para os passageiro charuto 

Ainda como auxiliar de econômica, em um voo para Nova Iorque fui chamada pela chefe de equipe, pois um passageiro havia reclamado do meu atendimento, ou melhor do meu não atendimento. Disse o passageiro que quando me aproximei da fileira em que ele estava, retornei e não o atendi por ele ser negro, e que ele não entendia isso, por eu ser negra também, e queria saber o motivo. Perguntei a chefe onde ele estava sentado, pois não me lembrava de ter deixado de atender alguém (às vezes acontece, sem querer pulamos um passageiro, e quando o passageiro nos chama, prontamente corrigimos a falha). 

Eu sabia que tinha atendido a todos que estavam no meu setor (o avião é dividido em setores, pois os corredores são longos, normalmente nos aviões maiores eram três trolleys em cada corredor). Dito e feito, quando me aproximei, vi que ele estava sentado exatamente na fileira seguinte ao término do meu setor e seria atendido pelo meu colega. Explicamos para ele o procedimento, e ele se convenceu e terminou por me pedir desculpas, e o voo seguiu tranquilo. 

Em um outro voo, lá fui eu chamada novamente por outro passageiro, já estava começando a ficar preocupada kkkk. Desta vez não era reclamação, era uma constatação, o passageiro disse estar surpreso por me ver a bordo, segundo ele, já havia feito inúmeras viagens pela empresa e era a primeira vez que encontrava uma comissária negra e me parabenizou por estar ali. Agradeci e fui continuar meu trabalho (mas me deu vontade de responder – “o sr. não encontra porque somos bem poucos”, mas achei melhor não colocar lenha na fogueira)

Como já mencionei não sei sorrir, o que me causou alguns problemas, certa vez o passageiro chamou a supervisora da cabine e educadamente lhe entregou uma carta. Naquela época eram cartas de elogio/reclamação, a carta dizia, que eu era educada, atenciosa, prestativa, mas... não sorria. Pronto lá vem a supervisora, mostrou a carta e me perguntou: “o que eu faço com essa carta?” Respondi-” o que você quiser, eu ganho para trabalhar, não ganho para rir, quem ri à toa é hiena”. Ela rasgou a carta. 

Na época da nacional também tive problemas com isso, D. Alice viajando comigo, chamou minha atenção por eu ter entregue um copo de água para o passageiro e não ter sorrido, ao que eu contestei. “D. Alice qual a graça que tem um copo de água? Eu fui educada e cortês. Ela me olhou e disse, “Essa é você” e voltou para o seu assento Com o tempo fui promovida a supervisora da 1ª classe, novos testes, entrevistas e cursos. Foi uma época muito boa. Continuei voando pelo mundo, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Suíça, enfim todos os lugares que a empresa, tinha voo. Em todos os lugares que fui, sempre saí para conhecer: restaurantes, igrejas, museus, teatros etc. 

Eu costumo dizer para quem quer ser comissário, a aviação é muito rápida, nós temos a oportunidade de estar em lugares que as pessoas economizam a vida inteira para ir uma única vez, então temos que aproveitar essas oportunidades. Ficávamos em hotéis excelentes, na maioria das vezes cinco estrelas. A aviação nos proporciona uma vivência incrível, solidariedade, resiliência, paciência, somos agentes de segurança em primeiro lugar, nossa missão é zelar pela segurança à bordo, por esse motivo todos os nossos treinamentos e reciclagens, aliado a isso, somos muitas vezes conselheiros, psicólogos, confidentes. Gostar de um lugar e não gostar de outro?! 

Acho que nunca tive esse sentimento, todo lugar tem seu encanto, seus interesses, sua beleza e história, tem que estar de mente e coração aberto para descobrir. Mesmo amando minha profissão, nunca deixei de na medida do possível viver minha vida pessoal, amigos família, viagens a passeio, e sempre gostei de carnaval. Como podíamos pedir folga, procurava pedir folga para essa data e graças a Deus sempre consegui, sai várias vezes em escolas de samba, desfile no hotel Glória um tempo realmente muito bom.

Os anos foram passando e o B747, chegou na empresa. Ele primeiro fazia a rota Roma, me candidatei a ficar nessa rota e depois com a chegada das outras aeronaves passou a fazer Nova Iorque e Frankfurt, sendo que esse voo fazia escala em Paris. Por falar francês fui escalada para o B747. Os voos para a Alemanha ficavam três dias inativos, alugávamos carro, conheci muitos lugares, e de repente decidi estudar alemão, queria saber se eles estavam rindo para mim, ou rindo de mim. E os B747 continuaram a chegar, B747/300 e o B747/400. 

Com a chegada desses aviões voltei a concorrer com as escalas dos outros equipamentos. Foi outra época maravilhosa, a maioria dos voos ficavam dois ou três dias inativos. Fazer mala era um acontecimento, saía do Brasil com 38 graus e chegava no Canadá com 28 graus negativos. A primeira vez que vi neve foi em Paris, ainda na época do B707, acordei com a colega ligando para o meu quarto, dizendo para eu olhar pela janela, havia alguns anos que não nevava em Paris, para mim foi perfeito. 

Fiquei extasiada, eu que até 1977 nunca havia entrado num avião, estava agora em Paris, a cidade que sempre sonhei conhecer e desfrutando esse espetáculo da natureza. Quando entrei na Varig, ela tinha baseamentos, em Lisboa, Madri e Los Angeles, já comecei a me imaginar morando nesses lugares. Quando comecei a voar internacional a primeira coisa que fiz, foi me inscrever para o baseamento em Madri, infelizmente a empresa encerrou os baseamentos na Europa naquele ano para minha tristeza. Mas não desanimei, ainda restava Los Angeles, e comecei a me inscrever para esse baseamento, que passou a ser mais concorrido do que já era. 

Tivemos uma base em Hong Kong, e lá fui para a China, que incrível, o voo fazia Hong Kong, Bangkok, África do Sul, ficávamos inativos na África, então aproveitávamos para fazer passeios e descobrir aquele mundo novo. Em Hong Kong ficávamos cinco dias e na África um ou dois dias. Na África passeios incríveis também, visitar parques, ver girafas e alimenta-las, tirar foto com leõezinhos. Lembro do nosso guia, não falava português, mas de tanto ouvir a exclamação “Oh! Que lindo o avestruz”, aprendeu essa única fala, durante o passeio quando avistávamos os avestruzes ele já dizia a frase, era muito divertido. E nos alertou, cuidado com o avestruz pois ele literalmente come tudo que vê. 

Num desses passeios avistamos uma família de rinocerontes, quando o ruído do carro chamou a atenção do macho, eles estavam na beira de um lago bebendo água, o macho ergueu a cabeça e ficou à espreita. Nesse momento o nosso guia pediu que ficássemos em silêncio, pois o rinoceronte estava analisando se havia algum perigo ou não, e que se ele decidisse investir contra o carro o tombaria, devemos ter ficado parados ali por uns 5 minutos mais ou menos, o rinoceronte se deu por satisfeito, voltou a beber água, e foi embora com sua família. 

Fomos também visitar o famoso hotel 6 estrelas, na época o único ou um dos únicos no mundo, imponente, enorme, luxuoso, tinha num dos pátios internos uma estátua de um elefante africano em tamanho natural, foi a primeira vez que vi um pavão branco. Fui conhecer o museu do Apartheid, Pretória, um passeio numa aldeia Zulu, etc... 

Em Hong Kong passeei muito, templos, feiras, parques, fui a Macau, na época possessão portuguesa, na folga fui a Bangkok, Puket, Pipi Island., etc... Em Hong Kong, nós literalmente enlouquecemos com as compras, na época tudo muito barato, comprávamos tudo que víamos pela frente. No início tive uma certa dificuldade com a comida, mas com o tempo fomos descobrindo lugares com comida ocidental e resolvemos nosso problema. Na Temple Street, havia várias barracas de comida, com uns moluscos vivos que insistiam em não ficar dentro das vasilhas que lhes era destinada, então andavam pelos balcões, e os comerciantes os colocavam de volta, era engraçado, não tive coragem de experimentar. Ah! vi uma galinha preta! Vocês dirão não é novidade, mas é, a pele da galinha era preta e não as penas. 

Nosso hotel ficava no continente Kowloon, e para irmos para a Ilha usávamos a balsa ou o metrô. No horário do rush descobri o significado de “pedir licença a um pé para colocar outro”, era muito, cheio , certa vez ao chegar na estação que desceria, a última da linha, vi a plataforma vazia e o saguão também, fiquei encucada com aquilo, mas quando desembarquei e cheguei na calçada do lado de fora descobri o motivo, a quantidade de pessoas que iriam pegar o trem era tão grande que se eles tivessem deixado dentro das instalações da estação, não caberia, as que estavam chegando e as que estavam aguardando, uma loucura. 

O baseamento era de 4 meses, mas a Varig não conseguiu fechar uma tripulação para nos substituir, precisou de algumas pessoas para continuar na base, me voluntariei claro, e continuei em Hong Kong por mais um tempo. Comemorei meu aniversário, lá, e ele foi muito comemorado. A tripulação me fez uma surpresa, a comissaria embarcou um bolo para mim, na África fizemos um churrasco para comemorar (fazíamos sempre churrasco, mas esse foi especial), na volta para a base alguns colegas estavam chegando para o baseamento, então aproveitamos o meu aniversário e fizemos uma festa de boas-vindas para esses colegas, uma festa a caráter, todos vestidos de chinês. 

A Varig já estava começando a ter alguns percalços, então trocou o equipamento, do B747, para o MD11, e eu voltei para o Brasil, hora de arrumar as malas. Depois de seis meses, descobrimos que as malas que havíamos levado não cabia 1/3 do que havíamos comprado, então comprar malas para voltar, quando fechei a última não acreditei eram 6 malas. Acho que exagerei um pouco! A Varig teve que contratar um caminhão baú para levar todas as nossas malas para o aeroporto. De volta ao Brasil, já me inscrevi para outro baseamento, a meta era Los Angeles, fui chamada para o baseamento de quatro meses, a rota :Los Angeles /Tóquio/Los Angeles. 


Estava eu do outro lado do mundo descobrindo outra cultura, hábitos, conhecendo pessoas. Morando no E.U.A. tendo acesso a coisas que só conhecia através do cinema e televisão, viver é diferente de estar lá dois ou três dias. Agora eu estava morando; aluguei um apartamento, tinha que mobiliar, tinha que comprar carro, enfim morar. Um amigo que já estava baseado, me orientou, não compra mobília, aluga, fiquei surpresa. Sim existem empresas de aluguel de mobília, você escolhe pelo catálogo o que quer eles montam sua casa, e assim eu fiz, quando eles terminaram de montar meu apartamento tive que rir, já na porta para ir embora, o rapaz voltou para acender a luz do abajour pois já estava noite, um perfeito cenário, até quadro na parede. 

Nesse período de quatro meses minha família foi me visitar, é uma alegria imensurável, você poder desfrutar da companhia dos seus e ao mesmo tempo proporcionar momentos agradáveis para quem você ama. No final de quatro meses, retornaram para retirar a mobília, meu cenário foi desfeito. E eu voltei para o Brasil, mas já de olho no baseamento longo, aquele de dois anos. Fiz a inscrição e fui chamada, morar dois anos em L.A.

Foram anos maravilhosos, fazer novas amizades, elas duram até hoje, agora eu iria viver de verdade nos E.U.A. Rever lugares, conhecer mais lugares, resolvi estudar japonês, uma vez que iria a Tóquio duas ou três vezes por mês, Queria saber se os japoneses estavam rindo para mim ou rindo de mim, foi uma experiência única, aproveitei para incrementar meu inglês também, como diz minha mãe “saber não ocupa lugar”. Conhecer o Japão foi emocionante, os templos, a cultura, a comida, algumas não me aventurei em experimentar, os rituais. Ficávamos em Narita, eu sempre ia ao templo em Narita, as cerimônias eram envolventes, ficava inebriada, com aqueles rituais. 

Fui ao centro de informação turística, lá havia a cerimônia do chá, ao término desta, era feita uma foto com o grupo que participava e uma convidada se vestia com o traje nupcial, um kimono lindo, claro que eu vesti, kkk muitas fotos; tínhamos um voo para Nagóia, fui visitar o templo da fertilidade, o castelo de Nagóia, tive a sorte de curtir a floração das cerejeiras, os parques ficam repletos de gente curtindo aqueles momentos, uma alegria contagiante. 

Foram dois anos bem intensos, os voos para Tóquio estavam sempre lotados na classe econômica, o serviço parecia não ter fim. Saíamos de Los Angeles de manhã, após doze horas de voo, chegávamos a Tóquio.

No dia seguinte à tarde, cruzávamos a linha de data, na volta nós saiamos a tarde e depois de doze horas chegávamos no mesmo dia de manhã. Indo para Tóquio perdíamos um dia e na volta tínhamos duas vezes o mesmo dia. Em um desses voos uma passageira me chamou, e me disse que havia pedido poltrona na janela pois queria ver a hora que passaríamos pela linha de data, e que se ela estivesse dormindo era para eu acorda-la. Apesar da vontade de rir, me contive e expliquei que é uma linha imaginária e que pediria a trip técnica se possível dizer o momento em que isso aconteceria. 

Muitas histórias, acompanhávamos a bordo, alegres, tristes, engraçadas, inusitadas, e nos envolvíamos no afã de querer ajudar, dar um abraço, um ombro pra chorar, uma palavra de carinho e até mesmo de consolo. Eu sentia literalmente pena dos passageiros, era uma viagem muito cansativa, estressante mesmo, muitos iam para trabalhar, vendiam tudo no Brasil, outros deixavam a família, para tentar uma vida nova na Terra do Sol Nascente.

Tentar dar uma vida melhor para aqueles que aqui ficavam, para muitos a viagem começava em muitas cidades pelo interior do Brasil, até chegar ao Rio de Janeiro ou São Paulo, pegar o voo para Los Angeles, onze horas de viagem, algumas frequências com escala em Lima, chegavam em Los Angeles desembarcavam, ficavam na sala de transito e retornavam para o mesmo avião para mais doze horas. Para enfim chegar ao Japão e muitas vezes ainda pegar outro transporte até a cidade que realmente ficariam, muitos com bebes de colo, crianças pequenas, idosos, era de partir o coração. Mas a esperança brilhava em seus olhos pequenos. 

O contrário também nos emocionava, havia aqueles que retornavam depois de obter sucesso na sua empreitada, felizes por retornar aos seus familiares e ter podido ajudá-los, mas também havia aqueles que eram só tristeza e frustração por não terem tido sucesso, o japonês é muito disciplinado, e reservado, raramente comentavam alguma coisa, mas como diz o ditado “o olhar transmite o que diz a alma”, e muitas vezes se percebia o olhar triste quando embarcavam. Fiquei em Los Angeles de 1996 a 1998, foi o último baseamento longo da empresa. Depois disso ela teve mais uns baseamentos curtos, quatro meses. 

Minha carreira na Varig: entrei em 1979, em 1981 fui promovida para a internacional, em 1989 fui promovida a supervisora de cabine, atuei na classe econômica, executiva e primeira classe, em 1992, fui promovida a chefe de equipe, nessa época a Varig fez algumas mudanças, recebemos uma carta dizendo que embora tivéssemos concluído o curso para chefe, não assumiríamos a função. Em 1993, deixamos de ser supervisores, digo que dormi supervisora e acordei auxiliar. Em 2000, ela nos deu o cargo de Chefe de Equipe. 

Dentro do grupo de chefes de equipe a empresa fez uma seleção para instrutores de chefes de equipe internacional e dentro desse grupo também para checadores de chefe, me candidatei, novas entrevistas, novos cursos, novos testes psicotécnicos, fui aprovada, e então novos treinamentos. Me senti muito feliz, estava onde queria estar e agora transmitindo para os colegas que estavam sendo promovidos os conhecimentos que me haviam passado e também trocando experiências de vida, nós estamos sempre aprendendo. É gratificante essa troca de experiências. Uma responsabilidade enorme, instruir, e avaliar o seu colega, a responsabilidade e o comprometimento com a empresa que estava depositando em mim sua confiança, é de uma relevância sem tamanho. Graças a Deus nunca reprovei ninguém. 

O tempo passou e infelizmente em 2006 a Varig fechou as portas, uma tristeza imensa tomou conta de todos nós, 27 anos da minha vida haviam se passado na empresa e eu continuava apaixonada pelo que fazia, durante a fase em que ela estava com dificuldades, colegas levavam café para os aviões, me lembro uma vez, decolamos do Rio para a Europa com apenas um rolo de papel higiênico em cada banheiro. 

Abasteceríamos em SP, ao chegarmos em SP a equipe de limpeza disse que não tinha material de reposição, desembarquei, com o meu porta casacos e fui ao banheiro do aeroporto, pedi para a funcionária da limpeza papel higiênico explicando o que estava acontecendo, ela prontamente me arrumou um pacote fechado, nem sei quantos rolos havia ali, e me disse, nós todos sentimos o que está acontecendo com vcs, e estamos rezando para que tudo acabe bem. Claro que tive que refazer a maquiagem, pois fiquei com os olhos todos borrados. 

Em outro voo o passageiro me chamou e disse: “Posso lhe fazer uma pergunta?” Respondi que sim, e ele continuou “estou acompanhando tudo o que está acontecendo com a empresa, como vocês conseguem, trabalhar bem, tratar tão bem os passageiros passando por tudo que vocês estão passando? Respondi: “ Em primeiro lugar , porque gostamos do que fazemos e em segundo lugar os senhores estão aqui para serem atendidos com respeito, atenção e responsabilidade, independente da nossa situação.” Ele me pediu para que parabenizasse a tripulação pelo atendimento. Muitas vezes alguns colegas ficavam aborrecidos com o que estava acontecendo, não conseguíamos aceitar toda aquela situação, e eu dizia, “nós vamos fazer a nossa parte muito bem feita.

Nosso cliente merece nosso respeito, e também se algum dia ela fechar realmente, teremos a nossa consciência tranquila, nosso dever foi cumprido O tempo foi passando e no dia 2 de agosto de 2006, recebi em casa um telegrama informando que eu estava demitida, marcando dia e hora para passar na empresa para os tramites necessários. Minha história na empresa mais antiga do Brasil em atividade estava terminada. Muito dolorido ter que pegar seus uniformes colocar numa mala e devolver, um pedaço de mim foi junto com ele, guardei algumas peças de recordação. Sinto orgulho em ter feito parte dessa história. 

Mas a vida continua, cabeça erguida, começar de novo!! A VARIG fechou e eu tive que procurar outro emprego, num primeiro momento fui trabalhar como assistente de fotógrafo, pois já tinha feito o curso de fotografia mas ainda não tinha trabalhado profissionalmente; havia feito algumas exposições em parceria com uma amiga, mas trabalhar como fotógrafa não, também nesse ínterim fiz um curso para guia de turismo, regional, nacional, internacional. 

Comecei a enviar curriculum para algumas companhias aéreas, as cias. brasileiras não me deram retorno algum, as estrangeiras sim, me ligaram , elogiaram meu curriculum, lamentaram o fechamento da Varig, mas, eu estava acima do limite de idade para contratação. Cheguei a enviar também para uma empresa de cruzeiros, me contataram, mas quando soube que as viagens duravam de quatro a seis meses declinei do convite. 

Não tinha enviado curriculum para a TAM, achava que ela não me contrataria em função da idade, uma vez que ela era conhecida por ter somente comissárias muito jovens. Uma amiga insistiu comigo e eu enviei o curriculum, para minha surpresa fui chamada, recebi um e-mail com a data da entrevista. Estava ainda terminando o curso de guia de turismo, a entrevista seria no dia que eu teria uma viagem com o curso, pois para quem quer ser guia internacional é exigência da EMBRATUR, uma viagem para o exterior. Entrei em contato com a TAM para explicar o que estava acontecendo e transferir a minha entrevista, mas como Deus sabe o que faz, quando liguei e me identifiquei.

Não precisei explicar nada, a pessoa que me atendeu foi logo pedindo desculpas dizendo que minha entrevista não poderia ser no dia agendado, e que eles iriam mesmo entrar em contato comigo para agendar uma outra data, agradeci a atenção e fizemos outro agendamento, eu fui fazer a minha viagem de conclusão de curso, tranquilamente. A Varig ainda nos deu alguns passes para as entrevistas, mas serei eternamente grata aos meus amigos, Ricardo e Osvaldo, quando já não tinha passes disponíveis, sabendo que teria que ir para São Paulo, eu morava no Rio, me deram de presente as passagens de ida e volta de avião, para que eu não tivesse que pegar ônibus e tão pouco ficar horas na estrada dirigindo 

Entrei na TAM em junho de 2007, coincidentemente o mesmo mês em que comecei a trabalhar na VARIG, Fazer curso, completo novamente, pois haviam comissárias novas ou seja que nunca haviam voado. Mas tudo bem, eu estava voltando para aquilo que sempre gostei de fazer, voar. Eu já estava aposentada, então fui ao RH da empresa perguntar até quando poderia voar, a resposta foi: enquanto a empresa achar que é bom para ela, você ficar, você fica, enquanto for bom para você ficar, você fica. Respondi para a colega: “temos um acordo de cavalheiros, a que primeiro enjoar, manda a outra passear”, ela olhou para mim, e sorriu como quem diz, é isso mesmo, e se passaram 13 anos! 

Naquele ano houve o acidente em CGH, uma tristeza imensa, nossa formatura foi muito simples em respeito ao luto que a empresa estava vivendo. Comecei a voar, primeiro como observador (não podia operar a aeronave), pensem como eu me sentia, vendo algumas coisas que me deixavam “aflita”, mas regra é regra. Num primeiro momento a escala da instrutora e a minha não coincidiam e eu não sabia o por que, após algumas programações finalmente nos encontramos Minha instrutora uma colega muito simpática, carismática e excelente profissional. Durante a minha instrução tive a oportunidade de conhecer sua família, pois pernoitamos em sua cidade natal, foi uma honra ser recebida por eles, com muito carinho e alegria. 

No término da instrução, na última chave de voo, ela me disse: “vamos trocar nossos lenços”, o lenço da chefe possuía listras brancas e vermelhas para diferenciar das auxiliares que eram só vermelhas. E explicou: “vai haver um momento que mesmo não sendo chefe você poderá ser acionada para ocupar essa função, na ausência de um chefe o auxiliar mais antigo assume na função”. 


Trocamos os nosso lenços e continuamos o voo, foi muito divertido, numa passagem por São Paulo, cruzamos com outra tripulação, os colegas ao me verem usando o lenço de chefe ficaram se questionando o que estava acontecendo. Depois dessa programação, fui abordada por vários colegas me perguntando porque eu estava de chefe? Deu um nó na cabeça deles pois de repente eu estava com o lenço de auxiliar. Um colega me contou que havia ido a chefia perguntar porque eu estava de chefe, outros diziam que eu havia sido contratada para ser chefe. Quando soube de tudo isso não pude conter o riso. 

Finda a instrução ir para a rota, voar pelo Brasil era digamos assim novidade, pois havia 27 anos que estava voando só internacional, e mesmo os poucos anos que voei nacional eram só as grandes capitais, e algumas eu ainda não conhecia. Conheci, Bauru, São José do Rio Preto, Londrina, Maringá, fui conhecer Beto Carrero World, atravessar de balsa de Navegantes para Balneário Camboriú, tudo era motivo de fotos. Não me perguntem porque, mas uma cidade me chamava a atenção quando ouvia falar em voos domésticos, Ji-Paraná, sempre tive curiosidade em conhecer, mas o voo acabou antes de eu conhecer, então eu brinco que a TAM, fez propaganda enganosa, falou que tinha e eu não tive oportunidade de conhecer kkkk.

Quando comecei a voar na Tam, passávamos bala para os passageiros, muitas vezes tive vontade de virar a cesta de balas na cabeça do passageiro, alguns muito mal educados, enfiavam a mão na cesta e quase a deixavam vazia, e ainda faziam comentários engraçadinhos, tipo, posso pegar tudo? Posso levar pra casa? quando eu não estava com muita paciência, colocava um belo sorriso no rosto e respondia, pode sim pegar tudo, eu aviso aos outros passageiros que as balas acabaram aqui, e continuava o serviço. 

Durante o tempo em que estive na nacional o serviço de bordo mudou algumas vezes, e alguns eram muito saborosos, tinha um que era “comidinha da vovó”, outro era pizza, um outro tabua de queijos, uma salada com quiche, tivemos também um serviço de sopa, apesar do risco de queimaduras algumas eram bem saborosas. 

Passei por algumas situações um pouco desconfortáveis, colegas mais novas de idade, porém com mais tempo de empresa, (antiguidade é posto), as vezes sentiam uma certa necessidade de mostrar sua autoridade como chefe, nessas horas eu contava até dez, respirava fundo e pensava, eu estou aqui por opção, gosto do que faço. Por umas duas ou três vezes confesso tive que me segurar para não rodar a baiana como costumamos dizer na aviação. Fazendo um voo para Manaus, depois de terminado o serviço de bordo, já com umas duas horas de voo, fui servir água para os passageiros, a chefe ficou indignada, argumentando que eu estava servindo água sem ela saber.

Perguntei qual o problema e ela irritada dizia que eu tinha trazido hábitos da “outra empresa” eu questionei e em determinado momento da nossa discussão, ela sem argumentos me diz: “Quem tem essas faixinhas, tem sempre razão, se referindo as listras brancas que a diferenciava das auxiliares, se nós formos para a chefia, mesmo que você esteja certa, quem tem as faixas tem sempre razão”. Olhei, ponderei e achei melhor não estender o assunto. Nesse dia cheguei em casa decidida a pedir demissão, não precisava passar por aquela situação, afinal eu estava trabalhando e não o contrário. 

Viajando de passageira encontro com uma colega muito querida, conversamos e eu disse que estava pensando em sair e contei o motivo, ela me olhou e disse “não sai, fica nós precisamos de você”, aquilo me emocionou, me levou as lágrimas e eu pensei, “quer saber eu vou ficar, sou superior a isso, e continuei”. Eu digo que essa colega foi o anjo que Deus colocou no meu caminho para que eu não viesse me arrepender de alguma atitude intempestiva. Uma coisa eu sempre disse pra quem quisesse ouvir, “eu sou auxiliar e vou fazer tudo o que a empresa determina, e o chefe do voo também, pois a responsabilidade sobre o voo é dele, mas se eu perceber que a segurança está em jogo, eu vou passar por cima feito um rolo compressor, minha função a bordo é segurança”, e em uma situação especifica eu tive que tomar essa atitude, depois conversei com o comandante do voo, ele entendeu e me agradeceu. 

Ainda na nacional tive um voo para Recife na Páscoa, todos estavam meio cabisbaixos por estar longe de casa, então resolvemos fazer nossa Páscoa, fizemos amigo oculto, compramos chocolates e nos reunimos para comemorar a Páscoa, foi bem alegre e agradável, se me dá um limão eu faço uma limonada. Passei mais ou menos três anos na nacional, tempo bom, Fortaleza fazer compras na feirinha na beira da praia; Recife, visitar amigos que lá moram.

Comer carne de sol, e praia; Salvador, andar pelo Pelourinho, Cidade Alta, Cidade Baixa, Elevador Lacerda; Curitiba, rua XV de Novembro, comer costela no bafo, conhecer o Ópera de Arame, tive a oportunidade de assistir ao coral de Natal no Palácio Avenida, o hotel que pernoitávamos era ao lado; Porto Alegre, visitar o mercado público, centro cultural,  Farol Santander, Catedral Metropolitana, e aproveitava também para visitar amigos

Os voos para a América do Sul, Buenos Aires, com seu ar de Europa, comer uma boa carne, caminhar pelas avenidas e parques e comprar vinhos; Santiago do Chile ,o visual das Cordilheiras é maravilhoso, fui ao Cerro San Cristóbal, Sky Costanera e comprar vinhos; fui pela primeira vez a Rosário, que cidade linda, um colega muito querido me ciceroneou, fizemos um tour a pé , inesquecível. 

Nos pernoites além de sair para conhecer novos lugares e rever os já conhecidos, também não deixava de praticar atividade física, nos hotéis com academia eu fazia minha ginástica e nos hotéis que não tinham saía para caminhar. Algumas vezes alguns passageiros, quando estavam sendo atendidos por mim perguntavam” você foi da Varig?” respondia que sim, e eles diziam “ah eu logo vi, é muito diferente o seu atendimento” confesso, ficava lisonjeada, mas ao mesmo tempo sentia uma situação incômoda, pois esses comentários eram feitos diante das minhas colegas de empresa. 

Conversando durante um voo com um colega comandante, ele me contou um fato muito engraçado, como já disse, quando entrei na empresa, tive que voar como observadora, num voo com esse colega, não sei porque não me apresentei como é o procedimento, durante o voo, ele e a chefe de equipe combinaram de me pregar uma peça, iriam me chamar na cabine e chamar minha atenção, dizendo que eu não estava cumprindo os procedimentos corretamente.

O copiloto do voo passando para o livro de bordo o registro dos tripulantes, se surpreendeu com a minha matrícula da ANAC, mostrou para o comandante, dizendo, você já viu a matricula ANAC dela? Quando a viram, desistiram da brincadeira, eu tinha de voo, mais tempo que muitos deles de vida. As vezes era chamada na cabine para que confirmasse a minha matrícula ANAC, eles achavam que estava errada, entrava na cabine e já dizia, a matrícula é essa mesmo, comecei voar em 1977. Era engraçado. 

O tempo foi passando e eu fui para a internacional, gostava dos voos da nacional, mas rever Londres, Madri, Paris, New York, sem dúvida muito bom. Encontrar colegas que há muito não via e continuar descobrindo cantinhos e restaurantes gostosos para conhecer. Fiquei na internacional mais ou menos quatro anos, quando começou o processo de fusão da Lan com Tam, foram feitos remanejamentos, entregas de aviões, e houve um “descenso”, ou seja eu e vários colegas voltamos para a nacional. Fui promovida a chefe de equipe na nacional e lá ficamos por mais ou menos três anos. 

Nesse período exerci a função de instrutora, sensação diferente pois dessa vez dava instrução para comissários que estavam iniciando na carreira, os olhos brilhando por estarem realizando um sonho, uma vida descortinando um mundo novo, novas experiências, querendo absorver tudo o que lhes era passado, e a minha responsabilidade em fazer com que esses comissários sentissem o amor verdadeiro pela profissão, o comprometimento e responsabilidade, com a empresa, com os clientes e consigo mesmo. Mais uma experiência incrível. 

Enquanto isso, voltei a curtir os pernoites na nacional, como diz o ditado “me dá um limão e eu faço uma limonada”. O que não me agradava muito era a troca de aviões que havia na empresa, as vezes trocávamos de avião quatro vezes em um dia. Tínhamos hora em solo, e num desses voos, estava no Santos Dumont, quando vi uma passageira com dificuldade de locomoção, me aproximei dela e me ofereci para ajudá-la.

Então, ela  me agradeceu e começamos a conversar enquanto aguardávamos a cadeira de rodas para ela, em um dado momento ela diz para mim, ”eu quando moça queria ser comissária de bordo, mas como eu gostava de estudar fui ser advogada”, meu sangue ferveu, calmamente olhei para ela e respondi, “eu, sou professora de piano, secretária, fotógrafa, guia de turismo, sou comissária por opção, e não por falta de... , pode ter certeza de que minha profissão não é para qualquer pessoa, pois todos os treinamentos que temos, não é todo mundo que aguenta, me levantei e a deixei falando sozinha. 

Fazendo um voo do Nordeste para São Paulo, embarcou um casal com uma neném linda, passado um tempo a criança começou a chorar, a mãe fez de tudo e nada, fui perguntar se ela precisava de alguma coisa e ela encabulada com a situação me respondeu que não, então comecei a conversar com a neném, dizia para ela :” eu sei que você está cansada, ninguém perguntou se você queria viajar, se você, queria ir para a praia, te levaram pra cima e pra baixo a semana inteira, você quer sua cama, seus brinquedos, seu quarto ”, foi muito engraçado, ela ficou me olhando e de repente começou a rir, os pais riam também pois tudo o que eu tinha falado para a neném era exatamente o que tinha acontecido.

Mas o melhor vem agora, o tempo passou, e um belo dia embarca um casal com uma menina, o avião decolou e quando começamos o serviço de bordo a moça me chamou e disse “você não vai se lembrar, mas nós já viajamos com você”, disse, “me desculpe mas eu não lembro” ao que ela continuou:” você vai lembrar, um voo vindo do Nordeste em que um bebe começou a chorar e você descreveu toda a semana dele, começamos a rir, a garotinha estava acho que com uns dois anos, uma agradável coincidência. 

Muitas outras coincidências aconteceram, uma que me marcou muito, foi a de um casal, ela com paralisia, e ele a tratando como como uma boneca, uma das cenas mais lindas que assisti, chegando em São Paulo, o desembarque demorou um pouco, uma passageira começou a esbravejar que aquilo era um absurdo, uma desorganização, eu tentando explicar o que estava acontecendo, estávamos esperando o operador do finger, mas ela nem me ouvia, então essa moça olha pra mim e diz, “não liga, ela não sabe o que é ter paciência, você fez o que pode”. 

Fiquei emocionada com as suas palavras, e pensei no grande ensinamento que ela acabara de me passar. Como falei coincidências acontecem, por mais duas vezes esse casal viajou comigo e a minha alegria, foi ver que ela estava recuperando seus movimentos, eles viajavam para São Paulo para que ela fazer a reabilitação, e na última vez que os encontrei a minha surpresa maior foi ouvi-la dizer quando me viu “olha a nossa amiga”, isso vale mais que qualquer coisa. 

Em outro voo, o passageiro embarcou e me perguntou onde era o seu assento, pelo cartão de embarque respondi, letra B, poltrona do meio, ele aos berros, "EU PEDI JANELA", respondi, "senhor letra B é meio, caso tenha alguma janela disponível quando terminar o embarque lhe aviso", ele todo irritado diz para mim, "você é uma incompetente, eu pedi janela". Meu balão estourou, olhei para ele e disse: "senhor eu não sabia nem que o senhor existia, como eu iria adivinhar que o senhor quer uma poltrona na janela?”  Ele levou um susto, olhou pra mim e disse, “tem razão, me desculpe” e eu respondi, “eu também lhe peço”, e ele ficou na poltrona B. 

Ainda na nacional , fui para Macapá, onde no trajeto para o hotel passamos pelo marco da linha do Equador, saímos para almoçar, no restaurante o cardápio era composto basicamente de frutos do mar, alguém me perguntou o que iria comer e eu respondi, peixe, volta a pergunta, “você vai comer filhote” Fiquei indignada, fiz um discurso, que era um absurdo eu não iria comer filhote, e etc, etc, Quando parei de discursar o colega me diz calmamente, “Malu filhote é o nome do peixe”, eu não conhecia, caímos na gargalhada, vivendo e aprendendo (filhote é um peixe que pode atingir 2,50 mts e 300 kg, de peso). 

Algumas coisas me incomodavam, não estava acostumada com certas colocações, como por exemplo, antes de cada voo é feito um briefing, para que possa ser transmitido pelo comandante e chefe, coisas pertinentes ao voo, Alguns comandantes tinham por hábito encerrar o mesmo fazendo a seguinte observação: o horário da nossa saída do hotel é por ex. 10 horas, as 10:01 é taxi! Ficava pensando, e se o colega que se atrasou estiver doente, perdeu a hora, morreu, como fica? 

Fazendo um voo para Maceió, na hora da saída do hotel, todos na recepção, faltava o comandante, eu ainda era auxiliar, comentei com a chefe do voo, alguém tem que ligar para ele, e ela me respondeu que não iria ligar, os demais colegas disseram a mesma coisa, Liguei para o quarto e perguntei se estava tudo bem, pois já havia dado o horário da saída e só faltava ele. Ele me pediu que fossemos para a condução e desceu em seguida.

Durante o voo ao chegar na galley dianteira, ele estava conversando com a chefe, eu comentei, “desculpe-me ter ligado para o seu quarto, mas ficamos preocupados com o seu atraso”, ele me olhou surpreso e disse- “foi você que me ligou?” respondi que sim. Ele então continuou –“muito obrigado faça isso sempre”, penso que esse colega nunca mais fará aquele comentário infeliz. Voando na função de chefe na Varig, tinha o hábito de ligar para o quarto dos colegas para confirmar se já estavam despertos para voar, os hotéis nos chamavam 1 hora antes da saída para o aeroporto. 


Voando na Tam, mantive esse costume, falava para os colegas que eu costumava fazer isso, mas que se algum não quisesse, eu não ligaria, a maioria não só concordava como também me agradecia. Uma vez em Belém, fiz o comentário e o comandante do voo, em tom de sarcasmo respondeu,” não quero ser incomodado”. No dia seguinte na hora da saída advinha quem não estava? O próprio, o relógio dele não atualizou a mudança do horário de verão! Se passaram quatro anos, e eu fui novamente chamada para a internacional

Desta vez para voar na base São Paulo, as coisas ficaram mais complicadas, eu morava no Rio de Janeiro, tinha que pegar um avião no Rio, vir para São Paulo, pegar o avião para trabalhar, voltar e pegar outro avião para o Rio para voltar para casa, muito cansativo, então comecei a conjecturar minha mudança para São Paulo. Claro que eu não parei de passear, existe um ditado que diz “a oportunidade tem cabelo na testa, se vc não pega quando ela vem, depois não vai conseguir pegar”, baseado nisso, fui conhecer novos lugares. 

Nosso voo para Milão, o pernoite era em Arona, um lugar lindo, com um lago incrível bem na frente do hotel lago Maggiore, caminhar pela beira desse lago em qualquer época do ano é muito agradável, atravessando esse lago, existe um castelo, com uma coleção de bonecas incrível, também passear de barco pelo lago, visitando ilhas próximas.

Gosto de caminhar, fui visitar o monumento a San Carlo Borromeo, no alto de uma colina. Visitar as igrejas, museus, e algumas vezes ir a Milão, matar as saudades da galeria Vittorio Emmanuele II, da Catedral, do Castelo Sforzesco, e tantos outros lugares. Certa vez chovia quando chegamos, muito frio, e um colega comentou :eu vou jantar em Milão, alguém quer ir? 

Não pensei duas vezes, e lá fomos nós, trocamos de roupa rapidamente, pois tínhamos que pegar um trem e o horário era justo, mas conseguimos, foi ótimo, mesmo com a chuva, curtimos ver a catedral iluminada, andamos pela praça, pela galeria, e descobrimos um restaurante bem gostoso para jantar. Atentos ao horário de pegar o trem para voltar. 

No dia seguinte acordei cedo para caminhar e fazer algumas comprinhas, em Arona tem uma fábrica de chocolate, que é uma verdadeira tentação, época de Páscoa, os ovos, a colomba pascal, tudo com um preço irresistível, pronto, lá vem as malas recheadas de ovos, além dos queijos e vinhos, ah que saudade! O fuso horário entre Brasil e Europa é de quatro horas, às vezes cinco horas para frente, então se vc quiser fazer alguma coisa, vai acordar de madrugada. 

Em outro voo para Milão o colega disse, vou para Milão amanhã cedo, alguém quer ir? Eu disse, eu vou, combinamos o horário para descer e pegar o trem, quando eu cheguei na portaria do hotel ele surpreso me olhou e disse “você vai mesmo?  quem ficou surpresa fui eu, afinal havíamos combinado, e ele completou” já combinei várias vezes com colegas mas eles nunca aparecem”. Fomos para Milão, e como era cedo, fomos tomar café da manhã no Café Armani, dentro da loja do Armani, como nosso voo só seria a noite comecei meu dia com uma taça de Proseco. 

Andamos pela cidade, e voltamos para Arona. Noutra ocasião, voando para Londres, fui conhecer um Ice bar, muito interessante, caminhei muito por Londres, visitar a Torre de Londres, Catedral Westminnster, museu da tortura museu de cera, e tanto outros lugares, afinal estava lá, por que não aproveitar! Outro destino que gostava muito, era a África do Sul, embora já tivesse ido várias vezes, ainda não tinha feito um passeio de balão, quando a oportunidade apareceu agarrei com as duas mãos, e lá fui eu realizar mais um sonho, não foi completo, pois o vento fez com que tivéssemos que pousar antes do previsto, mas valeu.

Quando voava na Varig, apesar de termos voo para o México, não tive oportunidade de conhecer as pirâmides, quando comecei a voar pela Tam havia um voo que ficava inativo, pensei, ‘maravilha, assim que sair um na minha escala eu vou, só que na primeira vez em que fui para a internacional, fiquei quatro anos e nunca saiu na minha escala o tal voo com dia inativo. 

Então agora depois de quatro anos, estava na internacional novamente e para minha surpresa quando peguei a escala um voo para o México com um dia inativo, agarrei a oportunidade quando ela apareceu, disse para mim mesma vou fazer o passeio, pensei até que iria sozinha, mas alguns colegas abraçaram minha ideia e lá fomos nós, imperdível, andar por todo aquele lugar, o dia ajudou, estava sol e para encerrar nosso passeio fomos jantar num restaurante dentro de uma caverna, perfeito! Gosto muito do México, e todas as vezes que fui para lá procurei conhecer lugares novos, Museu Frida Kalo, Museu de Antropologia, Catedral, Xochimilco a Veneza Mexicana, a culinária, coisas exóticas como experimentar formiga e larva, interessante. 

Outra coisa que eu tinha o hábito de fazer era no mês de dezembro dar cartão de Natal para todas as tripulações que voavam comigo, isso eu já fazia na Varig e continuei a fazer quando vim para a Tam. O primeiro ano que fiz isso ainda voando na nacional foi muito legal, eu sempre séria, pedia a chefe de equipe e ao comandante se eu poderia reunir a tripulação no final do voo para dar uma palavrinha com todos. 

O rosto deles demonstrando curiosidade e preocupação, pois achavam que eu queria um debriefing,( procedimento que é solicitado por um tripulante quando algo acontece durante o voo e tem que ser esclarecido), eu deixava que pensassem o que quisessem, quando todos estavam reunidos eu iniciava meu discurso, falando que dezembro era mês do Natal, mês de confraternização, etc..., etc... , 

terminava dizendo,” eu sou da época que não existia celular, e que enviávamos cartões pelo correio, então tomei a liberdade de fazer um cartão para cada um de vocês” as reações eram as mais variadas possíveis, todos ficavam surpresos com minha atitude, depois de passado o susto, por não ser nada referente ao voo, uns choravam, outros diziam nunca ter recebido um cartão de Natal antes, e o final do voo virava uma grande festa. Fiz isso durante os treze anos que fiquei na empresa, alguns colegas recebiam as vezes dois cartões, pois coincidiam de voar comigo mais vezes, e quando eu reunia a tripulação, ficavam surpresos por receber mais um cartão, alguns me diziam “Ah! Mas eu já recebi” e eu respondia, “aquele voo já foi, esse é outro voo”.

Com o passar dos anos, quando chegava o mês de dezembro, alguns colegas me diziam, ‘quero voar com você para receber cartão de Natal”, bons momentos. Alguns voos recebia das tripulações agradecimentos por escrito, os tenho guardados com muito carinho. Num voo para Miami, estava na porta recepcionando os passageiros, era a função da comissária mais nova, terminado o embarque, o despachante do voo, diz, podemos fechar a porta está tudo ok.

Eu num impulso, pois estava a acostumada a fechar a porta do avião (fui chefe de equipe), imediatamente comecei a fechar a porta, gelei, parei, me dei conta de que eu não era a chefe do voo, olhei para a colega que era a chefe do voo, pedi desculpas pelo ímpeto, ela foi maravilhosa, olhou para mim e disse, “por favor, eu faço questão, se alguém merece fechar essa porta é você”, fiquei emocionada e lisonjeada com o gesto de carinho 

Nesses 13 anos de empresa fui fazendo novas amizades, colegas que passaram a ser amigos, uma juventude comprometida com o que faz, responsáveis e alegres. Voando internacional estava na função de auxiliar na classe econômica gostei muito, o peso maior não era meu, embora algumas vezes tivesse que tomar algumas atitudes para digamos assim, dar um norte na situação. Posso dizer que na maior parte do tempo fui tratada com respeito, não só pela idade, mas também pelo profissionalismo e experiência. 

Conversava muito com todos eles, uma troca de experiência e vivência, apesar da idade, a maioria com idade para ser meu filho, muitos colegas confidenciavam coisas que me faziam admira-los, por estar onde estavam, as lutas e barreiras que tiveram que superar para chegar até ali. Uma coisa que eu costumava dizer, que eu queria entrar para o livro dos recordes no Brasil, ser a comissária mais velha voando, fazer meu último voo, ter discurso de despedida durante o voo, champanhe, flores, placa de recordação, enfim uma festa! 

Veio a pandemia, minha vida virou de cabeça para baixo, estava num voo indo para a África do Sul, o cmt. tentou que retornássemos de imediato chegando na África, mas a empresa não autorizou, então ficamos lá dois ou três dias parados. Fomos informados da chegada do voo vindo do Brasil, a tripulação que levou o avião para nós, retornaria de imediato como passageiros, e nós viríamos tripulando. 

Recebemos a informação de que o voo estaria completamente lotado, com overbooking , fomos para o aeroporto preocupados, pois já estavam noticiando o fechamento de algumas fronteiras, a empresa ainda não sabia quando teria outro voo para aquela localidade, ou seja, quem não embarcasse nesse voo, seria obrigado a ficar na África sem data certa para voltar. Estávamos todos apreensivos, o embarque foi iniciado, todos os passageiros muito agitados

O despachante do voo, deu o embarque como encerrado e vimos que ainda haviam alguns lugares vazios, a chefe do voo comunicou o fato ao comandante e ficou decidido que o avião só sairia quando estivesse realmente com sua lotação completa, contamos os assentos vagos, um total de vinte, os funcionários de terra ainda tentaram argumentar que daria atraso e outras desculpas, mas o comandante foi taxativo, só decolaria com o avião completo. A alegria desses passageiros ao conseguirem embarcar chegava a ser emocionante, agradecendo o tempo inteiro, alguns chegaram as lagrimas por poder retornar ao Brasil. O que ainda me deixa impressionada é ver como o ser humano é egoísta.

Enquanto aguardávamos os passageiros, mesmo depois de passadas todas as informações aos que já estavam embarcados, vários reclamavam do atraso; que tinham conexões, compromissos e etc..., para um desses passageiros eu argumentei, “senhor, por favor se coloque no lugar de quem está lá fora tentando embarcar, como o senhor se sentiria ao saber que com vinte lugares disponíveis o senhor seria literalmente deixado para trás?” falei isso em um tom de voz que todos que estavam ao redor pudessem ouvir, pois vários como ele estavam também reclamando da demora, foi um silêncio.

Decolamos, na metade do voo recebemos a informação que as fronteiras haviam sido fechadas! Cheguei ao Brasil no dia 19 de março de 2019, foi o meu último voo trabalhando, não fui para a casa da minha família como de costume, tinha que preserva-los, minha mãe tem 97 anos, fui para uma pensão, ainda tinha algumas programações a cumprir. Findo o mês de março, voltei para o Rio de Janeiro. Os voos foram sendo cancelados, começou uma grande movimentação na empresa, ela começou um processo de licença não remunerada.


Fiquei dois meses em casa, findo esses dois meses retornei para a escala, mas a empresa tirou de voo os tripulantes com mais de 60 anos, teria um voo para Londres, então vimos que a companhia só estava tirando de voo a tripulação técnica, questionei junto ao setor responsável, afinal nós comissários estávamos totalmente expostos, em contato constante com os passageiros, apesar de gostar muito de Londres e mesmo sabendo que este poderia ser o meu último voo, não o executei. Foi anunciado que após a pandemia ela retornaria 40% menor, dessa vez foi proposto demissão voluntária e também findo todos os processos haveria demissões. 

Com muita dor no coração decidi parar, afinal já estava voando há 43 anos, meu sonho em ser a comissária mais antiga do Brasil voando chegara ao fim. Pensei muitos dias, cheguei a perder o sono! Durante esse tempo na internacional conheci outros colegas, novas amizades, criamos um grupo no whatsup, era um grupo tão fechado que foi dado o nome de Máfia, Uma coisa que observei com a vinda da pandemia, como as pessoas descobriram outras habilidades ou já as possuíam mas estavam guardadas numa caixinha, boleiros, confeiteiros, padeiros, artesãos, empresários e muito mais. 

Assinei minha demissão no mês de agosto, alguns colegas da Máfia, resolveram fazer uma jantarzinho de despedida, somente algumas pessoas, afinal nada de aglomeração. Para minha surpresa, quando cheguei ao local combinado, quase enfartei, era uma aglomeração. Uma festa, de despedida, haviam prestado atenção aos meus comentários, e resolveram prestar uma homenagem a mim e a alguns amigos que também optaram por sair. Eles foram buscar detalhes da vida de cada um para montar a despedida. Recebi ou melhor recebemos, flores, champanhe, discurso e a placa comemorativa. A emoção tomou conta de todos. 

Meu último voo não foi a bordo de um avião, foi a bordo do coração de cada um daqueles amigos que lá estavam se despedindo da minha vida profissional, meu último voo estava no coração dos que não puderam estar lá, por estarem voando. Minha carreira de comissária estava encerrada, mas a amizade e o carinho por todos os que cruzaram meu caminho de alguma forma, estarão comigo, todos me marcaram, e sempre terei histórias para contar e lembrar os bons e os não tão bons momentos. 

Quem decide voar tem que saber que sua vida jamais será a mesma, sem sábado, sem domingo, feriado, aniversário. Mas tem um mundo para descobrir, conhecer lugares, pessoas, culturas, quem decide ser tripulante, tem uma missão, zelar pela segurança, bem estar, de todos a bordo, inclusive a sua, damos aos nossos passageiros o que muitas vezes não damos aos nossos familiares, o nosso tempo, os nossos passageiros confiam suas vidas nas nossas mãos, são pessoas que nunca mais veremos mas sabem que os levaremos em segurança e carinho aos seu destino. 

Se posso dar um sugestão, quando estiverem junto aos seus estejam por inteiro, amem sua família de corpo e alma, entendam que eles estão carentes de vocês, como muitas vezes estando fora, estamos carentes deles. Aproveitem a vida, o conhecimento que a facilidade de estarmos cada hora em um lugar nos é dado. Vivam de maneira a chegar no final da vida profissional com a consciência do dever cumprido. Hoje eu corro o risco de tropeçar, pois cada vez que ouço o ruído que vem do céu, meus olhos se voltam em busca do pássaro prateado!


Excelente!!!! Vc é demais, Malu. Tenho certeza que não foi fácil resumir a sua trajetória profissional. Parabéns pela coragem, pela bela carreira, por conseguir consolidar amizades e por ser exemplo para todos que sonham com o futuro. Com certeza sua presença representa uma herança importante para essas empresas e, principalmente, para os seus colegas de trabalho e profissão. Nem vou falar do que tudo isso representa para a sua família... Vc arrasa!

Raquel

 

Malu, um dia (quem sabe ainda  nessa vida) quero ser como você ️ uma inspiração pra mim! Quanta coragem, sabedoria, jogo de cintura, determinação, amorosidade e respeito! Puxa vida! Sou sua fã 🥰   

Domenica

 

Parabéns!!! Que trajetória linda e você realmente nasceu para voar, sempre linda sempre elegante e uma postura impecável. Tive a honra de voar com você algumas vezes e sempre te admirei nos voos que fizemos. Sempre gostei de conversar com você pela sua cultura e pelas escolhas dos passeios que fizemos de Paris a Rio Branco no final da nossa carreira. Desejo sempre muito sucesso para você. Um beijo.
Cássio

Histórias lindas!! O baú de histórias da Malu! Que delícia poder ler!
Domenica

Que linda história! Linda aeromoça!
Maria Dulce

Parabéns, Malu!! Somos amigas a muitos anos e não sabia metade da sua incrível história!♥️
Marilia

Amei minha querida
Evlyn

Malu parabéns, linda tragetória.bjos😘
Roni

Menina!!!! Você escreveu um livro!!! Adorei ler!!!!! Muito bom!!! Parabéns!!! Bela trajetória de vida!! Foi uma honra ter voado com você na Varig!!
Rejane

M A R A V I L H O S O!!!! Parabéns!! Me sinto honrada e agradecida por ter feito parte da sua história! Orgulhosa tb por vc ter se tornado esta profissional e este ser humano maravilhoso. Fiquei emocionada!! 😘😘😢😢❤️
Marilene

Muito legal parabéns 👏🏽👏🏽👏🏽
Eriton

AMIGA do céu!!! Que história é essa ...ainda não acabei de ler .Acho que estou na metade🤦‍♀️...mas vou ler tudo. Vc escreveu isso pra vc ou é matéria de um livro?? Tô encantada❤
Maria do Carmo

Lindo, Malu! Emocionante! Amei! Obrigada, querida, por compartilhar.🥰😘👏👏👏
Marcia

Vixe Maria! Tá com tudo e não tá prosa, mas deveria! Chiquerrrréééésima! Parabéns! Você merece todo o reconhecimento 😘
Vanessa

Lindo, Malu!!! Viajei em sua narrativa... Deu tanta saudade 😔 parabéns minha querida! Vc de fato merece todo nosso reconhecimento. Grande beijo 😘
Reynaldo


Malu, só terminei de ler agora. Parabéns pela trajetória de vida! Linda! Foi um imenso prazer te conhecer e conviver contigo. Uma excelente profissional, grande amiga e inesquecível chefe de equipe “queridinha”… Adorei ler as tuas histórias, me vi nelas. Muito obrigada por compartilhar. Seja sempre feliz! Grande beijo. Quando vier ao Rio avisa para um cafezinho.😘😘😘
Solange

Parabéns prima!!! Linda biografia!!!👏👏👏💝💝💝💝
Maria Luiza

Maravilhoso! Quanta história linda, Malu! Me orgulho em fazer parte de um pedacinho dela! Nunca esqueci o carinho que vc teve comigo quando a passeio, e ainda de INSS, você me recebeu num voo para Salvador com todo o carinho. Até aqueceu o meu sanduíche sem que eu pedisse! Parabéns, querida! Você é uma lenda! Um cheiro 🙏💐🙌🏼😘
Walmir

Lindo e emocionante. Claro que estou aqui chorando depois dessa trajetória. Essa é a Malu que conheci a muito tempo atrás e TB essa foi a nossa vida que escolhemos para ser feliz. Na próxima encarnação quero vir comissária de novo, mas acho que vai ser de foguete. Parabéns
Marcia


Claudia Gandolpho
Maravilhosa pessoa e comissária muito profissional! Parabéns pela estória de vida!

Teresinha Ines Parada
Parabéns Malu! Linda a sua história!

Brigite Zeitelhofer
Incrível

José Airton De Souza Nunes
Estória de vida fantástica... Parabéns pela conquista.

Ivan Leopoldo


Yara Lange
Saudades de Você Malu! Muito bom saber que vivemos juntas tantas coisas! Love you!

Carlos Checchia
Minha amada amiga, foi um privilégio dividir a cabine de passageiros com vc, orgulho dessa carreira brilhante! Bj enorme!

Nélion Vasques
Parabéns
Malu pela profissão! Fomos tripulantes junto!

Angela Arend
Linda história de vida, Malu. Tive o prazer de voar com você.

Ana Beatriz Ogg
Que maravilha Malu!!!
Já consegui ler a metade, mais tarde finalizo, estou adorandoooooooo!!

Nélion Vasques
Valeu joel,
um abraço!

Leila Cintra
Minha amiga linda e querida, tive muito orgulho em tê-la como colega de trabalho...
Parabéns
por sua linda trajetória de vida nos trazendo a riqueza de sua vida pessoal e profissional...
Que você continue tendo sempre muito sucesso e realizações!!!

Roberto Schlanger Marques
Saudades

Cleu Santos
Adorei sua história, bonita como você. Um grande abraço

Un Ae Hong
Malu faz um filme. Quantas lembranças boas.Conheci você pelo pequeno gesto.Lembro quando te conheci pela primeira vez não foi no voo , você tinha chegado no baseamento em LÁ . Eu tinha feito uma feijoada no aniversário do Ayres e você apareceu com a chefia César Miralha.Alguns dias depois recebo um lindo cartão de agradecimento. Achei o teu gesto muito bonito ,admirável e educado. Foi pela primeira vez que recebi este tipo de retorno.Você e uma pessoa especial .

Gabi Arnold


Ariosvaldo Alves
Fascinante

J Aquino Santos
Eita quê história linda
parabéns
felicidades
vida longa para todos vocês saúde em primeiro lugar é isso aí.

Augusto Albuquerque
Bravo

Eddy Goes


Márcio Vasconcellos
Eu acho até que já tive aula com ela no CEAB....

J Aquino Santos
obrigado família Transbrasil um grande abraço á todos desta grande família abençoando por Deus.

Alle Allegretti
Amiga
Que lindo depoimento
Parabéns

Lúcio Henrique Vieira
Parabéns
!!! Que matéria ótima !! Uma carreira de muita dedicação e sucesso !!!

Emilio Mallet
Bela carreira bela história! Que Deus abençoe bj mo coração minha amiga!

Teresa Lopes
Adorei

Claudia Maria Junger
Maria Luiza Leme parabéns “Malu”, pessoas que fazem do limão a limonada!!! Disciplina e determinação são dicas para o sucesso!!! Acho que esqueceu de uma história “ Dalva em NY” kkkk
Parabéns !!! adorei a matéria !! Exemplo de profissional, amiga , exemplo de vida !!!

Elisabeth Rønbøg Elisa
A trajetória de uma vida muito bem vivida !

Guaracy Junior
Parabéns
Malu.. que linda carreira e história de vida...

Ana Moraes
Parabéns por todas as suas lutas e conquistas!!!Orgulho

Marcia Rustan
Parabéns, Querida Malu! Lindo e emocionante!

Evelyn Miriam Rieser
Parabéns pela longa carreira! A Pandemia de Covid mudou a trajetória de vida de muitas pessoas , mas o mais importante é vc e todos os seus estarem com saúde.

Andre Bastos
Bons tempos

Petra Elisabeth
Parabéns pela linda história de vida e a impecável profissional que sempre foi !

Girassol Girassol
Como sempre vc arrasando e nos surpreendendo. Parabéns

Sidnei Prates


Julita Carletto
só orgulho

Maria Inez Cezar de Andrade
Parabéns, Maria, pela trajetória e história de vida e também pelo relato! Beijo

Maria Inez Cezar de Andrade
Parabéns, eu tiro o chapéu para você Malu

Carlos Falangola
Linda vida. Lindos momentos.
Parabéns

Angela Freire Nunes da Silva
Amiga, demais .... Vc realmente é um ícone

Maria Rodrigues
Parabéns! Que história de vida profissional incrível! Seja sempre feliz!

Sonia Dellinghausen
Parabéns! Maravilhosa!

Maria Do Carmo Pinto
Incrível sua história amiga

Patricia Garcia
Bravo

Karine Breustedt Leig
Parabéns, um lindo caminho! Vamos em frente!

Maria Dulce Geribola Novaes
Linda história, dessa linda aeromoça!

Carlos Falangola
Linda mesmo
Parabéns
menina

Renatto Lobo


Paulo Mitoso
Parabéns!
Exelente dissertação sobre você e como é ser Comissária(o) de voo.
Bjs

Darbi Santana
Admiração ! Orgulho !

Rosângela Tolosa Baltuilhe
Essa é a minha amiga

Elisabeti Buesso Buesso
Parabéns
! Comecei a ler e não queria que acabasse a história, como um livro bom, vamos lendo devagar, que profissional, amiga espetacular! sua descendência comprova tudo isso! conta mais....

Affonso Junior
Minha eterna chefe

Mercedes Portabales
Estou emocionado ! Uma história linda e cheia de Vida Vida e muita Vida! Parabéns pela trajetória

Jacqueline De Mattos Gomes Pinto
Bravo

Arminda Mendes
Parabéns
pela sua linda trajetória. Bjs.

Alle Allegretti
Amiga
Que lindo depoimento
Parabéns

Marcelo Bottini
Malu, que linda historia de vida...

Brigite Zeitelhofer
Incrível

Maria Teresa Neves
Linda história, parabéns!!

Eunapio Irineu
Que história linda, exemplo de perseverança, isso sim é empoderamento da mulher,
Parabéns

José Roberto Marcondes
Bjs Abrçs Cara Amiga

Marta Rezende Osorio
Amei sua história, Parabéns .Sou sua fã

Carlos Alberto Santos Rocha
...se Malu estivesse voando em uma cia americana trabalharia até os 80 anos pois lá valorizam pessoas com experiência, carisma e amor pelo que faz

Cleu Santos
Adorei sua história, bonita como você. Um grande abraço.

Roberto Schlanger Marques
Saudades

Rosangela Massini
Amei! Parabéns! Muita alegria paz amor e Liz!

Carlos Panaro
Parabéns pelo sonho realizado!

Laura Kiyoko Ide
Orgulho de você!!! Parabéns!!!

Luiz Vieira
Malu ( Maria Luísa )
Pessoa e Profissional das BOAS !
FELIZ POR REALIZADO O SONHO DE VOAR EXATAMENTE COMO OCORREU COMIGO.

Amilton Tadeu Neves
PARABÉNS
MINHA LINDA!!COMO SEMPRE MARAVILHOSA!!!UM GRANDE BEIJO!!!!
FELICIDADES
!!!

Anna Baraldi Holst
ABRAÇOS MALU SUA COLEGA MAS NUNCA NOS ENCONTRAMOS
AUGURI
CARISSIMI

Darcí Reali
Linda a sua história, Malu, inspiradora, leve... virtudes na sua simplicidade e, com certeza, tem muito do apoio que teus pais te deram para essa trajetória. Bonito.

Crisnamuth Rodrigues de Oliveira
Sempre profissional e uma elegância impecável.
Parabéns , Malú!

Carlos Eduardo Amande
Parabéns
Malu! Excelente história de vida!

Selma Andrade
Malu, adorei conhecer a sua história de vida. Tantas experiência, momentos inusitados, amor, coragem, dedicação, compromisso e orgulho do seu trabalho. Seu sorriso e cativante.

Joel DeMattos
Leitura longa e gostosa pra nós que vivemos os últimos 50 anos de Aviação e cheia de alento, experiência e emoção para os jovens que iniciam os próximos 50.
Parabéns, Malú!

Elaine Regina Minganti
Parabéns

Victoria Drolhe da Costa
Voamos juntas muitas vezes ! Saudades

José Roberto Marcondes
Grato Cara Amiga Bjs Abrçs
Felicidades
Sempre Com DEUS Amém

Alexandre Belisario Alves Fernandes
Malu, que bom saber da sua história, suas alegrias, suas conquistas!
Parabéns
! Agradeço a Deus por ter tido a oportunidade de ter lhe conhecido! Guardo, com carinho, a lembrança do seu sorriso! Sim, embora vc tenha dito que não sorri, eu me lembro do seu sorriso amável, quando a embarquei na Ponte Aérea Rio-São Paulo, há muitos anos. Vc estava com um braço engessado ou enfaixado, não me lembro exatamente. Que Deus a abençoe!

Selma Andrade
Joel Rodrigues , obrigada por nos trazer historias de vida tão importantes e bacanas.

Bruno Antoni Borde Powar
Gostei muito desse relato.

Leda Pedraça Pinho
Que história de vida mais linda!!!! Livro autobiográfico!!! Que pena que nos meus 16 anos de vôo não pude encontrar a Malu para uma conversa na galley!!!

Gustavo Bonadio Solon
Tive o privilégio de voar com a Malu! Mulher forte, divertida, líder e muito carinhosa! Exemplos a serem seguidos!
Um abraço
.
Alexandre Belisario Alves Fernandes
Joel Rodrigues A Varig foi uma parte maravilhosa de nossas vidas e as pessoas que tivemos a grata satisfação de conhecer naquela época são um alento em nossos corações! Saudações!

Ana R F Gaiga
Amei conhecer um pouco mais a história da Malu e me emocionei em vários trechos! Que Deus continue abençoando sua vida!

José Roberto Marcondes
Grato Cara Amiga Bjs Abrçs Sempre Com DEUS Amém

Maria Manke
Parabéns e orgulho de ter você pertinho e tudo lindamente que viveu sinto no coração

Manuela Tarrafa
Parabéns
, sucesso, tudo vai dar certo, minha amiga querida!!
Tamos junto sempre para que Deus ajude no caminho para a publicação de tão amada história de vida.
Gratidão Malu !!!
Força e muita Fé. Tudo vai dar certo. Amém!!!

Tânia Beatris Nascimento
Parabéns Malu! Que bela trajetória na aviação!!

José Roberto Marcondes
Felicidades
Abraços Cara Amiga

Marylia Cunha Rayol
E um livro de vida,
parabéns, você é sensacional

Gilvan Pinheiro
Malu feliz por você. Profissional excelente. Depois de muitos anos que deixei a Varig (1990 ) e me tornei caminhoneiro. Uma noite no meio do deserto da Califórnia as 3 horas da manha achei você e suas amigas perdidas. Vocês tinham saído de Los Angeles com destino a Las Vegas e pegaram a freeway errada, resultado vocês iam chegar na Florida mas nunca iriam chegar em Las Vegas. Deixei vocês em um Hotel na fronteira do Arizona e um mapa para no dia seguinte seguirem viagem para Las Vegas. Você é uma pessoa sensacional. Beijão Maria Luiza Leme.

Luis Eduardo Dos Santos
Malu sempre maravilhosa!

Sônia Nascimento
Malu, sempre soube do teu profissionalismo. Adorei tuas histórias e agora tbém te admiro pelo ser humano que és. Parabéns!

Ronaldo Lima
Prazer em ter feito parte da sua tripulação, e da sua história! Forte abraço Malu!

Maria Helena Amorim
Esta paixão também me acompanha e maravilhoso voar e uma profissão digna que merece todo nosso respeito e muito desgastante e exige de nos muita dedicação e muito amor voei durante 27 anos foram os melhores da minha vida. Enfim tenho uma longa historia para contar não caberia aqui Bjs

Telmo Mutti
Grande profissional!!

Iraci Castelo
que amor

José Roberto Marcondes

Felicidades
Abrçs Bjs Cara Amiga

Sergio Sarmento Barcellos
Malu, parabéns pela linda estória de sua vida, fez me lembrar muitos lugares que também passei, e lembranças sua de vários vôos que fez parte de minha tripulação. Um grande abraço. Sarmento

Rejane Swoboda
Como dupla colega: Transbrasil e Varig.
Quando sai o livro?
Lindo
Parabéns
Bjs

Reginaldo Barros
Amei ter voado com você..

Leila Cintra
Minha amiga linda e muito querida!!!

Ailton Caracoci
MARAVILHOSA

Marli Pereira
Maravilhosa

Suzana Novaes
Parabéns

Egidio Kettermann
Parabéns minha amiga linda história de vida e uma carreira maravilhosa.

Paulo Ney
Gente BOA

Geraldo Mendes de Menezes
Malu! Felicidades Sempre. Fico feliz! Parabéns.

Laura Kiyoko Ide
Parabéns pela linda história! Saudades

Sergio De Carvalho
Parabéns Malu

Cilon Henrique Rosa Marques
100%.

James Tims
das inspiração pra muito

Leila Cintra
Parabéns

Enio Penha
Parabéns

Roger Wilber
Meus parabéns
!! Amei

Glaci Weiler Sergio Specht
Malu, Parabéns! Quanto orgulho de você. Me emocionei ao ler a sua trajetória.

Junior Moraes
Malu! Maravilhosa! Que orgulho em dizer que já voamos juntos!

Ana Maria Polesso
MaravilhosaMaravilhosa

Cristina Kemper
Parabéns minha querida

Cleonice Andrade
Que história!
Devia publicar um livro! Parabens’

Tarsila De Castro Monte
Maravilhosa

Tarsila De Castro Monte
Maravilhosaaaa

Roberto Amorim SantAnna
Ela é um espetáculo de mulher!

Osvaldo Filho Barcellos
Querida como sempre, linda história de vida, todos deveriam ler, um grande aprendizado.

Valeria Costa da Silva
Parabéns
!!!!! Tenho imenso orgulho de você. Um grande abraço e saudades.

Renate Clara Koller Barretto
Parabéns, você nos representa!!!

Marcia Regattieri
Literalmente viajei contigo !

Katia Lamarca
Parabéns!!!!

Gustavo Da Silva Rodriguez
Muito bom e fico muito contento com Seu sucesso na sua profissao

Pedro Moreira



Ana Maria Polesso
MaravilhosaMaravilhosa

José Roberto Marcondes
Abraços Bjs Minha Cara Amiga Sempre Com DEUS Amém

Patricia Blanco Nunez
Atualmente é um verdadeiro milagre !!!!

Oliver Dilceu
Parabéns, lindo relato de sua vida, eu também tive um sonho quando criança e realizei, passei pela TAM 18 anos.

Roger Wilber
Meusparabéns
!! Amei

Jose Dias
Linda história equivale a ler um livro biográfico,parabénsMalu!!!

Eva Florentino
Parabéns felicidades muitas eu desejo para você
Continue sonhando e realizando

José Roberto Marcondes
Bjs Abrçs Cara Amiga Ki Saudades

Carlos Alberto
Parabéns

Dinarte Ribeiro
Linda história!

Carlos Alberto
Parabéns querer e poder

Maria Manke
Eita Orgulho sempre Parabéns !

Osvaldo Da Rosa Lendário
Parabéns deus abençoe

Tania Souza
Tive o prazer e alegria de fazer parte da tua tripulação por várias vezes em voos internacionais da Varig. Que orgulho sou grata por tudo que você ensinou. Saudades

Epac Belém
Documento de vida

Lais Pestana
Adorei te rever. Que história linda, com requintes de detalhes. Saudades. Beijos.

Paulo Ramos
Muito legal tua história! Parabéns!

Jose Sergio
Parabéns e muito sucesso


Tais Monsores
Malu é uma profissional incrível! Tive a honra de compartilhar grandes voos e grandes pernoites ao lado dela. Sem palavras para os inúmeros aprendizados. Poderia passar horas e horas ouvindo-a. ❤


Rosanea Malet
Maravilhosa!!!!!!

Olivia Trézer
Linda história

Olivia Trézer
Linda história

Constanza Denise Canet
Voamos juntas tenho muito respeito por seres humanos assim de luz 💃🌻


Doralice Duarte
Administrador
Parabéns pela sua linda história! Fomos felizes na profissão que escolhemos. Bjs.

Irene Coutinho de Mello
Malu Parabéns! Eu como vc também fui muito feliz na minha vida profissional.. E desde novinha sonhava voar.. Linda história! Bjus

Iwamoto Elisa
Parabéns Malu, fomos da mesma turma, realizaste o sonho por mim.....

Roberto Schlanger Marques
Parabéns
 🍾 vc é guerreira

Katia Izabel
Parabens Malu! Adorei ver sua história.
Felicidades
 sempre!

Oswaldo Oliveira
Gente! Que historia do linda . 
Parabéns
 Malu . Vále
a pena ler de novo .Estou estreando aqui neste momento

Jorge Sarrafe Jr.
Parabéns Malu !
Amei a sua trajetória .
Tive o prazer de voar com vc na Tam e lembro muito bem da sua elegância e toda a sua excelência profissional.
Já que não tive a chance de voar com vc na Varig.
Um beijão e sds.


Claudio Wilches
Tenho muito orgulho de ter sentado ao lado dela e ter sua amizade. Sempre foi um farol para todos nós!

Claudio Serrat de Oliveira
Malú,q história linda,qta entrega,comprometimento,dignidade,honra,qta inspiração,exemplo a ser seguido,tantos valores.Privilégio ter convivido c vc e saber de tantas habilidades,qto comprometimento c as empresas q vc trabalhou e c vc própria.Todo meu respeito,admiração e carinho a vc,mulher total,íntegra e maravilhosa.Linda vc em todos os sentidos.Love you.Deus cuide de vc,hj e sempre.


Paulo Antonio Rodrigues
Grande Malu,linda história de vida. Ao voar com você,observei o quanto fostes uma excelente profissional. Além do mais,linda e charmosa. Beijo no teu lindo coração. 🍾🥂❤🌹💋

Frederico Justino
Tive o prazer de voar com ela. Sucesso!!!

Ricardo Guedes
Meus 
parabéns
 


Leila Cintra
Minha querida amiga, desejo a você muito sucesso e realizações..
Parabéns
!!!

Augusto Alvarenga
Parabéns
!!!


Maurin Almeida Falcao
Que estória bonita de vida.....!!!!

Paulo Mitoso
Show !  Linda História.

Edna Marques
Malu 👏👏👏 vou ler mas já sei , você e mesmo só sucesso , grande abraço.

Martha Novis
Maravilhosa

Vilma Cardoso
Malu vc é um sucesso. Bjs

Leonardo Lemos
Nojenta!!! 🥰😘👏🇧🇷🇧🇷

Ana Trés
Um luxo de comissária e pessoa. Tudo que faz é com classe

Fernando Barbosa
Excelente profissional!!História de vida fantástica!! 
Parabéns
 por tantos anos voando. Tive a oportunidade de trabalhar com você na primeira classe da Varig no DC 10.Exemplo de profissional e excelência em atendimento!!

Silvia Silvia
Parabéns

Claudio Wilches
Tenho muito orgulho de ter sentado ao lado dela e ter sua amizade. Sempre foi um farol para todos nós!

Clerice Pellenz
Quantas lembranças Malu, lembranças boas. Voei varias vezes contigo e não conhecia sua historia. Valeu. Sucesso

Lauro Camargo
Parabéns

Paolo Gallozzi
Malu, parabéns pela sua professionalidade. Chapeau

Marli Laux
Parabéns
! Uma aposentadoria tão feliz quanto você foi exercendo esta maravilhosa profissão


Osvaldo Filho Barcellos
Parabéns

Lea Andreoni
Malu vc é maravilhosa. Parabéns


Izidoro Sacchettin
Parabéns

Lony Anita Rhomberg
Você é dez menina. 
Parabéns
.

Dora Coimbra
Malu, fiquei muito emocionada com a sua trajetória. Muito linda e fico feliz de ter feito parte dela também.
Parabéns
 e felicidades!!!

Sheila Zereman
PARABÉNS
 Malu !!!!!

Ana Maria Polesso
Parabéns
 pela linda trajetória profissional Malu querida, com seus altos e baixos, conquistas e perdas somos muito muito feliz pela escolha que fizemos “VOAR nas ASAS da VIDA de um ✈️

Roberto Amorim SantAnna
Malu, maravilhosa, desfilou seu grande profissionalismo por todas!

Iolanda Rafaeli
Parabéns
 pela realização de teu sonho. Era meu sonho também mas não consegui realizar.

Paulo Luciani
Parabéns
 e foi ótimo ter trabalhado com vc

Edna Marques
Malu 👏👏👏 vou ler mas já sei , você e mesmo só sucesso , grande abraço.

Francisco Carlos
Que maravilha que DEUS abençoe grandemente .

Ricardo Guedes
Meus 
parabéns
 

Frederico Justino
Tive o prazer de voar com ela. Sucesso!!

Jose Ribeiro
Sucesso

Robson Vilhena
Andei com a Malu quando criança na Varig eu tinha 8 anos, a gentileza dela é algo extraordinário, e como piloto trabalhamos juntos na TAM no A-32F e A350, sempre conto a história e ela fala (não espalha Eles irão saber a minha idade, sempre bela e linda

Sonia Maria Farias
Parabéns



Ana Trés
Chorei, sorri e gargalhei com suas memórias. Muito bom saber que fiz parte da sua tão bela história. 
Parabéns
!

Girassol Girassol
Arrasou , como sempre

Carmela Coviello
Parabéns

Walter Silvestre
Parabéns
!

Guaracy Junior
Parabéns
 Malu, você além de ser uma profissional dedicada, é uma mulher , um ser humano fantástico ..que linda história de vida.

Aparecido Rezende
Obrigado

Bolos Sev
parabéns

Sonia Maria Farias
Parabéns

Paulo Ricardo Freitas
Parabéns
 Profissão muito Linda Porto Alegre RS

Bete Ribeiro
Parabéns
 essa profissão é muito linda ainda mais todo esse tempo

Walter Silvestre
Parabéns

Antonio Pereira
Parabéns
, colega variguiana...

Izidoro Sacchettin
Parabens

Joao Araujo
Parabéns

Alex Stapler
Parabéns
 

Carmela Coviello
Parabéns

Roberval Brito
Parabéns

Luiz CArdoso
Parabéns
 Malú!!!



Sandra Leipnitz
Amei! Não lembro de ter voado com vc...mas vivi tua história. quando vc chegou em LAX ,vim embora .Logo depois sai da VARIG !!!!!! 
Parabéns
! Eu faria tudo novamente. E para vc nem preciso perguntar..

Lea Andreoni
Maravilhosa

Alex Stapler
Parabéns
 

Elsa Correia Goodman
Grande Malu. Parabens!!

Kely Gois
Adorei conhecer a sua história Malu

Sérgio Macedo
Uma auspiciosa realização.

Nauri Garcia da Silva
Minha linda ...foi nossa
VIDA NOSSO PÃE E ENSINO .DE VIDA 



Cesar Matheus
Amada vc é um anjo dourado neste planeta. Deus e os mestres, anjos e falanges de luz te protejam sempre. Portas em automático


Rolando Silva
Estória linda.