domingo, 20 de julho de 2025

COMANDANTE ROQUE

COMANDANTE  E INSTRUTOR DA TAM JATOS EXECUTIVOS

Ao ingressar nos quadros de funcionários do Taxi Aéreo Marilia em 07/01/1991, como Copiloto de Jatos, não imaginaria nunca alcançar a longa e beta carreira que galguei na companhia. Havia feito o meu recheque de copiloto naquela semana, e por incrível que pareça, no meu primeiro voo em 16/01/1991 com o colega Miyata no PT-LML um Citation C 550, São Paulo, Rio de Janeiro, Cachoeiro do Itapemirim, Vitoria, aconteceu uma pane de flap na aeronave após o pouso em Vitoria.

Ao acionar a manutenção, o Cmte Miyata reportou que o flap após o acionamento, não voltava para a posição em cima. Como estávamos com passageiros da Shell que deveriam voltar para o Rio de Janeiro naquele mesmo dia, haveria a necessidade de enviar outra aeronave para embarcar os mesmos para o RJ.

Aeroporto Le Bourget Paris, voava com o Copiloto André Castanho, atualmente Cmte. da Latam

Ao pousar em Vitoria com o N36886 um Citation CSS0, o Cmte Octavio e o Copiloto Lins, teve um dos pneus do trem de pouso principal furado. Consequentemente agora, havia dais aviões indisponíveis no solo em Vitoria. Naquele momento, os vários anos de experiência como mecânico de aviões falaram mais alto na decisão do que fazer.

Com Cmte Marcos Pacheco, Arnold Schwarzenegger, Cmte. Roque e James Cameron

Ao comunicar o Cmte Miyata e o Cmte. Octavio que eu havia sido mecânico de aeronaves por vários anos e após os mesmos entrar em contato com a manutenção da Companhia, fui autorizado a substituição de um dos pneus do PT-LML para o N36886, e assim foi feito e eles puderam levar os passageiros na hora marcada da decolagem para o Rio de Janeiro, e nós pernoitamos aguardando a manutenção solucionar a pane de flap e a reposição do pneu furado no dia seguinte, podendo então voltar para São Paulo.

    Citation III C650 - Voei om este avião na Manaus Aerotaxi

Naquele mesmo ano, em 15/11/1991 ao fazer um voo com o Cmte. Alberto de São Paulo para Araçatuba e Ponta Porã na mesma aeronave PT-LML, com o Cmte. Rolim e o Sr. Pedro Conde, do BCN, durante a etapa SBAU/SBPP o radar ficou inoperante, e após o pouso em Ponta Porã, o Cmte. 

    Centro de Memória da TAM

Alberto reportou ao Cmte. Rolim o ocorrido e que eu havia sugerido conseguirmos uma fonte externa e ferramentas para abrir o radome e podermos ver o que estava acontecendo com o radar. O Cmte. Rolim autorizou imediatamente e assim ficamos no aeroporto para iniciar os trabalhos. 

    Cmtes. Fernando e Roque com o cantor Michel Teló

Após abrir o radome, soltar a antena do radar e limpar os plugs com limpa contato, efetuamos os testes e constatamos que a pane havia desaparecido e o radar voltado a funcionar normalmente. O retorno estava previsto para o dia 17/11 de Ponta Porã para Foz do Iguaçu e São Paulo. Ao chegarmos na fazenda o Cmte. Alberto relatou ao Cmte. Rolim que o radar agora estava operante, que agradeceu o nosso esforço e perguntou se eu iria cobrar o conserto do radar, demos boas gargalhadas.

   PR-MPF - Voei nesse avião na Manaus AeroTaxi

Eu poderia relatar muitos e muitos voos e viagens que fiz junto com o Cmte Rolim durante a minha passagem pela TAM Jatos Executivos, era um enorme prazer voar com o presidente da empresa, principalmente na década de 90. 

    Centro de Memória da TAM

Certa vez solicitou ao chefe de operações Cmte. Paulo Sérgio de Moraes que me escalasse para      Moraes  lhe dar instrução na aeronave PT-MPE um Citation C525, que eu havia feito o curso na Flight Safety em Wichita e trazido da Cessna naquele mesmo ano para o Brasil, o primeiro Cessna Citation Jet que veio para o país.

    Antigo Museu da TAM de São Carlos

E assim foram vários voos e viagens, onde eu convivi com o Cmte Rolim Adolfo Amaro, aquele empresário e piloto que eu havia conhecido quando entrei como mecânico de aeronaves na Transar em Congonhas, empresa do grupo Ultragaz do empresário Pery Igel em 1978.

A cereja do bolo na minha carreira de piloto na Tam Jatos Executivos, não foram os voos de instrução no Citation Jet PT-MPE, nos outros tipos de aviões e nem os vários traslados que fiz de aeronaves novas adquiridas através da TAM para empresários da empresa na Cessna Aircraft em Wichita Kansas U.S.A. para o Brasil.

O maior e melhor voo na Tam Jatos Executivos da minha carreira teve dedo, mão e pés do Comandante Rolim. Fui escalado para levar um jato Citation Ill PT-LUO para a Europa e acompanhar o narrador Luciano do Valle, comentarista Roberto Rivellino e equipe da Televisão Bandeirantes para a transmissão do campeonato mundial de basquete feminino na Alemanha (Munster e Berlim) e o campeonato mundial de futebol masculino na França em 1998.


Decolamos do Brasil em 27/05/1998 com uma aeronave Citation Ill PT-LUO e retornamos em 13/07/1998 para o Brasil após o termino da copa, chegando em São Paulo no dia 14/07/1998, após um total de 71:25 horas de voo e 52.970 quilômetros percorridos e 48 dias fora do país.


Agradeço ao Comandante Rolim Adolfo Amaro aos quase vinte anos trabalhados na Tam Jatos    Executivos e a minha aposentadoria na empresa. Agradeço também a família Amaro por todas as oportunidades a mim ofertadas durante a minha permanência na TAM.


sábado, 19 de julho de 2025

Décio Correa - Despedida ao Amigo Rolim Amaro

COMANDANTE  E AMIGO DO COMANDANTE ROLIM AMARO

Meu caro amigo

É assim que eu começava todas as cartas que lhe mandei em trinta e tantos anos, e assim era como você também começava as mensagens a mim encaminhadas. Acho que essa expressão nasceu da intimidade dos sonhos e ideias que compartilhamos e dividimos ao longo de todos estes anos. Nasceu da comunhão de dois aviadores que sempre sonharam voar alto. Deixe-me dizer-lhe algo – outra expressão que era marca registrada sua – que nunca lhe disse antes; você sempre foi uma fonte de inspirações e exemplos. Devo confessar que procurava imitá-lo na coragem e na matreirice cabocla, nas frases de efeito, na audácia, na lealdade aos verdadeiros amigos e na originalidade. Ah, a originalidade! Você nunca suportou parecer-se com ninguém. 


Quando todos seguiam a trilha dos Boeing, você surgiu com o Fokker 100 e voltou a surpreender com os Airbus. Costumava citar a frase: “quem não tem competência para criar, deve ter a humildade para copiar”; você sempre detestou copiar qualquer coisa de quem quer que fosse. Sempre manteve a coragem, a ousadia e a capacidade de trabalho dos jovens, e o que é mais importante, você conseguiu manter a TAM sempre jovem, ágil e dinâmica, como o são todos os jovens. Lembro-me que você sempre dizia: “aqui na TAM os velhos tornam-se jovens”.

Perdi o amigo, o companheiro de sonhos e projetos audaciosos, o conselheiro, o irmão e um pouco de pai. Perdi parte do otimismo e da coragem que sempre reabastecia contigo. Naquele dia, quando sobrevoámos o cemitério onde você estava sendo enterrado, com um Airbus da tua querida TAM, tive a estranha sensação de que você estava naquele cockpit comigo. Aliás, tenho a certeza de que você jamais nos abandonou: a sua empresa, seus funcionários, seus amigos, sua família e os seus amados aviões do Museu Asas de um Sonho.

Este sonho, meu amigo, tenha certeza de que iremos realizá-lo, custe o que custar. Ao receber o “Arauto”, jornal do Clube da Aeronáutica, e ler um pronunciamento do Brigadeiro Délio Jardim de Matos - teu amigo - alusivo ao aniversário de Santos Dumont - que você tanto admirava pela criatividade e audácia - tive a sensação de que era você falando, como nas nossas longas conversas. Por isso, peço licença para reproduzi-lo: “Do estado interior do homem é que depende o estado visível da sociedade. O mundo caminha e se harmoniza pela virtude das ideias, pelos sentimentos, pelas disposições morais e intelectuais do ser humano. A sociedade é o fiel espelho desta contribuição coletiva, onde cada um faz, sente e participa, segunda a grandeza de sua individualidade.

Há pois, uma responsabilidade solidária que a todos envolve e que de todos cobra uma atitude crítica e consciente diante dos problemas comuns. Quanta energia, entretanto, é despendida em rumos inúteis; quanto pensar perdido na insensatez dos que de tudo clamam e nada oferecem; quanta repetição desnecessária de falhos caminhos já testados. Criar não basta, é preciso viabilizar o novo, porque o lampejo criador não tem compromisso com o sucesso e nem só as palavras sustentam obras. Fazer acontecer é muito mais que sonhar e querer que aconteça.

O que digo são palavras óbvias, que por isso isto precisam ser ditas, porque a intelectualidade nos leva, muitas vezes, a trocar a simplicidade produtiva pela vaidade das soluções sofisticadas, que honram o autor mas nada acrescentam ao dia-a-dia dos que dela dependem. Consciência, criatividade e desprendimento; vontade, determinação e coragem; virtudes que engrandecem uma sociedade, virtudes de um grande brasileiro, virtudes de Santos Dumont”. Pois é, caro amigo, talvez a amizade e a lealdade cega me levem a cometer a ousadia de inclui-lo nesse texto. 

Acredito que o Brigadeiro Délio e Santos Dumont – ambos devem estar ao seu lado – poderão me perdoar. Lamento não ter a palavra fácil e a capacidade de poder dizer-lhe tudo o que sinto e o que sentiram os teus amigos diante da tua partida. Por isso encerro esta carta bem teu estilo: fica com Deus e com todos os teus amigos que você tão bem cultivou e esteja tranquilo que por aqui tudo se ajeitará. A propósito, agora a nossa amizade e parceria continuam com o teu filho Marcos. 




Roberto Andrade - Editorial para um amigo

 UM ESTILO CHAMADO ROLIM

 “A distância entre um sonho e sua realização chama-se trabalho”

Mais do que em muitos outros países, a aviação comercial brasileira tem sua história marcada por uma sucessão de pioneiros, que surgem nos momentos de maior necessidade para fazê-la avançar até novos patamares. As empresas, nesse quadro, são apenas consequências de suas vidas e trabalhos.

O exemplo mais recente, e talvez o mais brilhante, foi Rolim Amaro, que criou a TAM e em apenas três décadas transformou-a de pequeno táxi -aéreo na segunda maior companhia aérea da América do Sul. Rolim Amaro inovou em termos de personalidade administrativa, mas nenhum quebrou tantos protocolos administrativos ou levou como ele, para o mercado do transporte aéreo, o corpo-a-corpo do comércio varejista, numa bem-sucedida mistura de intuição, visão de mercado e habilidade política.

 “O sucesso depende de saber o que se deseja conseguir”

Falar a história da TAM é contar a vida de Rolim, um brasileiro típico, filho de portuguesa e neto de italianos, nascido no interior, em Pereira Barreto, a 652 quilômetros da capital de São Paulo. Aos 18 anos tirou o brevê e jogou para o alto o curso de contabilidade, trocando-o pela aviação. Novamente como tantos pilotos brasileiros, teve de trabalhar duro para poder decolar. Foi motorista de táxi, limpou aviões, frequentou os hangares de aeroclubes do interior, fez muitos amigos no setor e foi piloto de táxi aéreo em São José do Rio Preto. Mas ele buscava níveis de voo mais altos. Pilotou no garimpo, voou na Amazônia e transportou as cargas mais disparatadas, de mulas de carga a índios, de bombas d’água e freiras. 

Até chegar ao primeiro grande pulo da sua vida, no início dos anos 60, quando assumiu um pequeno táxi - aéreo para o qual pilotara, o Táxi -Aéreo Marília. Naquela época o centro-oeste brasileiro era uma “terra de fronteira” como hoje é ainda a Amazônia, violenta e desafiante. Mas Rolim soube enfrentar esse desafio, deslocando fazendeiros e agropecuaristas na rota do gado e das grandes plantações. O Táxi - Aéreo cresceu rápido, aumentou a frota e ampliou a clientela no interior paulista, no Mato Grosso do Sul, em Goiás e no norte do Paraná. Entre os novos amigos, Orlando Ometto, o “homem forte” da Copersucar e ele próprio um “self made man”. Nessa fase de expansão, nos anos 60, Ometto soube entender e apoiar seu jovem amigo, e seria instrumental no passo seguinte, quando o táxi - aéreo transformou-se em empresa aérea regular.

E essa amizade continuou por muitos anos. Quando em 1977 o pecuarista Tião Maia teve problemas com o Governo e decidiu mudar-se para a Austrália, vendeu sua parte no controle da TAM para Orlando Ometto, que ficou com 66% do Táxi - Aéreo Marília , que por sua vez detinha 67% da TAM Regional. Mas Rolim foi mantido no comando.

 “Ousar sempre que isso leve aos objetivos desejados”

No fim da década de 1960 a aviação comercial brasileira vivia uma crise típica de crescimento. Novos aviões, maiores e mais caros, tinham substituído os velhos Douglas DC-3 que pousavam em qualquer pista e davam lucro mesmo embarcando a metade dos passageiros. A modernização da frota cortou drasticamente a malha de cidades servidas, mas se isso era bom para os táxis - aéreos, representava um retrocesso perigoso no transporte aéreo como um todo. Com a economia brasileira novamente esquentando, o Ministério da Aeronáutica visualizou uma série de medidas que facilitassem o surgimento de novas empresas aéreas aptas a explorar as linhas do interior.

Roberto em pé na reunião da TAM

Surgiu o SITAR – Sistema Integrado de Transporte Aéreo Regional, e Rolim participou ativamente desse movimento. Com dois bimotores Cessna 402 ele inaugurou – e operou experimentalmente – uma ligação regular entre São José dos Campos e o Rio de Janeiro, provando a viabilidade do sistema. E quando chegou a hora de dividir o país em cinco “capitanias hereditárias aéreas”, como se disse na época, a TAM do Comandante Rolim foi uma das escolhidas. E desse modo, finalmente, ela passou a operar linhas regulares. Instalou-se também num hangar no Aeroporto de Congonhas, onde cresceria até chegar ao que é hoje.

 “A companhia deve procurar o equipamento mais adequado para os serviços que presta”

 Quem trabalhou na TAM naquele período sabe como foi difícil o crescimento. Num acordo ditado pelas novas regras do jogo, Rolim herdou os aviões “Bandeirante” da Vasp, que colocou um homem de sua confiança na diretoria da nova empresa. O Bandeirante deu certo: robusto, econômico de operar e de manutenção fácil ele levou a aviação de volta a uma série de cidades que tinham sido abandonadas pelas grandes empresas aéreas. Mas o relacionamento com a poderosa e complicada estatal Vasp nunca marchou bem lubrificado, gerando uma série de problemas jurídicos que persistiram por muitos anos. 

Um dos últimos eventos que o Roberto foi. Helibras

Nada disso desanimou Rolim, que unindo dinamismo à criatividade implantou a imagem da nova empresa nas cidades do interior que tão bem conhecia. As comunicações eram difíceis, e nem sempre as autoridades locais entendiam que seu mercado só justificava uma aeronave pequena como o Bandeirante. Foi preciso recorrer a métodos pouco convencionais e para criar uma nova imagem para o antigo táxi -aéreo Rolim ajudou o Cte. Portugal Motta a criar uma esquadrilha de demonstrações aéreas, os “Dragões do Ar”, que passou a se apresentar em festas aéreas nos aeroportos interioranos levando a mensagem comercial da TAM.

Não tinham muitas mulheres na aviação

Linhas foram criadas e extintas, frequências aumentadas e reduzidas e a carga aérea introduzida num serviço que contava, ainda, com subsídios governamentais. Bastaram dez anos para fazer da TAM – Transportes Aéreos Regionais, a maior das cinco novas companhias aéreas.

 “O mais moderno avião depende de quem o tripula e mantém”

Rolim sabia que só poderia crescer com a oferta de mais assentos e maior conforto, o que implicava em novos obstáculos: mudar as regras do jogo e dinheiro. Atuando em Brasília e Amsterdam ele conseguiu convencer o então do Ministro da Aeronáutica, brigadeiro Délio Jardim de Mattos, e ganhar a confiança da indústria holandesa Fokker para negociar os primeiros bimotores F.27, de 40 lugares. Foi um salto arriscado – típico do ousado Rolim – mas deu certo e logo as outras regionais brasileiras seguiram seu exemplo. Cidades do interior passavam a pedir o Fokker e a garantir um número mínimo de passageiros capaz de justificar seu uso. E a fábrica holandesa viu, satisfeita, seus aviões penetrarem num mercado até então dominado pelos jatos Boeing. Esta foi a briga vencida por Rolim nos anos 70, quando ficou claro que seus métodos de contato corpo-a-corpo conseguiam abrir caminho onde o gerenciamento convencional das outras regionais esbarrava no tradicional imobilismo das regras estabelecidas.

 “O avião é apenas uma ferramenta de trabalho”

Se o Fokker F.27 representou um salto qualitativo para a aviação regional brasileira, a chegada dos jatos foi outro ainda maior. Rolim sabia, e acenava às autoridades com esse argumento, que a única maneira das regionais continuarem crescendo depois do fim dos subsídios seria atuarem como alimentadoras (feeder lines) para os serviços das grandes empresas comerciais. E que, para isso, ele precisaria de aeronaves tão grandes, rápidas e confortáveis quanto os jatos que as grandes usavam. Seus argumentos lógicos venceram as barreiras e numa operação que sacudiu todo o mercado brasileiro Rolim negociou com a Fokker os primeiros F.100, de 104 assentos. 

Lançamento do Hangar da Embraer em Sorocaba feito pela Maia Arquitetura

Numa bem orquestrada campanha promocional ele vendeu a imagem desse avião como o “jato de Congonhas”, silencioso, confortável e veloz. Na década de 1980 o número de aviões F.100 cresceu regularmente e, com eles, as linhas, frequências e rotas. Rolim foi forçado a investir em novas instalações no Aeroporto de Congonhas, teve de reorganizar TAM e ampliar a infraestrutura de apoio, em São Paulo e nas suas bases. O staff cresceu, a folha de pagamentos aumentou e a carga aérea passou de eventuais pacotes para volumes cada vez maiores de mercadorias. Investindo cada vez no seu staff a TAM atingiu o status de grande empresa, mas continuava presa ainda aos grilhões da sua condição de regional. Lutou com as taxas aeroportuárias, lutou com os custos dos combustíveis de aviação, lutou contra a concorrência das grandes empresas e começou a questionar abertamente os critérios que ditavam a política aeronáutica do país. Rolim tinha já adquirido peso para isso, e usou esse prestígio de modo muito hábil.

    Prêmio Santos Dumont     

A década de 1990 encontrou a TAM numa posição tão destacada entre as regionais que muitos passaram a perguntar se ela podia ainda ser considerada como tal. Os Bandeirantes tinham sido vendidos, alguns a novas regionais como a Pantanal, onde passaram a explorar linhas de alimentação para a própria TAM. Dentro das filosofias de oferecer o melhor a seus passageiros, a TAM introduziu o famoso “tapete vermelho” para quem embarcava em seus aviões em Congonhas e trocou os turbos hélices F-27 pelos F.50, mais velozes e confortáveis mas também mais complexos de manter. 

Winn Backer e Roberto no Fokker 50

 E o Cte. Rolim teve de readequar suas oficinas de manutenção, enquanto lutava em Brasília para conseguir a mais tranquila passagem possível da sua empresa de regional para regular. Mas isso não o impediu de fechar bons negócios, como a compra da Brasil-Central (ex Votec Regional), enquanto negociava a criação da ARPA, sua primeira subsidiária no exterior (Paraguai). Outra aquisição foi uma regional paranaense, a Helisul, que absorveu a Brasil-Central e efetivamente passou a arcar com as linhas regionais do Grupo, que avançava a passos rápidos rumo a uma completa restruturação estrutural e administrativa. Mas tudo isso custou muito trabalho e sacrifício, principalmente com os altos e baixos de mercado que têm de enfrentar os empresários que atuam na aviação brasileira.

Marisa e Roberto no Fokker 50

Mantendo um ritmo de trabalho de fazer inveja Rolim continuou chegando às 7 horas da manhã para cumprimentar pessoalmente seus passageiros na Sala de Embarque de Congonhas, enquanto planejava a próxima etapa qualitativa que tinha imaginado para a companhia; o mercado internacional.

 “Linhas e rotas de uma empresa não devem ser definidas pelo equipamento que usa”

Nos anos 90 a TAM – Táxi - Aéreo Marília tinha retomado suas antigas responsabilidades de táxi - aéreo e adquirido uma administração autônoma que somava o fretamento de aeronaves com a representação comercial dos aviões da linha Cessna no mercado brasileiro. Bastaram poucos anos para ela colocar os jatos Cessna “Citation” na liderança dos mais usados e vendidos no país.

Mas todos esses remanejamentos visavam preparar o grupo para outro voo mais alto, além das fronteiras brasileiras. Rolim vendeu seus Fokker F.50 e concentrou esforços nos jatos, comprando mais aviões F.100 sempre que tinha oportunidade, nem que para isso fosse preciso negociá-los na China e na Escandinávia. Mas nessa altura a indústria Fokker tinha encerrado suas atividades, e ele sabia que cedo ou tarde teria de substitui-los por modelos mais modernos e lucrativos, mas também mais caros. Fazer isso num país onde o valor do dólar pode aumentar ou corroer a margem de lucratividade das empresas aéreas foi, por si só, um novo ato de muita coragem administrativa. Bem ao tipo do Cte. Rolim, que era assediado com excelentes ofertas dos dois grandes fabricantes rivais: a Boeing e a Airbus. 

Desenho do amigo Erkki Keijó Bohnn

No fim dos anos 90 a decisão tinha sido tomada: a escolha recaiu sobre os aviões da Airbus, numa jogada comercial em conjunto com o Grupo TACA (de empresas aéreas da América Central) e a Lan Chile. Este “pacote” literalmente sacudiu o mercado aeronáutico internacional, envolvendo mais de 100 jatos comerciais de última geração (75 deles para a TAM). Os primeiros a chegar foram os A.330-200, de grande autonomia, e logo a TAM estaria voando regularmente para a América do Norte e a Europa. Na América do Sul ela já atuava através da sua subsidiária paraguaia Transportes Aéreos del Mercusur, criada pelo Cte. Rolim para substituir a estatal paraguaia cujo controle acionário e administrativo ele tinha assumido.

    Roberto foto do Marcio Jumpei

Em 2000, com os Airbus da família A.320 já firmados na preferência dos passageiros gradualmente relegando os F.100 à linhas secundárias e uma frota de mais de 75 jatos, Rolim conseguiu roubar da Varig a liderança nas linhas do mercado interno enquanto fechava o balanço anual com um lucro líquido de R$ 562 mil. Em 1999 tinha sofrido as consequências da crise de mercado e encerrado as contas no vermelho. Mas vencera o desafio, do mesmo modo que superara a crise gerada em 1996 pela queda do Fokker F.100 que caiu próximo do Aeroporto de Congonhas pouco depois de decolar, vitimando 99 pessoas. Nas horas difíceis como nas boas o sistema administrativo personalizado do Cte. Rolim conseguiu sempre contornar as dificuldades e ir em frente. Como disse o Presidente da Airbus Industrie, Noel Fogeard, em mensagem enviada à família do Cte. Rolim, “ele era a TAM”. Nunca isso foi tão verdadeiro na história da aviação comercial brasileira.



quarta-feira, 25 de junho de 2025

Levi uma paixão pela fotografia

 


Sou o Levi, um jovem de quinze anos.  Normal a todos os outros adolescentes da minha idade. Estudo, moro com meus pais. Filho de Ana Paula (professora da educação infantil) e Dennys (programador e analista de sistemas),  atualmente estou no 2° ano do ensino médio na EEEP Jaime Alencar de Oliveira, fazendo o curso técnico de desenvolvimento de sistemas, sou considerado o "Nerd" da minha turma pois sou muito bom em exatas, desde 2023 estou estudando para fazer a prova do ITA quando tiver 18 anos. Tenho o sonho de seguir a carreira de aviação comercial. 

Meu sonho é ser comandante de um avião enorme como um Airbus 350 e quem sabe um 777. Também estou estudando para começar o curso de piloto privado. Sou de Fortaleza. Gosto muito de ir a praia, porém não tenho muito tempo porque estudo em tempo integral numa escola profissionalizante do Estado. Desde que me conheço por gente sou apaixonado por aviões e fotografia. Quando criança amava brincar e construir aviões com peças de lego. 

Acredito que as pessoas devem sonhar e lutar pelos seus sonhos. Exemplo disso é o Comandante Rolim, que admiro muito. Ele foi uma pessoa sensacional. Nasceu em berço humilde e com muito trabalho e destreza ergueu junto com outras pessoas a TAM, que foi uma das maiores empresas aéreas brasileiras. Não sou de sua época, mas conheço um pouco de sua história e me espelho em sua trajetória e exemplo de pessoa.

Não tive a oportunidade de voar na TAM e nem de visitar o Museu Asas de Um Sonho. Mas conheço um pouco da história da empresa de como conquistou milhares de passageiros no Brasil a dentro. Tinha a marca do Comandante Rolim, recepcionando os passageiros na porta do avião, o famoso tapete vermelho, a simpatia da tripulação, as salas de embarque vips espalhadas por vários aeroportos e seu "Jeito TAM de Voar!"

Aos nove anos fiz a minha primeira viagem de avião, fui de Fortaleza a Salvador. Foi nessa viagem que fortaleceu a minha paixão pela aviação. Lembro de todos os detalhes.  Cheguei com uma hora de antecedência no aeroporto e passei por todo o processo de check-in, inspeção das bagagens, o raio x, embarque e finalmente decolagem.


Quando cheguei ao salão de embarque, lá fiquei admirando os aviões que pousavam e decolavam, até que cheguei o momento do embarque. Embarquei normalmente e por sorte minha mãe escolheu o acento da janela, em frente a turbina. Antes de iniciar o táxi fiquei olhando as asas do avião e tentando distinguir o que era os ailerons dos flaps e spoilers. E pensei "Vou voar como os pássaros!"


Logo após isso escutei e vi as aeromoças realizarem os procedimentos de segurança. Quando o avião começou a taxiar fiquei muito animado para o momento da decolagem, quando ele alinhou e começou a decolar eu "colei" no assento pois nunca tinha experimentando uma "força G" tão grande quando ele decolou e saiu do chão senti um frio na barriga, porém a felicidade e admiração era tanta, que logo esse frio na barriga passou e surgiu a admiração pela emoção de estar voado.

Em seguida as aeromoças trouxeram um pacote de amendoim e um copo d'água, dormi um pouco porém logo acordei, passei o resto do voo admirando a paisagem, quando estávamos iniciando a descida passamos por dentro de algumas nuvens e ali tinha realizado meu sonho, que era ver como seria por dentro das nuvens.

Logo após vi a cidade de Salvador, foi quando o piloto anúncio a preparação para o pouso, não consegui tirar os olhos dos flaps, quando o avião tocou o solo, vi pela primeira vez os spoilers funcionando, o desembarquei em SSA foi via gate, e lá passei pouco tempo.


Em outra oportunidade realizei um voo com minha turma de escola para a cidade de Gonçalves em Minas Gerais. E tive a felicidade de irmos primeiro de Fortaleza até Guarulhos para então seguirmos para nosso destino final de ônibus. Para os apaixonados pela aviação estar no aeroporto de Guarulhos é uma realização, pois é o maior da América do Sul. É lá que estão os "Tiranossauros Rex" de metal voadores. 

Quando chegou a pandemia entrei no mundo do plastimodelismo, durante esse tempo fiz dois modelos bem simples e sem pintura, pois só tinha a cola e as peças, no finalzinho da pandemia quando os voos começaram a voltar eu comecei a fazer Sppoting de casa com o celular. Em 2022 ganhei a minha primeira câmera fotográfica herdada da minha tia Margarida, uma Nikon D40. Foi então que nasceu a minha paixão pela fotografia e comecei a estudar o básico de como usar uma câmera e algumas técnicas e composições. 

Passei um ano juntando dinheiro, comprei uma Nikon D600, e uma lente 55-250, foi quando comecei a  vender fotos dos jogos amistosos entre as turmas na escola. Realizava a paixão do  Sppotings na escola  e na minha casa, porque são relativamente próximas ao aeroporto local. Assim, aproveitava todos os intervalos para fotografar um avião passar, decorei a hora que cada voo da latam, gol ou azul. 

Definitivamente 2024 foi o meu ano,  no seu início comecei a postar as minhas fotos no Tik Tok e no Instagram, foi quando recebi o convite para ingressar num grupo local (Spotters SBFZ), onde fiz vários amigos, me instruíram a fazer o cadastro para ser Spotters no aeroporto. Segui o conselho.

E um tempinho depois a Fraport que é a atual concessionária do aeroporto de Fortaleza confirmaram meu cadastro. Desde então tenho feito meus Spottigs numa área conhecida localmente como "formigueiro" e uma área ao lado do terminal de carga com acesso as cercas internas do aeroporto.

Em agosto percebi que havia se iniciado uma construção junto a cerca principal, o qual viria a se transformar na maior dificuldade dos Spotters: a "cerca dupla" a Fraport com a justificativa de "aumentar a segurança" instalou uma segunda cerca rente a primeira impossibilitando qualquer um de fazer Spottigs. 

Durante esse tempo a qualidade das minhas fotos só foi aumentando e em julho de 2024 fui ao evento  Merlin Road Show que ocorreu em Fortaleza, fiquei sabendo um dia antes que haveria um sorteio de uma câmera muito boa (Lumix S5 Mark II). Então, pensei " vou ir, e vá que eu ganhe". No início do evento os participantes ganhavam uma pulseira com um número.

Na hora do sorteio disseram o número 1250, não era o meu número. Não acreditei. Mas era o número que a minha mãe tinha pego, nunca tinha me sentindo tão feliz. Ganhei uma câmera que nunca pensei que conseguiria ter na minha vida, com isso minhas fotos só melhoram, no grupo de Spotters fui de novato a professor de fotografia. 

Com  a nova máquina fotográfica me tornei um dos melhores Spotters da cidade. E agora chegamos ao tempo atual, Onde o ano de 2025 estou trabalhando com fotografia muito incentivado pela minha tia que é fotógrafa, e planejo trocar a minha atual Lumix S5 II por uma Canon R5. 

Atualmente estou com uma Canon R6MKII com lente Sigma 150-600mm e ainda tenho uma secundária Canon 6D. Aproveito esse espaço para dar um abraço a todos os meus amigos e em especial aos meus alunos Rafael e Enzo.

Esse ano de 2025 pensando em fazer uma up grade do meu equipamento resolvi vender minha câmera. Então, coloquei a venda num grande site de comercialização. E infelizmente cai num golpe. O prejuízo foi enorme. Perdi além da câmera profissional, vários acessórios e centenas ou milhares de fotos. 

Agora é seguir o caminho, aprender com o erro. É errando que se aprende. Vou começar de novo, com uma câmera básica. Tenho meus sonhos e não será esse tropeço que irá desviar de minhas realizações. Tenho uma longa jornada a seguir na minha estrada da vida. Não vou me deixar abalar, claro que fiquei triste. Mas já sacudi me levantei, sacudi a poeira e voltei a caminhar para a frente. Bola para frente.