sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

José de Luanda da África

 

Estou muito feliz de realizar essa entrevista ao Brasil. Sou do outro lado do Oceano. Sou vizinho de Continente. Isso mesmo sou do África. É longe mesmo. Para vir até aqui só de avião ou navio. De ônibus ou de carro nem em sonho. Mas eu escuto muito falar do Brasil. Terra de gente alegre, mulheres bonitas, do Pelé, do futebol, carnaval, do povo amigo e tantas outras coisas boas. 

Eu moro nasci no município de Dembos em Angola, aqui na cidade não tem elefantes, girafas e leões. Eu acredito que todo mundo da América acha que em toda África é só selva. Mas aqui também tem cidades. Meu pai era pedreiro e minha mãe alfaiate. Sou o último filho de 8 irmãos,  cinco meninas e três rapazes, com o tempo nos mudar para capital do país Luanda. Uma cidade muito maior com mais de três milhões de habitantes enquanto que minha cidade natal tinha pouco mais de trinta mil. Luanda tem prédio enormes

Claro o nosso clima é quente e muito seco, com poucas chuvas e causando secas em boa parte do ano e isso não favorece a agricultura e a pecuária como em toda a África. E curiosamente as noites já não são tão quentes, normalmente a temperatura são bem mais baixas em razão que Luanda é banhada pela Oceano Atlântico.

Em Luanda fiz os meus estudos do primário e quando tinha quinze anos voltei lá para o campo para viver com minha mãe e comecei a trabalhar em uma Serração de madeira lá aprendi carpintaria e depois aos 20 anos voltei a cidade para estudar Engenharia e me formei em engenharia informática e agora já trabalho em uma empresa.

Sempre fui apaixonado pela aviação. Comecei construindo carinhos e alguns aviões, tendo preferência por modelos de aviões antigos. Atualmente sem tempo e acabei não podendo mais fazer minhas maquetes. Tenho que me dedicar ao meu trabalho. Sou engenheiro.

Esse é o município onde eu nasci essas imagens são dos anos 60 antes da independência nesse período Angola pertencia Portugal  eu nasci só nos anos 90 aí o país já era independente


O Clima da Angola é muito semelhando ao brasileiro pelo que eu vejo na televisão, temos predominante o clima tropical, variando entre seco, úmido e desértico. 


As brincadeiras na minha infância não tinha muita tecnologia e brinquedos. Era bem mais voltado a atividades entre amigos e em locais abertos como parques e jogos no chão. Haviam brincadeiras realizadas apenas com os membros das família entre irmãos e primos. Haviam outras que realizamos na escola e na aldeia. As brincadeiras da aldeia habitualmente eras constituídas por equipes. Haviam por exemplo as equipes dos rapazes e das meninas. E em casa brincávamos mais com brincadeiras individuais. Uma das que eu mais gostava era a das "escondidas" que no Brasil se chama de "se esconder". Onde junta-se um grupo de amigos e todos se escondem menos um que tem que procurar os demais. Coloca-se um objeto ou um lugar como ponto de "encontro" se um dos escondidos encostar primeiro do que estiver procurando todos que foram encontrados estarão salvos. 

Haviam outros jogos como o "Trinta e Cinco" e "Garrafinha" onde são utilizados bolas de meias. EXPLICAR MEIOR


Normalmente as pessoas nascem em hospitais, por percurso do destino eu vim a nascer dentro de uma prisão. Em 1994 Angola estava em um período de guerra. Onde felizmente a paz voltou a reinar em 2002. Meus pais sempre tiveram um lado ativistas políticos e foram presos em razão disso. Eu sou o caçula da família. Não cheguei a conhecer meu pai, porque ele faleceu antes na prisão. Porém soube através de minha mãe e de meus irmãos que meu pai era uma pessoa com ótimo caráter e personalidade exemplar. Um maravilhoso marido e pai de família. Sua profissão era pedreiro e minha mãe alfaiate. Minha mãe também sempre se dedicou as atividades rurais do campo, ao cultivo de produtos agrícolas.

Como era um período de guerra, nossa família não tinha uma residência fixa. Tínhamos que sempre nos mudarmos de endereço, de um local para o outro. Praticamente só levando as roupas do corpo e mais algumas roupas em sacolas. Desta forma, eu fui morando em vários lugares diferentes. Desta forma, tudo sempre foi muito simples e no improviso. E principalmente tudo naquele tempo era muito perigoso. O lugar mais seguro era viver na capital Luanda.

E foi o que minha mãe acabou fazendo em razão de nossa segurança. Largou tudo para trás e com a família fomos para Luanda. Eu era muito pequeno. Tudo que sei é porque minha família me contou. Porém não tínhamos residência na capital. E minha mãe conseguiu uma casa distante a 30 quilômetros da capital. 

E foi ali que comecei a estudar na escola. Naquela época em período de guerra, tudo era complicado e precário. Assim, estudávamos em baixo de árvores e não dentro de salas de aula. Com o resíduo de uma guerra ao redor, casas abandonadas e outras coisas. As vezes tínhamos aulas dentro dessas casas mesmo. Foi um período triste, porque as condições de alfabetização não eram os melhores. Na verdade os professores eram verdadeiros heróis, porque eles lutavam a guerra do querem saber ensinar. 

Os professores ensinavam com os recursos que tinham, sem sala de aula, sem cadeiras, sem mesas, sem livros, sem nada. Nós ficávamos em baixo de árvores. Sentadinhos no chão escutando e olhando a professora nos explicando as coisas. Aprendendo o que era possível. Talvez era uma forma naqueles tempos de sairmos da guerra. Acho que era isso mesmo. Era nossa fuga para o que estava acontecendo no nosso país. 

E os professores era nossos verdadeiros heróis, porque não desistiam de nenhum de nós. Estavam conosco por amor. Lutando a guerra das letrinhas do alfabeto e dos números. Sentávamos onde era possível, em pedras, em pedaços de madeira, em qualquer coisa. Se tínhamos um banco trazíamos de casa. 

Mas quando voltou a paz tudo mudou. Em 2002 acabou a guerra. E minha mãe voltou para a zona rural. Eu meus irmãos ficamos na capital para continuarmos nossos estudos. Naquela época eu estava com seis ou sete anos de idade. E com a paz o governo determinou que todo o estudo no período de guerra fosse desconsiderado porque na verdade não tinha tido nenhum critério de qualidade, apenas muita dedicação e amor por parte dos corajosos professores. E assim, todos retomaram os estudos de onde pararam antes da guerra. No meu caso tive que começar do início. 

Assim, entrei com oito anos no primeiro ano, já com uma idade avançada. E a escola já com algumas melhores condições para nos receber, onde minha irmã era professora no ensino primário. Um ano depois todos voltamos para a cidade de minha mãe. Porque ela já havia organizado nosso retorno e já estava tudo seguro e normalizado para morarmos na zona rural. Essas escolas eram Católicas. Quando cheguei ao ensino fundamental as coisas melhoram mais um pouco, tendo ido para uma escola bem melhor. 

Nossas praças e parques tem brinquedos como balanços, escorregadores e carrosséis, com muitas crianças e brincadeiras realizadas no chão, como a brincadeira da Cimalha ou "Amarelinha" no Brasil.  A brincadeira do Ego, onde um dos participantes ficava agachado com a cabeça voltado para baixo e os demais amigos enfileirados, o primeiro saltava sobre ele e fazia uma determinada posição no salto, onde os demais deveriam repetir essa posição, aquele que não tivesse sucesso seria o próximo a ficar agachado. A Brincadeira do Sentido e Silêncio, onde brincávamos que éramos do exército e cada uma das crianças tinha uma graduação de soldado até general, e tínhamos que trocar comunicações entre nós, caso errássemos as "continências" perdíamos nossas divisas de autoridades, particularmente gostava muita dessa brincadeira.


















sábado, 19 de novembro de 2022

Alejandro - Sonho e Luta Para Erguer um Museu da Aviação

Alejandro - Sonho e Luta Para Erguer um Museu da Aviação 



Meu pai é Argentino, por isso até morei seis meses em Mendonça na Argentina que é uma região produtora de vinhos, é uma região famosa pelos vinhos Malbecs. Casualmente eu sou agrônomo e gosto muito de vinho. Eu cresci com uma garrafa de vinho em cima da mesa, porque para os argentinos o vinho não é uma bebida, pelo contrário ele é um alimento. Assim os dois temas mais fortes na minha vivência são a aviação que eu mamei da minha mãe e o vinho que eu mamei do meu pai. 


Meus pais tinham uma agência de turismo em Florianópolis, isso lá na década de 90, chegando a ser a maior empresa do ramo em Santa Catarina. Consequentemente eu cresci viajando muito em razão de descontos promocionais que os proprietários de agência recebem em tarifas aéreas, hotéis e passeios. Se não fosse por essa razão, sejamos realistas, jamais teria condições financeiras de ter viajado pelo mundo como viajei.


Eu amava passar pelo Aeroporto de Guarulhos. ele era uma loucura, para nós de uma cidade pequena. E a melhor parte da viagem para mim ela o tempo que eu ficava no Guarulhos, as vezes chegava a ficar horas, porque na época eram poucos voos que haviam de Florianópolis para Guarulhos e saíamos pela manhã e só iríamos pegar nosso voo internacional a noite. Assim, aquelas horas que passávamos esperando era uma riqueza. 


Eu lembro com detalhes, a maioria dos nossos voos eram Transbrasil, as vezes Varig e raramente Vasp. Lembro de nós aguardando nos portões. E eu amava ficar escutando as chamadas de embarques de outros aviões para diversos destinos para o mundo todo e eu ficava observando aqueles grupos de americanos, mulçumanos,  argentinos e outras nacionalidades também aguardando e caminhando pelos portões e embarcando. 


Pessoas desembarcando da Europa, Estados Unidos, Ásia. Talvez em razão dessa minha história até hoje quando eu vou a São Paulo sempre procuro pousar e decolar por Guarulhos, de certa forma para resgatar minhas memórias. E isso me faz muito bem, lembrar dessas minhas histórias, desses momentos de alegria. 


Imagina, éramos crianças e não tínhamos responsabilidades. Era só alegria mesmo. Esse aeroporto representa um portal pra mim. Era fabuloso ver aqueles aviões que decolavam aqui e iriam pousar em um outro continente, com uma outra língua, com pessoas com diferenças etnias. 


Eu ficava imaginando o que essas pessoas estavam indo fazer em seus destinos, talvez estivessem indo realizar um sonho, visitar um familiar, indo trabalhar, indo se despedir de alguém que faleceu, indo para sua lua de mel, fazer um tratamento de saúde, tem pessoas que irão morrer sem saber em alguns dias. 


Tem de tudo. É um extrato da realidade humana. Pessoas de diferentes pensamentos, diferentes culturas. Uns iriam ir e voltar, outros somente ir e ainda outros estariam regressando. E ainda outros talvez nunca mais retornariam ao Brasil. Outros estariam retornando ao seu País. Eu ficava pensando qual seria a história de cada passageiro em cada um dos assentos de cada avião. 


Cada passageiro conta uma história, uma história de voo e uma história de vida. Isso é muito rico. Essa é a maior riqueza num voo e poucos pensam nisso. A cultura que existe dentro de simples voo. Quantas histórias diferentes. Cada pessoa, cada família ou cada clã que está ali conta uma história. 


Lembro certa vez que eu estava indo para Toronto e o passageiro ao meu lado era paraibano que estava indo para trabalhar lá. Então, veja só eu estava indo a turismo realizar um sonho que era conhecer as Cataratas do Niágara e ele indo trabalhar em Toronto. Eu estava feliz da vida. 


E ele de certa forma, muito triste porque estava deixando a família para traz porque estava deixando a família para trás e só voltaria no mínimo em oito meses, então ele estava indo trabalhar lá para mandar dinheiro par família aqui. 


Uma coisa que é fascinante é olhar a terra, as pessoas, as casas, a cidade lá de cima do avião. Essa visão não tem preço. Nós aqui em baixo não temos essa noção do gigantismo que tudo é. Entendo que isso muda também os conceitos de escala do homem e noção de importância do homem. 


Então percebemos que somos tão grandes e ao mesmo tempo tão pequenos. Somos filhos de Deus e do universo, mas somos só mais um nessa grandiosidade e ao mesmo tempo somos tão importantes, é um paradoxo. Deus está dentro de nós. O universo está dentro de nós. E ao mesmo tempo nós estamos dentro dele. Isso tudo sempre mexeu muito comigo, toda aquela movimentação no aeroporto e dentro do avião. 


Então, essa criatividade e vontade de inovar venho muito de minhas experiências de quando eu era criança e quando eu pude vivenciar essas experiências com o avião e outras culturas em diversos países. Assim tive a oportunidade e porque não dizer que fui um felizardo de conhecer muitas culturas de diversos países como México, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, cheguei a morar seis meses na França quando adulto e então aproveitei para viajar de trem e conhecer um pouco da Europa como a Alemanha, Portugal, Hungria, Irlanda, Irlanda do Norte. 


Cheguei a residir também seis meses na Argentina, Chile, Uruguai, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Tailândia, Camboja, Cingapura, Malásia. Entre outros. Se eu tivesse hoje oportunidade de regressar para algum dessas países com certeza eu escolheria voltar a visitar todos eles, principalmente o sudeste asiático que eu tenho muita vontade de voltar, principalmente o Camboja. Olha vale muito a pena conhecer o Camboja, quem tem tempo, dinheiro e vontade de viajar esta ai minha dica. É lindo demais, além do preço ser convidativo. 


A França também gostaria de voltar, pela cultura, pela gastronomia. É demais a França. Principalmente o interior da França.  E claro né os Estados Unidos, sou fã dos EUA, tem gente que não gosta, mas a cultura dos caras não tem o que falar. Meu sonho é ainda morar em Nova York , quem sabe depois de encaminhar o Museu e um pouco mais a minha vida aqui no Brasil, quem sabe eu irei fazer um curso nos Estados Unidos de um ano em Nova York. É demais aquela cidade. 


Nessas minhas viagens todas fiquei de frente com diferente culturas e o que mais me impressionou, não tem como não falar da Ásia, porque é muito diferente. O país que eu mais me surpreendi foi o Camboja porque é um choque cultural muito forte. Primeiro nós ocidentais somos recomendados primeiro para  visitarmos uma grande metrópole afim de nos ambientarmos para depois irmos para uma cidade pequena no interior do Vietnã ou do Laos. 


Tudo é muito diferente. A comida é diferente, o cheiro é diferente, os carros são diferentes, o jeito das pessoas, o modo de viver das pessoas, a gastronomia, muita especiaria, as comidas muito diferente, a fisionomia das pessoas muito diferente, a arquitetura.


Não existe legislação de trânsito, que chegar primeiro entra e pronto, os famosos carros tuc tuc, a comida é muito barata, com um dólar você janta e bebe uma cerveja, a aridez daquele lugar é totalmente diferente do que eu já tinha visto. A riqueza e a opulência que lá existe é enorme em Dubai e em Doha.  


E com mais algumas horas de voo você está no sudeste asiático, na Baia de Maya Bay, um verdadeiro paraíso tropical, que é uma riqueza natural do mar e da mata, cheio de cocos, animais silvestres, é um lugar paradisíaco onde foi filmado o filme A Praia com Leonardo Di Caprio. 


E é um pouco contraditório porque vai tantas pessoas do mundo inteiro que perde um pouco o encanto. Por exemplo vão os Russos, Nórdicos, Europeus, Americanos. Então você chega lá e espera ver o cenário do filme e encontra cem lanchas uma do lado da outra e um público de até cinco mil pessoas por dia.  Em 2018 chegaram a fechar o local para visitação, veja a baixo:


Uma coisa que me chocou e então eu não quis fazer foi o turismo voltado a visitação com elefantes, fala-se que os animais são dopados. Eu penso que tem esse outro lado do turismo, e como herdei de minha família esse conceito de realizarmos um turismo responsável optei em não visitar os elefantes. Temos também que pensar em não abusar dos locais, das pessoas, do meio ambiente, dos animais. Assim eu me pergunto para que eu faria um passeio de elefante?


 Seria uma judiaria com o animal. Eu estive também na África do Sul e você vai bater foto com os tigres e leões e tem a impressão pela sonolência deles que estão dopados. Então pergunto: precisamos disso ? Precisamos bater uma foto com um leão para postar no Instagram ? Tem esse lado que nós temos que avaliar e nos reeducar. 


 O que mais impressiona é a cordialidade das pessoas. Quando você fala que é brasileiro eles conhecem todos os times brasileiros de futebol. Isso em todo o sudeste asiático. E ai começam a decifrar o alfabeto do futebol (Ronaldinho, Kaká, Pelé). Eu sempre gostei de andar com a Camisa da Seleção Brasileira, porque você sempre era reconhecido como Brasileiro e era extraordinariamente bem tratado, e já vinham conversar com você.  


Então o país que mais me impressionou e gostei foi o Camboja fora do padrão tradicional do turismo internacional, inclusive voei pela Catar, que foi uma excelente viagem, foi um voo total 22 horas de Guarulhos até Cingapura. 


Fiz essa viagem com muito medo por que tinha muita gente morrendo, por ser na época da gripe aviária, mas era mais no interior. E lá tive a oportunidade de visitar os enormes Monumentos que eram as maiores construções humanas até os anos de 1800. É uma coisa incrível. É um mix entre cultura Budista e cultura Hinduísta, tem os Deuses Hindus misturados com a cultura Budista. Tudo lá é muito louco. É tudo muito antigo. Tem os restos da Civilização do Povo Khemer. 


Então, o nosso planeta tão pequeno num mundão tão vasto e grande, e dentro de nosso planeta temos tantas diversidades, coisas diferentes. Temos vários mundos dentro de um mundo só. A religião Budista é muito simpática. 


Eu lembro que caminhava de madrugada em Bancoc e Camboja e nunca me aconteceu nada, porque eles tem um conceito do "carma", ou seja, se fizeram alguma coisa, eles terão que pagar. Assim, sempre me senti muito a vontade nesses países. A comida é fantástica. A culinária Tailandesa é espetacular. A comida do Camboja tudo é muito fresco, frutos do mar. Muito arroz, massa.


 Isso impressiona muito a qualidade dos ingredientes. Eu lembro que sempre tive medo de comer comida de rua, mas lá é tudo tão fresco que você pode comer a vontade. Não tive nenhuma intoxicação alimentar, porque os peixes e frutos do mar são transportados vivos em caminhões com água salgada até o destino final do comerciante. Eu sou vegetariano há dez anos, mas lá eu abri uma exceção. 


Porque lá é muito rico e não poderia perder essa experiência de vida. Esse choque cultural é riquíssimo porque mexe com teu cérebro. Por isso é espetacular viajar. Mas você não precisa ir longe para ver esses contrastes todos. Você pode ver essas diferenças aqui dentro do nosso Brasil. É só viajar e ver nossas diferenças de Norte a Sul.


Muitos dizem que era uma civilização que era de outro planeta, e eu até acredito. Tudo é muito desenvolvido. É muito maluco. Só você estando lá para compreender o que estou dizendo. Tem que ver para compreender. As coisas são tão antigas, que imagina ainda tem arvores centenárias que cresceram em cima das ruínas, dos monumentos e dos templos. 


Quem não assistiu tem que assistir o filme da Lara Croft para ter uma ideia, a coisa é surreal. Quem gosta dessas coisas pode também pesquisar na internet a cidade de Angko, vai ficar maravilhado e não vai se arrepender. É uma volta ao passado da civilização.


Com toda minha experiência de ter viajado por muitos países eu posso dizer que eu não trocaria o Brasil por nenhum outro país do mundo para morar. Acredito que nós brasileiros acertamos na loteria por termos nascido nesse país, por mais que muitas vezes seja a nossa realidade ou as nossas diferenças decorrentes da má distribuição de renda. Brasileiro não tem igual, nossa receptividade, nossa alegria. Eu acredito que não conseguiria ficar muito tempo fora do Brasil. Somos um povo e uma Nação única. 


Lembro muito também das miniaturas de aviões em metais fabricados na Alemanha, em escala de  1 x 600, que eu tenho até hoje, meus pais compravam geralmente nos EUA. Eram aviões da Varig, da Lufthansa, da Transbrasil, da Panam. Essas pequenas miniaturas alemãs não ficavam guardadinhas no armário para decoração.


 Pelo contrário, felizmente elas tem as marcas do tempo porque eu brincava muito com elas. Essa é a maior riqueza delas, a marca da criança nelas. A marca das minhas brincadeiras, de eu ter construído aeroporto, ter deixado cair no chão, ter brincado com outras crianças.


 De nada  vale só a miniatura, eu acredito que tem que ter uma história por trás de tudo, isso é a parte rica na história. Então as minhas miniaturas tem os riscos. Ficaram as marcas das crianças nelas, e é isso que conta a minha história de criança. O que dá vida a elas, são as histórias. Assim começou a minha coleção com 45 miniaturas chabaque.  


Colecionar esses aviões era meu hobby. Depois eu fui crescendo e não sei porque eu passei a comprar mais. Comprei até coisas em leilões. Comprei algumas do Sr. Vogelaar que considero o melhor construtor de maquetes do Brasil. Enfim, foi tudo garimpo, compra uma coisa aqui, outra ali. E eu também fui aprendendo a conhecer melhor as coisas. 


E o acervo foi crescendo até que no final do ano passado eu conheci a Wingwalking Marta e começou a surgir a ideia de criar um Museu e ela foi me dou os uniformes dela de quando havia sido Comissária da Vasp e deu também os uniformes da irmã dela que voou na Varig e Avianca. 


Recebi doação uniformes também de outras empresas como a Cruzeiro. O aeroclube de Santa Catarina me fez uma grande doação de manuais e de itens antigos. Porque hoje brincando eu tenho mais de quinhentas maquetes, entre muitas outras coisas como certificados, manuais, malas, uniformes, revistas, quadros, passagens antigas. 


Recebi também doação da esposa do Sr. Max Driter  que foi gerente geral na Swissair por mais de vinte anos. Eu acolhi carinhosamente todo esse material desse Sr. já falecido e como tenho a preocupação de preservar a história de cada peça de nosso futuro museu eu montei uns post onde conta toda a história de Sr. desde quando ele venho da Suíça.


Postei o quadro que ele pintou no Instagram. E sua esposa eu soube pelo seu filho que ficou muito emocionada. E para nós isso que valor. Não é o quadro, mas as história que tem por trás do quadro. Tenho a preocupação de registrar a história de cada item. Não adianta ter milharem de itens e não termos a história desses itens. Cada um tem uma história e um embasamento. 


Então, essas minhas memórias dos aeroportos, das viagens, de pessoas e culturas diferentes isso ajudou a formar muito a minha personalidade e criatividade. Inclusive com meu trabalho que atualmente é com Airbnb. Eu tento levar um pouco disso no meu trabalho e pro meu dia a dia até involuntariamente. 


Por exemplo criar uma casa temática do "Frews", que é o que a gente tem aqui de mais novo no nosso empreendimento. Ou seja, alugamos um apartamento  numa plataforma que se chama airbmb, onde esse apartamento é uma releitura de um dos principais cenários da série. 


Então que é fã da série pode viver essa experiência aqui. O que queremos fazer é trazer essas emoções e experiências ao nosso público. Assim, se um turista ou um profissional vier passar uma semana em Florianópolis pode vivenciar tudo isso se ele gosta de frews, e ele levará essa experiência para o resto da sua vida. Imagina dormir e acordar vários dias nesse cenário. 


Fiquei focado a alguns anos com apartamentos temáticos. Comecei com um apartamento que eu tinha e que estava desocupado a cinco anos atrás. Eu poderia ter alugado com um contrato anual, mas pesquisei no mercado e já vinha com essa ideia do airbmb. Porque eu havia chegado a morar nele antes e ele estava todo mobiliado, com móveis, máquinas, pratos, panelas, enfim tinha tudo. E resolvi fazer um teste. Eu acredito que nada é por acaso. As coisas devagarinho foram dando certo, eu errando e acertando. Acertando mais que errando felizmente. Fui me aperfeiçoando. 


Cheguei a ter o único curso de airbmb dentro do Brasil, instalado estrategicamente nas duas maiores plataformas de aluguéis de apartamentos temáticos brasileiros. Esse curso ensinava e ajudava as pessoas a fazer o que eu fazia. Passei a contatar pessoas para realizarmos parcerias com proprietários de apartamentos para multiplicarmos este conceito. 


Até porque eu não teria outros apartamentos para desenvolver o meu projeto. Assim, você tem que ter a visão de negócio que é necessário visualizar de que forma irá expandir seu empreendimento. E principalmente encontrar as pessoas certas e imóveis ideais para a realização deste negócio. Assim, hoje temos a oferecer ao público dois apartamentos sensoriais. 


Tinha um apartamento decorado com o ambiente da "Série do Frews" e  outro é da "Mônica". Os apartamentos eram totalmente temáticos, com cores, decoração, os móveis são todos pensados de forma que coloque o nosso hospede em pensar que esteja vivendo no mundo surreal do ""Frews" ou ficava  louco e não raro vai queria prorrogar a estadia ou voltar novamente. Tinha também um terceiro apartamento temático de vinhos, com uma adega temática, onde os hóspedes podiam saborear. Com  taças e rótulos. Com uma infinidade de coisas relacionada ao mundo do vinho.


Com o decorrer do tempo, eu sai da caixa. Quis unir toda minha coleção da aviação em um Museu. Passei a compreender que minhas coisas no meu entender não são para ficar dentro de casa. A ideia no início seria fazer um  apartamento temático da aviação pro Airbnb. Mas então eu pensei, é tanta coisa bonita, é tanta história da aviação que somente um público muito restrito teria acesso a tudo isso. Então surgiu a ideia de ampliar essa nossa vivência temática para mais pessoas e a forma que pensei em abrir um museu. 

Foi quando nos deparamos com as dificuldades para se abrir um museu. Que são muito burocráticas e complexas. Então, é muito caro e engessado para se manter o nome "Museu", porque tem que seguir uma legislação. Por isso que muitas pessoas que tem um acervo até muito maior que o nosso não abre um museu. É muito complexo e caro. 


Então, acabam preferindo mantem como uma coleção privada a se envolver com toda essa burocracia. Mas não desisti do meu sonho e fui atrás, corri atrás e conheci  várias pessoas me ajudaram, algumas deram orientações e conselhos, enquanto outras abriram as portas de suas casas e me confiaram confiança ao me entregar suas relíquias e preciosidades, recheadas de lembranças saudosas. 


Tenho que citar a contribuição de uma pessoa em especial, que abraçou o projeto com amor e profissionalismo desde o primeiro momento. Viramos horas, dias e semanas envolvidos nesse projeto. Discutindo isso e aquilo. Cheguei a realizar viagens de Florianópolis a São Paulo para podermos conversar e explanar melhor nossas ideias. Assim, do fundo do meu pequeno coração um enorme abraço a minha querida amiga Marta Bognar, onde aprendi com a Martinha "Impossível é questão de opinião!"


E assim, como muito trabalho e com calma, fomos levando nossa vontade de levar a Aviação da nossa experiência temática do Airbnb para um Museu e poder compartilhar com o maior número de pessoas e não somente com nossos hóspedes.  Fizemos um enorme inventário e uma etapa que deu trabalho foi da limpeza e organização desse inventário. 


Foram muitas peças que eu fui colecionando durante o tempo. Por exemplo quase duzentas Revistas Ícaro, não temos todas, mas temos quase todas. Isso tudo precisa de um cuidado. Florianópolis é uma ilha, assim tem muito vento, tem muita maresia. Não pode ficar no sol. Temos que ter cuidado com os insetos. 


Estamos passando por um trabalho delicado com todo o acervo de papel. Também temos uma coleção bem grande de Uniformes de empresas nacionais que precisam de um cuidado especial. Então estamos no momento de reserva técnica de cuidar disso tudo, que já não é fácil. No começo não vai ser nada igual ao Musal do Rio de Janeiro, mas está sendo algo muito especial. Nosso museu é sensorial, como é a cultura do Airbnb. 


Não é apenas para entrar e olhar coisas antigas. A ideia é poder entrar e imaginar o que está por trás de toda aquela cultura que estaremos expondo. Temos a consciência que seremos um Museu pequenos. Não teremos um Avião de verdade, como é o caso do Musau ou do Museu da Tam. Além disto não temos uma empresa por trás. Somos na verdade entusiastas e sonhadores que apenas quer levar nossos sonhos a outras pessoas. 



Florianópolis é uma ilha mágica e linda. Eu acredito que falta alguma coisa assim aqui. Quando chove não tem muito o que fazer. O destino das pessoas é belezas naturais e praia. Falta muito a evoluir. Estamos muito distantes culturalmente das outras capitais aqui do sul, como Porto Alegre e Curitiba. 


Eu entendo que neste ponto a ilha deixa muito a desejar nesse ponto e é possível  desenvolver e evoluir a cidade. E colocarmos o Museu Aéreo dentro do contexto turístico da Ilha, tanto para turistas quanto para a própria população e escolas. Então a gente tem muito interesse em juntar toda essa parte da aviação com que já existe hoje no roteiro do Sul da Ilha, em Campeche. 


Para quem não é dessa parte da ilha nem sabe o que vou contar. O autor do Livro Pequeno Príncipe, um dos livros mais vendidos no Mundo e traduzido para mais de 200 idiomas, o Francês Antoine Saint Exupéry durante muito tempo pousava na praia de Campeche aqui em Florianópolis quando em trabalho no Brasil. De tanto pousar e decolar instalou-se um campo de pouso na época. Atualmente este espaço é utilizado para partidas de futebol. Veja só quanta história e com certeza quem está lendo nem imaginava isso tudo.


Também temos a intenção de fazermos acomodações temáticas dentro do Museu. Então as pessoas que vieram para Florianópolis terão a oportunidade também de se hospedar dentro do Museu, seguindo o conceito Airbnb, como várias opções diferentes. Não sabemos ainda como seria. Mas temos a pretensão dos hóspedes poderem ficar hospedados dentro de um avião da Vasp ou da Transbrasil. Em contato com muitas pessoas conhecedoras do assunto e da burocracia me aconselham que o título Museu será inviável financeiramente. 


Então, a saída será chamar de Coleção Privada, o qual na prática terá o mesmo efeito.  Assim, vamos ver o que poderemos receber de apoio com Entidades, Empresas e Instituições de Apoio, porque então já será uma associação e não mais um colecionador pessoa física. A ideia é abrir sim um Museu, começar pequeno. E quem sabe onde os ventos irão nos levar. E aos poucos vamos crescendo. Mas fazendo bem legal desde o começo. Fazendo com carinho e contando a história das pessoas.





Irio Zimmer
Boa ideia


Antônio Antunes
Coloca uma estátua da Transbrasil.

Maria Lúcia Dos Santos Lucia
Parabéns
 e muito sucesso

Kleber Sousa
Parabéns
 


Oswaldo Portella
Muito justo. VARIG foi a maior e melhor empresa aérea da América Latina.

Ivone Ávila
Maravilha. Se possível em Porto Alegre.

Leila DE Azevedo
Eu vesti essa camisa com muito orgulho e carinho

Oswaldo Portella
Muito justo um museu para a VARIG, que foi a maior e melhor empresa aérea da América Latina!


Alexandre Zevzikovas
Parabéns

Paulo Cesar Medeiros Bambu
Não deveria ser um sonho , deveria ser uma obrigação do governo federal e estadual ,afinal de contas tem muitas aeronaves que fazem parte da nossa história

Marcos Buratti
Parabéns
.... Sonhos demoram, mas tornam realidade....

José Roberto Marcondes
Obrgds Caro Amigo Abrçs Ki Saudades da FAMILIA VASP

Antoine Abd
Muito Legal !!!