sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

CLÁUDIO 0 OPERADOR DE RAMPA - TRANSPORTADOR DE CHIPANZÉ E LEOA


Sou o Cláudio, fui operador de rampa. Que alegria poder contar minha história para o blog. Isso prova que existe espaço para todo mundo aqui. Muito democrático. Foi uma luta para entrar na TAM, mas depois que entrei foi uma realização pessoal e profissional. Já trabalhava com logística e conseguir trabalhar numa empresa aérea foi o apogeu. Entrei na empresa em 2014 na época da Copa do Mundo. Costumo dizer que foi por muita insistência minha. Estava cadastrado numa agência de empregos em Guarulhos. Na primeira oportunidade não fui selecionado. E na segunda vez, realizei uma entrevista expliquei que minha experiência era de carregar e descarregar caminhões. Especificamente era para o mesmo cargo, porém de aviões. 


O mundo é realmente muito curioso e dá voltas extraordinárias. Veja só, minha mãe nasceu e cresceu onde foi construído o Aeroporto de Guarulhos. Existe um aglomerado de árvores próximo ao estacionamento onde minha brincava. 

O local que existe a cancela de entrada dos automóveis do estacionamento era a casa de minha mãe. E claro que quando lembrava disso, era muito emocionante. Algo surreal. E costumo dizer que nas minhas veias correm querosene de aviação e não sangue. Tive um tio que trabalhou no Aeroporto Santos Dumont e outro na Embraer. 

Realizava o serviço de rampa e atendia os aviões 767, Airbus A330, A350. Inclusive recordo que a TAM teve três aviões 767 em sua frota. Sempre tive o maior prazer de realizar o meu trabalho. Estar rodeado por dezenas de pássaros de ferro gigantes. Era avião de todo o tamanho e de todos os lugares do mundo. Tive a oportunidade de chegar perto do famoso Antonov, de aviões de guerra, jatos executivos, o 777, o MD-11, o 747, aviões presidenciais e milhares de outros.

Trabalhar no pátio do maior aeroporto do Brasil e um dos maiores do mundo é uma sensação única. Certas noites a temperatura chegava quase a zero graus. O nosso trabalho baseava-se principalmente numa atividade em equipe. Onde cada um de nós dependia do trabalho do colega. Existe um procedimento para realizar o carregamento de um avião. Não é só chegar e começar a colocar as caixas e malas em qualquer lugar e de qualquer jeito. Aguardávamos em nossa posição, chamada "remota". Todo o material a ser transportado vinha tudo numerado para sabermos onde colocar. 

O carregamento sempre iniciava pela parte dianteira do avião. E para descarregar o contrário, começa pela traseira. Isso porque se fizer o contrário corre o risco do avião empinar seu nariz, equilibrando naturalmente a aeronave. Tive a alegria de transportar a chipanzé Cecília vindo da Argentina e uma leoa também do nosso país vizinho. Habitualmente fazíamos dois ou três voos numa manhã

Iniciava com a apresentação da documentação do que seria a carga a transportar, fosse relativo as malas dos passageiros ou a carga. Estava principalmente nos voos internacionais como Paris, Londres, Nova York, Miami, Santiago, Orlando. 

Os tratores já traziam a carga no PMC, que era uma lâmina, onde era passada uma rede de proteção. Éramos nós que também colocávamos os causos nos trens de pouso, os cones no nariz e ao redor do avião. Somente após todo o balizamento é que iniciávamos o trabalho.


Meu primeiro líder de trabalho foi o Sr. Elias, um profissional sensacional. Durante muito tempo atendi o voo de Miami 8094 que era o carro chefe da TAM, operado com o 777. Era um voo muito pesado, carregava muito salmão que vinha do Chile, normalmente com mais de dez toneladas no porão dianteiro, tudo em PMC. 

Nosso horário era de seis horas, assim não precisávamos almoçar ou jantar. Apenas realizávamos um lanche no horário de espera entre os voos. Levávamos café de casa, e cada um trazia alguma coisa para comer. Era muito gostoso tomar o café na pista observando toda a movimentação dos aviões ao nosso redor. 

Realizei meu sonho de trabalhar dentro do aeroporto onde minha mãe nasceu. Viajei com a TAM, fui a Natal, Maceió, Porto Seguro. Só tenho boas lembranças daquela época. Fiquei muito triste quando chegou a terceirização, após o advento da venda da empresa. Foi então que ocorreu minha dispensa. 





quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

MOISÉIS PAES - DE CARREGADOR DE MALA A GERENTE GERAL

 

Foto recuperada por Edison Rodrigues

Fui parar na aviação por casualidade. Aos quatorze anos fiz um curso de mecânico de automóvel -  desenhista industrial no Senai em Araçatuba, mas não encontrei colocação no mercado de trabalho. E próximo a minha casa havia um pequeno campo de pouso chamado Campo de Aviação Bairro Santana e quando não tinha nada para fazer, ficava lá olhando os aviões pequenos pousando e decolando. 

As vezes pousava um avião da Tam Táxi aéreo e nessas horas eu entrava em delírio. Ficava admirando as pessoas de longe, todos uniformizados. Eram os únicos que usavam uniformes, porque os outros aviões eram de fazendeiros. Fiquei sabendo com o tempo que havia surgido uma vaga de ajudante e mecânico num dos outros aeroportos da cidade. Não tive a menor dúvida, no mesmo momento peguei a bicicleta e atravessei quinze quilômetros e conquistei meu primeiro emprego na aviação. 


Naqueles tempos quem fazia a rota Araçatuba era a Vasp que operava por São Paulo e Campo Grande e a nossa cidade era pequena e não gerava muitos passageiros que justificasse uma escala de um avião grande, assim a Vasp acabou deixando de pousar não só em Araçatuba como também em Marília, São José do Rio Preto, Bauru e outras pequenas cidades não tiveram mais interesse financeiro de serem operadas por grandes companhias.  

Para suprir essa nova demanda regional o Governo criou na década de  setenta o SITAR - Sistema Integrado de Transporte Aéreo Regional, onde dividiu o Brasil em cinco regiões e concedeu uma outorga de operação regional inferior as linhas domésticas que eram operadas pela Varig, Cruzeiro, Vasp e Transbrasil, que não tinham mais interesse econômico para operar na aviação regional. 


E desta forma outorgou cinco táxis aéreos para realizares essas rotas, sendo a Tam Táxi Aéreos, Rio Sul, Taba, Nordeste e Votec. E o Governo por sua vez subsidiou com 50% dos assentos vazios para decolar o projeto, nessa época a TAM tinha o apenas onze Bandeirantes de quinze assentos. 

A Tam Taxi Aéreo Marília virou Tam Transportes Aéreos Regionais e digamos assim, como uma operação comercial herdou onze aviões Bandeirantes que eram da Vasp na sua frota. A Tam Regional montou uma base no "hangar 1" no Aeroporto de Congonhas, onde havia uma equipe de pilotos, mecânicos, coordenadores de voo, com o comando do Gabrielli, o qual ele vem desde o tempo do táxi aéreo, e por sua vez o táxi aéreo na verdade nunca deixou de existir, pois atualmente se chama Tam Jatos Executivos que também vende aeronaves.


Os primeiros voos da Tam Regional já incluíam a minha cidade, sendo São Paulo, Bauru, Araçatuba, Rondonópolis e Cuiabá com o Bandeirantes para quatorze passageiros e foi então que recebi um convite da TAM para trabalhar no Aeroporto de Araçatuba em 1978. Era o carregador de mala e pesava a mala no balcão de embarque, entre outras atividades.  

Seis meses depois fui promovido para o check-in e logo em seguida outra promoção para despacho de voo, onde emitia passagens, atendia passageiros, fazia o cartão de embarque. Tudo manual. Acompanhar o embarque. Eu trabalhava de dia e estudava a noite. Em seguida a Tam Regional passou a operar Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Marília, Ourinhos, Ponta Porã, Campo Grande e assim voava o Bandeirantes céu a fora. 

Foto recuperada por Edison Rodrigues

Não demorou muito a TAM Regional trouxe da Europa os primeiros Fokker 27, que vieram da Holanda, assim passei a realizar muitos cursos internos de certificação. E havíamos saído de uma aeronave de quinze lugares para quarenta e quatro assentos, isso foi um salto. Surgiram as comissárias de bordo. Minha trajetória na TAM foi de mais de vinte anos. E o fluxo de passageiros aumentou e a TAM passou a levar carga nos porões das aeronaves junto com as malas. Fazíamos manualmente o a documentação de "conhecimento aéreo". 


Nada era informatizado ainda. Tínhamos uma sala de despacho de voo que era composta por um rádio SSB que consistia num rádio grande a "válvulas" herdado da VASP e com ele falávamos a longa distância com São Paulo, Cuiabá e Rondonópolis e tínhamos outro rádio menos VHS que se falava com os comandantes a quinze minutos para pousar, onde passávamos as condições de tempo e mais algumas outras orientações. Hoje a maioria das pessoas nem imaginam o que seja um rádio a válvulas, risos. 

Tudo mudou nesses anos, quando iniciei a lista de passageiros chegava por telex, e hoje as pessoas nem sabem mais o que é isso! Na época da TAM Regional as listas de passageiros eram transmitidas via rádio SSB, duas horas antes a Central de Reservas passava a lista com todos os nomes de passageiros, anotávamos numa folha. O problema era quando não fechava a lista com os assentos disponíveis, e o que fazer quando tinha mais pessoas que assentos? Então, tinha que telefonar para a Central em São Paulo com  telefone comum, quando o Brasil inteiro telefonava. 

As vezes o telefone estava com cadeado e o Gerente não estava presente. Era um verdadeiro sufoco. Naquela época nem se sonhava na existência de um celular!  Nossa salvação era o Chefe de Coordenação Gabriele de São Paulo. A prioridade era não deixar ninguém para trás se fosse um ou dois passageiros era fácil de resolver. As vezes um ia na cabine com o comandante, outras vezes tinha uma criança pequena e conversávamos com a mãe e explicávamos o problema e ela aceitava levar a criança no colo. 

E rotina era o que menos acontecia, volte e meia surgia algum avião com problema de pane, passageiro brabo, passageiro dizendo que era amigo do comandante Rolim para obter vantagens. Em Rondonópolis não raro algum cidadão puxava da cintura um revólver ameaçando todo mundo de levar tiro que ele não embarcasse. Todo dia era uma aventura diferente e todo o tipo de problema. Enfrentávamos na unha, cara a cara com o cliente. Era uma fase boa. Mas não abandonávamos nenhum passageiro. E no outro dia, era outra confusão. Atualmente impossível soluções dessas naturezas.

Nós tínhamos essas dificuldades, mesmo assim, era uma paixão trabalhar na TAM do Comandante Rolim. Na verdade, quando mais confusão, melhor era. Emitia as passagens ou cartão de embarque a caneta em várias vias carbonadas, com o avião esperando na pista. Hoje nada disso existe mais. Nem o manche do comandante existe mais. Hoje a navegação é enviada paro o tablet e de lá cai no computador do avião. Todo o sistema analógico foi substituído por digital.

Assim funcionou lacrado de 1975 a 1993.  A partir de então iniciou a abertura desse mercado pelo Governo com a entrada da Pantanal e em seguida entrou a Passaredo. Mas nessa altura a TAM já tinha crescido muito, já estava em busca de um avião a jato. Estava em busca no mercado e encontrou o Fokker 100. Estava querendo buscar novos mercados e deixar aquele mercado pequeno e regional. Nesse andar todo, fui gerente de aeroporto de Bauru. Cheguei a ficar dois anos na Pantanal e um na Nacional Aviação e retornei a TAM. 

O Comandante Rolim constantemente visitava nossa base de Araçatuba, inclusive várias vezes vinha pilotando os aviões da TAM Regional e os Embraer. Ele tinha vários amigos fazendeiros na cidade, era comum ele pousar nas sextas feiras, aproveitar e passar o fim de semana na cidade. Sempre estava interessado em saber tudo que estava acontecendo com a empresa, queria saber quantos haviam embarcado no voo da manhã, da tarde, na semana toda, no dia anterior. Queria escutar opiniões e sugestões. 

Ele era uma pessoa muito simples, conversava e cumprimentava todo mundo. Não diferenciava um funcionário mais graduado de um menos graduado, para ele todos eram importantes e faziam parte da família TAM. Conversava com o funcionário que carregava mala, com o atendente do balcão, com o despachante de voo. Só depois de conversar com todo mundo é que ele ia embora para os compromissos particulares. A convivência com ele era muito boa. 

A minha paixão pela empresa era tamanha que em Araçatuba era ponto de manutenção dos Embraer porque sua rota definia que vinha de Campo Grande e dormiam no nosso aeroporto, assim volte e meia embarcava um mecânico de São Paulo no Fokker 27 para realizar a sua manutenção padrão. Então ao invés de voltar para casa as 22 horas com a Kombi da empresa eu preferia ficar com o mecânico realizando a revisão do "Bandeco". 

Era uma realização, nem percebia a noite passar. De repente o mecânico me dizia que já estava amanhecendo e que daqui a pouco iria voltar para São Paulo. Neste momento eu providenciava um transporte para casa e voltava somente para o aeroporto no meu turno as 1600 horas. Isso era paixão, fazia por amor, e não recebia hora extra por isso. E foi desta forma que aprendi muitas coisas com os mecânicos durante vários anos. 

Era muito engraçado para nós funcionários, toda sexta feira ficávamos esperando o Fokker 27 pousar na expectativa se o Comandante Rolim estaria no comando da aeronave. Para todos nós era gratificante ter o presidente da nossa empresa ver ele na janelinha pilotando o avião. Isso era uma festa para todos nós. Era uma alegria que não sei explicar. Muitas vezes ele estava acompanhado por outros Gestores da empresa como o Humberto Lopes de Anjos, o Gabrielli Antônio Carlos, Cidinha e o Comandante Guilherme. Esses quatro até onde eu sabia eram os alicerces de apoio do Rolim.


Em 1984 fui convidado a ser Gerente Geral de Aeroporto em Bauru, onde fiquei quase dez anos. Quando fui trabalhar na Pantanal por uns seis anos. E depois voltei a TAM como Gerente de Controle de Qualidade de Manutenção de Pista. Onde vim a conhecer uma nova TAM já com os FOKKER 100 e com os Airbus A320 e com o A330 que voava Internacional. Nesse período a concorrência ficou mais forte. Tínhamos um Diretor muito competente que era o Luís Eduardo Falco, que foi a profissional que traçou o salto da TAM Regional para TAM Nacional e Internacional. 


A TAM nunca parou de crescer. Comprou a Votec e a Pantanal. Chegaram os Airbus e a TAM trabalhando nas rotas internacionais, o mercado passou a exigir a figura do Gerente de Controle de Qualidade, eu era um deles, era o responsável por dezesseis bases e cento e oitenta mecânicos.

Foi um período que a TAM fretava dezenas de aviões para a CVC principalmente Porto Seguro que chegava a ter sessenta fretamentos só no final de semana do Brasil inteiro, era uma loucura. Fiquei mais próximo com a operação de São Paulo, pois minhas viagens a capital paulista passaram a ser frequentes para reuniões e morei um ano em Salvador em razão do enorme movimento.

No começo na TAM Regional foi feito por pessoas que amavam a aviação e a filosofia do Comandante Rolim, meu horário era das 07 da manhã às 19:00 horas. Eram doze horas por dia. E nós queríamos trabalhar ainda mais. Tamanho era o contentamento e o amor pela  aviação. Ainda não tínhamos os benefícios, que vieram pouco tempo depois. Nem transporte ou vale refeição. Cada um de nós levava a marmita na mochila. Me levantava cedo e ia de bicicleta meus quinze quilômetros feliz da vida na ida e na volta, com sol ou com chuva. Então, no começo a TAM foi feito por pessoas que realmente gostavam do que faziam e da empresa. Isso lá em Araçatuba. 


Antes de decidir por sair da TAM primeiro conversei muito com minha família. Expliquei que com a saída do Comandante Rolim da empresa, minha presença e inclusive meu trabalho eu senti que perdeu sentido e até mesmo a motivação. E a empresa estava passando por uma transformação que não tinha mais a identidade do Comandante Rolim e assim foi me dificultando continuar na empresa, pois eu era um dos pioneiros da TAM a continuar e estava percebendo que a cada dia estava ficando sem espaço. Quando deixou de ser TAM, perdeu a identidade de vez com o nosso passado. Então achei melhor encerrar meu ciclo na TAM de quase trinta anos.


A TAM foi a melhor escola que poderia ter tido. E o que falar do Comandante Rolim? Foi meu mentor,  professor e referência de todos os tempos. Ele tinha uma estratégia que começou lá trás. Não tinha modernidade nenhuma. Era aviação de pé e mão. No seu tempo a prioridade era atender o Cliente. O passageiro não era apenas um número numa lista de embarque que tinha que seguir regras. Por exemplo, a TAM foi a primeira empresa a possibilitar a antecipação do embarque no portão de embarque para qualquer passageiro se houvesse desistência de outro passageiro sem nada pagar, ou mesmo no check-in gratuitamente. 

A bordo as poltronas da classe executiva domésticas estivessem desocupadas os passageiros com Fidelidade Vermelha eram convidados a ocupar. Existiam um carinho enorme com os passageiros. Como também existia por parte da TAM uma política voltada a dedicação dos funcionários em geral de resolver os problemas dos passageiros. Isso era naqueles tempos da TAM. Acredito que hoje a aviação em geral nacional infelizmente burocratizou, como eram as outras empresas daquela época. Perdeu-se o brilhantismo e o sorriso no atendimento que havia. 

Tive outros professores na empresa como o Comandante Francisco Perez, o Comandante Capistrano, o Comandante Castro, entre outros. Todos são grandes amigos, além de excelentes profissionais. Trabalhei na TAM por amor, por paixão, por gostar. Sou muito grato a TAM, muito mesmo. Em primeiro lugar como já disse, ela foi minha escola de formação.

Em segundo lugar porque nunca tive que enfrentar um processo seletivo em nenhuma empresa por qual passei. Em terceiro lugar foi a TAM que proporcionou a construção de minha família e a formação dos meus dois filhos, o Murilo tem 39 anos é meu assistente e a a Milena reside nos Estados Unidos. Por fim, fico feliz por ter sido lembrado, logo eu que vim lá do interior de São Paulo, um rapaz que iniciou carregando malas. 




quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

SOLANO : UM COMISSÁRIO QUE TROCOU UMA PAIXÃO POR UM AMOR


 

Sou o Solano vou contar um pouco da minha trajetória na TAM, em 1986 realizei uma viagem para Orlando, foi quando fiquei apaixonado pela profissão de comissário. Na volta procurei uma escola de aviação, realize o curso de comissário na Tam Training Division em Curitiba. Após realizei um processo seletivo com centenas de candidatos para apenas quarenta vagas. E incrivelmente eu de uma cidadezinha do interior do Paraná chamada Telemaco Borba fui um dos aprovados. 

Conquistei a bandeirinha do Brasil no lado esquerdo no uniforme da TAM e do direito a bandeira que representava o idioma inglês. Realizei um treinamento interno na empresa muito dinâmico e exigente. Aprendi muito, desde passar roupa, maquiagem ou a coçar o nariz discretamente. Nossa professora foi a Dona Pina. A formatura foi linda e inesquecível, eu estava de gala, parecia um príncipe. 

Fiquei tão apaixonado pelo "Conceito TAM de Voar", na forma de conversar com os passageiros, simplesmente de igual para igual, eu atendia todos da mesma forma do mais humilde da econômica aos famosos empresários e políticos da primeira classe. E tudo isso me incentivou já no primeiro ano a realizar um intensivo de espanhol de trinta dias nas minhas férias. E foi assim que ganhei a segunda bandeira estrangeira no uniforme. 

Minha escola foi o Fokker 100, onde aprendi muito. Voei anos realizando a Ponte Aérea. Existia uma comunicação interna na escala denominado FALEME, que normalmente quando algum tripulante recebia tinha a expectativa de ser algo negativo, como uma advertência ou para chamar a atenção de uma reclamação de passageiro. 

Por exemplo a apresentação não estava de acordo com as normas da empresa. Nunca se esperava algo positivo, que também era normal de ser utilizado. No meu caso recebi aos onze meses um FALEME com o convite para o treinamento de chefe de cabine e a tripulação toda comemorou comigo.

A maioria dos funcionários da TAM sabiam das origens humildes do Comandante Rolim, cresceu numa casinha de barro, sem luz e banheiro. Não concluiu os estudos escolares para trabalhar nos mais variados serviços. Vendeu sua lambreta para fazer o curso de piloto e depois de começar a voar, havia tido várias vezes malária e tantas outras histórias. Ele foi um visionário. Foi o Silvio Santos para nós na TAM, que de camelo chegou a dono do SBT. 


Aliás os dois na verdade tinham um enorme respeito e preocupação por todos seus colaboradores. Gostava muito escutar as pessoas. Nos deixava a vontade para conversar. Nunca se colocou na posição de dono da empresa e nem criava uma distância entre os funcionários. Cumprimentava a todos e sempre queria escutar nossas opiniões. Queria saber o que estava acontecendo em sua empresa. 

Tive o prazer de voar várias vezes com o Comandante Rolim, e percebi que ele tinha uma enorme preocupação com o "borrachão" que era o carpete que ficava no piso na entrada do avião, de frente do cockpit, em toda galley e nas toaletes,  em estar sempre limpo. Sempre fui perfeccionista, assim, mesmo a turma da limpeza passando para arrumar as toaletes, eu passava meus olhos para conferir e dobrar os papéis higiênicos de biquinho, o espelho, a pia e o assento do banheiro bem limpos. 


Eu ainda fazia uma mistura mágica, um pouco da vodca misturada com água quente, limão e sabonete curtindo alguns minutos eu passava no banheiro e na galley toda com o lenço umedecido e o que sobrava passava no chão.

O Comandante Rolim era muito profissional. Conosco homens era mais formal, com as comissárias era mais gentil. Participei de algumas reuniões com ele. E sempre havia uma comissária junto na mesa de reunião rigorosamente trajada no Padrão TAM. O batom e o esmalte eram obrigatoriamente na cor vermelha, sempre na cor TAM. Nós sempre tínhamos que estar no rigor da vestimenta e as mulheres sempre com o batom, os cabelos e o esmalte em perfeição. O cabelo das aeromoças também tinha suas exigências com gel, coque e sempre curtos. 

Os ensinamentos que aprendi na escola TAM serviram para minha vida toda. Tive o privilégio de trabalhar em uma empresa que o dono era uma pessoa no meio de uma multidão de funcionários. Era uma pessoa como qualquer um de nós. Era de carne e osso. Não ficava trancado numa sala, como uma autoridade superior a todos os demais funcionários. Ele cumprimentava a todos os colegas de trabalho com um sorriso no rosto e nos olhava nos nossos olhos, do auxiliar de limpeza ao vice-presidente. 

Acredito que eram incontáveis os  "bom dia" que ele dava durante uma manhã. Quando eu voava com o Cmdt. Rolim eu o tratava como um passageiro normal, mas invariavelmente tinha um carinho especial pelo nosso patrão como se diz na minha terra. Fiz o primeiro voo para Paris com a Comandante Hortolã, onde estava a bordo o Comandante Rolim. O pouso foi tão suave que o Cmdt. Rolim pegou o microfone e elogiou a Comandante e pediu palmas a ela.

Uma das saudades que tenho dos tempos da aviação e que a TAM me proporcionou foi a possibilidade de conhecer inúmeros países e cidades. Quantas culturas diferentes. Museus, passeios, comidas estrangeiras, formas de pensar diferentes. Jamais teria tido condições financeiras de ter conhecido o Brasil e o mundo. Abri a minha mente. E a amizade entre os colegas de trabalho? Sempre foi sensacional. Trago muitas dessas amizades até hoje. Havia comandantes mais sérios e outros mais simpáticos com a tripulação. 

O nosso convívio era espetacular, saímos todos juntos para as refeições e  nos passeios da cidade. Nos hotéis os quartos melhores ficavam para o comandante, depois para o copiloto, chefe de cabine e por fim os comissários. Eu costumava dizer que íamos "em pé até nossos destinos". Eram muitos detalhes o tempo todo. Recepcionar os passageiros, entregar jornais e revistas, drinques, balas, refeições, café, recolher tudo e pousar. 

E quando ouvíamos o comandante falar "Tripulação de bordo, pouso autorizado" para nosso destino final era a uma maravilha, porque sabíamos que iríamos para o hotel descansar. Então, no hotel descansávamos e conforme o horário combinado e já íamos para a rua para conhecer lugares novos. 

Certa vez fui surpreendido por um passageiro que embarcou antes do horário, exatamente quando estava realizando minha vistoria e passando meu produto mágico no chão com um pano andando de costas, e nisso esbarei no passageiro e me virei rapidamente e me dei de cara com o Comandante Rolim e lhe falei: Nossa Comandante Rolim, desculpas por isso. Então ele me respondeu. "Solano, não precisa se preocupar. Perfeito, perfeito. Posso olhar a galley e a toalhete?

Então, mais sereno depois do susto lhe respondi positivamente que sim. Ele olhou ambos, viu que estava tudo direitinho e com um aroma de limão no ar e ainda falou: "Perfeito! Até os aviões da TAM quando ficam sabendo que o Solano vai embarcar ficam felizes porque sabem que irão ficar cheirosos e limpinhos" Mas o sucesso de um voo, sempre foi de toda uma equipe. Que sempre começava fora da aeronave das pessoas que vendiam as passagens, todos os profissionais da administração, operação, oficinas, enfim de toda a empresa. Sempre no início dos trabalhos pedia a colaboração de todos os colegas e no final agradecia a todos pela colaboração e principalmente por tudo ter ocorrido conforme o "Padrão TAM de Voar!"

O momento mais difícil na minha vida de comissário foi quando me deparei com um menino de dezesseis anos que havia embarcado com sua mãe. Ele havia chamado minha atenção em razão de sua cor muito diferente, amarelo muito esquisito. Sua mãe no decorrer do voo acabou bebendo um pouco além da conta. O rapaz foi para a galley do fundo do avião e percebi que estava muito triste. 

Pedi para ele se sentar no assento do comissário e começamos a conversar porque queria entender e tentar ajudar. Foi então que ele explicou que estava com câncer terminal e esta seria sua última viagem do seu tratamento porque os médicos haviam o "desenganado" e desabou no choro. Todos nós ali na galley ficamos calados, reinou um silêncio. Todos abraçamos ele e choramos. Perguntei se podia realizar uma oração, respondeu que sim. 

Os comissários fizeram uma roda, nos abraçamos e rezamos com ele no centro. Depois conversamos muito com ele. E pedi sua autorização para trazer sua mãe, inicialmente ficou receoso, mas autorizou. Conversei com muito com ela, e convidei para ir ao fundo do avião. Lá realizamos uma nova oração. Nunca mais tive notícias da família, mas também nunca mais esqueci do menino. 

Tive uma situação delicada quando uma senhora já de certa idade teve um princípio de enfarte. Junto com a filha colocamos ela deitada no corredor e iniciei os procedimentos que nós tripulantes estávamos certificados a realizar, como massagem cardíaca, coloquei o oxigênio, o comandante e procuramos saber se existia algum médico a bordo, que infelizmente não havia. Nesse meio tempo suas pupilas delataram, ela acabou vomitando e fazendo xixi e coco deitada no corredor. 

Seus dedos e lábios começavam a ficar roxos, tiramos seus sapatos e eu o tempo todo realizando a massagem cardíaca. Pousamos o avião e eu continuei mesmo assim com ela na massagem. Mal o avião parou, o caminhão ambulância já acoplou na aeronave e levaram a passageira, e nesse meio tempo passei as informações a equipe médica. Fui parabenizado pelo médico que me disse "você realizou um ótimo procedimento e chegou a ressuscitar porque ela já estava partindo!"

Outra situação delicada foi quando uma passageira com uma enorme barriga estava embarcou. Eu lhe perguntei com quantos meses estava a gravidez e me respondeu que eram apenas seis meses, conforme declaração médica. Porque aos sete meses precisava de autorização médica e a partir do oitavo embarca com acompanhamento de um médico. 

Num certo momento do voo iniciaram as contrações e para ajudar estourou a bolsa. Minha equipe rapidamente começou a preparar vodca para passar nas minhas mãos, mantas para improvisar uma cama no corredor do avião e para enrolar o bebê para evitar qualquer risco. Nosso treinamento nos qualifica para a realização de um parto, porém minha preocupação era se a criança estivesse numa posição invertida para o parto ou com o cordão umbilical enrocado no pescoço. 

Pousamos no aeroporto mais próximo e graças a Deus a mal a passageira foi transferida para o caminhão ambulância a criança nasceu, em segundos todos nós que estávamos perto da porta podemos escutar um choro de uma criança. Ufa, que alívio! Se o avião tivesse atrasado alguns minutos teria nascido a bordo um Tamtam!!! Nessa hora, fico indignado com tamanha irresponsabilidade de alguns passageiros. 

Uma situação inusitada foi quando me deparei com um ratinho escondido na galley. Levei um susto. Minha reação foi muito rápida. Pisei em cima dele e joguei ele no lixo dentro de um saco de enjoo. Fiquei imaginando como ele havia embarcado e pior ainda, já pensou se ele resolvesse desfilar pelo corredor do avião e os passageiros apavorados com medo do rato ficassem em pé sobre os assentos e gritassem "olha o rato" e a história sair estampada em todos os jornais no dia seguinte? Felizmente o problema estava resolvido. 

Tempo depois ao atender uma chamada de uma passageira, fui informado que ela havia embarcado com seu ratinho de estimação dentro de sua bolsa e não havia comunicado a ninguém e ele havia fugido. Então, comuniquei a todos os comissários do fato e encenamos uma busca ao ratinho, com  todos ajoelhados olhando embaixo dos assentos. No final expliquei que a aeronave tem vários lugares com espaço que ele pode ter escapado para o compartimento de carga. Dessa forma todos ficaram conformados.

Certa vez, embarcou um casal de índios com um bebê, durante o longo voo a criança começou a chorar. Como estava nuazinha logo imaginei que estava com frio. Assim, peguei uma das mantinhas vermelhas típicas da TAM e entreguei a mãe. Mas nada resolveu. Já tinha percebido que o bebê havia mamado. E o choro desesperador. Tive uma ideia, perguntei a mãe se poderia pegar a criança no colo e caminhar pelo corredor. E deu certo!!! Lá ia e vinha o Solano com a indiazinha no colo. Eu aproveitava para fazer uma massagem na sua barriguinha. Acho que era cólicas. 

Teve um voo de volta de Paris que estávamos no sequenciamento de pouso a nossa frente havia um MD-11 da Varig que reduziu a velocidade e não avisou a torre de comando. Quando nosso comandante constatou desviou rapidamente a rota abruptamente ao entrar na esteira de turbulência. Tivemos passageiros que se machucaram, um com  traumatismo craniano,  outro quebrou o punho e um desobediente havia soltado o cinto de segurança, bateu no teto e caiu no corredor. Nós comissários somos treinados para essas situações. Foi um desespero a bordo, uma gritaria geral. Mas a equipe teve sucesso em acalmar a todos durante a aterrissagem e iniciar os primeiros atendimentos após o pouso e antes dos médicos.

Outra situação cômica foi num voo internacional onde os cremes e perfumes nos dois banheiros da primeira classe sumiram. Repus e passei a controlar discretamente. Não deu outra, um senhor foi nos dois toaletes e sumiram novamente. Discretamente conversei com ele e expliquei a ele que por ser primeira classe os banheiros precisavam estar com certos "mimos", mas que não teríamos estoque para ficar repondo de hora em hora para os demais passageiros. O cliente compreendeu, explicou que era seu primeiro voo e nisso abriu sua pasta e fez questão de me devolver tudo, mesmo não tendo sido pedido. Num primeiro momento eu fiquei até assustado pela quantidade de coisas que havia coletado. 

Uma função que eu tinha paixão de fazer era de ser instrutor de novos comissários. Eles passavam pela banca e então vinham para treinamento operacional em terra com equipamentos do avião, de emergência. Após embarcavam na escala e eram direcionados a um Chefe de Equipe Instrutor que era denominado de "pai", e os alunos de "filhos". Geralmente Instrutor homem somente poderia ter "alunas". E Instrutor mulher poderia ter ambos os sexos de alunos. 

Eu tenho relação até hoje com alguns desses alunos. E até hoje nos relacionamos por "pai" e "filha". Cheguei inclusive a ir ao casamento de uma filha minha. E fui instrutor de um "filho" que depois acabou virando piloto. Ao final para ser aprovado tinha que realizar um trabalho de checador de quatorze horas e depois realizava uma aprovação final para poder voar sozinho. 

Claro que fazíamos alguns trotes com os alunos novos, quando pousávamos em alguns aeroportos menos movimentados e quentes os mandávamos descer com uma chaleira cheia de água para molhar o trem de pouso dianteiro para ser esfriado. E claro que fotografávamos a cena. Outro trote era a comunicação a todos os passageiros que o "aluno" havia recém-casado e pedia uma salva de palmas. Se o comissário era tímido, já viu, não sabia nem onde olhar e ficava vermelho que nem um tomate. E ainda eu ficava com ele ao meu lado no desembarque para serem cumprimentados. 

Também na demonstração de máscaras, eu escrevia num papel colocado no papel de informações a seguinte frase em letras enormes "ATENÇÃO! SOU NOVATO! FAVOR APLAUSOU PARA MIM AGORA!" Os passageiros liam e começavam a aplaudir e o "aluno" ficava assustado e não compreendia o que estava acontecendo. Certa vez uma passageira frequente me pediu uma gentileza que gostaria muito de fazer a demonstração de máscara, informou que já havia inclusive treinado em casa, fizemos um ensaio e acabei deixando ela fazer comigo no microfone dando as instruções aos passageiros.

Muito se falava no meu tempo sobre o passageiro fantasma. Que era seria na verdade um funcionário da TAM que tinha a missão de vistoriar o nosso atendimento. Onde embarcavam como passageiros normais. De certa forma, as vezes suspeitávamos de alguns passageiros que percebíamos que ficavam nos observando atentamente nossos movimentos nos mínimos detalhes.

 Particularmente nunca me preocupei com isso, porque já seguia o Padrão de Atendimento TAM. Assim, era muito mais fácil realizar o padrão do que querer inventar moda. Dizia-se que ele reportava tudo sobre o voo, se chegava atrasado, se estávamos bem-vestidos, se as comissárias estavam elegantes usando o "vermelho" do batom e esmalte TAM que era uma marca da empresa. Se o avião estava limpo, as condições das toaletes, a atendimentos dos comissários. Tudo era analisado e reportado a empresa.

Na verdade, estamos sempre preparados para o que der e vier. Mas tudo pode acontecer. Naquela época era mais difícil o trabalho porque existia bebida alcoólica a bordo e as vezes alguns excediam na medida. Também era permitido fumar a bordo que além de causar insatisfação por parte dos passageiros e um risco para a segurança do voo.  Conheci um passageiro que comprou cinco assentos da classe econômica para poder viajar deitado sozinho. Por outro lado, cheguei a realizar voos somente com um passageiro a bordo. 

Voei com príncipes, cantores, atores, empresários, políticos. A melhor lembrança tenho da Fafá de Belém, uma pessoa sensacional que é exatamente como como se apresenta na televisão, inclusive ganhei uma foto sua com autógrafo que guardei de recordação. Outra pessoa inesquecível foi a espetacular Elke Maravilha com seus cabelos enormes, apertou minha bochecha, disse que eu tinha olhos lindos e me deu um selinho na boca. Desapareceu no avião distribuindo selinhos em toda a tripulação e nos passageiros. Num certo voo havia um empresário da construção cível e um de seus clientes que não havia recebido seu imóvel e não deu outra, iniciou o maior bate boca a bordo. Para evitar maiores consequências acabei transferindo um deles para a primeira classe e encerramos o problema da discussão ali mesmo e voltou a tranquilidade do voo.

Outra vez teve uma passageira que quando eu atravessei o corredor para entregar dois copos de água a alguns passageiros ela me apalpou minhas nádegas com força. E levei um susto que quase derrubei a água que estava levando em cima de outro passageiro. Olhei para ela, que me respondeu com um olhar malicioso. Fui até o comandante reportar o caso e ele pediu o assento da audaciosa Ele foi verificar quem era, ao retornar explicou que era a famosa "loira de Brasília" e todos da cabine deram uma gargalhada, não entendi nada. Nisso me explicaram quem era conhecida por todos por realizar certos serviços particulares. 

Minha saída da TAM foi em razão do meu casamento com a Ruth, que minha noiva era da cidade natal e seria muito complicado meu deslocamento para o interior do Paraná e ele nem em sonhos pensava em se mudar para São Paulo. E por coincidência a TAM lançou um plano de demissão voluntária atraente exatamente nessa época e acabei aderindo. Aqui na cidade, fui trabalhar na área de hotelaria por quase vinte anos, que devo isso também a minha experiência a TAM. Hoje temos uma linda filha de quatorze anos que se chama Emanuela. Mas foi muito gratificante e sempre me senti levando sonhos para dentro do avião. Tive a satisfação de realizar o sonho de milhares de passageiros de voar pela primeira vez ou assistir suas alegrias em razão de núpcias, formaturas e tantas outras comemorações.