sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

TEM QUE ACREDITAR E NÃO DESISTIR : SONHOU EM SER COMISSÁRIO E NUNCA DESISTIU - PARABENS LUIZ VIEIRA

 

Meu pai Saul foi-se quando eu ainda era uma criança pequena.  Minha maior felicidade é ter possibilitado a minha mãe Maria Rosa ter tido o orgulho de me ver triunfar e crescer na aviação. Onde o desconhecido e sonhador Luiz que um dia teimou em entrar na aviação conseguiu e conquistou o mundo. Minha mãe aproveitou as vantagens de ter um filho comissário, voou comigo duas vezes a Portugal, terra do meu padrasto e também voou para Miami e Orlando. 

Minha mãezinha parecia criança na Disney, amou tanto que voltou na Disney.  Minha professora Edir do período de alfabetização é minha amiga até hoje e viveu intensamente bons momentos de minha vida.  Dois amigos Telmo e Fausto Hoelz mais a mãe deles,  tia Helinea, foi que apresentou-me pela 1a vez um prato de strogonoff,  que virou meu prato predileto. Primas Márcia Lacerda e  Sandra Lúcia,  assim como amigos Ricardo Ramos e Braga entre outros são pessoas que devem ter cansadas de ouvir eu falar sobre aviões. 


Um dia sim e no outro também. Costumo sempre brincar que não posso ser esquecido por ninguém, afinal de contas sou um menino. À ausência da minha mãe é algo insuperável,  mas confesso que vivo tranquilo. Filho único e órfão de pai e mãe, deveria ser a tristeza em pessoa, mas sou bem resolvido na questão órfão. Bem mesmo. Tenho pessoas maravilhosas e espetaculares ao meu redor.

A aviação faz retornar-me aos 8 ou 9 anos de idade quando descobri meu verdadeiro interesse por ele. Havia uma dúvida entre trens, ônibus e aviões, todos de passageiros e para longa distância. Brincadeiras com carros, caminhões não despertavam meu interesse, e nesse momento entra minha saudosa mãe e presenteia-me com um avião Electra de plástico, fuselagem rosa, asas verdes, pás das hélices branca, rodas pretas e um Beija Flor esculpido no próprio plástico. 

Tornou-se meu parceiro e motivo de risos de meus colegas, afinal o avião era cor de rosa. Passei a ver meus amigos sempre por cima, meu brinquedo sempre estava sobrevoando os carros e caminhões  e eles “ arrastando-se” pelo chão. Aos 10 anos uma saudosa vizinha, cunhada da minha 1ª professora - Edir Figueiredo, presenteou-me com um “ avião de verdade “, se comparar com o Electra cor de rosa. 

Não lembro-me de lágrimas em meus olhos, mas com certeza um intenso brilho apareceu, a nova aeronave da “ minha frota “ era de ferro e saia faísca pela janela do piloto quando as rodas faziam contato com o chão e percebi que não havia janelas laterais. Mistério! O tempo foi passando e as faíscas deixaram de sair pelas janelas e fui saber o porquê com minha mãe, ela simplesmente respondeu: As espoletas do seu avião de guerra se acabaram. 

Bateu um silêncio e veio à mente uma pergunta: Avião de guerra? Há algo de errado. Não é avião de guerra que eu quero, pensei. O moderno avião de ferro e sem espoleta foi esquecido por mim e o velho e tradicional Electra Beija Flor de plástico voltou “ mais veloz “ ao meu cenário. 

Eu morava em uma rua sem saída e todos os moradores eram proprietários das casas, assim nossa brincadeira era na rua mesmo; mas eu era diferente dos demais meninos, pois ficava mais tempo sentado com o Electra preso a mão e olhar quase fixo no céu. Algumas piadas , algumas perguntas e sempre a mesma resposta: Estou esperando passar um avião para imaginar para onde está indo. 


Demorava, mas passava, uns voando mais alto e outros nem tanto e novamente o meu questionamento. Por que um passa no alto e outro nem tanto? Sem o Google, livro pertinente ao assunto com explicação ou alguém para responder, era os anos 60 - “ andar de avião “ somente para os abastados, os “ abestados “ ficavam em solo observando, e juntando somente EU com esse tipo de interesse nada era informado, talvez por não saberem responder ou pelo fato do menino não está fazendo uma pergunta interessante. 

Passei a observar horários que os aviões passavam e as direções. Pela manhã muitos em uma mesma direção, já a tarde um ou outro e quando caia a noite eles brilhavam no céu, mas em direção bem diferente. Uns com hélice e outros a jato, era um barulho diferente. Nada para orientar-me e muito menos compartilhar aquela loucura. Realmente EU era o diferente! Minha inocência não permitia eu alcançar um Atlas Geográfico e nem sabia eu de sua existência, para tentar entender onde eu estava e onde poderia ter um aeroporto próximo, haviam uns aviões que passavam mais baixo. 

A existência de Deus ( eu acredito N’Ele ) colocou em meu caminho uma professora que indiretamente veio ajudar-me. Aula de Geografia e os Pontos Cardeais. Como sou GRATO a Edir Soares Figueiredo ( professora, mentora e amiga ). Virei um experts em observar direção dos aviões e deduzir os destinos ( eu ainda não sabia que existiam uma futura paixão : Timetable) - Eu não era um menino normal. Nessas observações lembro-me hoje de Electras, Viscount, Convair, One Eleven sobrevoando minha cabeça. 

Era a minha certeza que realmente não queria ficar no chão. No início da adolescência eu era um garoto chato, se o assunto não tivesse algo relacionado com avião, não havia a necessidade de estar participando. Eu saia mesmo do ambiente. Ficava pensando: Onde será que estão as pessoas maravilhosas ligadas a avião? Ficava pensando não nos passageiros e sim a tripulação. Minha mãe foi percebendo minha louca paixão pelos pássaros metálicos e perguntava o que eu queria fazer lá dentro. 

E eu na verdade nem sabia o que eu iria fazer dentro de um avião. Até porque nunca tinha entrado num. Mas sabia que meu futuro seria lá dentro. Mas não sabia como e nem fazendo o que. Como eu gostaria se naquela época eu tivesse uma avó chamada Internet ou um tio chamado Google. Minha vida teria sido mais fácil. Mas sabia sim que gostava muito deles e queria estar lá em cima. Sou filho único e órfão de pai e atualmente de mãe também, quanta tristeza alguns podem pensar, mas EU tive uma MÃE presente em todos os meus momentos dessa Louca Paixão. Sempre foi muito sincera comigo no sentido de dizer que apesar do meu sonho, eu estava muito distante dele. 

Mamãe dizia que aviação era coisa para pessoas de pele clara, eu sou pardo, morador da Zona Sul do Rio de Janeiro, era muito chic dizer que morava em Copacabana. Embora nascido no bairro do Flamengo, a minha realidade na época era São Gonçalo, outro lado da baía de Guanabara sem ponte Rio Niterói. NADA disso esmoreceu meu sonho: desejo de trabalhar no avião. O problema agora era outro:  Fazer o quê dentro do avião? Eu sabia que tinha o piloto e a aeromoça, os demais tripulantes não existiam no meu cenário. Com a morte do meu pai, foi necessário fazer-se inventário de propriedades deixadas. 

Minha mãe sabiamente perguntou ao advogado na época sobre a possibilidade de deixar eu atuar como um auxiliar de escritório, porque eu já tinha 14 anos. Então venho meu primeiro emprego sem carteira assinada e sensação de homenzinho da mamãe. Uma vez mais Deus aparece em meu caminho. Sem muita atividade em determinado momento no escritório, comecei a desfolhar uma revista chamada Realidade, acredito não existir mais, e eis que em determinada página aparece uma propaganda da Alitalia fazendo um convite para ir à Roma, a bordo de um dos suntuosos DC-8 da frota e na viagem o excelente serviço de bordo e cortesia de Aeromoças brasileiras e ISTIVARDS. PRONTO!! 

Meus problemas de trabalhar a bordo estavam resolvido. Eu quero ser ISTIVARDS. Nunca demorou tanto para eu ser liberado do escritório e voltar para casa e dizer para minha mãe que a solução do que fazer a bordo do avião eu já tinha resolvido. Mãe, eu quero ser ISTIVARDS. São Gonçalo, início dos anos 70. Não tinha Google, internet, celular oi iphone e muito menos alguém para explicar-me o que é ISTIVARD. E nem mesmo alguém para dizer-me: Vá a biblioteca e veja no dicionário bilíngue. 

Acredito que até soou como um alívio para minha mãe. Meu filho pretende ser algo que não existe. Criou para ele! Um vizinho, sempre tem um vizinho, sabendo da minha “ angustia  “ pela falta de informação, disse a minha mãe que conhecia um senhor cujo filho estava na Aeronáutica e COM CERTEZA ajudaria. Noite de insônia. Tudo pronto, vamos conhecer o rapaz da Aeronáutica e desvendar o mistério dessa profissão ISTIVARD. O educado rapaz era cadete da AMAN, Academia Militar das Agulhas Negras, e disse que  nunca soube da existência de ISTIVARD a bordo de aviões e muito menos soube explicar o que era esse tal de ISTIVARDS.

Um verdadeiro balde de água fria em uma manhã de inverno! Eu estava terminando o 2º grau e em determinada aula, uma professora perguntou se alguém na sala gostaria de trabalhar. Mal a pergunta terminou de ser feita, eu já estava de pé e com o dedo para cima. E assim de repente eu estava trabalhando na Presidência do Banerj como Office Boy em um edifício de frente para a Baía de Guanabara e vista total do Aeroporto Santos Dumont, aquilo foi um chamado de  Deus!! Com certeza.

Um Office Boy de luxo, apenas atendendo as necessidades da Presidência e da Diretoria. Meu estudos de conclusão do 2º grau indo de vento em popa. Certo dia, a Chefe de Gabinete pergunta sobre a possibilidade de eu realizar algumas horas extras em um alguns sábados. Não pensei. Eu disse sim. Eu teria uma varanda com toda a vista do Aeroporto Santos Dumont para meu deleite. Orientado em contatar o Presidente somente quando chamado, iniciei meu processo de leitura de revistas no intuito de descobrir algo sobre o tal ISTVARD. Nada aparecia, além de propaganda de companhias aéreas com imagens dos aviões, as Aeromoças e os Comandantes. DEUS entrou em ação e pede ao Presidente para chamar-me. Era uma xícara de café e um copo d’água . 

De repente ele faz perguntas sobre quanto tempo estou no banco, se estou gostando e quais as minhas perspectivas para o futuro dentro do banco. Lembro-me exatamente minha resposta: “ O Sr. pode informar se o banco tem avião? A xícara de café ficou parada entre a boca e a mesa e um olhar pensativo. Como assim um avião? Dr. Aroldo, avião, meio de transportePara que e por que? Vieram como perguntas seguidas. Para eu trabalhar! Você pretende ser piloto de avião? Não senhor, meu desejo é ser ISTVARD.

 O mesmo olhar de perplexidade repetiu-se. Hoje eu rio muito desses momentos angustiantes em minha vida. “ Meu filho “ , por favor pegue um dicionário naquela estante de Português - Inglês, É ou não é Coisas de Deus ?  E lá estava lá a tradução: Steward = Camareiro de Navio. Outro banho daqueles de água fria. Tem algo errado, eu disse a ele. Vi essa palavra em uma revista ( contei toda a história ). Termine seu 2º grau, até lá você pode ter mudado de ideia, mas se realmente é esse seu sonho, siga-o. Você já estuda inglês? Não. Meia hora do meu horário de almoço foi retirado para eu sair mais cedo e estudar inglês antes seguir para o Colégio para conclusão do Ensino Médio.

Alistamento Militar e a despedida da função de Office Boy. Mudança de Setor e Ambiente. Contabilidade, nunca gostei de Matemática. Pilhas e mais pilhas de comprovantes de pagamentos para dar baixa no “ borderaux “, borderô, O curso de inglês indo a todo o vapor e o 2º grau concluído. Meus passeios de fim de semana passaram a ser as varandas panorâmicas do SDU ou GIG, o Le Concorde chegava as Quintas e domingos e era imperdível não ver a cena. Os novíssimos DC-10 em contrastes com os já antigos Boeing 707, DC-8, VC-10. O cheiro de querosene de avião. As tripulações indo e voltando. E eu sonhando em estar caminhando entre a tripulação tão perto dos meus olhos, mas tão longes dos meus passos.

O mundo de caminhões em volta dos aviões. É isso que eu quero! Um acidente aéreo aproximou-me de um tripulante sobrevivente através de cartas. Depois telefonemas. Até nosso encontro. Ele dizia: menino, você é muito novo. Vá estudar e procurar algo diferente. Noite sem dormir e fuso horário são muito prejudiciais para a saúde. Um belo dia, um colega de setor abre uma página do Jornal do Brasil e mostra-me na parte de classificados de emprego uma nota: Empresa aérea de grande porte precisa de moças e rapazes para a função de Steward, o tal do ISTWARD.

Pura alegria, mas o curso de inglês ainda estava na reta final e minha pele não estava nada saudável para apresentar-me . O classificado vinha informando o que era necessário para ocupar o cargo. Faltava-me a conclusão do estudo de inglês e minha pele do rosto uma aparência aceitável. Fui até o meu consultor: Dr. Aroldo José de Oliveira comentar sobre o que havia lido. E o burburinho no corredor. A Chefe de Gabinete respondeu por ele: É seu desejo e sonho? Sente-se em condições?

Outubro de 1977 estava iniciando a realização do meu sonho: Curso de Formação de Comissários na VARIG. Tudo havia começado através do Sonho de Voar, trabalhar no avião e de repente eu estava ali, diante do prédio da VARIG no SDU para iniciar os estudos para a função de ISTAVARD. Embora o treinamento tenha sido na Varig, eu seria funcionário da Cruzeiro do Sul, uma das quatro grandes aéreas na época. A Varig havia comprado a Cruzeiro dois anos antes e assim, depois dessa data os treinamentos passaram a ser feitos por ela. 

Em sala de aula, adentra uma senhora séria, esguia, elegante e diz: Bom Dia, Bem vindos ao Treinamento Varig para Comissários de Bordo, Meu nome é Alice Klaus e sou a Diretora desse curso. Embora sejam alunos/comissários não significa que após o curso irão pegar uniforme e malas e irão voar. Alguns de vocês podem ficar pelo meio do caminho durante esse treinamento. Estou a disposição de vocês na sala tal. Com licença e saiu. 

Minha turma era pequena diante daquele mundo de candidatos que vi na seleção meses atrás e minha mãe estava enganada ao fato de ser pardo não poder estar junto aos demais aluno. Os comerciais antigos de TV e propagandas de revistas não via-se morenos, mulatos ou negros como modelos em determinadas profissões, e a aviação estava incluída. Minha mãe tinha essa preocupação comigo: Não sentir-me decepcionado por não realizar meu sonho de voar. 

Diariamente durante oito semanas eu tinha um compromisso das 08:00 às 17:00. Estudar, estudar e estudar. Já recebia um pequeno salário para isso. Após o fim do primeiro mês, já sentia-me apto para voar, mas havia muita coisa pela frente, incluindo as provas de capacitação técnicas na Aeronáutica, sendo exigido nota mínima sete.  Dezembro chega e com ele o término do curso, o recebimento da tão sonhada asa e um presente: Natal e Ano novo com a família. 

A Sra. Alice Klaus vai até a turma nos parabenizar, nos desejando sempre céus de brigadeiro em nossas jornadas e avisando aproveitem bem essas festas de fim de ano em família, pode ser a última de vocês, a escala de voo não estará pensando nessa situação quando vocês começarem a voar. Assim numa quarta feira, num onze de janeiro de 1978 eu apresentava-me no Departamento de Operações do Aeroporto do Galeão para a realização do 1º voo da minha vida. Acreditem eu nunca havia passado pela sensação de voar, como pessoa e como tripulante. O dia anterior somado a noite foram de expectativas e a certeza da realização estar bem próximas. 

Havia no aeroporto Santos Dumont um sistema de transporte através de kombis que nos levava até o Aeroporto do Galeão. Nessa viagem conheci o Comissário Ediamo e a Comissária Vera Flack, uma das comissárias mais bonitas que tive o imenso prazer de compartilhar voos, ambos estavam em voos diferente do meu, desejaram boas vindas ao maravilhoso mundo da aviação. Eram 05:40 da manhã e uma agitação já fazia-se presente no lugar. Apertos de mãos, abraços, sorrisos e até algumas gargalhadas e eu ali observando e desconhecido de todos.  

Era o primeiro voo de um jovem sonhador de 19 anos, lá no final dos anos 70. Fui até um balcão onde haviam pranchetas e nelas tinham folhas de apresentação para os voos com os prefixo dos aviões, destino, horário de apresentação e lógico: a relação da tripulação de cada voo. Ali fiquei parado e esperando alguém aparecer. Apareceu minha colega de turma e também de voo de instrução: Miranda,  uma alta e bela morena das Minas Gerais,  aliviou a sensação de estar sozinho na multidão.


Tudo pronto. Toda a tripulação apresentada. Vamos voar. Batimentos cardíacos além do normal. Emoção pelo momento mais a expectativa de ir voar como ISTVARD, agora oficialmente Steward pela primeira vez. Venho à mente todos os momentos que passei desde o início do “sonho de voar". De repente estava ali dentro do Super Boeing 737-200. Era muito brega para os olhos dos jovens moderninhos de hoje, com capacidade para 109 assentos. Muita poltrona, pensei eu !. 


A instrutora Regina Fiorotti deixou-me tranquilo nas inspeções dos materiais de emergência, apresentou-me a galley com a posição de todos os pertences. Embarque autorizado e os passageiros chegando. Eu estava iniciando voo SC214 do Rio de Janeiro para Manaus e escalas, e  põe escalas,  em São Paulo, Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho e Rio Branco. Esse voo era conhecido como Caravana do Oeste ou grotescamente de “Mata Bicha".
 

Através desse voo descobri literalmente que o Brasil é enorme. A velocidade do avião é grande, mas porque demorava para chegar no próximo destino. De Cuiabá até Rio Branco é muito tempo voando e muita floresta para ser vista. Comecei entre Rio e São Paulo oferecendo jornais em solo. No voo eu servia suco, água, café e bombons. Sempre em bandeja forrada com guardanapos de linho. De Cuiabá para Campo Grande servia café da manhã completo com omelete de prato quente. Sempre com 109 assentos. 


Em Campo Grande, eu não acreditei quando vi o funcionário da Comissária de Bordo local embarcando almoço quente para ser servido - 109 serviços mais o almoço da tripulação. Eu nunca havia voado e nem imaginava que era servido almoço ou jantar dentro de um avião. O que é isso? O avião é um Restaurante Voador?  Eu tenho que servir todos esses passageiros então que horas vou almoçar? Será que terei também que lavar as louças e talheres? No meu treinamento quando falavam eu almoço e jantar eu pensava que era brincadeira e ficava pensando "imagina servir comida dentro de um avião". Como eu era tolinho!! 


Vamos lá, decolagem de Campo Grande e vamos de almoço até Cuiabá, achei um pouco corrido o serviço, mas nada fora do padrão estudado no treinamento. Que alívio, serviço terminado. Estou um pouco tonto. Emoção e trabalho, muito por sinal. Hora do serviço de chá até Rio Branco, muita cerveja, muito Campari e muito whisky bebido. Pensei: nessa região, o tal de chá é para os fracos.  De Campo Grande em diante percebo que a maioria dos passageiros são homens, tendo um pouco de tudo: comerciantes, empresários, fazendeiros e outros em busca de trabalho na Amazônia, Zona Franca de Manaus estava em pleno vapor. 


De Rio Branco para Manaus mais serviço de bordo, mas apenas bandeja com sanduíche frio e muita cerveja, Campari e Whisky. Aprendi que Guaraná não é refrigerante como Coca Cola na visão local. Que quando algum passageiro pergunta: Onde posso verter água? Ele quer fazer xixi. E quando alguém está “moco”, esse alguém está surdo,  pressão do avião fecha o tímpano, que paxs é passageiro.  


Enfim, pouso em Manaus e o desejo exclusivo de ir para a cama e dormir e dormir e por que não dormir mais! As pernas devem ter ficado em Cuiabá após aquele rápido almoço de 1h 10 minutos. Como esquecer das inúmeras demonstrações de emergência antes de cada decolagem, foram seis decolagens desde que saímos do Galeão no Rio de Janeiro. Parecia horário de escritório, das 09:00 às 17:00, só que não. Como Comissários. em instrução e primeiro voo da dupla Miranda e Vieira, o Comandante Edgard nos convidou para um jantar de confraternização com a tripulação no hotel. Estou tão cansado para colocar roupa e descer. 


Fui produzido com as roupas que minha mãe havia ajudado a comprar para o evento da minha vida. Que decepção! Eu era o único produzido com roupas de verdade, os demais, incluindo minha colega iniciante Miranda estavam em ritmo de domingo e folga em casa: bermudas, camisetas e muitas sandálias havaianas. Confesso que aproximei da mesa para confirmar se eram eles e eram. Perguntaram-me: Vieira você vai para onde? O tolinho aqui respondeu: Para o jantar que o Comandante comunicou na recepção quando chegamos. A resposta pareceu chegar em coro: Então, volta para o quarto muda a roupa e desce, estamos esperando você. Nunca mais esqueci desse momento. Era minha entrada oficial nos pernoites com tripulações. 


Um imenso peixe assado foi colocado no centro da mesa: Tucunaré. segundo e terceiro dia do voo é para compensar toda a maratona do primeiro dia. Decolamos pela manhã com destino a Santarém e Belém. Ambos os trechos com 109 paxs. Dia seguinte: REPOUSO em Belém. O Quarto dia era o prefácio do retorno. Na madrugada, despertar as três da  madrugada por que tem um voo para Macapá. Chegando em Belém vamos para Santarém e Manaus. Uma hora depois, saímos e vamos para Boa Vista e voltamos. Fim do dia. Vamos descansar. Amanhã tem mais. 


O Quinto dia, com hora e momento de voltar para casa, mas antes tem as escalas. Final do dia. Galeão, missão cumprida e Aprovado no teste de aptidão na prática da Paixão por Voar. Chegar em casa e ter a sensação de herói foi comovente. A rua estava toda na expectativa da minha chegada,  graças aos comentários da minha mãe. Embora todos festivos e ávidos por informações e história sobre avião, meu desejo era apenas um: tomar banho e dormir, dormir muito. Foi tudo muito glamoroso. Era exatamente o que eu queria, mas naquele momento, um bom sono era reconfortante e necessário. O dia seguinte foi curto para responder tantas perguntas. 


A SC era uma empresa de tamanho médio se comparar com a RG, talvez por isso o ar familiar soava nitidamente entre seus funcionários. Havia somente a base Rio, assim sendo todos os voos saíam do GIG, já que no SDU a P.A. era compartilhada com as outras aéreas,  Vasp e Transbrasil . Aos poucos passei a conhecer todos os colegas que voavam no 737 e alguns do 727,  era promoção voar no Tri Jato. Em março de 78 sou chamado para treinamento no Tri Jato 727,  o top da SC. Voar com mais tripulantes: 5 Comissários. e 3 tripulantes técnicos, Fazer voos noturnos em maior quantidade e voar pela América do Sul.  


A Copa do Mundo da Argentina estava próxima e com certeza voos extras seriam necessários para a demanda de turistas para terras portenhas. Voar com os antigos dava uma sensação de segurança e garantia de aprendizado com a experiência deles. Dois anos se passaram e a SC comprou dois aviões da fábrica Airbus - Airbus A300 e lá estava eu escalado para mais um treinamento em mais uma aeronave. Um imenso salão dividido por uma grande galley, de um lado 24 assentos de 1ª classe e do outro lado 210 poltronas de uma confortáveis. Doze Comissários para atender esses paxs. e três tripulantes técnicos no comando da nave. 


Ir para Miami e Buenos Aires passou a ser meus destinos. Nada mais além disso. Dizia, I love you, no hemisfério norte e Me encanta mucho, em terras portenhas. Mais um período de muita aprendizagem e muita experiência adquirida. Voei fixo nesse avião, até que em 1986 fui informado que seria demitido da SC e admitido na RG, voando no mesmo equipamento. Oficialmente estava acabado o grupo de Comissários da Cruzeiro. Período de muitas perguntas, pois eu ganhava por KM voado na SC diferentemente da RG que ganhavam por Hora de voo. Eu era “ R$CO” , meu salário era maior e agora? O pagamento por idiomas falado na SC era maior. Minhas horas de voo noturnas eram pagas tão logo eu alcançasse determinada quilometragem. Tudo resolvido e na VARIG eu estou. 


O menino que tinha a Paixão de Voar estava trabalhando na maior aérea do país e escalado para outro treinamento: o novo Boeing 767 ER que chegaria em breve e ficaria no lugar dos A300.. Se não estou enganado, eu tinha um voo para Santiago do Chile no dia 1 de janeiro de 1987, meu réveillon deveria ser tranquilo e garantido. Galeão às seis da manhã depois de festejos é para os realmente FORTES. Encontrei um D.O. cheio e agitado de tripulantes da Chefia de Pilotos e Comissários,  pensei: há algo errado OU alguma coisa boa demais para estarem aqui. 


Indo em direção da minha folha de apresentação do voo para SCL, ouço uma voz no pé do ouvido: Estamos juntos no Roma! Travei a cabeça momentaneamente, já tinha feito meu roteiro de dormir e muito em Santiago do Chile. Roma? Eu não voo o DC-10, MD-11 ou Jumbo. Não, fica tranquilo, é o voo inaugural do 767 para a Europa. Vai ser a primeira travessia de um bi-reator vindo do Hemisfério Sul e um voo ETOPS - o avião está habilitado a afastar-se do litoral durante alguns quilômetros. Fui eu para Roma e com todo o sono pré-programado de Santiago do Chile. Doze longas horas diurnas, Sol + Sol + Sol até que a noite resolveu aparecer junto com o frio. 


Janeiro na Europa faz frio e meu destino original era Santiago do Chile, faz frio mas não tanto quanto o inverno europeu. O Boeing 767 foi o avião que as promoções em minha carreira começaram. Minto. Havia sido promovido a função de Galley no Airbus A300 e Supervisor de Cabine Y. De repente outra promoção: Voar como Auxiliar de Y no DC-10, aquele mesmo que eu via na varanda panorâmica do antigo Galeão. Todas essas mudanças de equipamento chegavam como motivo de grande alegria e satisfação pessoal. Era o meu sonho de menino sendo colocado no meu caminho dia após dia e sempre no momento certo. Eu estava entrando no Grupo de Comissários de Bordo dos voos Internacionais da Varig. 


Certa vez eu estava de reserva no Galeão e era fim de mês, período que as escalas de voo do próximo mês começam a serem entregues. Eu voava no A-300 ainda e ouvi uma colega de voo que já estava no equipamento DC-10 comentar com outra sobre a escala recebida: Como assim, dois Paris um atrás do outro? Traduzindo: ela havia recebido a escala e constava dois voos 720 com destino a Paris durante duas semanas, antes dos voos há folgas e posteriormente também. E pensei: Quem não gostaria de ir à Paris toda semana? Um dia chega a minha vez de ir à Paris e curiosamente após a chegada fui notificado que teria outro tão logo terminasse todo o meu período de descanso estaria na rota de Paris. Entendi perfeitamente o quê significava aquele, "dois Paris um atrás do outro". 


Mas minha primeira viagem de DC-10 tripulando foi para Frankfurt num 23 de dezembro, isso significava que meu Natal seria longe de casa, não seria a primeira vez. Mas foi o primeiro com neve de verdade,  muita por sinal e fome. Por motivos que nunca soube não ficamos no hotel acostumados a pernoitar e acabamos pernoitando em Wiesbaden. Hotel BOM mas despreparados para receber uma tripulação com alguns membros da família. Cansados do voo e com fome nos alimentamos da ceia alemã apresentada e fomos dormir. A neve intensa nos aguardava para o dia de Natal. Outra história ocorreu em um voo para Milão onde, ficaria por dois dias inativos, ideal para ir à Veneza ou outra cidade próxima, três horas de trem. No primeiro dia em Milão após o descanso do voo, fui procurado pelo gerente do aeroporto por telefone. 


E penso até hoje por quê eu atendi aquele telefone? Informado que eu era o único tripulante disponível próximo a Paris para compor tripulação de retorno ao Brasil devido a um dos membros da tripulação estar muito gripado. Nunca senti-me importante como naquele momento. Havia um carro particular aguardando-me na entrada do hotel. Motorista pegou minhas malas e guardou e abriu a porta para eu adentrar, jamais irei esquecer aquela cena. Gerente aeroporto, recebe, entrega o ticket da viagem e Boa Viagem. Bienvenue à Paris - Setor nacional do Charles De Gaulle ( alguns voos europeus considerados domésticos). And now. Em Paris e não usar francês não é nada bom. Saber francês e estar com ele " enferrujado " pior ainda. Balcão de Informação foi feito para quê? E lá obrigatoriamente se fala o idioma de Shakespeare. Fui aplaudido quando entrei no avião. Alguns passageiros durante o voo perguntaram-me porquê demorei para chegar: Eu respondi que estava em Milão.

 
Em 1979 eu tive um momento apreensivo, eu era ainda novato na aviação e feliz por estar voando no Tri Jato 727 recebo a notícia sobre um acidente com um DC-10 da American Airlines em Chicago.  Essa notícia afetaria todas as aéreas que operaram o DC-10 e a VARIG estava incluída. Todos os aviões desse modelo ficaram em solo até ser descoberto o motivo, semelhante ao que está acontecendo hoje  com o 737-Max. Soluções a ser tomadas: 707, 727 passam a cobrir os voos de DC-10 . Não lembro-me de demissões,  mas de ficar dias sem voar. Todos os 737 da frota voando quase 24 horas, com manutenção, segurança de voo na Varig era algo imprescindível. Descoberto que o problema não nos modelos DC-10 que voavam na Varig ( série 30 ). O problema era na série 10. A Varig pinta rapidamente na carenagem do motor número dois em todos os DC-10  um número 30 para chamar a atenção dos passageiros. O pessoal de Propaganda e Marketing sempre estava atenta e rápida para não perder mercado.
 

Um dos voos mais impressionantes e que jamais irei esquecer foi no início da minha carreira, o episódio havia me chocado por longos período. Eu estava numa escala de serviço de cinco dias pelo Norte do Brasil, ao entrar no Boinge-737, ainda no Galeão observei uma maca fixada sobre as seis últimas poltronas duplas do lado esquerdo. E isso intrigou-me. Comecei a pensar: Para quem? Quando ? Porque ? E a resposta foi: para um passageiro que irá utilizar a maca depois de Cuiabá. Pousamos em Rio Branco e embarcaram os tais "proprietários da maca". Embarcaram um casal de adultos normais, uma enfermeira familiar da família e uma jovem de dezesseis anos grávida. 

No voo de retorno para São Paulo reconheço que embarca novamente a enfermeira e dessa vez acompanhada do médico por coincidência no mesmo voo meu. E não resisti a curiosidade e quebrei os procedimentos e perguntei a Enfermeira sobre a "moça grávida".  Então foi me dada a resposta:  "a criança sobreviveu, mas a moça veio à óbito". Eu tinha uns 19 anos e achava tudo lindo e maravilhoso no mundo da aviação. Até então minha ficha não havido caído que na aviação haviam os mesmos problemas comuns naturais de todas as pessoas e de todas as famílias. 

Imaginava contar apenas com muito glamour.  Então um colega Comissário fez minha ficha cair e abrir meus olhos e me disse "Amigo, temos muitas escalas pela frente além de passageiros e serviço de bordo foi o que ouvi do meu Chefe de Equipe, e confesso que essa não será sua primeira história triste a bordo.  Um pouco seco,  mas o necessário para reerguer a cabeça e dar continuidade ao trabalho.

Outra vez decolando de Congonhas para Porto Alegre,  um dos motores simplesmente explode e o avião perde a potência e não decola, na hora lembrei do aprendizado: "os passageiros tem medo de voar". Olhei para o corredor e os passageiros apavorados também me olhavam, seus olhares estavam  incrédulos. Pensavam "iremos morrer? Acabamos assim? Terminou? E eu também lá no fundo estava era apavorado. O Comandante fez uma rápida comunicação da Cabine para todo o avião com uma voz serena e tranquila, informando que tudo estava seguro, que não havia motivos para preocupações, que o avião pousaria novamente e que os passageiros apensas  seguissem as orientações dos Comissários. 

E o próprio avião foi taxiando até um ponto do aeroporto onde todos os passageiros descerem. Nós da tripulação ficamos a bordo. Eu estava tão incrédulo que não tremia e também não falava, apenas ouvia os papos. Logo venho a explicação da equipe de manutenção um pequeno entupimento impedindo passagem do combustível para aumentar a potência na hora H. Confesso que lembrei da propaganda da Alitalia e seu suntuoso DC-8 para Roma. Mas esse voo foi prato para muitas rodas de conversas entra familiares, amigos e colegas.

 Certa vez ao servir pizza no Serviço de Bordo num voo do Rio de Janeiro para Manaus um passageiro perguntou se eu era baiano, respondi que não. Daí a criatura começou a tentar descobrir perguntando por todos estados do nordeste do Brasil. Talvez inconformado com a totalidade das respostas negativas,  acabou perguntando: Então, onde você nasceu? Sem pensar, e com ar sereno e em um tom para que os demais passageiros em volta ouvissem respondi: Eu nasci em Klampenbørg, no Reino da Dinamarca

O mesmo olhar incrédulo que você leitor está tendo, aquele passageiro fez. À colega que estava no carro de bebida comigo travou o carro, abaixou a cabeça e foi RIR muito na galley traseira. Voltando ao cenário, O passageiro ainda incrédulo,  perguntou: Como  assim? E eu lhe respondi " Como assim,  o quê?  E o passageiro: Você ter nascido nesse lugar, como foi? E eu naturalmente respondi: "Minha mãe estava comigo, e eu na sua barriga e aí  chegou a hora de nascer e eu nasci." 

Minha plaqueta nominal tinha meu nome de guerra = VIEIRA. Ele olhou para a plaqueta e olhou para mim e perguntou: E esse nome no seu peitoE eu novamente lhe respondi: É o nome da minha mãe. Os passageiros em volta começaram a achar interessante o " debate " sobre minha origem, mas eu tinha serviço de bordo para concluir. Pedi licença e continuei e disse: Eu volto para concluir minha história de vida com o senhorPercebi que deixei ele um pouco atordoado e eu intimamente RIA muito.  E a colega que havia deixado eu sozinho no carro já havia contado parte da história para os outros colegas. Então você é dinamarquês. Eu disse : de Klampenbørg ( e essa cidade existe  - 10 minutos trem de CPH - Copenhagen). Voltei  até o passageiro e expliquei que meu pai era dinamarquês e minha mãe baiana,  por isso o nome de guerra Vieira e perguntou-me, por quê não usa o nome do seu pai? Respondi: Sou pardo, nariz de batata e o Sr. não  acharia estranho eu aparecer com o nome Christiansen no peito? Não teve resposta, porque continuei o serviço. 

Então, ele ainda intrigado ao término dos serviços foi até o galley conversar comigo e  nisso todos os colegas sumiram, só ficou uma colega, porque os outros saíram para não rir. E ele arremeteu: Se o Sr. é estrangeiro não poderia fazer voos  nacionais. Eu lhe respondi:  tenho dupla cidadania. Sou cidadão do Reino da Dinamarca e cidadão do Brasil registrado na Embaixada em Copenhagen e minha presença nesse voo deve-se ao fato que no retorno, embarcará o vice cônsul do meu reino e a Varig achou interessante comercialmente, minha presença a bordo para saudá-lo. Confesso que eu estava indo longe demais, mas ele estava gostando desse devaneio e penso estar dando cordas para ver até onde eu ia. Passei a ser chamado por colegas mais íntimos e brincalhões de Christiansen ou dinamarquês. Até voos para Copenhagen comecei a fazer com mais frequência. Apesar de muito longo e cansativo, eu estava indo para o "meu Reino "

 

Levar ou trazer grupo de passageiros as vezes fica complicado para " dominar as feras ". Escalado para um voo com destino Miami,  fico surpreendido quando embarca um grupo de adolescentes, cerca de 120, para intercâmbio cultural na terra do Tio Sam. Todos desconhecidos entre si. O aeroporto foi o ponto de encontro.  Embarcados.  Acomodados e Hora de dormir. Notei logo após o jantar uma movimentada troca de assentos entre meninos e meninas, pensei: aí tem coisa! 

Dito e feito, o encontro no saguão do aeroporto e o jantar no avião foram suficientes para a formação de jovens casais ávidos por afagos e beijos no ar. Mantas foram colocadas sobre as poltronas dando a sensação de barracas  para acampamento.  Avisei aos colegas de plantão : NÃO  irei à chefia responder relatório sobre esse vooE ouvi de um colega: calma, " tá até " tranquilo!  Então eu lhe disse: Dê uma volta até a porta três, sobre a asa, e me diga na volta se está calmo mesmo. Era um DC-10, que tem quatro portas de cada lado. A colega deu uma volta pelo corredor, voltou e me disse: "É  tá  muito estranho mesmo! 

Então eu respirei fundo, fechei os olhos e respondi a ela: Mas não vai ficar estranho não!!!  Coloquei suco e água em uma bandeja e passei oferecendo aos passageiros e ouvindo risos por baixo do toldos, digo das mantas. Cada riso era uma manta descoberta. Fiquei mal na fita perante os jovens, não reclamaram foram até educados mas começou uma guerra de travesseiros entre eles. Não era um voo fretado e não era uma cabine exclusiva para eles.  


Chamei uma menina e um rapaz,  uma dupla bem afoita,  moderninha e risonhos por baixo da manta, e conversei com eles sobre minha responsabilidade durante o voo. Eram menores e eu era o responsável por todos. Não prometeria,  mas se eles pudessem fazer os demais ficaram menos afoitos, eu veria o que poderia fazer em especial para os dois no café da manhã. O voo virou magia pura. Como é bonito ver os jovens dormindo e os pais saberem que estão bem cuidados. Café da manhã iniciado e a bandeja da dupla diferente. Burburinho entre eles. Porquê,  como?  Eu ria, ria e ria. Contém para eles o por quê da diferença. 

Um ano se passou e eu estava em Miami  para retornar ao Rio. Ouvi um grupo de jovens falantes e pensei : Só falta estar no meu voo!  E estavam e eram eles. O grupo de um ano antes. Diferentes,  mais adultos, mas o mesmo espírito alegre. Não os reconheci. Tinha até uns com barba. Mas fui reconhecido por alguns e contaram até  a história do café da manhã diferenciado de um ano atrás.  Ajudaram até no recolhimento das bandejas .Os passageiros olhavam a cena e diziam: O Sr. é muito bom no trato com os jovens! Não sabiam de nada. Foi emocionante.

Porta de embarque e um casal com cara de "casei ontem" embarcou. Serviço de jantar e ofereço as bebidas disponíveis: Vinho, Cerveja , Suco, Campari, Scotch, Água, Refrigerante, Soda,  Água Tônica. O casal se entreolha e começa o chamego: Ai amor você deseja o quê? Não sei, pedi você! E assim foi, e eu ZEN aguardando e observando as duzentas e poucas pessoas à minha frente  para atender. Não perguntei mais nada: Peguei dois copos de vidro, pois é,  era  copos de vidro na cabine Y das antigas aéreas, coloquei gelo, uma rodela de limão nas bordas e Coca Cola,  coloquei sobre as respectivas bandejas e segui meu caminho. Voltando para oferecer,  eles aceitaram mais Coca Cola e não questionaram nada. O amor é lindo! 

Anos se passaram e lá estava novamente eu em Paris e na porta de embarque do avião. Casal simpático e uma menininha bonitinha. Serviço de jantar e surge uma pergunta:  Comissário o Sr. vem sempre à Paris? Uma vez no mês respondi,  às vezes duas. Talvez o Sr. não lembre-se de nós.  Nós já voamos juntos para Paris.  Que legal! Fico feliz em tê-los a bordo novamente. Nós somos o casal que o Sr. ofereceu Coca Cola,  lembra-se? 238 passageiros na cabine Y em cada voo x quantidade de voo para Paris nesses últimos anos. Não lembro respondi. Ela contou a história que realmente eu não lembrava, após eu oferecer a Coca Cola, O marido disse : Que bom,  eles escolhem até nossa bebida! É isso amor!  Eles continuavam o mesmo casal chamego de antes,  agora com uma linda filhinha que olhava-me e nada entendia.

 

Madrugada sobre Atlântico,  passageiro vêm até o galley e  comunica que seu vizinho de poltrona junto a janela, tem um ronco anormal. Está lhe incomodando muito? Posso tentar encontrar outro lugar para a senhora! Na realidade estou preocupada com o ronco. Não é normal. Meu marido ronca, disse ela insistindo que havia algo muito sério acontecendo. Fomos investigar e ao analisar o passageiro contatamos que realmente algo muito estranho acontecia, mas o que fazer, em plena madrugada sobre um voo sobre o oceano. Acordamos o passageiro e descobrimos que ele possuía uma ponte móvel dentária que soltou-se e ficou presa na traquéia. Que susto e sufoco passamos a bordo. Os ensinamentos aprendidos durante o treinamento não foram suficientes para solucionar o problema. Também que treinamento poderia imaginar uma situação desta. Pousamos às três da madrugada em Fortaleza em emergência para o passageiro ser levados por paramédicos para um hospital.

Existem aquelas situações de tristes que viraram momentos felizes. Após uma decolagem de Montréal para Toronto,  a cabine de comando nos informa que ouve um estouro na área do trem de pouso dianteiro. Os fortes ventos conseguiram arrancar uma das tampas do compartimento de trem de pouso. Deveria estar com algum problema não identificado anteriormente. Fomos " obrigados " a ficar três dias em Toronto,  brincando na neve, enquanto aguardava  a peça chegar da Boeing, ser colocada e testada. Passageiro bêbado era um tormento para a comissária. E este foi um show especial. Ele dormiu no lavatório. Literalmente tive que dar um banho nele com o balde de gelo devido ter defecado sobre ele mesmo, e depois tivemos que interditar lavatório. Desembarcou usando uma calça corsário verde musgo da esposa. Era o que havia à mão para mantê-lo vestido. 

Hoje é um espetáculo não tem mais bebida alcóolica a bordo. Os Comissários de hoje nem imaginam o que nós já passamos no passado. Mas era tudo um glamour maravilhoso, era uma aviação espetacular. Vestia-se a roupa da Varig como se fosse a roupa da Seleção Brasileira. Éramos orgulhos em dizer em voz alta que trabalhávamos na Cruzeiro, Varig e porque não dizer também na Vasp e na Transbrasil. Éramos admirados por onde andávamos quando estávamos com  nossos uniformes. Chamávamos atenção nas ruas, no trânsito, no metrô, no ônibus e nem se fala nos corredores dos aeroportos.

A aviação abriu as portas e oportunidades para eu conhecer o mundo, suas culturas, gastronomia, arquitetura, pessoas diferentes. Sai da minha casa e fui conhecer todos os países da América do Sul, com exceção da Guiana. E fui além, conheci Costa Rica, Panamá, México, Estados Unidos, Canadá, África do Sul,  Angola, Moçambique , Nigéria,  Costa do Marfim, Quênia, Marrocos, Portugal, Espanha,  França,  Holanda,  Bélgica,  Reino Unido, Andorra, Luxemburgo,  Itália  Grécia, Suíça,  Áustria, Iugoslávia ( antes da guerra separatista ), Tchecoslováquia ( antes da divisão), Alemanha,  Dinamarca, Finlândia, Suécia, Noruega, San Marino, Vaticano, Mônaco  Turquia (parte europeia), Tailândia, Camboja, Vietnã , China Continental, Hong Kong, Japão, Aruba, Curaçao,  Bonaire,  Martinica, República Dominicana e claro deve ter algum país perdido que eu devo ter esquecido. Foi espetacular ter conhecido e viajado pelo mundo. A aviação retrata a realização de um sonho. Parece aqueles filmes mágicos de período natalino onde tudo acaba dando certo, e na minha vida deu tudo certo. Agradeço a todos os colegas tripulantes, professores, passageiros, familiares e a meus pais por tudo que vive e pela pessoa que me tornei.



Caro Rodrigues, muito obrigado por esse carinho. Tenho certeza que muito mais Luiz Vieira encontrará por aí. FORTE ABRAÇO!  De repente uma surpresa
Alguém ( Muito especial que conheci )
Resolveu expor meu sonho de menino.
MUITO OBRIGADO,



Luiz Vieira
Grande  Rodrigues , você realmente é surpreendente.
Pegou minhas palavras e transformou em documento.
Meu carinho por você é muito grande, tenha sempre a certeza disso.


Meu amigo Luiz Vieira, como já lhe disse, cada pessoa que entrevisto, tem sua história, um legado de vida. Você é um exemplo de pessoa. Exemplo de Motivação. Seu passado em muito espelhou minha caminhada. Não na aviação. Sou de outra área. Mas na ascensão. Viemos lá de baixo, e não por isso deixamos a desesperança nos abater. Isso na verdade era querosene para continuarmos nossa peregrinação. Seguimos nossos caminhos e crescemos sem pisar e machucar nos colegas. Galgamos respeito e vitórias. Como lhe disse por muitas vezes quando eu escrevi sua história, não me contive e minhas lágrimas desceram. Parabéns meu amigo. Você é uma pessoa muito querida, são dezenas de mensagens que estão aqui na sua matéria de pessoas que cruzaram com você que diz isso e não eu. Um enorme abraço.
Jones Rodrigues





Show irmão !!! E pensar que poucos meses depois entrei nesse nosso mundo aéreo pela mesma porta - Cruzeiro do Sul ! Somos de fato ricos em experiências e aprendizado !!
Gratidão Eterna

Vieiraaaaa lindooooooo....que livro maravilhoso, torna-se um Best seller, com uma história de vida de um menino com sonhos que amadureceu e cresceu e realmente realizado profissionalmente.... muitos causos lindos na aviação por quase 30 anos...muito obrigado, muito orgulho de ser seu colega de voo....CIRILO

Que alegria fazer parte desse post meu primo. Você é uma preciosidade em nossa família e sou feliz por ter a oportunidade de conhecer mais ainda sua história. Parabéns e que tenhamos muitas linhas para escrever


Luiz Vieira
 não tem como não amar vc! Vc sabe o quanto eu admiro e te respeito!

Parabéns pela realização de um sonho. Vencer sempre.

Parabéns todo Variguiano foi e é um vencedor, parabéns pela sua saga.

Sensacional !!! 

Saudades dessa época meu amigo, Parabéns!!!

Bravo

Puxa! Que história de vida inspiradora!! Por que não escrever um livro incluindo essa biografia maravilhosa e as experiências vividas na Pioneira? Já pode reservar meu exemplar!!

Tive o privilégio de conhecer essa pessoa tão especial. Parece q usava uma máscara sempre sorrindo, independente da situação mais problemática q houvesse. Saudades e aquela foto do anúncio de tufão em HKG é impagávelllllllllll ...

Viajei na sua história de vida!

Magnífico 🏆🏆🏆🏆🏆
Venceu
Força e Fé!!

Adoro este menino!! Simples assim

Temos que acreditar nos nossos sonhos eu tenho só pp e não vôo mais

Sensacional !!! 

emocionei... linda história de vida..

Uma frase a ser guardada para sempre: "Passei a ver meus amigos sempre por cima, meu brinquedo sempre estava sobrevoando os carros e caminhões e eles “ arrastando-se” pelo chão."

Tamos Juntos!!! 

Amei !!!

Que maravilha! Linda trajetória Luiz com lembranças tão reais de momentos maravilhosos vividos na nossa querida Cruzeiro e Varig. Somos vitoriosos e agraciados. Me identifiquem em várias passagens. Show! Parabéns! Que Deus nos abençoe. Gratidão. 

Obrigado por compartilhar !

Parabéns

Parabéns grande relato


É a VARIG proporcionou oportunidades para todos nós , quem acreditou e se dedicou colheu frutos

Parabéns!!
Um grande exemplo de luta e perseverança .Um vencedor.

Ótima história, quando VC sonha em ser uma coisa e busca  em realizar de qualquer maneira com seus esforços e fé, a coisa acontece de vdd. 

Linda história!

Muito bom

Show!!!

Cássia Queiróz
Bonita história, você acredita que meu irmão tinha um avião desses que ficava soltando faísca era sensacional. Muito legal. Nossa que tempo bom que a gente viveu, né ? Saudades. Um abraço a vocês todos.


Meu querido amigo 
Luiz Vieira
 você é merecedor de todas as homenagens

Parabéns!!!

Parabéns!!!
Que maravilha, amigo! Seu trabalho gera felicidades, e isso é um dom divino!

Bela matéria, parabéns!
Tive a honra de voar com ele algumas vezes (foi SC no 767).
Grande profissional e pessoa

Vieira. Parabéns irmão de Asas. Sua história de vida é muito gratificante e inspiradora. Pra mim foram quase 30 anos na Pioneira. Deus nos abençoe. Forte Abraço

Parabéns
Excelente texto
Viajei nele junto c vc

Bravo!!! Muita emoção e lindas recordações.

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BRAVO !!!!!!!!  BRAVO !!!!!  BRAVO !!!!!!
MEUS PARABENS DEUS TE ABENÇOE

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Parabens Luiz sonhou alto voou alto

Parabéns!

Bravo

Linda!!! O Luiz é especial, um excelente colega e profissional. Parabéns a matéria ficou linda
Isso mesmo ele é um amor de pessoa

Parabéns!

Parabéns pela linda e perseverante história relatada, com fluidez quase lúdica e tão ricos detalhes. Os sonhos existem e podem ser realizados. Abraço carinhoso.

Parabéns!

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Eu Passei Por Isto Também Caro Amigo Mas Amém Fé Sempre Somos Nos Bom Dia Abraços.

Sonhar e jamais desistir vc pode vc consegue

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Jones... a mesma emoção que demonstrou ao escrever foi transportada a quem teve o privilégio de ler! Obrigada por compartilhar com todos!!

Marcelli Dias
 mostra para sua turma da aviação

Maravilho! Como Vc. é especial. Não tive chance de nos conhecermos mais. Mas com certeza, próximos

Amo esse sorriso!!!

Que show ! Amei !!!!

Você realmente é um vitorioso, e eu tenho orgulho em ter tido a oportunidade de lhe conhecer.

Parabéns, pelo Sonho realizado, ou melhor realizando o Sonho de Voar cada vez mais alto. Abração

Muito legal, Vieira parabéns pelo profissional que você sempre foi e por tudo que você conseguiu!
Show!!

Linda história!

Parabéns Luiz Vieira pelo maravilhoso e emocionante relato. Somos irmãos na aviação e muitas histórias a gente se identifica. Lembrei também do querido Fonsequinha, você lembra dele? Acho que ele nasceu próximo de Niteroi- São Gonçalo.


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parabéns companheiro !

Lembro muito bem do Vieira na aviação. Aliás, sua alegria contagiava!

Carlos Augusto RosarioParabéns
 Flavio Pedrosa
Cm dinheiro vc tem tudo sem dinheiro ninguém vai a lugar nenhum certo

Maravilhosa história! Maravilhosa pessoa!

Parabéns!!!!

Parabéns!!!!

Linda história 👏👏, uma honrra em poder ler a sua história, obrigada por compartilhar com todos nós. Parabéns !!!!

Tive o prazer de conhecê-lo

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Tão bom que reli!!

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Luiz Vieira
 ... open sandwich... adoro!! Acredita que aqui em Atlanta temos o IKEA? Além dos móveis, utensílios de casa e brinquedos escandinavos, há o restaurante com as comidinhas que adoro!! E olhe só: até os livros que enfeitam as estantes são verdadeiros ( e não fakes)... assim que um tempinho na loja me sinto sueca... rsrsrs Obrigada pela lembrança e foto! You are very kind!!

Parabéns 👏 que linda a tua história 👏

Como sempre !! Você é ímpar meu amado

Muito querido!

Você pode e sempre conseguirá. Sou testemunha dessa trajetória.

Meu Dinamarquês favorito, parabéns!
Sua historia é linda e muito nos orgulha!
Enquanto lia, parecia que eu estava em cada voo do seu belissimo relato... Nao adianta, nunca iremos esquecer o que "aquela" aviação nos ensinou e proporcionou...
Agora, vc deveria nos presentear com a parte 2. Que tal?

Vc ê mesmo exemplo de perseverança e com certeza uma pessoa especial.

Parabéns!!!!

Vc me diz sempre : EU posso, Eu consigo.🤜🤛

Meu amigo , que bonito , não consegui parar de ler. Você é um cara muito legal. te aprecio muito

Parabéns!!!!

Maravilhosa história! Maravilhosa pessoa

Que Orgulho!!!!  

Você é tudo de bom


Linda estória!

Parabéns!!!!


Heroi

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Filho de Rosa, grande menino, grande homem, grande amigo. Saudades meu amigo.
Grande heroi....

Nunca podemos desistir de nossos sonhos!! Sucesso
Linda a sua história !!!!

Ótimo texto.....sempre foi um excelente profissional e colega!

Parabéns Vieira: vocação, humilde, profissionalismo!
Com orgulho em te conhecer brilhante amigo e exemplar profissional!!!

Parabéns sucesso e boa sorte por não ter desistido dos seus sonhos.
Hoje e sempre suas lágrimas sejam de felicidade e alegria. Abraço 

Interessante mais uma história ( biografia) escrita por Jones! Você vai lançar algum livro?

Muito interessante e linda a sua trajetória, colega 
Luiz Vieira
. E a mesma foi muito bem redigida. São textos agradáveis para ler e quando comecei, não conseguia parar, até chegar no final. Ao menos, comigo foi assim.

Glaci Weiler Sergio Specht
, muito obrigado pelo carinho das palavras, mas todas as narrativas são minhas, o Joel " arrumou " o posicionamento das palavras ".

Achei linda esta foto que postei

Marly Carvalho
, inesquecível. O autor que escolheu.

Que lindo e FELIZ você está realizando seu sonho de menino! Parabėns grande profissional adorado por todos! Bjs!

Luci Fernanda Da Cunha
 , feliz por ter gostado da minha história pré voo.

Bravo

Amo o dono de belo sorriso!

Ligia Melo
, você é hors concours nas mensagens de carinho. Muito obrigado pela atenção e pelo carinho.

Vc é um menino GOSTOSO...KKKKK

Francis Silvério
, não usei seu nome, mas uma das histórias que falo , você era a Cmra. que estava comigo.

Sorrisão lindo.

Beijos

Querido depois vou ler com calma, é um livro de bordo pelo mundo.

Olha que história bonita

Bravo

Bravo
Sonho em ser comandante! 😍✈ e um dia chego la

Parabéns!!!!

Bravo

Jaque Mendes
 LUTE PELOS SEUS SONHOS 

Palmas !!!!

História linda!!!

Parabéns, tenho sonhos e os persiga, Um abraço, PAZ


Patrizia Ugenti
Carlos Luiz você fez parte desta história. Vai rolando as fotos e verá! Bju

Parabéns!!!!

Palmas !!!!

Sonia Dellinghausen
Um querido! Saudades

Roberto Oppelt de Oliveira
Bela história. Merece ser conhecida.

Vania Suzuki
Parabéns
 pela sua vontade, determinação , força e fé .

Eu vi história do Luiz Vieira achei Linda e interessante conversei com ele Em amantes da aviação onde fiz perguntas Ele respondeu todas sempre educado É uma pessoa maravilhosa

Jorge Galvao
Vieira...São Gonçalo...bons tempos...William Castro...nem lembra mais ..assim que vi essa foto não olhei nem o nome, sabia que era você..

José Roberto Marcondes
Abraços 
Felicidades
 Caro Amigo

Sonia Dellinghausen
Uma doce pessoa

Taguchi Yuichi田口 雄一
Grande Luiz, por isso voce voou p/o meu pais Japao ! Voce sabe o tamanho do Globo, sabe onde fica o Japao e o Brasil.

Alzira Tamara
Meu menino
Se cuide
Bjs

Antonia Sales
Parabéns
❤❤❤

Parabéns!!!!

Darcy Godoi
Parabéns a tds Comissariosde bordo

Neida Bessa
Parabéns

Dora Lopes
Parabéns

Antonia Sales
Parabéns

Noelito Marques Serapião
Parabéns, a todos comissários de bordo, pelo seu dia...

Parabéns

Taguchi Yuichi田口 雄一
Autoestimacao, convccao, self-determinacao suprema ! Parabens from Japan !


Bete Ribeiro
Quem sonha vai a luta e consegue

Henrique Santos
Luiz Vieira, exemplo de excelente profissional

Osvaldo Filho Barcellos
Uma pessoa muito querida , foi um imenso prazer ter voado contigo.

Ricardo Gomes
Excelente Parabéns 

Haroldo Meirelles
Grande garoto!

Lucia Machado
Meu amigo.

Patricia Almeida
Que história mais linda e emocionante! Não tem como não segurar as lágrimas ainda mais pra quem ama essa profissão! 
Parabéns
 pela história de vida e amor a profissão!!

Magda Prade Borges
Amigo querido

Jorge Escaleira Curvello
EU TMABEM ENFRENTEIDURAS DIFICULDADES, MAS NÃO DESISTI, VENCI A TODAS E VOI POR 30 ANOS NUMA BOA.

Ichiro Yadoya
Grande e extraordinária pessoa q tive o prazer de conhecer e tripular junto

Rosa Maria Lacerda Ramos
Parabéns
 primo, pelo reconhecimento da sua luta e vitória entre os amigos da Varig. Sorriso amplo, sempre de bem com a vida. Deus o abençoe.

Gerson Eiras
Sua mãe estava certa

Sonia Dellinghausen
Adoro está criança linda

Angela Fleury
Linda história...
Parabéns
!!

Maria Da Graça Pereira
Insistir, persistir e nunca desistir!

Janine Bastos
Uma grande verdade Amo você demais Luiz Vieira
Rosa Maria Pesce
Querer é poder, temos que acreditar com toda a nossa força naquilo que realmente desejamos

Francis Martins
Parabéns
 colega!

Antonio Cagnoni
E um narrativa bonita de um sonho que se tornou realidade

Edson Souza Silveira
Legal cara, tu é um vencedor que lutou para realizar teu sonho e, não é pouco, pois comissário tem muita importância na aviação.

Antonio Avelino
Vamos montar uma empresa, vender cotas e ressurgir a Varig. É só aparecer um empresário sério.

Francis Martins
Parabéns
 colega!

Juacir Lemos
Parabéns. pela bela escolha.e.um belo profissional q foi pelo q sei

Loiva Alves Inda
Sucesso sempre

Edson Souza Silveira
Legal cara, tu é um vencedor que lutou para realizar teu sonho e, não é pouco, pois comissário tem muita importância na aviação.

Wellington Santos Francisco Oliveira
Nunca fui comissário apesar de querer muito e não ter o requisito principal o Inglês... Mais fui um cliente mirim super fiel da Varig meus pais viajaram muito por isso tenho a empresa na minha memoria e no meu coração !!!! Queria muito e já pensei na hipótese de ressurgir com a Marca Varig mais vários especialistas me falaram que isso é praticamente impossível devido ao fato que a empresa foi completamente encerrada e nenhum investidor vai querer entrar nessa !!!!

Vilma Cardoso
👏👏👏 .adorei sua estória.

Loiva Alves Inda
Não devemos desistir de nossos sonhos.


Valeria Gomes
Belo Exemplo! Paz E Todo Bem!

Margot Galvão
Vieirinha, amigo querido e profissional exemplar !..- Belíssima a sua estória rumo a concretização do seu grande sonho- VOAR! -Saber cada detalhe ,fatos dessa sua trajetória em busca do seu sonho.
E como não lembrar do bom colega de jornada e do excelente profissional.?!?
-Não têm como separar... Voar contigo era certeza de cabine OK e de sorrisos marotos..outras vezes de gargalhadas contagiante.
Sorridente e discreto; solicito e competente -Um profissional exemplar com quêm tive o prazer de compartilhar vôos e risos nessas jornadas aéreas.
É sempre muito bom quando nos reencontramos em um evento de confraternização e podemos relembrar os tempos idos..
--PARABÉNS,amigo..Por sua trajetória e por sua conquista em ser o quê desejou ser.!!.
- Nesse ponto compactuamos do mesmo sonho desde a infância..- "Trabalhar dentro do avião"" - 😉 ..Bons tempos das nossas saudosas Cruzeiro - Varig.
Fique na Paz amigo "Kiridu".
PARABÉNS
 PELO BELO RELATO!!👏🏾👏🏾👏🏾

Osvaldo
Eu me lembro de você, anos de 80,você era gente boa, época boa.


Jose Luiz Pinho Villela
Parabéns vencedor

Walace Rodrigues
Linda história! Parabéns!

Orides Silva
Que história linda !
Como Deus é bom !
Feliz é aquele que acredita em Deus e tem fé .
Porque qdo temos fé e batalhamos por conquistar nossos sonhos !
Com toda certeza se realizará ...

Rita Maria Barcelos
Um querido. beijos

Marcia Pugliese
Meu amor, meu lindo, meu Amigo

Parabéns!

Parabéns!

Paulo Ricardo Freitas
Com toda certeza!
Terezinha Pohlmann Canha
Linda a sua trajetória, parabéns!

Celso Rosa
Feliz Natal para você e toda sua família.

Luiz Alberto Bezerra Martins
Feliz Natal amigo. Vc é show

Cécilia Keller
Feliz Natal, povo alado!

Nara Da Silveira Mesquita
Linda tua narrativa.
Me fez lembrar meu falecido irmão Nilo César da Silveira que aposentou-se pela VARIG como comissário

Nancy Marinho
É uma vivência linda estar a bordo trabalhando




Osvaldo
Meu amigo da época boa, anos 80.

Diacuí Frota Leite Chagas
Uma história linda de uma pessoa m a r a v i l h o s a

Lizete Grillo
Amei sua história. 
Parabéns


Nancy Marinho

Parabéns valeu a luta

Rosa Maria Azevedo
Parabéns ao autor; verdade que vale sempre a pena perseguir os nossos sonhos.