Minha paixão por aviões é desde os nove anos. Sempre ficava no telhado de nossa casa olhando para o céu tentando adivinhar o tamanho do avião. Imagina coisa mais maluca, alguém subir no telhado para querer ficar mais próximo possível do avião, na verdade hoje sei que nem faria nenhuma diferença estar no chão ou no telhado, porém naquela época era um triunfo eu estar mais próximo do avião alguns metros, mesmo correndo um risco de cair e me machucar, coisa de criança.
Em 2014 estive no Aeroporto de Congonhas e pela primeira vez tive a oportunidade de olhar uma Aeronave em solo. Foi quando pude ver todos os seus detalhes e compreender o tamanho real de uma avião. Era algo sensacional e gigante. Fiquei todo arrepiado com o barulho dos reversos. A decolagem de perto fizeram eu ficar encantado e emocionado com aquilo tudo. Fechei meus olhos por alguns minutos e me imaginei dentro de um daqueles aviões que estavam decolando. Nem pensava em estar pilotando, imagina apenas estar sentado como passageiro na janela. Tudo que sabia era de filmes que assistia. Então, eis que surge uma ideia: se todos podem voar, eu também posso.
Aos 23 anos comecei a colecionar maquetes, cada uma tinha sua história. Quase todo meu salário eu gastava com elas. Minha mãe não compreendia como um jovem podia gastar tanto dinheiro nisso. Para ela era botar dinheiro no lixo, mas mesmo assim, ainda preferia que eu gastasse nisso do que em outras coisas como cigarro, álcool ou drogas. Minha coleção só aumentava, tinha aviões da Embraer, ATR, os Airbus e Boeing. Passaram de cinquenta aviões, um verdadeiro aeroporto! A noite e aos domingos eu ficava durante horas admirando cada um deles no meu quarto, que passou a ser meu pequeno paraíso. Nada melhor que um ambiente que nos faz bem, e também passou a ser meu refúgio desse mundo insano onde todo mundo todo dia só procura correr e não tem mais tempo para olhar a vida pela janela do mundo.
Meus amigos dizem que eu não bato muito bem da cabeça, e para falar a verdade até concordo com eles. Em março de 2014, matei aula para compra uma passagem aérea chegando no balcão da TAM não tinha a menor ideia pra onde queria voar. Só queria realizar meu sonho. Tinha pouco de dinheiro. Quando a atendente perguntou qual era o destino do meu voo, fiquei congelado e pensando. Então, pensei num destino distante, surgiu então a ideia de Fortaleza. Passagem comprada e guardada dentro do caderno. Não contei para ninguém, nem mesmo para minha mãe. Ninguém tinha a menor ideia do que eu havia feito.
A passagem foi emitida para voar só dentro de dez meses porque seria bem mais barata, comprei com uma mega promoção em razão da antecipação de quase um ano. Eu não contava que seria tão difícil conviver com a tal ansiedade. Era consumido por ela todos os dias. Contava dia a dia cada um deles. Pareceram anos. Foi uma tortura. Um verdadeiro pesadelo. Até que finalmente estava na véspera. Foi pior ainda, nem consegui pregar no sono. Passei a noite inteira acordado, virando para lá e para cá. Finalmente vi aparecer os primeiros raios de luz e depois de sol. Enfim, meu quarto estava claro. Chegou o dia 15/01/2015.
Procuro agir de forma natural para ser uma manhã normal, as minhas malas estavam prontas e nem me despedi de minha mãe, que ainda estava dormindo. Abro o portão e vou pra o aeroporto feliz e contente. Estava feliz e um pouco nervoso, com uma mistura de ansioso, medo, alegria. Estava prestes a realizar a minha meu sonho. Finalmente chego no Aeroporto de Congonhas e descubro que estava no aeroporto errado. E não tem jeito, tenho que ir para o outro aeroporto, bem mais distante. Rumo ao Guarulhos, agora já bate o desespero, muito trânsito.
Chego no balcão da TAM e sou informado que o voo estava encerrado. Nem sabia o que era isso. Então me explicaram que havia perdido o voo. Fiquei muito nervoso, agitado e trêmulo. Vi desabar em segundos o meu sonho que durante meses havia planejado. Tinha vontade de berrar e até mesmo de chorar. Perdi o chão. Informaram que teria que ir até a loja para reagendar. Bateu então uma esperança no fim do túnel. Quando a atendente da loja me diz que teria que pagar a diferença entre o que tinha sido emitido a passagem com promoção e o valor normal da tarifa, eu desabei de vez. Eu não tinha o dinheiro, nem cartão e nem nada. Nessa hora eu nem perdi o chão, eu cavei um poço e ai dentro dele, fui direto para o fundo do poço.
Fiquei sentado num banco sem saber o que fazer, o desanimo era tamanho que nem vontade tive de ir olhar os aviões para aproveitar minha ida até o aeroporto. Com o passar do tempo fui me acalmando, recuperei minhas energias. E não desisti. Nunca fui de desistir das coisas facilmente. Eu já tinha esperado toda a minha vida para poder voar de avião. Então, tive uma ideia. Estava com meu tablet e naquela época valia muito. E comecei a oferecer para as pessoas com a passagem na mão e explicar porque estava vendendo. Não demorou muito e consegui fazer a venda. Então, voltei voando para o balcão paguei a multa e as diferenças de tarifas e consegui embarcar no voo das 15:00 horas. Naquele dia a vida me ensinou que para os sonhos e para Deus nada é impossível e nunca desisti dos meus sonhos e objetivos.
A vida é feita por sonhos e quem não sonha não vive. E sonhos eu tenho. Claro que tenho. O maior de todos os meus sonhos é abrir uma nova empresa. É construir uma empresa nos mandamentos do meu ídolo o Comandante Rolim Amaro. Se eu tenho dinheiro? Claro que não. Eu tenho inspiração e muita admiração em tudo que o Comandante construiu. Ele foi que nem o Silvio Santos. Nunca mais haverá outra pessoa como ele. Nunca mais haverá uma empresa como a TAM. Nunca trabalhei na TAM, mas sei que os funcionários tinham um prazer imensurável pela empresa. Era como se fosse uma família. Isso nunca havia ocorrido antes. E os passageiros tinham o prazer em voar pela TAM.
Quero criar uma companhia que tenha a simpatia e elegância dos seus colaboradores. Ninguém esquece os sorrisos como que éramos atendidos pela TAM, como também a sua rapidez na solução dos problemas. O Comandante Rolim foi um marco diferencial na aviação brasileira. Nada existiu igual ao que ele fez antes. Imagina no Natal um Papai Noel sair de dentro do banheiro do avião tocando um violino e as comissárias distribuindo chocolates. Isso era surreal. Ou ter uma sala de embarque com piano de cauda, harpa, violinos e tanto outros instrumentos todos os dias do ano. Receber os passageiros na porta dos aviões e cumprimentar um a um, lhes entregando seu cartão pessoal. Imagina o CEO da empresa atender pessoalmente o telefone de reclamações. Ele voava com os passageiros e conversava com todos no voo, queria escutar suas reclamações e sugestões. Foi um tempo diferente, que nunca mais existirá. Hoje é o tempo do biscoito e de cobrar tudo. O Comandante Rolim além de instituir os Mandamentos da TAM, criou também a sua Missão que que era "Trabalhar com o Espírito de Servir faz as pessoas mais felizes."
Por isso quero abrir a Brasil Airlines que será uma empresa totalmente paulista com sede em São Paulo, inovadora e com os ensinamentos do mestre Cmte. Rolim Amaro, escolhendo as pessoas certas para todos os lugares e com a mesma paixão daqueles tempos de todos os colaboradores. Teremos tudo para decolar para o mundo inteiro. Quero ter um serviço de bordo simples e arrojado como as tabuas de queijo e pizzas e a champanhe a bordo. Quem sabe no inverno incorpore até a famosa feijoada da querida Transbrasil. Quero um sorriso espontâneo dos tripulantes como naqueles tempos do Comandante. Sabem porque? Simplesmente porque todo mundo merece voar. E voar muito bem. Com um bom espaço entre as poltronas. Quero voltar a fazer os famosos sorteios a bordo. Quero fazer parcerias com empresas de chocolates, vinhos e outros e poder distribuir brindes a todos os passageiros. Igual aos antigos tempos. Onde era realizado os sorteios num saquinho de pano de veludo vermelho, e cada poltrona tinha uma fichinha redonda.
Sou mais ambicioso, quero fazer parceria com todas as escolas públicas e para os melhores alunos de cada série presentear com um voo de ida e volta no mesmo dia para algum lugar do Brasil. Por exemplo, junto uma turminha de vinte ao Rio de Janeiro e lá vão conhecer o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, o Museu do Amanhã. Vou mandar construir várias maquetes enormes de três metros, com janelinhas onde é possível ver os passageiros e tripulantes dentro. Em cada aeroporto que tivermos uma base vou colocar uma maquete, para todos os visitantes e turistas possam fotografar. É tão triste saber que tem tantas maquetes trancafiadas dentro de empresas e longe do grande público, longe de crianças, jovens, pessoas da terceira idade. Muitas deles que jamais tiveram a oportunidade de voar.
Se é apenas um sonho? Pode ser. Mas se aquele jovem rapaz que nasceu numa casinha sem luz e sem banheiro, que teve que largar a escola ainda adolescente para trabalhar e trazer dinheiro para dentro de casa não tivesse sonhado e realizado seu sonho. Tanta coisa não teria acontecido. Ele acreditou no seu sonho, não é que vendeu sua lambreta para fazer aprender a voar. E aprendeu a voar? A verdade é que ele não aprendeu a voar. Foi muito mais longe. Ele aprendeu muito mais. Ele não fez Harvard e nem outra se quer. Ele fez a faculdade da vida. Nunca foi arrogante. Por tudo que li, sempre foi uma pessoa simples. É por isso que a TAM foi um sucesso. Se vou abrir a Brasil Airlines não sei, mas já estou feliz que você tenha lido minha história e ficarei mais feliz ainda se amanhã ou um dia qualquer eu entrar no aeroporto e encontrar uma maquete enorme, porque alguém leu minha matéria e teve a sensatez de contribuir com o sonho de milhares de pessoas que gostariam de fotografar. Além do que, pensa numa propaganda mais barata que essa.
Quero ouvir os passageiros, entender seus anseios, suas demandas. Compreender em que nossa companhia pode se aperfeiçoar. Vou realizar pesquisas de opiniões com um sistema ON LINE com nossa central de atendimento onde cada passageiro durante os últimos trinta minutos de voo irá avaliar diversos itens sobre o voo como o valor da tarifa, atendimento para compra da passagem, serviço de bordo, e tudo mais sobre o voo. Da mesma forma que o Cmdt. Rolim, eu entendo que precisamos escutar nossos clientes para crescermos com segurança. No dia do lançamento vou contratar cem balonistas para transportar passageiros e convidados de nossa cerimônia de lançamento do Aeroporto de Congonhas até o de Guarulhos.
ja foi na cabine?
teve medo de voar
qual foi sua emoção ao entrar no aviao e ao decolar[