terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Cmte Plautio - Muita História em Poucas Palavras

Fazendo um relax com o instrutor do Aero Clube de Marília João Vitor sob o céu de Marília 

Vou contar um pouquinho da minha história e da aviação que está sendo esquecida aos poucos. O tempo e o vento estão levando nossa história. Assim, vou aproveitar esse espaço para registrar minhas memórias. Mas para isso terei que fazer uma regressão no tempo. Lembrar de tantas coisas boas. De tantos amigos. De uma aviação que não existe mais. Quando voávamos no braço. Era uma época distante da atual. Sem toda essa tecnologia existente hoje, tanto nos aviões, quanto em tudo a nossa volta. Imagina nem existia celular, muito menos GPS. 

Aguardando Pax para decolagem

Os aviões tinham meia dúzia de botões, hoje tem centenas, para não dizer que já são milhares. O equipamento que se tinha de localização a bordo não era radar. Era o "VOR" - Viajando e Olhando os Rios. Naqueles tempos o aeroporto não tinha nenhum recurso para nos auxiliar. Era tudo no "VOR" e ponto final. Voávamos nos orientandos pelos rios das regiões, Rio Tiete, Paraná, do Peixe, São Francisco e tantos outros. Quando não havia visual era através do relógio, ou seja, sabíamos que teríamos que estar em determinado local em tanto tempo e sempre com o "Mapa da Esso". 

Com skyline PT - CAS que foi do Rolim na Ata Araguaia Táxi Aéreo, Eu aguardando Pax em Dracena para Naviraí MS

Traçava a rota,  controlava o tempo de voo, se certificava que estava na proa correta, mas estava coberto de nuvens em baixo. Assim você acreditava que estivesse em determinado local pela sua experiência. E ajustávamos a rádio AM da cidade de destino, pois quanto mais perto ficávamos melhor ficava a fonia. Já em Marília tínhamos um facilitador a noite que era o farol, que ao girar você visualiza de longe o clarão por cima das camadas de nuvens. 

VISITA DA VELHAS ÁGUIAS DE MARÍLIA NO MUSEU EM SAO CARLOS RECEPCIONADOS PELO CMT JOÃO AMARO

E aqui em Marília existia um rádio da Vasp, mas tinha que ter permissão se você não fosse da empresa, porque era de uso restrito da própria empresa. Da mesma forma que hoje cada companhia aérea tem seu canal de comunicação para os comandantes conversarem com suas empresas, sem ninguém estar escutando, com total privacidade.

Preservar a história no Brasil é algo incomum e inédito. Poucas pessoas como o amigo João tiveram não só essa paixão, mas também essa obsessão em preservar a história da aviação nacional e mundial. A família Rolim é referência. 

    Encontro realizado em 1999, todos aí da primeira e segunda geração T.A.M.
Da esquerda p/direita Ari Pinheiro, Milton Sciarretta pai, Miltinho Sciarretta Filho, José Renato Acosta, Rubens Bombini, Luiz Bettine, Moraes, Valdir Guarezzi, Otávio de Souza, Rolim e seu filho Marcos.


O João lutou muito para construir o legado do Museu Asas de um Sonho, foi erguido nas instalações da antiga fábrica de tratores CBT - Companhia Brasileira de Tratores em São Carlos. Lutou antes, durante e depois de ter sido obrigado a fechá-lo. Foi muito triste para todos os brasileiros o que aconteceu com o Museu de São Carlos. 

Quando foi inaugurado o Museu havia inicialmente oitenta e nove aviões. E o João fez algo emocionante a todos nós, fez questão de convidar todos os pilotos que ainda estavam vivos da primeira geração da  T.A.M. Além de termos sido convidados para a inauguração que havia sido aberta exclusivamente para a imprensa, autoridades e convidados especiais o João Amaro batizou alguns aviões com o nome dos comandantes Agrício Bernardo de Souza, meu pai Renato Zanni, Rubens Bombini. Nos convidou para estarmos juntos na inauguração ele. E nos recepcionou com um coquetel e após com um saboroso almoço. 

A alegria do João na inauguração do Museu era tamanha que ele contou a história de cada um dos oitenta e nove aviões para nós. Eu até fiquei com uma dúvida se sua maior paixão acabou sendo o Museu ou ainda era voar. O avião com o nome do meu pai é o Cara Preta. O João é uma pessoa gentil e reconhecedora de tudo que nós fizemos pela empresa, que ele abriu as portas de todos os aviões do hangar e me disse na frente de todo o pessoal: "Plautio escolhe um avião para você levar para Marília e vamos construir um Portal na cidade!" Eu agradeci ao João e respondi: "Comandante onde vamos colocar um avião desses, e o custo da manutenção. O melhor lugar é todos eles ficarem aqui na sua guarda.


Cara Preta Americano  na Flórida e depois todos os 180  da TAM foram pintados nesta cor.

Eu doeu para o Museu e entreguei nas mãos do João alguns documentos que entendi que ficariam mais bem preservados com no Museu e que retratavam a história da TAM. Como envelope da companhia quando era em Marília, envelope quando mudou para São Paulo na rua Boa Vista, fotografia do primeiro balcão dentro da TAM no Aeroporto de Congonhas, entre muitas outras coisas. Nós sempre tivemos o costume de guardar tudo. Inclusive a primeira "asinha" foi desenhada pelo meu pai e pelo Milton Sciarretta, que ficava no leme do avião e nas nossas camisas.

Minha história fica envolvida um pouco com a história de meu pai Renato Zanni que foi piloto e um dos fundadores da T.A.M. Também está envolvida com o passado desenvolvimento da cidade de Marília, com a aviação de táxi aéreo e com o aeroclube de nossa amada cidade. Meu avô tinha uma agência da Ford de automóveis na cidade de Tupã, mas meu pai optou em morar em Marília. 


Onde iniciou trabalhando com o Frank já como piloto formado. E acabou sendo um dos pioneiros da aviação de Marília. Incialmente trabalhou no Aeroclube, passou a ser mecânico chefe dos mecânicos juntamente com o José Sciarretta Sobrinho. Depois táxi aéreo, T.A.M. e por fim por conta própria.


O Aeroporto de Marília hoje é um dos principais do interior de São Paulo. Mas tudo iniciou em 1936 pelo nosso saudoso Frank Miloye Milenkovich,  inicialmente foi construído o campo de aviação na beirada da Avenida Vicente Ferreira. E o primeiro avião era o Taylor Cub PP-TBH. A cidade precisava na visão de seus visionários Bento de Abreu Sampaio Vidal e do Frank ter novas soluções de transporte além do férreo e rodoviário. O Frank tinha dois hangares e trouxe dois aviões primeiros aviões para Marília. Um era um Taylor Cub com motor tri cilíndrico de 36 HP e voava com duas pessoas. Onde montou a primeira escola de pilotos do interior de São Paulo Escola Aeronáutica de São Paulo. 

Depois construiu um novo hangar onde atualmente é o Restaurante Chaplin, existia na época uma madeireira de exploração de toras. Naquela época os aviões do Frank taxiavam pela rua de um hangar para o outro. Imagina uma coisa dessas: os aviões taxiavam pela rua. Isso é pura história. 

É a história de Marília. É a história do interior de São Paulo e do Brasil. Naquela época existia até eucaliptos, no fundo do hangar principal da quadra de esportes do Estádio Municipal Bento Abreu. E foi assim que iniciou a aviação em nossa cidade. Isso tem que ser preservado. 

Primeiro hangar do campo de Aviação de Marília Piper J-4do Sr.Frank Miloye Milenckovich na Av Vicente Ferreira do campo de futebol até o Asilo S. Vicente de Paula PP-TEX segundo o Rab está no Rio Grande do Sul

Com o decorrer do tempo o Frank foi adquirindo outras aeronaves, comprava das Lojas Mesbla. Isso mesmo, aquela antiga loja famosa dos anos 80. As Lojas Mesbla vendiam até aviões. Isso é outra novidade que acredito que a maioria do povo brasileiro nem saiba. Eu tenho até hoje uma carta comercial da Loja Mesbla propondo a venda de um Piper Cube J3. Outra informação importante de salientar é que chegamos a ser o terceiro aeroclube em formação de pilotos no Brasil.


 PT-AZK aldeia dos Xavantes,

A primeira companhia a operar no Aeroclube de Marília foi a Star que era do Coronel Luft da cidade de Jaú,  do Silvio Furquim Vasconcelos de Bauru e o Hugo Simeone esse sim tornou-se mariliense sim era de Bauru. O avião da Vasp descia no Aeroporto no início da manhã trazendo os corretores para comprar partidas de café nas cidades de Rinópolis, Parapuã, Tupã, Oswaldo Cruz, Adamantina, Lucélia e as pessoas que iam as fazendas Paraguaçu,  Rancharia e outros locais. Dessa forma todas essas pessoas se deslocavam do aeroporto ao aeroclube pois precisavam locar aviões de pequeno porte para se locomoverem rapidamente. 


Translado dos Cessnas 180 PT COS e PT COT ano 1966

A Star passou a atender esse público todo porque o Aeroclube não podia mais prestar esse serviço em virtude de não ser um táxi aéreo, mas apenas uma escola de formação de pilotos. Para solucionar a situação a diretoria do Aeroclube através dos Sr. Lázaro Ramos Novaes, Dr. Idreno Cavalari, Armido Guarezzi e todos os demais formou a Contax - Companhia Mariliense de Táxi Aéreo. Tempos depois a Contax foi vendida para o Anélio em Londrina, juntamente com a Star. Nisso o Agrício e com o Hugo Simione e formaram o Táxi Aéreo Hugo Simeone. 



Foto do ano de dez. 1960 fundação da T.A.M,mas o certificado de aeronave habilidade saiu em 16/01/1961. Em pé Archangelo, Rubens Bombini, Renato Zanni, Eleutério Teco, Valdir Guarezzi, Salvador Borges No, Agricio Bernardo Durvalino Trazzi, sentados Renato Lovato Segundo, Ana Maria, e Nelo Ferrioli da esquerda. Para direita

Em 31 de dezembro de 1960 foi fundada a T.A.M. pelos pilotos Agrício, Rubens Bombini, Valdir, Eleutério, meu pai Renato Zanni, Renato LOvato, Nelo, Salvador Borges, Archangelo e Durvalino Trazi. Mas sua certificação somente foi emitida em 16/01/1961. Conforme jornal da época, em dezembro de 1960 a T.A.M. já estava com dezesseis aeronaves e era a maior empresa de táxi aéreo da América Latina. Com seu crescimento  ocorreu por uma divisão por territórios em suas bases. O Teco ficou em Presidente Prudente com 180, o Rubinho Bombine em Goiânia, o meu pai na base Rio de Janeiro, o Agrício na oficina de manutenção em Marília, o Paulo Paulete em Bauru e o Durvalino Trazzi na base São Paulo e a matriz ficou em Marília. Nessa época cada um voava num avião 180. E foram comprados três Twin  Bonanzas PT-BJV, PT-BXL e PT-BTA.


Agricio, Rubinho, Valdir, Eleutério, Renato Lovato, Renato Zanni, Nelo, Salvador Borges o No, Archangelo, Durvalino Trazzi

Quando a T.A.M. chegou em São Paulo o pessoal não queria mais voar com os teco teco. Haviam acabado de comprar dois 180 COS COT, que haviam vindo de um translado e Wichita para Marília. Tínhamos que buscar outros dois 206 BXW e o BKH e em São Paulo ninguém voava com os monos motores, os famosos teco teco. Acabaram comprando três TWIN Bonanza, o BXL que já era do Sr. Orlando Ometto que entrou na companhia como sócio, o BVJ e o BTA que venho da diretoria do Banespa - Banco do Estado de São Paulo. 


Primeira geração de Pilotos da TAM: Rubens Bombini, Renato Zanni, Nelo Ferrioli, Ari Pinto Pinheiro 

Outra enorme novidade e surpresa para todos é que o SEDEX não foi criado pelos Correios. Novamente foi a T.A.M. Onde o Durvalino Trazzi era amigo dos diretores do Unibanco e quando foram comprados os aviões da Cessna por leasing. O monomotor não tinha aceitação no mercado de táxi aéreo em São Paulo. Começamos a transportar correspondências para o banco em caixinhas do tamanho de caixas de camisas e também jornais e revistas. Assim era avião para o Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e outras tantas cidades realizando transportes de malote, que hoje é Sedex. Foi uma estratégia operacional para melhor aproveitar os aviões e pagá-los.

    Primeira asa da T.A.M. desenhada pelos pilotos Mílton Expedito Sciarretta e Renato  Zanni

Quando o mercado percebeu o nicho de mercado todos quiseram montar, como o Bradesco e os Correios, mas quem teve a ideia foi o Durvalino Trazzi. E, diga-se também, que o Ave Noturna realizado pelo Orlando Bombine também já realizava esse serviço por conta própria com as empresas que tinha contato, isso antes da T.A.M. realizar transporte de malotes. E a rádio de Marília quando ele pousava a noite chamava recepcionava ele dizendo a todos os ouvintes "Bem-vinda Ave Noturna!"

 Jornal Correio de Marília dezembro de 1960 Fundação da T.A.M.

Em seguida foi adquirido o primeiro Azteka CRC, o Pipe que meu pai e o Otávio de Souza trouxeram dos Estados Unidos. Em seguida vieram os Navajos 67 PTCZK e o CXY e outros dois Aztekas BRY e o BRW. Esse BRY a J.P. Martins Aviação havia realizado um acordo com uma empresa, e o Rubinho Bombine numa demonstração em Campo Grande. Assim a T.A.M. tinha uma rede de pequenos aviões que podiam atender toda a região. Assim se um cliente solicitava um avião em Londrina e não havia, na hora já decolava um de Presidente Prudente. Não tinha avião em Marília, o de Bauru já atendia. O segredo do sucesso da T.A.M. Táxi Aéreo foi ter uma aeronave sediada em cada cidade de grande porte.

Na minha passagem pela TAM em São Paulo as aeronaves eram Dois Navajinhos PT Czk e Cxy Dois Aztec D BRY e BRW,   um Aztec C o PT CRC, dois Cessnas 206  PT BKH, PT BXW e um Cessna 210 PT CGD que era arrendado do Ricardo Rodrigues, onde os comandantes da época eram o Maffia, Becari, Otávio, Rubens Bombini, Zavaglia, Murillo, deputado Heitor Botura, Paulo Pedroso, Henrique Cintra, Carlos de Assunção Medeiros, Garcês, Belo, entre outros.


Cessna 180 cara Preta pilotos Mílton Expedito Sciarretta, Plautio Moron Zanni, e Ari Pinto Pinheiro no Museu de São Carlos

A família Bombine na aviação era formada por cinco aeronautas, onde todos são de gerações e aviões diferentes. o Seu Orlando Bombine foi um dos pioneiros da aviação agrícola em Marília junto com o José Sciarretta Sobrinho, que é pai do Milton Espedito Sciarretta que começou sua jornada na TAM e aposentou no Master de 747 e MD11 na Varig. Tem o Orlando Bombine Filho que voou na TAM. 

Tem o José Albano que é irmão do Orlandinho que é filho do seu Orlando que fez a Academia da Força Aérea, chegando a voar em todos os segmentos da F.A.B. e hoje voa senão me engano num King Air. O Rubinho é sobrinho do Orlando Bombine, que voou na TAM desde o início,  nos 320. O Rubinho é da época do 180. O Orlandinho filho do Orlando quando veio para a T.A.M. já era dos aviões Bandeirante. E o Sérgio Bombini - im memorian - voava na aviação agrícola de pulverização


Plautio na Faz Suia Missu hangar da fazenda dez 74

A T.A.M. tinha um contrato com a CESP - Companhia Energética de São Paulo e realizava muitos voos de São Paulo para usinas que estavam sendo construídas no interior do estado, como Xavante, Capivara, Ilha Cumprida, Ilha Solteira, Urubupungá, Rosana. Voávamos diariamente. As vezes fazia um para Ilha Bela com o familiares do grupo Atallah, mas ele gostava mais de voar com o Rubinho que era o piloto exclusivo do Grupo Atallah. 

Douglas C-46 da FAB, correio aéreo alto do Xingu

Tive que abandonar meu sonho de aviação comercial porque um gato ele me arranhou a vista e depois ao ir a uma fazenda o rapaz  da oficina em Marília pediu para trazer algumas laranjas para o pessoal e ao colher no pomar eu enfiei um galho seco no olho direito. 

Naquela época Marília não tinha oftalmologista, tinha que ir até Campinas de trem. Encontramos um médico  perto de Marília que realizou os primeiros atendimentos e retirou o resto do galho que havia ficado na vista e acarretou minha impossibilidade de ingressar nas linhas aéreas, porque meu sonho era voar os grandões e não os pequenos. 

Quando eu cheguei em São Paulo o Rolim já estava na Líder Táxi Aéreo. Vim de Marília para voar em São Paulo. Em seguida tirei a Carteira e Comercial e ingressei na TAM. Eu fiquei na TAM até 1971, quando depois meu pai vendeu as suas ações e decidimos comprar um Cessna      Skyline PT-CAS que o João voava na região de Santa Terezinha e fomos voar taxi aéreo TACA - Táxi Aéreo Individual. Isso naquela época era possível. Hoje nem decola um avião do solo se não estiver totalmente regularizado a situação da empresa e do avião. 

Pouco tempo depois meu pai voltou a ser piloto exclusivo do seu Orlando Ometto e eu fiquei voando no sul do Mato Grosso, em Navirai,  Tupã, Dracena, pegando um passageiro aqui, outro ali. Voando para fazendeiros, empresários e deputados. Meu pai depois comprou um modelo 210, o IPA e voltamos a voar na Suia Missu. Enquanto isso eu realizava táxi aéreo em Dourados e cidades circunvizinhas e as vezes abastecia em Presidente Prudente.


Foto do PT -BXZ na sua pintura original quando meu pai Renato fez alguns voos na abertura 
                 da Fazenda Marilia, no Pantanal esses meninos hoje o mais novo tem mais de 40 anos

O Comandante Rolim saiu da T.A.M. no ano de 1967. Logo depois foi voar na VASP com os DC-3, junto com o Espedito. Um tempo depois recebeu um convite para voar pelo Banco BCN, que estava abrindo uma fazenda no norte do Mato Grosso. E lá o Rolim e seu irmão João criaram a Ata Táxi Aéreo. Em 1973 o Rolim retornou a TAM quando assumiu a empresa juntamente com os aviões da Ata para fazer parte da sociedade. Foi o Rolim que trouxe os aviões Cessna 402 e iniciou a Linha Aérea Regional e depois com os Bandeirantes, depois vieram os Fokkers 27. Mais tarde trouxe os mais modernos Fokker 50 e 100. Foi meu pai que certificou o Rolim no duplo comando no 180 quando ele chegou na T.A.M.

Aniversário do Aero Clube de Marília 84 anos João Vitor, Carol, Peter Lessmamm, Milton Sciarretta, Plautio Zanni, Mário Rovigatti e Braucilio Brau presidente do Aero Clube de Marília.

Os destinos de meu pai e o meu separaram com os do Comandante Rolim, voamos por céus diferentes. Mas a nossa amizade sempre continuou forte. Sempre nos encontrávamos em Marília e em São Paulo. Outra vez eu estava em São Paulo e ele me ligou me convidando para ir a Marília assistir sua palestra ADESG. Então viemos todos voando num Mitsubishi PT-BOY, estava junto sua esposa a Noemi, seu irmão Adolpho. E nessa ocasião tive a satisfação de ser seu copiloto e de ter realizado esse voo com o Rolim pilotando. São coisas que o tempo não apaga. 

João Vítor e Plautio

Uma semana antes do acidente do helicóptero nós estivemos em sua fazenda em Ponta Porã num churrasco que ele preparou. Casualmente eu e meu pai estávamos passando pela região e fomos até lá para abraçar o amigo. As vezes penso o que rumos aquela TAM poderia ter seguido no comando do Comandante nos dias de hoje? Provavelmente seria uma das maiores empresas do mundo. 

João Vítor e Plautio

E tem também a história do Ave Noturna, onde o Orlando Bombine juntamente com o José Schiareta Sobrinho como já disse foram os pioneiros da aviação agrícola no Estado de São Paulo. Colocavam a caixa de veneno que era o BHC, que hoje é proibido, para pulverizar os pulgões do café. Onde existe um motor embaixo do avião que faz circular e o piloto aciona a caixa de pó ou então com líquido. Depois surgiram o "Coco" (Elpidio Borghi) que era o pai do Carlos Borghi, ex presidente do Aero Clube de Marília e o Matos que era o instrutor do aeroclube de Vera Cruz.

Jantar das velhas Águias de Marília

Uma das minhas maiores tristezas na aviação, é que o celular foi inventado em época diferente da minha, quando eu estava no auge da aviação tirei poucas fotos com aviões. Coisas da vida. Eu sou apaixonado pela fotografia. E tenho poucas fotos minhas no tempo do Aero Clube e da TAM. Naqueles tempos não existia o costume da fotografia. E claro digamos que existia todo aquele ritual, de comprar um filme, estar restrito a 12, 24 ou 48 fotos. 

                                Com o Cessna Centurión  210 PT - IPA na fazenda Suia Missu 

Depois tinha que levar a uma loja para providenciar a "revelação do filme". Os jovens nem imaginam o que é isso nos dias de hoje. A revelação no início dos tempos levava dias para ser realizado. Hoje, você fotografa centenas de fotos com qualquer celular. Olha a fotografia e não gostou já descarta na hora. Imagina isso naqueles tempos. 

Inauguração do Museu Asas de um sonho CMT Durvalino Trazzi sócio fundador da T.A.M piloto Plautio Moron Zanni Engenheiro Rady do Museu da TAM e Renato Zanni meu pai um dos sócios fundadores da T.A.M só os convidados participaram desta inauguração e só no dia seguinte foi aberta ao público

A aviação de táxi aéreo é uma grande escola. Porém diferente da aviação comercial, não tem como fazer um planejamento da sua vida profissional. Hoje você está aqui e amanhã acolá. Hoje você está em Manaus e depois estará Curitiba. Você voa Natal, Ano Novo, Carnaval, Dia dos Pais. A família reclama que o marido sempre está ausente. Onde fiquei no táxi aéreo até 1975 e depois passei a voar somente no piloto privado. Atualmente trabalho com corretora de seguros e sempre estou acompanhando os trabalhos no Aeroclube de Marília, porque o pessoal quererem fechar os aeroclubes do Brasil. 

Nosso aeroclube tem história que muitos nem tem conhecimento. Tivemos a primeira aviatriz no Ypiranginha PP-TLS. Ela se chamava Maria Aparecida Vieira Alves, seu nome de solteira quando brevetou. Na época era pista de grama. Sua família reside hoje em Ribeirão Preto.

Assim minha assistência é importante para não fechar esse importante canal que chegou em 1940. Alguns querem fechar o aeroclube que chegou em 1940 e o pessoal que quer tirar chegou em 2018. Como pode né? Participo também do grupo das Velhas Águias de Marília, que é formada pela terceira e quarta geração da T.A.M., como por exemplo o Milton Expedito, Ari Pinheiro, Rubens Bombine (esses dois últimos comandantes eram da primeira geração). 

Otávio de Souza de São Paulo, Carlos Medeiros de Assunção (da segunda e terceira geração). E demais amigos pilotos de Marilia ainda vivos, e a saudades  dos colegas que já estão no segundo patamar como  Eleuterio Martins, Salvador Borges do Santos o No, Valdir Guarezzi, Nelo Ferioli,  Durvalino Trazzi , Walter Falco, o Renato Feijó, o Cyro Peixoto, Paulo Paullete, meu pai Renato, Agricio o seu Efrin Bizagio, Sr. Lazaro Ramos Novaes grande empreendedor e entusiasta da aviação Mariliense já falecidos. 

Faço uma análise triste ao que as vezes assisto na televisão. Esses dias deceparam um avião DC3 em pedaços, foi totalmente desmanchado, virando matéria prima em alguma fornalha. Que cena triste de assistir. Imagina picotaram o avião porque estava atrapalhando. Esse avião representava a história da aviação brasileira. Poderiam ter levado ele para uma praça ou para um museu. Poderiam tê-lo colocado nas proximidades do Museu do Amanhã ou nos arredores do Aeroporto Santos Dumont. 

Quantas crianças, jovens e adultos poderiam visitar e fotografar. Poderiam registrar momentos inesquecíveis. Milhares e até milhões de pessoas jamais tiveram a oportunidade de voar. Que desperdício. Poderiam ter feito como lá em Porto Alegre ou em São Paulo que tem dois antigos aviões da Varig para as pessoas visitarem e fotografarem. Muito triste. Tudo isso é muito incrível e lamentável. Quando dizem que aqui é terra de índio, é mentira. Porque o índio preserva as suas origens. E nós nem isso preservamos.

Aguardando Pax em São Paulo para Goiânia nov. De 1973

A verdade é que temos memória curta. Talvez pior ainda, não tenhamos cultura. O mal do brasileiro é de esquecer e de não ter cultura. Esse DC3 foi o último a voar pela Varig com o prefixo VBN, que o meu amigo Expedito Sciarretta era o piloto. O próprio DC3 tem seu legado na história que a civilização moderna desconhece, foram utilizados na Segunda Guerra Mundial para o transporte de Tropas, tanque e guerra e Jipes. 

                     VISITA DA VELHAS ÁGUIAS DE MARÍLIA NOUSEU EM SAO CARLOS                         RECEPCIONADOS PELO CMT JOÃO AMARO

Fizeram a mesma coisa com os Boeings da VASP, botaram o machado em cima. Acredito que em todas as capitais brasileiras com a falência das empresas aéreas ficaram os espólios dos seus aviões. Imagine se todas elas, tivessem tido a ideia de construir um local de visitação. Quantas escolas poderiam levar os alunos para aulas ao vivo. Quantas pessoas poderiam relembrar seus namoros antigos, viagens de núpcias e outras inesquecíveis. Mas aqui é mais fácil passar o bisturi e mandar tudo para o ferro velho. 

Tenho uma boa coleção de coisas que venho guardando no decorrer destes anos. Por outro lado, também sei que o dia que eu morrer tudo isso irá para o lixo. Mas enquanto eu estiver vivo, ninguém tasca em nada. São as memórias minhas e de meu pai, do meu do Aeroclube de Marília que participou da Invasão da Amizade na Argentina em 1952. Onde ocorreu uma enorme revoada em Buenos Aires para Evita Peron e o nosso aeroclube participou com dezesseis aviões, entre eles estava o meu pai pilotando o Ipiranguinha PPTLS que foi o segundo avião construído no Brasil.

                 VISITA DA VELHAS ÁGUIAS DE MARÍLIA NOUSEU EM SAO CARLOS                         RECEPCIONADOS PELO CMT JOÃO AMARO

Um Velho Águia Original é como um lobo faminto, pode perder o couro de tanto levar tiro, mas nunca irá perder o extinto selvagem de caçar um animal doméstico. Assim, eu sou, nunca irei perder a oportunidade de sentir o vento bater em meu rosto, ter o manche em minhas mãos, ouvir o soprar do vento lá em cima com o ruído do motor e poder olhar de frente o horizonte no comando de um avião. Só quem já esteve lá em cima pilotando sabe o que é isso. E nós da velha guarda, melhor ainda.

Aprovado o Tombamento A Câmara dos Vereadores de Marília retomou suas atividades na tarde desta quinta-feira (6), após o recesso de Carnaval, e aprovou o tombamento do Aeroclube de Marília. Com a sanção do prefeito Vinicius Camarinha (PSDB), o espaço será considerado patrimônio cultural do município. O tombamento foi proposto pelo vereador Elio Ajeka (PP), em passo importante para manutenção das atividades na cidade. Fonte: Instagram: MaríliaNoticia


AGRADECIMEMTOS ESPECIAIS AO VÍDEO DA ENTREVISTA 

SALA DE ENTREVISTAS DA COM. DE REG. HISTÓRICOS DA CAM. MUN. DE MARÍLIA

IVAN EVANGELISTA JUNIOR

PROGRAMA RESGATANDO A HISTÓRIA - TV CÂMARA DE MARÍLIA 



ANEXOS