Meu nome é Ronald Gartner. Pelo meu nome não parece que sou Brasileiro, mas sou sim. Sou Filho de Arnoldo e Margarete. Nasci numa vila, ou melhor colônia como dizemos aqui, Braço do Trombudo em Santa Catarina. Com mais 7 irmãos, nossa vida era muito difícil, éramos muito pobres em todos os sentidos. Naquela época nossa alimentação era todos os dias batata doce de todas as formas e maneiras. Mas nunca faltou comida. Graças a Deus! Eu não conhecia nada referente a aviação, voos, balão, avião e nem tinha pretensão de um dia voar de balão.
Recordo que na minha infância fui com meu primo buscar leite e no caminho havia uma árvore frondosa onde um pássaro tinha um ninho no alto e eu subi. Quando cheguei próximo ao filhote, ele voou e imediatamente eu me lancei atrás dele também com meus braços abertos e batendo como se fossem asas. Despenquei do alto e bati a cabeça. Só lembro ao levantar de uma mulher ao longe gesticulando e gritando da loucura que eu havia feito. Fiquei momentaneamente sem visão e fui andando até a casa da minha tia. Somente no outro dia a tarde voltei a lucidez e fiquei com medo de altura.
Cresci somente querendo trabalhar para conquistar algo e nem pensava em voar. Comecei a trabalhar aos doze anos. Aos dezoito fui servir no Exército em Brasília. Foi onde conheci muitas coisas novas e também aviões, neste período numa de minhas folgas de final de semana fomos para a Esplanada e havia uma torre de transmissão com um elevador e subimos para olhar.
Era muito alto e tive vertigem, somente me lembro que me assustei quando meu amigo Baldo me puxou pelo braço e disse: que está fazendo? Pois já havia passado a das pernas no parapeito de proteção para me lançar lá de cima como anos atrás naquele voo como um pássaro. Após isso evitava tudo que subisse em altura.
Lembrei quando trabalhava em Gravataí, perto de Porto Alegre, para o aniversário de meu pai, comprei uma caixa de vinho, muito bom naquela região gaúcha e mandei pelo malote da empresa para Blumenau, deu o maior banzé. Coisa sem noção que eu fiz! Lógico que quebrou e molhou muita coisa no correio, fui chamado a atenção e o motivo de uma circular interna para toda a empresa.
Numa noite em meados de 2011 eu estava orando e tive uma visão, nessa época eu já era pastor religioso. O dia estava amanhecendo e surgiu um balão voando, dele saia uma voz e ao me aproximar eu estava dentro conduzindo sem nenhum medo, mas pelo contrário, um sentimento de felicidade e realização. Após este acontecimento, passou-se algumas horas e eu ainda perturbado com minha visão, na verdade eu nem sabia ao certo o que era aquilo, nem tinha conhecimento da existência de um balão. Lembro que de madrugada entrei na internet e comecei a procurar algo que não sabia ainda nem mesmo o nome, e repente vi algo referente a balão de ar quente então era isso.
Então consegui o contato com a RVB Balões, conversei com o Sr. Luís, onde fui conhecer e fazer o primeiro o voo. Isto após um ano e meio. Pois houve um período de primeiro eu compreender tudo, conversar e a família concordar com a ideia de eu ser piloto de balão. Sou casado com uma mulher fantástica, Adriana, que é muito importante em minha vida, apoiando e incentivando nos momentos difíceis. Sou pai do Richard, filho amado e companheiro e da minha filha Kimberly guerreira e dedicada.
No início ouvia que eu estava variando das ideias, coisas deste tipo, nem minha família me levava muito a sério. Fomos para São Paulo para meu primeiro contato em loco de balão e tudo mais e quando relatei o histórico de medo e pavor fui orientado a primeiro fazer um voo teste de como reagiria e fizemos um voo de uns 5 mil metros de altura onde me senti confortável e bem. Então início o período de aulas e aprendizado foram três anos. No início as aulas foram em São Paulo com o piloto Warlley Macedo e após aquisição do balão as aulas eram também em Jaraguá do Sul.
Foi num destes voos que conheci um piloto que se tornou grande amigo e companheiro de Maringá, conhecido por XUXA (Wilson Bitencourt) o qual me passou experiências e técnicas de voo e continua sendo meu parceiro nos voos. De tantos episódios a vários super interessantes. O Xuxa é aquele amigo que se leva para o resto da vida e nunca se esquece. Amigo para toda hora e qualquer momento.
Em um fim de semana, nos dirigimos para mais um voo de evangelismo pelo interior do Brasil, foram comigo minha esposa e três sobrinhos, com previsão de ventos suaves. Fizemos o briefing e decolei com meu sobrinho. Dez minutos depois, parou o vento e surgiu apenas uma leve brisa que mal movimentava o balão. Tanto que em duas horas de voo percorremos somente 500 metros e incrivelmente nos levaram sobre uma área do exército.
Como o gás estava acabando, comentei com meu sobrinho: "Agora vamos descer dentro da área do quartel!" E assim foi. Ao pousarmos, escutamos a sirene no quartel. Foi quando vi que estava vindo um Caminhão Militar com uma guarnição armada e a direita havia um sentinela na guarita que gritou: Pare e Identifique-se, mas com o ruído do maçarico abafava a voz do militar, meu sobrinho não ouviu e o soltado repetiu a ordem: Pare senão atiro.
Então gritei ao meu sobrinho para e não se mexe mais. Foi muito tenso este momento pois a guarnição deveria ter uns quinze soldados mais um oficial. Neste instante deram a ordem de imobilização. Quando o oficial se aproximou me identifiquei e mencionei que havia servido o Exército e sabia dos procedimentos. Seu questionamento foi que estavam nos monitorando a mais de uma hora e porque pousamos logo no quartel.
Então expliquei que o último local que desejaria pousar era na área do quartel, mas Deus assim o permitiu, pois ainda não entendia mas havia um propósito e começamos a conversar e iniciou uma amizade fomos ajudados a recolher o balão. Foi permitido o resgate entrar com a equipe para carregar na camionete.
Em outro voo cruzávamos cidade e já estava escurecendo, quando vimos um campo para pouso, mas ao ver este local tinha pista de Hipismo para tratamento com pessoas em terapia e haviam algumas crianças andando com os instrutores, abortamos o pouso pois quando descemos se faz necessário a utilização acentuada do maçarico e este barulho assusta e amedronta animais principalmente cavalos.
Ficamos em cima de um trilho de trem de carga e sabíamos que naquele horário não haveria movimentação de trens, então pousamos no trilho pois a penumbra já estava avançada e a visibilidade para frente seria mais difícil. Recolhemos o balão na maior tranquilidade em 3 minutos se desinfla um balão.
Em um dos voos meu filho pediu sua noiva em casamento, hoje sua esposa e minha nora que veio para acrescentar na família. O voo transcorria normalmente e parou o vento quando estava em cima da BR 280 e não se movimentava. Naquele dia havia uma fita de ancoragem de 50 MTS e lançamos para a equipe em terra que puxou o balão para o lado da rodovia recolher o balão. Minha filha casou com agora meu genro que é co-piloto e resgate do balão.
Antes de minhas experiências com voos de balão, eu realizava viagens de avião Porto Alegre- São Paulo, mas sempre sentia fortes dores de cabeça ao pousar. Houve um voo de SP a Blumenau- SC num avião bimotor somente com dezesseis passageiros e podíamos ver toda cabine de comando onde víamos todas as operações dos pilotos.
Eu estava bem fascinante e interessante não fosse a dor de cabeça e ficou muito tenso quando pegamos uma tempestade muito forte na região de Criciúma, os raios muito assustadores, e escureceu completamente e só víamos o painel do radar o vento ocasionava muita turbulência, o silêncio era total e no olhávamos uns aos outros e o suor escorria do rosto, mas após uns minutos que parecia uma eternidade o céu estava azul e o sol apareceu trazendo um alívio.
Nossas rotinas de voos iniciam cinco horas da manhãs com os preparos pois a decolagem acontece ao raiar do dia. O planejamento do voo ocorre com a análise climática de ventos, velocidade, direção, entre outros fatores. Mediante estas informações o planejamento do voo é comunicado com a equipe de resgate em terra e a comunicação é realizada por rádio e visual até o pouso. Onde o balão é resgatado e reposto na camionete. Os voos normalmente variam de 1:30 a 2 horas e as distâncias 40 a 60 km dependendo da velocidade do vento na ocasião.
A convivência de pilotos de balão é muito intenso e gratificante, eu conheço pilotos de todo Brasil. Nos festivais e eventos também acabo conhecendo pilotos internacionais, como da Turquia, Estados Unidos, Capadócia, Chile, Argentina e outros países.
Outro voo e especial, foi com um amigo nosso piloto de parapente, foi fazer um salto do balão e acionar o parapente. Subimos uns 3.000 metros e havia uma equipe de filmagem preparada para o evento e no momento percebi que o não estava a vontade pro salto e mesmo deixou transparecer. Mas aí meu companheiro diz: "Hi vai amarelar agora?".
Mas eu imediatamente olhei meus olhos nele e disse: "Cara, se está em dúvida não faz, é a tua vida". E o mesmo teve a coragem de abortar o salto nesse dia, depois ele fez outros saltos de balão mas neste dia abortou. E mais uma vez percebi que nossos sentidos devem estar atentos para perceberem os avisos que nos são dados. Nossa primeira experiência e aprendizado e relacionamento com balão:
Certa vez estava me inteirando de detalhes e vi uma matéria de um festival de balões que aconteceria em Joinville. Consegui o contato do organizador e relatei do meu interesse em ter e formar uma equipe de balão e estaríamos a disposição e coincidentemente havia necessidade de pessoal. Nos preparamos pois intuito éramos já nos preparar como iríamos passar em cidades desconhecidas. Levamos na Kombi, colchões, cobertores, fogareiro e alimentos. No primeiro dia ficamos em equipes separadas e extasiados com a experiência e a noite fomos para Kombi procurar um local para dormir.
Rodamos pela cidade e depois de algumas horas encontramos um galpão com um tipo de borracharia, montagem de pneus, mas como a hora era adiantada não havia ninguém mas ao lado havia um vigia e fomos falar com ele e contamos a nossa necessidade e ele permitiu que dormíssemos no piso do galpão.
Felizes montamos uma barricada de pneus pois o local era aberto e dormimos ali. Ao chegarmos no hotel onde os balonistas se hospedaram, foi perguntado a alguém da nossa equipe onde dormimos e ele contou, se espalhou entre todos o ocorrido e no momento do briefing da manhã nos surpreenderam informando qual a partir deste momento nós iríamos nos alimentar e nos hospedar na hotel onde todos estavam.
Como o Sr. Leonel, presidente da CBB estava no evento juntamente com a organização do evento souberam que eu era pastor gostariam que relatasse o motivo de um pastor estar envolvido no Balonismo. Relatei a visão de Deus e que estava motivado a ser um piloto e me abraçaram neste intuito....Sou muito agradecido a CBB, ao Sr. Leonel, ao Sr. Fábio Trissoto - Empresário de Joinville, ao Sr. Luís Silvestre da RVB Balões, piloto Paulinho, piloto Warlley Macedo, piloto Lula e principalmente ao Xuxa piloto parceiro.
No início ainda estava comprando o maçarico e estava testando um para comprar. O festival geralmente são três dias com voos e provas uma pela manhã outra final da tarde. Voava sempre com um piloto instrutor na época e saia muito do alvo pois tinha que ficar maçaricando porque a chama piloto apagava e no domingo a tarde tinha culto e por este motivo não fui e o piloto fez o voo juntamente com o filho de um empresário da cidade.
Fizeram o voo e quando de repente e balão veio descendo rapidamente e havia esquecido o acendedor, apagou e desceu sobre alguns veículos que foram ressarcidos os estragos pelas autoridades do evento. Esquecer o magiclik é problema. O episódio ocorreu logo após ter tido a visão: em meados de 2009 não se ouvia quase falar de balão, mas após começou a ter uma divulgação que não havia.
Fomos a SP e ficamos hospedados em uma casa e havia um casal duas moças que quando relatei a visão e intenção de voar e desenvolver o projeto. Uma destas moças a mais velha começou um riso incontrolável e falava não vai fazer igual ao padre, coincidentemente foi logo após aquele padre ter desaparecido com os balões. Passamos alguns dias com eles e a cada dia era a mesma história e risos e num dia fui usar o computador desta moça (analista de sistemas de informática) seu trabalho cotidiano era no rio de janeiro.
Então fui enviar algumas mensagens no computador por algumas horas, quando de repente na tela surgiu um balão com cesto e vinha de baixo para cima e não parava, desliguei o computador. A noite a moça foi utilizar o computador e lá estava o balão novamente e me perguntou o que era aquilo, eu até havia me esquecido, expliquei e todos ficaram curiosos.
No dia seguinte íamos embora e o balão ainda estava lá no computador da moça e ao sairmos nós encontramos no corredor e a chamei e pedi para olhar para mim e falei algumas coisas que Deus iria falar com ela. E voltamos para Santa Catarina. Após duas semanas de madrugada ela liga e soluçando balbuciando balão....balão...falava palavras não entendíveis no nosso cotidiano e relatou que havia sido visitada por Deus e recebeu instruções de tudo que precisaria fazer para que acontecesse a aquisição do balão e necessidades paralelas. Foi incrível. Eu ou a igreja não tínhamos condições financeiras de ter um balão. E hoje temos dois.
Feliz renascimento de Cristo em todos os corações
Só Ele mesmo para salvar o país das ganancias e dos roubos .
Que história bonita!! Não sou religiosa, nem pilota, mas amo o balão desde criança, vivi muitas histórias no balonismo, pq não desisti de um Sonho!!!
Estou no Balonismo desde 1985. Vim morar em Torres por causa do balonismo. Eu estava no Festival em Joinvile , voei com o Silvestre. Fui observer, trabalho com meu marido na técnica e ás vezes nos resgates, ele também produz diversos materiais sobre o balonismo. Participamos de evento na Italia, França, Albuquerque - EUA sonho realizado em 2018.
Os pilotos citados são feras, destaco o Xuxa, super querido, que fiz equipe em Maringá e Santa Maria!! Que sigas com ótimos voos e bons pousos! Bons ventos!!!