Conheci culturas,
pessoas, gastronomia, formas de pensar diferentes. Na minha área sou um
profissional reconhecido. Sou também escritor, Professor Universitário e
paraquedista. Ministro palestras e treinamentos. Fui Diretor de Operações
da Azul Conecta. Participo de programas de televisão e fui entrevistado
pela Rede Globo. Imagina pela Rede Globo, o Fantástico. Mas porque estou
dizendo essas coisas todas? Sabes por que? Por exibicionismo? Excentricidade?
Auto Afirmação CLARO QUE NÃO! Minha cabeça é muito aberta, não preciso e
nunca precisei de coisas tão pequenas assim.
Mas você deve estar imaginando que para o Comandante Perez é muito fácil ficar falando. Olha quem ele é. Vou lhes dizer uma coisa: minha infância foi muito humilde. Muito humilde mesmo. Vocês nem imaginam o quanto humilde foi. Foi muito difícil vencer na vida e chegar até aqui. Nada que conquistei caiu de graça nas minhas mãos. Tive que suar muito. Foram muitas noites e fins de semana estudando.
Mas tive também um pouco de sorte é verdade. Achei por acaso um panfleto da Força Aérea Brasileira e me inscrevi na Escola de Especialistas de Aeronáutica em Guaratinguetá. Foi então que minha vida mudou. Eu acreditei e fui atrás. Lutei e Conquistei. Podia ter ficado trabalhando no ferro velho, mas eu queria mais. Vou revelar publicamente coisas que nunca havia revelado até hoje publicamente.
Minha Mãe
Muitos podem imaginar hoje que nasci num berço esplendido. Nesses anos todos, então, eu morei num ferro velho de favor, onde de dia eu trabalhava. Depois que sai da Força Aérea cheguei a morar no fundo de um bar em Londrina, numa pensão em São Paulo e dividi um apartamento com colega. Mas nunca desisti dos meus sonhos.
Morar na pensão foi querosene nas minhas venhas. Foi mais uma prova de vida e de vitória que tudo que queremos podemos conseguir se lutarmos e investimos em nós. O dono da pensão era um alemão judeu. Ele tinha o número dele de inscrição do campo de concentração tatuado no braço pelos nazistas. Ele perdeu toda a família nos campos de concentração e conseguiu escapar por um milagre como ele dizia.
O café dele era uma banana e um café coado, só isso. Certa vez, eu comprei um pão preto gostoso quentinho na padaria e levei para a pensão e servi na mesa. Naquele momento ele começou a chorar. E disse que pão preto era servido no campo de concentração. Ele estava com seus setenta anos. Muito sofrido, com dezenas ou centenas de histórias tristes de chorar que ele vivenciou na Alemanha.
Hoje olhando era uma época muito ruim, muito triste. Eu nem acredito que passei por tudo aquilo. Mas naquela época eu adorava aquilo tudo. Eu amava tudo aquilo. Eu tinha me encontrado. Eu tinha roupa de cama novinha, cheirosa e limpinha todos os dias. Sem falar nas refeições do rancho, aquilo era sagrado para mim. Mas estava lá, então se eu chegar até Sargento está bom. Eu queria ser tudo. Queria ser médico, Enfermeiro, Engenheiro, Especialista em Sistema Elétrico, Sistema Hidráulico. Curiosamente jamais me imaginei em alguma coisa voando, mesmo estando dentro da Força Aérea.
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Ocorre que eu em São Paulo morava em um ferro velho. Então não preciso dizer mais nada. Eu estava realizado ali. Isso que é passar dificuldades. Isso que é lutar por um lugar ao sol. É correr para vencer. É por isso que topei dar essa entrevista. Para tentar sacudir vocês jovens. Por outro lado, tem gente que acha que por que é pobre não vai conseguir nada. Não é assim. O jovem tem que compreender que consegue sim. É só realmente você querer. A sua parte é estudar. E vou ser sincero, isso eu vejo muito pouco como professor universitário que sou a seis anos.
Hoje observo alunos na Faculdade que não se interessam, estão ali só para pegar o diploma. Muitas vezes estou na sala de aula explanando sobre um assunto e percebo que tem alunos que não entendem nada o que estou falando ou que tem total desinteresse. E me pergunto? Se não gostam do curso, estão fazendo o que aqui? Estão perdendo o tempo deles para cursar outra faculdade que realmente interessa a eles. Talvez satisfazendo o ego dos pais ao entregar no final do curso o Diploma? Como se o diploma fosse resolver o futuro deles. Eles estão na mentalidade de cinquenta anos atrás que com o diploma talvez você estivesse com uma vaga garantida no mercado.
Tem muita gente boa atrás de uma ótima colocação. Tem muito jovem que também fica na expectativa de uma colocação através de um "padrinho", que também não existe mais. O jovem precisa colocar na cabeça que ele tem que estudar, se qualificar, se especializar. Só assim ele alcançará seu lugar ao Sol. Isso eu repito e não canso de repetir.
No meu tempo de escola não tinha a Internet, o Google e toda a tecnologia que existe hoje. E nem tinha uma Enciclopédia dentro de casa. Se eu precisava fazer uma pesquisa para a escola tinha que ir na biblioteca, ficar lá sentado horas copiando e elaborando os trabalhos, e no final o dedo doía de tanto escrever. Hoje todos nós sabemos que os trabalhos são feitos até pelo celular. Então, como um rapaz humilde conseguiu chegar até aqui sem nenhuma tecnologia?
Não adianta ficar parado e ver o tempo passar reclamando da situação. Tem que ser feito algo, e quem tem que fazer é você. Porque se você não fizer, outros estarão lutando por um lugar no sol. Você tem que estudar, se aperfeiçoar, acompanhar o que está acontecendo no mundo e ao seu redor. Tem que acreditar em seu potencial. Agarrar as oportunidades.
A juventude tem que aproveitar toda essa tecnologia que está na Internet e se preparar. É importante também sonhar e acreditar em Deus. Olha a minha história, Deus existe sim. Depois tem gente que não acredita em Deus. Não sei onde Ele está, como Ele é. Mas existe sim. Ninguém sabe, mas que tem alguma coisa por aí, com certeza tem. Abri mão de muitas cosias. Abri mão de estar presente com minha família em muitos momentos.
Minha maior conquista foi meu conhecimento que adquiri nesses anos todos. Você consegue imaginar alguém com minha história de infância e juventude ter realizado uma faculdade? Pois é, sou formado em Pedagogia, Mestre em Educação, Especialista em Distúrbios do Desenvolvimento, Doutor em Administração com Especialização em Gestão de Pessoas, entre outras pós-graduações.
Mas minha maior faculdade foi da Estrada da Vida. Ela me ensinou a lutar e querer vencer, a ser alguém. Imagina aquele menino franzino, humilde e sem dinheiro para pagar um lanche, um dia iria ser Professor Universitário. Sem dinheiro para comprar uma televisão, iria dar uma entrevista no Fantástico? Sem dinheiro para pagar um táxi, um dia iria ser Comandante Internacional de um dos maiores aviões do Mundo?
Então, os Jovens têm que levantar e começar a estudar e fazer alguma coisa para mudar seu destino. Tem que se mexer, estudar de verdade. Para e pensa, você aí, tem papai, mamãe que pagam a sua faculdade, o que você tem que fazer? Estudar, estudar e estudar. Correr atrás. Se mexer. Fazer idiomas, inglês, espanhol, alemão.
Na verdade, fui diferente de muitos amigos e colegas, eu nunca havia imaginado ser piloto de avião. Enquanto que eles sonhavam desde criança em estar dentro de um avião. Na verdade, não tinha um rumo certo, eu fazia diversos testes psicotécnicos vocacionais que não davam em nada. Cheguei a pensar que eu não servia era para nada.
Diferente do que muitas pessoas imaginam hoje, o meu início não foi tão fácil assim não. Não era filhinho de papai. Não tinha uma boa conta bancária. Não conhecia pessoas influentes e naquela época não tinha os diplomas e a experiência de vida que tenho hoje. Mas por outro lado eu tinha uma força de vontade que me não me permitia desistir facilmente dos meus objetivos. Eu queria melhorar de vida.
Eu arregaçava as mangas e corria atrás dos meus ideais. E vou dizer uma coisa, nem sei bem como que naquela época eu tinha tanta coragem e criatividade para bolar as soluções para as dificuldades que apareciam no meu caminho. Porque eu era um "João Ninguém", mas eu metia a cara e ia em frente. Eu era um garoto que peitava coisa forte e não desanimava não. Eu não deixava as coisas barato não. Eu ia para cima mesmo
Então, para entrar na Escola de Especialistas da Força Aérea foi muito difícil e claro nada fácil. O processo de seleção ocorria através de um concurso muito difícil e disputado. Eram vinte mil candidatos para apenas quatrocentos vagas. Aqui em São Paulo as provas eram realizadas no Ibirapuera e o concurso era no Brasil inteiro.
Felizmente para minha felicidade eu fui aprovado nas provas teóricas. E fui realizar a segunda etapa que consistia no exame médico. Então fui reprovado porque informara que eu tinha "pé chato". Só que uns quinze dias antes eu tinha feito exame médico para ser soldado da Aeronáutica e tinha sido aprovado. Então como pode?
Num exame dá um
resultado e em outro exame dá outro resultado? Então eu não tinha "pé
chato" para ser soldado, mas tinha para ser sargento. Então, eu conversei
com um amigo, que me orientou que a solução seria viajar ao Rio de Janeiro e
apresentar um recurso na Junta Militar. E como? Se nem dinheiro eu tinha para
pegar um ônibus em São Paulo, muito menos para fazer uma viagem. O que eu
ganhava no ferro velho era para dormir, comer e algo mais. Era um dinheiro
muito curto e olhe lá.
Foi quando eu tive a ideia de ir no Comando Aéreo da Aeronáutica em São Paulo, que se chamava Quarto Comar. Ao chegar lá, informei para o soldado que queria conversar com o Comandante. Fui encaminhado ao Oficial de Dia. Naquela época eu era um menino franzino muito magro. Eles olharam para mim. E perguntaram o que eu queria com o Comandante. E eu respondi: "É um assunto muito delicado, é urgente e eu não posso falar com qualquer pessoa.
E somente com o Comandante mesmo. E eu preciso ter essa conversa em reservado com ele, sem ninguém por perto, tal é a urgência." O Oficial de tudo que foi jeito tentou descobrir do que se tratava, mas como eu não dei nenhuma brecha e como ele estava preocupado com outras coisas sérias que poderiam vir dessa conversa, encaminhou o assunto aos superiores até chegar ao Comandante.
Naquela época era um burburinho. Tudo era motivo para suspeitas de atentados, de terrorismos e tal. Nos dias de hoje, dificilmente isso teria acontecido. No máximo teria chegado ao Oficial do Dia e pronto. Fui minuciosamente revistado para terem certeza que não estava armado e fui levado até a presença do Comandante. E expliquei o acontecido. Então, o Brigadeiro após ouvir toda a história mandou chamar um Coronel Médico. O Brigadeiro resumidamente explicou minha situação em poucas palavras: "Esse rapaz foi fazer um Exame Médico para soldado e passou. Hoje foi fazer outro Exame e para Aluno foi reprovado por ter "Pé Chato". Como pode isso Coronel? Ou tem "Pé Chato ou não tem!"
Assim, o Coronel pediu para eu tirar os sapatos, fui até explicar que estava com os pés sujos. Mas eles me disseram que não tinha problema algum. Eles já tinham percebido que eu era um rapaz humilde pelas minhas roupas e inclusive meus sapatos estavam furados e logo viram. Desta forma, tirei os sapatos e o Coronel me examinou. No parecer do Coronel eu não tinha "pé chato".
Então fui orientado a apresentar um Atestado Médico Particular informando não ter "pé chato". Com este atestado eu voltaria e lhes entregaria o Atestado que eles providenciaram os transites internos. Agradeci a atenção e fui embora. As vezes penso o que os dois devem ter conversado após a minha saída relativo a minha insistência em querer engajar na Força Aérea.
Meu avô, meu pai, um tio, uma tia e eu.
E eu fExistem coisas na vida que não tem preçoui saindo do prédio e nem imaginando onde eu iria encontrar um médico para consultar e com que dinheiro? Na saída do prédio eu cruzo com um enfermeiro e peço uma indicação. Ele me indicou um médico ortopedista muito conhecido e também professor da USP, ele era o papa da época e ainda me avisou que tudo que é fantástico custa muito caro.
Peguei o endereço com o enfermeiro e fui lá direto sem marcar consulta nada. Cheguei no consultório, até me assustei, porque o local era muito chique e eu estava vestido muito simples mesmo. Eu disse para a secretária que tinha que conversar urgente com o médico. Ela me olhou de cima a baixo e com uma voz grossa já me disse "O Sr. tem que marcar horário!"
Minha primeira comunhão com minha irmã
Então eu respondi que eu não tinha tempo, que era urgente, coisa de meia dúzia de palavras, muito rápido, mas tinha que ser agora e era urgente. A secretária pensou um pouco na minha insistência e foi conversar com o médico e pediu para eu aguardar uns minutos. Na volta ela pediu para eu entrar porque havia tido um cancelamento e o Dr. estava casualmente livre naquele momento.
Então, entrei no consultório e narrei todo o acontecido desde o início e disse porque ali estava. Ele examinou meus pés. E por fim, diagnosticou que eu não tinha "pé chato" para minha felicidade. Durante a consulta fiquei sabendo que o Coronel havia sido aluno do médico e me deu o sonhado Atestado Médico que eu tanto precisava naquele momento. Com o Atestado em mãos eu agradeci e sai do consultório, ao passar na secretária ela me apresentou o valor da consulta. Então, eu expliquei que não tinha dinheiro para pagar. Eu ainda disse. "Eu pago, mas hoje eu não tenho dinheiro."
Com minha irmã e minha avó
Expliquei toda a minha história para a secretária que mesmo assim não compreendia como eu estava ali numa consulta sem dinheiro. Então, a secretária chamou o médico, eu lhe expliquei que não tinha dinheiro. Ele sugeriu eu pagar com o dinheiro que eu teria na carteira. Eu aceitei. Foi quando tirei dos bolsos os poucos trocados que tinha e ele viu as minhas moedas, fechou os olhos e disse: "Faz assim, vai resolver a tua vida. Quando você tiver dinheiro sobrando você passa aqui e me paga! E com isso a secretária ficou emocionada e encheu os olhos de lágrimas.
Sai do médico e fui voando de volta para me encontrar com o Coronel conforme combinado para entregar o Atestado Médico. Nisso fui informado que o Coronel estava ocupado, então informei que queria conversar com o Comandante. Nisso já fui encaminhado ao Coronel rapidamente. Entreguei ao Coronel o Atestado, quando ele viu de quem era a assinatura ele falou em voz alta: "Nossa menino! Você conseguiu hoje mesmo consulta com esse médico? Esse doutor é o papa da ortopedia. Se ele disse, está dito.
Ninguém pode contestar absolutamente nada. Ele disse aqui que você não tem. Então você não tem mesmo. Esquece isso e pronto! Agora eu vou convocar um Junta, o Comandante já me orientou a dar uma atenção especial a essa situação. E com esse atestado está mais do que claro e não existem dúvidas. No dia seguinte eu me apresentei na Poli-Clínica da Rua Augusta naquela época ainda não existia o HASP. Entrei numa sala com vários Médicos.
Desta vez, meus pés estavam muito limpos. Pediram para eu tirar os sapatos e fui examinado. Fiquei até com vergonha, porque todos estavam olhando meus pés. Examinavam, mexiam, conversavam. Até que um deles falou em voz alta: "Menino, você está aprovado. Corre de volta lá no Comar e informa que você está aprovado. Qualquer coisa você fala comigo. Dali eu fui correndo para o Comar, primeiro porque não tinha ônibus direto e também porque não podia gastar o pouco dinheiro em várias conduções. Então eu corria que nem louco para chegar lá. Chegando lá, me apresentei e fui informado que havia perdido o embarque do avião.
Expliquei que o Comandante havia solicitado que eu fosse embarcado. Ela foi revisar os papéis de embarque e encontrou uma ordem do Comandante autorizando meu embarque. Foi remarcado minha decolagem para o Campo de Marte com um C-47. Quando eu cheguei no Ferro Velho no fim do dia e fui contar tudo isso porque eu não tinha ido trabalhar, o dono do Ferro Velho nem acreditou e nem quis ouvir toda história. Com certeza achava que eu havia passado o dia todo fazendo alguma bobagem ou namorando em algum canto.
E tudo aquilo fortalecia minha vontade de querer vencer na vida. Se ele conseguiu fugiu do Holocausto e chegar no Brasil. Por que eu não iria vencer na Vida? Pelo contrário, quem imagina que eu acordaria de madrugada e caminharia do Parque São Jorge até o Campo de Marte. Isso mesmo ir a pé. São aproximadamente dez Quilômetros. À noite, de madrugada. Eu tinha que estar no Campo de Marte as 06 da manhã, porque o C-47 decolava as 07 da manhã e o avião não iria me esperar não e não teria segunda chance.
Naquela época não tinha ônibus nesse horário e eu muito menos dinheiro para pagar um táxi. Eu atravessei a marginal contando os passos. Para chegar no horário comecei a minha aventura as três da madrugada rumo ao Campo de Marte, na verdade passei a noite toda em acordado, esperando a hora de sair. Nem tomei café. Eu atravessei a Marginal. Mas a Marginal não é como é hoje. Naquela época não era toda iluminada, toda asfaltada. Hoje é um espetáculo. Estamos falando da década de 1970.
Parte dela não havia nem calçada. Aquilo era muito antigo, totalmente diferente do que é hoje. Mas não tinha a bandidagem que existe hoje, essa foi a minha enorme sorte. Cheguei no Campo de Marte às cinco da manhã. Nem dinheiro para um café eu tinha, mas não precisava, eu estava alimentado com o sangue da esperança e da mudança. Um mundo novo estava para se abrir na minha frente. Imagina eu iria voar de avião! Jamais havia imaginado entrar num avião. E estamos falando na década de sessenta quando a maioria das pessoas jamais tinham entrado num avião.
No momento da decolagem do avião que nos levaria para e Escola de Especialistas de Aeronáutica em Guaratinguetá deu pane. E ficamos esperando. Chegou a hora do almoço e nada. Nada do avião e muito menos de comer alguma coisa. Eu morrendo de fome. Outro aluno e companheiro de viagem, meu amigo Francisco José Kujibida teve a ideia de irmos almoçar. Almoçar? Com que dinheiro? Se nem dinheiro para um lanchinho eu tinha, muito menos para almoçar.
Então, foi com a gentileza do meu amigo que eu fiz um lanche e a tarde pudemos decolar. Chegamos lá, todos nós alunos, e fomos direto no rancho jantar um "boi ralado com arroz". Eu adorava a comida de lá. Para vocês terem uma ideia da minha situação, eu imaginava que quando chegasse em Guaratinguetá eu iria receber o uniforme no mesmo dia. Que nada, levaram duas semanas. E eu não havia levado nenhuma outra roupa, além da que eu estava vestido. Assim, a roupa que eu usava no dia seguinte eu tinha que lavar na noite anterior, e ainda me secava com a toalha do amigo e a roupa molhada também.
Curso de paraquedista realizei no PARASAR. Ali o treinamento é forçado. Lá não tem sombra e água fresca. O negócio é puxado do início ao fim. Semelhantes aos filmes americanos, com o sargento brabo e revoltado. Era nesse nível. É a formação da tropa de elite dos boinas verdes militares. Quando você estava cansado você tinha ainda que correr quinze quilômetros. Mas mesmo assim as coisas eram liberais. Você podia desistir e ir embora. Mas nunca que a gente faria isso. Morreria lutando. Era um orgulho estar lá. Entre milhões e milhões de brasileiros. Estávamos sendo treinados para sermos paraquedistas de resgate. O PARASAR é muito conceituado e muito radical.
Eu estava lá no PARASAR realizando um curso de especialização de voo - mecânico de voo, e este curso tinha a matéria de paraquedismos de duas semanas e assim no final do último semestre eu tinha que dar um salto de paraquedas. Naquela época eram duas semanas que você chorava para acabar. O curso todo foi puxado, mas o pior ainda estava por vir. Ocorre que quem teve bom comportamento durante toda a duração dos dois anos de curso, podia nos últimos três meses sair à noite, mas com horário certo para voltar. Era muito raro alguém ter esse privilégio, porque não podia ter nenhuma registro de advertência verbal ou escrita ou nenhuma punição. Eram coisas simples como não ter arrumado a cama, não ter se apresentado atrasado nenhuma vez.
Numa determinada noite saímos todos os militares para a cidade. E eu nunca havia bebida absolutamente nada de álcool. E digo absolutamente nada mesmo. Então eu fui experimentar uma caipirinha numa padaria lá na cidade de Guaratinguetá. E como gostei. Fui beber mais, e mais. E não deu outra não. Fiquei bêbado. Não digo bêbado de cair no chão, mas de sentir tudo rodopiando.
Lembro, que peguei o último ônibus de volta para a escola. Chegando na base o Sargento me olhou e viu que eu não estava bem, e mandou eu ir dormir. Na hora que eu deitei na cama a cama girava. E eu nunca havia tido aquela sensação de bêbado. Então, eu fechei os olhos e a cama parou de girar. Pensei, bom vou dormir e amanhã estarei ótimo e pronto para outra.
Acordei no dia seguinte com corneta do despertar da base. E eu abri os olhos e a cama estava ainda girando. E eu assustado, a cama ainda está girando. Então, eu não fui ao rancho tomar meu café, porque eu não estava bem. Mas me preparei para o novo dia. Me vesti e coloquei todo o material de paraquedismo. Era muito material e tudo pesava muito. Diferente de hoje que as coisas são leves.
Coloquei capacete e tudo e tal. E fomos comunicados pelo Sargento que iríamos para o aeroporto. Até ai nenhuma novidade. Chegando lá havia um avião Buffalo da FAB nos aguardando. O pessoal todo radiou quando fomos informados pelo Sargento que iriamos embarcar para nosso salto de batismo de paraquedas. O momento tão esperado. E eu sem condições nenhuma de saltar. E agora o que fazer. Ao piscar os olhos estava no ônibus e ao abrir os olhos já estava dentro do avião com ele decolando.
Quando percebi, já estava ouvindo a voz do Sargento : "Próxima turma". Nisso percebi que quem estava ao meu lado levantou dos dois lados, e um me cutucou e me puxou. E eu levantei. Enganchei me preparando mais por instinto automático, sem exatamente lucidez. Nisso levo um tapa no capacete. Era o Sargento com sua voz grossa e pergunta o código que permitiria ou não eu saltar "Tá Vivo?" E eu respondi com sinal Positivo!
Então
tem um militar, chamado Mestre Saldo, ali para dar um empurrão e facilitar o
salto. Ninguém tem peito de se jogar direto no primeiro salto. Na minha vez eu
passei direto, nem precisei de ajuda. O avião deu uma movimentada e eu me
desequilibrei e desci direto. Quando vi já estava com o paraquedas aberto. Mas
ninguém percebeu nada. Achavam que eu tinha me jogado de corpo e alma do avião.
Num determinado momento da queda eu olhei para cima para ver o paraquedas e vi
tudo preto, já não enxergava mais nada. Nisso eu pensei: Eu Morri! Ainda
cheguei a pensar "Está vendo no que dá em beber".
Nisso
fui colocar as mãos no meu rosto. Buscando a expressão "Meu Deus!" E
com isso percebo que o capacete estava colado no meu rosto, por isso tudo
estava escuro. Naquele tempo, os capacetes não são como os de hoje. Eles
corriam no rosto. Hoje isso não acontece mais. Então com todo o susto que eu
tinha levado, optei em não dirigir o paraquedas e deixei ele me levar. Nós
tínhamos um alvo para pousar. Mas eu tinha outro alvo particular. Minha missão
naquela altura era pousar no chão. Pousar são e salvo. Então deixei o
paraquedas me levar. Assim, não caindo no Rio Paraíba, num fio de alta tensão,
ou na torre da igreja já estaria maravilhosamente bem.
Cai numa antiga lagoa que estava secando, mais lama que água. Sai rolando de costa naquele barro na queda. Voando água e barro para tudo que foi lado. Felizmente não me machuquei nada. Mas em compensação fiquei imundo de sujo dos pés aos cabelos, porque eu rolei para evitar o impacto da queda. Recolhi e embrulhei o paraquedas. E fui andando até o ponto de encontro com toda a equipe para pegarmos o ônibus.
E tive que caminhar muito, porque pousei muito longe do alvo de encontro. Quando fui entrar no ônibus, o Sargento me disse em voz alta: "Você não entra no ônibus. Porque vai sujar todo o ônibus. Fica aí nos degraus da escada e pronto. Porque senão você vai sujar o ônibus todo!" E fomos para o auditório da FAB para uma cerimônia de comemoração.
Quando chegamos lá o Sargento me disse de novo "Você não pode entrar. Fica ai na porta. Você está muito sujo e vai sujar todo o auditório!" Num determinado momento da cerimônia o Capitão fez questão de cumprimentar o único aluno que pulou direto sem o auxílio de ninguém e que teve a coragem de saltar sem pestanejar. E nisso soou meu nome nos autofalantes do auditório. Eu mesmo nem sabia o que estava acontecendo.
Só ouvi o Sargento me dizer "Agora você pode entrar para ser cumprimentado pelo Capitão!" E o Capitão falou "Parabéns Aluno Perez você tem jeito para ser paraquedista. Você foi o único a não parar na rampa. Você foi direto. Tem coragem e tem tudo para ser paraquedista da elite. Gostei muito de você. Foi um aluno dedicado no treinamento no curso todo. E saltou decidido. Então, você está convidado a ser paraquedista a partir de hoje. Você vai participar do PARASAR. Vai fazer o curso completo de certificação. É só você fazer a opção que vai fazer parte da nossa família PARASAR.
Você tem preferência para o PARASAR. Só vai depender do seu Comandante, mas acho que isso depois de hoje você vai conseguir vir direto para cá porque poucos homens tem essa aptidão e essa coragem. Então eu pensei em silêncio "Onde eu fui parar agora!!!! De certo eu vou ter que beber toda noite uma cachaça. Vou ter que virar um alcóolatra para ser um paraquedista". Durante algumas semanas era lembrado e convidado para pedir minha transferência para o PARASAR.
Acabei saltando mais algumas vezes para experimentar e ter certeza se era ou não o que eu queria, e quando pude me mandei para Natal. Chegando em Natal já como Sargento Mecânico eu tive o privilégio de encontrar o Capitão Aviador Bombine. Hoje ele é Tenente Brigadeiro. Eu era Mecânico de Voo nos voos dele e ele foi meu grande incentivador para eu virar um piloto. Devo isso a ele sem dúvida nenhuma.
Atualmente o Curso no PARASAR - Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento é composto de seis semanas através de um treinamento intenso para vinte alunos. Tem como objetivo de formar paraquedistas da FAB e prepará-los para participarem de futuras instruções, de busca e salvamento em combate e operações especiais. A primeira etapa, os militares passam por exercícios de condicionamento físico intenso o que proporciona as condições físicas necessárias as atividades consequentes dos paraquedistas.
Ja a segunda fase, consiste propriamente no salto do avião
com paraquedas. Durante todo o treinamento os alunos são qualificados
para saltos com armamentos, diurnos, noturnos, na água. Enfim, saem prontos
para a realizações de suas missões militares.
Minha alma me dizia para siar da Força Aérea. Minha razão dizia para ficar. Ali eu teria um futuro garantido até minha aposentadoria. Sem risco de desemprego, crises ou qualquer outra coisa. Já estava há alguns anos engajado na Aeronáutica. Meu instinto desbravador pedia mais. Eu não sabia e muito menos imaginava o que seria. Diziam que eu era doido abandonar tudo por um emprego qualquer. E o pior e quem nem um emprego qualquer eu tinha. Mas eu queria mais.
Então, sai da Aeronáutica e em pouco tempo estava trabalhando no Aeroclube de Curitiba onde passei a ser Diretor de Material, Chefe de Instrução e depois fui Instrutor de Voo. Quando mudou a diretoria do aeroclube tive que sair. Inacreditavelmente depois que acertei minha rescisão não cheguei a caminhar dez passos e encontrei um amigo o Alcir que estava com um avião Navajo e estava procurando um copiloto. Não pensei duas vezes e embarquei já empregado para Londrina no Navajo.
Tempo depois voei para um fabricante de Azulejos. Um pouco depois voei para a Família Meneghel da Usina Bandeirantes. Em seguida fui trabalhar numa Táxi Aéreo do Paraná. Dali fui voar para a Construtora Koury. Depois fiz alguns poucos voos em Itapecerica num Seneca, não me adaptei e resolvi voltar para São Paulo. No aeroporto ficava sentado nos bancos com outros pilotos desempregados que era o que mais tinha na época.
Surgiu um português
procurando um piloto para pilotar um monomotor Skylane. E ninguém queria porque
todo mundo queria voar num bimotor. Eu de novo não pensei duas vezes e decolei
o Skylane. Com o tempo eu convenci o português Sr. Norberto a investir num
Seneca novo. Aquilo era um luxo, radar colorido. Fiquei um bom tempo com ele.
Então fui voar para o Grupo Ometto.
Eu
almeja voar mais alto, queria uma empresa aérea grande. As duras penas descobri
depois de ter sido aprovado em todas as etapas do processo seletivo da Varig
que meu nome havia sido rejeitado porque para piloto havia um limite de
idade de 32 anos, e eu havia estourado em meses esse limite. Então sem
chances. Consequentemente as portas da Rio Sul e Nordeste se fecharam
também porque ambas haviam sido compradas pela Varig.
Fui aprovado no processo
seletivo para mecânico de voo da Vasp, e lá fui eu feliz da vida iniciar minha
qualificação. No dia de iniciar o treinamento a Vasp havia devolvido a aeronave
que eu iria trabalhar e fechou-se outra porta. Mas eu não perdia a esperança.
Vamos a luta. Entrei na Transbrasil como mecânico de voo até surgir uma vaga
numa empresa pequena que começava a crescer. E fui trabalhar como copiloto
na TAM em Manaus num Bandeirantes, já quase em 1985.
O
tempo foi passando e eu crescendo junto com a TAM. Foram mais de trinta anos.
Quando entrei na companhia ela tinha alguns Fokker-27 e Embraer 110. Ainda era
uma empresa regional que operava principalmente entre o interior de São Paulo e
Mato Grosso. E de copiloto do Bandeirante, passei para copiloto do Fokker 27
comandante de Bandeirante e FK 27, chefe de equipamento de ambos depois do
Fokker 50, o Fokker 100, A330, MD-11 e por fim o Boeing 777. Em todos fui
Instrutor e Comandante, e fui membro honrosamente das primeiras equipes de
tripulantes do MD-11 e do Boeing 777.
Ambos aviões eram algo
esplendorosos de pilotar. Ambos aviões enormes e porque não dizer gigantes.
Transportando centenas de passageiros. E eu que havia começado com um Cessna
agora estava com MD-11 ou um Boeing. Viajava por todos os cantos do
Brasil, a TAM abriu horizontes, passou a atender todas as capitais.
De Manaus a Porto Alegre.
Para nós da TAM era um orgulho o Comandante Rolim. Todos os funcionários da Tam
tinham um enorme orgulho de fazer parte dela. Era algo muito mágico. A forma
que éramos tratados pela Empresa e como tratávamos os Passageiros. Houve uma
época em que os próprios pilotos que tinham que abastecer as aeronaves. O
Tapete Vermelho funcionava.
O Fokker-100 tinha um atendimento espetacular na Ponte Aérea, antes das revitalizações dos aeroportos Congonhas e Santos Dumont. Era algo surreal. Todos os passageiros eram recebidos nas Salas de Embarque no final da tarde ao som de um piano de cauda, às vezes acompanhado do som aveludado de um sax, a originalidade de uma harpa e até mesmo um violino. Eram servidos lanches, doces, bebidas, cervejas estupidamente geladas, jornais e revistas. O café expresso era uma delícia e para completar havia baleiros antigos da época de armazéns recheados de chocolates da Nestlé.
Fotos gentilmente cedidas pela pianista Betth Ripolli
O receptivo era tão inusitado que tinha até telefone disponível para os passageiros utilizarem sem custo para realizarem ligações DDD. Na sala uma enorme maquete da TAM enfeitava o ambiente. Nas épocas festivas o Comandante e o pessoal de Marketing criavam sorteios abordo com lembranças de Natal, Ano Novo, Dia das Crianças. Sem falar no champanhe e nas tabuas de queijo e pizza a bordo. Inesquecível a criatividade do pessoal que recepcionava os passageiros e a tripulação na Sala de Embarque. Era comum cruzar com o Rolim por ali! Uma música espetacular, uma seleta musical maravilhosa, envolvia os passageiros. E no Natal era surreal, músicos à paisana embarcavam nos aviões como passageiros comuns e em determinado momento apareciam vestidos de papai Noel para encantar os passageiros.
Fotos gentilmente cedidas pela pianista Betth Ripolli
Encantamento igual trazia Betth Ripolli, chamada de pianista que toca com alma que surpreendia a todos os passageiros vestida de Mamãe Noel e brindava os passageiros com canções natalinas num belíssimo meia- cauda! A espera pelo voo virava uma festa! Parecia noite de Natal com as crianças correndo em roda, abrindo presentes, cantarolando! Por isso que as vezes eu paro e olho para trás e lembro daquele menino, filho de família humilde, que morou num ferro velho, e que algumas vezes nem teve Natal, como pode chegar até aqui .Como pude voar pelo mundo? Conhecer tantas cidades e tantos países? Tantas culturas e povos diferentes?
Existem coisas na vida que não tem preço, uma delas foi ter levado esse MD-11 da foto a seguir do Brasil para Veneza. Fazia dois anos que estavam tentando transladar o avião para a Itália e nenhum comandante queria fazer esse voo. Ele era da Varig e estava um bom tempo sem voar e esta era a razão que ninguém aceitava a empreitada. Eu fiz uma visita a aeronave e uma minuciosa e longa checagem em todos os aparelhos e constatei que estava tudo em perfeitas condições para o voo. E decolamos rumo a Veneza. Quando pousamos em Veneza houve até comemoração, recebi até uma carta de elogio da Boeing por ter realizado o voo. Depois o avião foi vendido para os russos realizar transporte de carga.
Experimentar culinárias diversas e aprender outros idiomas? Tem que arregaçar as mangas e lutar. Ir atrás. Estudar. Correr atrás de seus sonhos e objetivos. Se fechar uma porta, não pode desanimar não. Levanta, vai atrás que tem outra porta ou janela para você abrir. Por exemplo a vaga lá na TAM era em Manaus, eu poderia ter recusado, não querer ir para o outro lado do Brasil. Que nada, vamos pegar a oportunidade e vamos em frente. Poderia ter ficado na FAB, mas eu queria mais.
Os jovens nascem preparados para as mudanças. Nasceram com um mundo que toda hora muda tudo. Isso está no sangue da juventude. É querosene que corre no lugar do sangue. No meu tempo as mudanças aconteciam muito lentamente e quando aconteciam. Veja bem, surgiu a televisão preto e branco e com válvulas. Quanto tempo levou para surgir uma televisão colorida? E o Controle Remoto dela? E o vídeo cassete?
Hoje as coisas são muito rápidas. Você compra uma TV e dois meses depois ela já está ultrapassada. Você troca de canal pelo controle da voz. Imagina você fala com a TV e ela te obedece. A aviação está também mudando muito. O 11 de setembro foi um marco. A troca nos aparelhos modernos do manche pelo joystick. Antes de 11 de Setembro, podíamos receber eventualmente uma criança ou até mesmo passageiros na cabine para uma visita rápida, hoje isso é terminantemente proibido por questões de segurança.
Falando em mudanças, olha o que aconteceu no mundo em 2020. O mundo mudou. Mudou tudo. Parece que trouxemos para a vida real vários filmes que sobre pandemia da noite para o dia. Tenho um amigo que viajou para Joinville para uma semana de trabalho numa segunda feira. Na terça à noite o Governo fechou as rodovias de Santa Catarina.
Na Quarta ele madrugou no aeroporto para voltar a São Paulo. Ele me contou que tinha uma máscara na bolsa. Quando alguém tossiu a bordo, seja lá porque, simultaneamente vários passageiros começaram a colocar suas máscaras. Uma coisa é certa, a pandemia mudou hábitos.
O uso da máscara é um deles. Não consigo imaginar uma pessoa sem uma máscara dentro de um avião, no ônibus, no metrô. Não sei quanto tempo isso vai durar, se serão meses, anos ou décadas. As pessoas estão preocupadas. Procuram não encostar mais nas coisas. Procuram não mais se cumprimentar fisicamente. O mundo mudou e está mudando. A tecnologia está trabalhando arduamente para ajudar a humanidade.
Novos protocolos de higiene estão sendo adotados em toda parte. E claro dentro dos aviões e aeroportos também. A limpeza está muito mais reforçada, disseminação de auto atendimentos para despachar bagagens, medições de temperaturas individuais ou através de scanner, andei lendo que as pessoas utilizam menos os carrinhos de bagagens e certamente conversado menos a bordo com o vizinho desconhecido de voo.
E aquele amigo de Joinville tem me dito que passou a evitar banheiros públicos, sentar em locais públicos como salas de espera, prefere ficar em pé, um pouco reservado das demais pessoas a distância. Era um passageiro frequente semanal e desde março realizou apenas um voo. Passou a trabalhar 100% do tempo em Home Office e acredita que tão cedo não volte a voar.
Agora posso para e olhar para trás e dizer que valei cada um dos meus cinquenta anos de aviação. Refletir por tudo que passei. E num breve relato posso dizer que a emoção que tive ao voar pela primeira vez foi simplesmente de não acreditar no que estava acontecendo. Foi uma sensação impar. Sentir o avião correr na pista de voo, trepidando e de repente alçar voo. Olhar tudo lá de cima.
Em segundos estamos no chão e em outros estamos lá nas nuvens. Que como eu já falei, foi algo que eu jamais havia almejado até aquele momento. Nos tempos da FAB eu utilizava um macacão de voo como uniforme e aquilo era algo muito sublime, gratificante e me enchia de alegria e orgulho.
E andar com o uniforme sempre foi algo muito maravilhoso. Eu usei uniforme a minha vida toda. E o Uniforme de Comandante, então nem, se fala. Se eu já amava o simples uniforme de Mecânico, imagina de Comandante. Quando eu solei, digo, voei sozinho, teve uma cerimônia entre nós da FAB que é um "batizado do piloto" levei um banho de água, porque era militar. Sei que na aviação civil na maioria das escolas o banho é de óleo diesel, e eu escapei dessa. Mas se fosse de óleo diesel teria topado com a mesma alegria com toda certeza.
Um dos marcos que simbolizaram minha carreira foram as primeiras vezes que passei a conversar com passageiros através do P.A. (passenger address) para informar sobre eventuais atrasos, turbulências, agradecimentos pela presença dos passageiros a bordo, finalização do voo e outras informações relevantes ao voo. Esse meu contato com os passageiros eu lembro que foi muito bom mesmo, isso já fazem trinta e cinco anos, lá na Tam. Com o piscar dos olhos essa comunicação com os passageiros virou rotina e foi muito gratificante esse contato.
E em seguida você já está sendo abordado pelos passageiros ao recebê-los na entrada da aeronave, numa saidinha rápida para ir ao banheiro do avião e não raro algum passageiro lhe aborda pelos corredores do aeroporto. E os anos se passaram, e passaram até que rápido. Mas existem frases que jamais serão esquecidas, como por exemplo: Senhores Passageiros, aqui fala o Comandante Perez. Boa tarde a todos. Neste momento, à nossa direita podemos ver a ilha de Cuba
Alguns são espaçosos e outro tímidos. Voos de núpcias ou bodas. Voos para a Disney. Cada passageiro ali dentro tem uma história. Somos uma biblioteca aérea. Uma cultura universal de conhecimentos e histórias. E a tripulação tem a missão de transportar todos os passageiros com segurança e responsabilidade do ponto "a" para o ponto "b". Nessa minha jornada de piloto eu tenho a satisfação de dizer que nunca fiquei apavorado lá em cima, até porque um piloto bem qualificado e treinado está preparado para agir corretamente em qualquer situação adversa ao voo.
Ficar longe da família eu nunca tive problema e nunca foi um sofrimento, eu até vejo por outros lados. Às vezes você está todo o dia em casa e não está presente. Eu acho que isso é mais um mito que as pessoas colocam na profissão de piloto. Então, eu questiono da seguinte forma, atualmente o piloto tem dez dias de folga e quem trabalha no escritório tem dez dias de folga? Por outro lado, quando eu casei, eu já era piloto e minha esposa sabia que eu ficaria fora de casa e eu também sabia. Era algo consciente. Se eu não estivesse de acordo poderia ter mudado o rumo da minha vida também.
Na minha opinião um piloto consegue viver melhor com a família que uma pessoa que está lá todo o dia. Porque as vezes o pai vai para o escritório muito cedo antes dos filhos acordarem e volta tarde quando os filhos já estão dormindo. E assim, nem vê os filhos, não é verdade? Então sobra só os finais de semana e aí ele também já está também cansado da jornada de trabalho puxada da semana toda. E por outro lado, eu tinha a oportunidade de levar minha família para viajar volte e meia comigo. Quantas vezes eu levei eles para Paris, Londres e outros lugares. Então é uma vida muito privilegiada.
Outra experiência maravilhosa dentro da Tam, foi na Academia. O Comandante Rolim entendia e eu concordo com ele que o instrutor é um multiplicador de conhecimentos. Então um dia ele me chamou e me disse "Perez eu quero montar um curso para formar instrutores. Eu quero formar instrutores." Passaram dois dias e o Comandante me pergunta: Cadê o curso Perez?" Então eu expliquei que eu estava planejando. E ele me respondeu com um de seus mandamentos: "Pensando no ótimo não se faz o bom! Então hoje é quarta feira. Segunda feira começa o curso!" Eu falei para o Comandante: "Mas nós seremos a primeira companhia a ter curso de formação de instrutores", e naquela época nós éramos muito pequenos.
Meu último voo eu vinha me preparando já a algum tempo. Assim, eu procurei viver intensamente bem meus últimos anos na aviação. Eu já sabia o que estava por vir e não deixei de fazer nada lá para trás, como também não me arrependo de algo que tenha feito ou de ter deixado de ter realizado. Foi o final de uma carreira, que foi muito gratificante. Durante toda minha jornada nunca tive nenhum problema. Nem problemas com o avião, com colegas, com passageiros, nem com as chefias.
Tive o prazer de transportar muitas celebridades. Não vou citar para não ser indelicado de esquecer alguém. No meu último voo duas das minhas filhas estavam a bordo e vivenciaram comigo. Não chorei e nem me abalei. Porque foi algo planejado e bem consciente. E hoje continuo fazendo algo que também gosto, não parei não, continuo realizando meu sonho que é Compartilhar Conhecimentos. Eu trabalhei a vida toda, agora estou aplicando experiências e ensinando os outros, e é isso que estou fazendo atualmente.
Depois da Tam não consegui ficar parado. Aliás nunca consegui ficar. Não me imagino em casa aposentado lendo um jornal e assistindo televisão. Fui lecionar na faculdade. Fui compartilhar meus conhecimentos. Devolver a juventude meus conhecimentos. É espetacular interagir com os jovens. Foi tão intenso que eu ministrava aula pela manhã e pela tarde, até a pandemia. Mas isso não era suficiente novamente eu queria mais.
Então surgiu o convite do dono da TWO FLEX para ser Diretor de Operações. Mas eu tinha uma missão nessa atividade. O desejo dele era transformar a TWO em uma empresa de Linha Aérea Regional. Originalmente a TWO era uma empresa raiz. Ou seja, tudo era antigo. E eu tinha que transformá-la numa Empresa Aérea Regional, só isso.
Fizemos uma transformação, enorme, muito grande e radical de estrutura, de processos, de procedimentos, de políticas. Com a reestruturação a TWO foi aprovada por uma auditoria da IATA e inclusive foi aprovada para ser membra da IATA, com o Certificado ISSA, que é um Certificado por ter alcançado os mais altos índices de aprovação. Passamos a ser aprovados por todas as auditorias internas da ANAC.
Então com tudo isso conseguiu um contrato de prestação de serviços code-share com a Gol eles exigiram os mais altos padrões a nível internacional. Depois iniciamos outra batalha para conseguirmos a concessão de linhas para o Uruguai, essa foi outra tarefa que foi muito difícil e que consumiu muito tempo meu e muitas viagens ao sul do continente. E numa nova cartada, com toda a organização que havíamos realizado ela acabou chamando a atenção da Azul e sendo adquirida pela Azul.
Na contramão disso tudo, temos o jeitinho brasileiro. Sempre tem alguém querendo improvisar uma forma de ganhar seu dinheiro. É um transporte irregular para o litoral, frequentemente assistimos na televisão ônibus clandestinos com várias mortes pelo Brasil, abordagens de serviços de táxis irregulares em vários aeroportos, antigamente havia as famosas vans e carros clandestinos em todos os bairros de São Paulo até as estações de metrô. E infelizmente na aviação também existe isso.
Nos últimos acidentes tem acontecido que as aeronaves não estavam autorizadas a realizar aquele tipo de voo. Isso é muito preocupante. O consumidor, seja empresário, artista ou mesmo trabalhador, tem que parar para pensar. Se ele fosse realizar uma viagem pelo Brasil de ônibus iria realizar num transporte sabidamente clandestino? Desceria ao Litoral numa van irregular? Embarcaria num táxi irregular no aeroporto? E por que faz isso quando contrata um serviço de aluguel de avião?
Será que sua vida vale menos do que ele irá economizar? Vejam bem, o avião estando lá em cima se faltar gasolina, se estragar o motor, se o trem de pouso não baixar, aconteça o que acontecer, o avião vai ter que pousar. Lá em cima não tem mecânico para consertar. Não dá para sair de dentro do avião e consertar o avião. Claro, o comandante está qualificado para uma série de problemas a agir conforme protocolos de treinamento, mas para isso tem que estar certificado e qualificado.
O Consumidor na sua correria do seu dia a dia não tem essa visão. Para muitos desses passageiros, já acostumados com a Aviação Comercial, ele acredita que todo o avião é seguro. E ele precisa de um avião executivo. As vezes lembra de um amigo, que já utilizou um serviço de alguém e que lhe deu boas referências porque deu tudo certo e o preço foi mais barato e então utiliza o mesmo serviço. E assim, inicia um novo ciclo e desse pode ser gerado outros clientes. Muitas vezes esse alguém que tem o avião que nós do meio chamamos de "intermediário", ele contrata um piloto para aquele trabalho e pronto.
Se você pesquisar os
acidentes aéreos brasileiros em Empresas de Táxi Aéreo regularizadas e
consequentemente fiscalizadas pela ANAC você não vai encontrar no Brasil. Não
estou dizendo da empresa "A" ou da "B" ou da "C".
Estou dizendo que você não encontra felizmente acidentes em empresas
regularizadas de Táxi Aéreo. Isso foi sorte nos últimos anos? Claro que não foi
sorte. Isso foi tudo o que estou falando, treinamento, qualificação, certificação,
investimento, ....
Isso é caro para uma empresa, mas é isso que traz segurança para a aviação, para os tripulantes, para os passageiros e inclusive para quem está lá em terra na sua vida e não quer que um avião caia em cima da sua casa. As pessoas têm que compreender que avião não é só ligar e desligar. Acidentes se evita com treinamento periódico, com manutenção periódica e principalmente com investimentos. Esses dias tivemos um problema sério que poderia ter se transformado numa tragédia com centenas de mortes aqui no Brasil com um voo que partiu para Londres de São Paulo. Houve uma pane elétrica e o avião teve que interromper seu trajeto e fazer um pouso de emergência.
Ocorre que o avião estava com os tanques cheios por se tratar de uma longa distância e acrescido do problema técnico a tripulação da cabine formada por um Comandante Master, um Comandante e dois Copilotos tomaram todas as providências necessárias dentro da cabine e os Comissários eficientemente conduziram todos os preparativos para o pouso junto com os passageiros. Em razão do peso do combustível foram murchados os pneus para o pouso, que é o procedimento neste caso. E temos que olhar para esse exemplo e analisar. Eu fui Comandante desta aeronave por muitos anos e posso garantir que o Master pousou com segurança e estavam preparados para isso.
Em primeiro lugar todo o tripulante seja Pilotos ou Comissários para operar um avião de qualquer empresa aérea seja comercial ou de táxi aérea tem que estar certificado para esse exercício. Em segundo lugar voltamos aos Protocolos de emergência que são treinados nos simuladores. Desta forma, os tripulantes estão preparados para gerenciar estes e outros problemas que possam a vir a ocorrer, eles são permanentemente preparados para isso.
E analisando os procedimentos adotados constata-se que foram utilizadas todas as técnicas indicadas para esta situação e principalmente com êxito e sucesso. Meus Parabéns a toda a tripulação a bordo, a toda Cabine de Comando e a todos os Comissários. Então, estamos falando em investimento. Não só investimento financeiro. A tripulação precisa ficar em solo para ser treinada e qualificada. Um avião transporta centenas de pessoas. Somos responsáveis lá em cima por essas vidas. Da mesma forma que embarcamos elas com saúde, temos o dever de desembarcá-las em seus destinos com a mesma saúde.
Vai sair mais caro! Mas tenha em mente que é a sua vida e talvez de seus familiares. A empresa tem que dar uma Nota Fiscal do serviço que está realizando. Não pode ser uma Nota Fiscal de outro Serviço. Você tem que ver quanto vale a sua vida e de sua família. Você tem que parar para pensar quantas pessoas precisam de você que estão em terra. Quantas pessoas te amas e querem você vivo. Porque talvez o avião do amigo do seu amigo nem tenha seguro e então sua família estará desassistida.
Sou paraquedista também. É comum as pessoas perguntar sobre isso. Perguntam se eu tenho medo de saltar, se é seguro, alguns dizem que jamais iriam saltar de um paraquedas e acredito que outros imaginam que isto seja para doido. Então, voltamos a tudo que estou falando. Os acidentes de paraquedas normalmente ocorrem porque não foi seguido rigorosamente as Regras ou Protocolos de Segurança para Saltar. E quem define essas Normas? O Paraquedista? A Escola onde aprendeu a saltar? Claro que não. São Normas Rígidas de Segurança que foram estabelecidas pela Confederação Brasileira de Paraquedismo. São mais de 300 Normas que são periodicamente reavaliadas porque a tecnologia e aparelhos também evoluem, então as exigências também mudam.
Ocorre que fazem alguns anos que não salto mais. Isto determina que terei que refazer o Curso de Salto de Paraquedas. Da mesma forma, se você apenas quer saltar pela primeira vez de paraquedas e sentir aquela emoção maravilhosa, sentir toda a adrenalina que já começa no treinamento em solo com a equipe da Empresa que você contratou para saltar com você. Fará o que? Irá novamente contratar o "amigo" do "amigo" e arriscar a sua vida? Ou vai fazer a coisa certa e contratar uma empresa especializada em saltos de paraquedas?
E como o usuário faz para ter certeza que está voando com um avião seguro? Então, vamos começar a descomplicar as coisas. Existe uma ferramenta da ANAC na Internet, gratuito chamado Voe Seguro. É só fazer uma busca na internet. Ele é fácil e prático de ser utilizado, com o Voe Seguro o usuário rapidamente vai saber se a Empresa que está pretendendo contratar os Serviços está regularizada a operar e principalmente se a aeronave está legalmente liberada para prestação de serviços de transportes de passageiros.
E se por alguma razão o usuário não tiver acesso a internet, poderá ainda telefonar para a ANAC através do telefone 163. O importante é as pessoas se preocuparem com a segurança de sua vida. Porque na vida temos várias certezas, e uma delas é que tudo que decola irá descer, de uma forma ou de outra. O usuário ao realizar a consulta pela Aeronave receberá informação sobre a regularidade documental do avião ou do helicóptero para operar o transporte.
O usuário também poderá verificar se a aeronave tem a inscrição no aparelho pintado com a expressão "Táxi-Aéreo" que deve estar bem visível conforme determina a Legislação Brasileira. E claro para a aeronave estar certificada pela ANAC ela foi periciada pela Agência, onde foi verificado se ela cumpre uma série de medidas técnicas e de manutenção que atestam o maior nível de segurança do equipamento. E da mesma forma as Empresas passam por um processo rigoroso por parte a Agência. Eu recomendo a todos que acessem o Voe Seguro e leiam o seu conteúdo. Com certeza será uma boa leitura de segurança de voo e de vida.
Atualmente o cerco está fechando. Existe Legislação proibindo esses serviços clandestinos no transporte aéreo. As multas são pesadas. O piloto corre alto risco de perder suas credenciais de voo. Mas o maior fiscal é o passageiro. É com o passageiro que o processo tem que iniciar as mudanças. O usuário tem que saber o que ele está verdadeiramente comprando.
Ele tem que entender que muitas vezes ao contratar o amigo do amigo ele não estará voando com seguro de voo, talvez o piloto não esteja certificado para aquela aeronave, que aquela aeronave não está cerificada para aquele tipo de trabalho de prestação de serviço. Ninguém sabe e nem fiscalizou tantas e tantas coisas.
E a soma de tudo isso pode resultar nesses acidentes aéreos que tem ocorrido por aviões realizando trabalhos clandestinos de transportes de passageiros pelos céus do Brasil. E você um empresário, um artista ou um simples passageiro sabendo que não está certo, vai embarcar num ônibus Clandestino indo de São Paulo para outro Estado do Brasil? Pare e pense! E se o ônibus quebrar sabe lá aonde!
Quem irá te resgatar? E qual a diferença? O avião é pior ainda! Se o motor parar lá em cima, não tem jeito não ele vai descer e pronto. O avião e os passageiros não têm paraquedas. É nessas horas que todos perguntam por que que fulano não contratou um transporte de uma Empresa de Serviços de Táxi Aéreo, mas aí já é tarde. O avião já caiu.
A estrutura organizacional é uma ferramenta de negócios. Então sendo uma ferramenta de negócios tem que trabalhar num conceito de sustentabilidade. E sustentabilidade é tudo aquilo que se faz de forma inteligente e aproveitando recursos. Ou seja, com inteligência para criar novos mercados e os funcionários terem um comportamento adequado para atingirem os objetivos da empresa.
O Gestor é o mentor da cultura organizacional da empresa. Seus funcionários precisam ter um comportamento para concretizar esta estratégica. O processo tem que vir de cima para baixo. Tem que ter a marca do Presidente ou do Dono da Empresa. Tem que ter o espírito da alta direção. É assim que funciona uma perfeita comunicação organizacional. Não pode existir ruídos ou dúvidas nos andares inferiores.
Sou autor do livro Cultura organizacional e gestão estratégica – que está na segunda edição, onde o primeiro capítulo foi escrito pelo Ozires Silva. A cultura como recurso estratégico”, ensina a compreender o significado e a importância da cultura organizacional na administração e formulação estratégica de uma empresa, fazendo parte do processo de gestão empresarial. Mostrando como um plano de cultura organizacional torna-se um fator chave para o sucesso em outros segmentos da atividade. O glamour das empresas aéreas sempre atraiu estudiosos do setor e também de outros ramos de negócio.
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Em seus momentos de esplendor, essas empresas serviram de guia e inspiraram a gestão de diversos tipos de negócios. As empresas aéreas foram talvez as primeiras a exercitar o “prazer de servir”, partindo do conceito de que cliente satisfeito é cliente que volta a ser cliente. Entender o papel da cultura dessas organizações é parte do desafio do livro Em suma, a cultura não é estática, sendo preciso realizar com frequência pesquisas de influência nas ações estratégicas da empresa e na forma como os funcionários a veem. Uma ouvidoria da cultura organizacional é importante para identificar tendências e expectativas, atualizando os valores culturais da organização.
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Também sou autor do Livro Guia de Atletas Cegos, que chama a atenção de diversas formas, principalmente em corridas de longas distancias, onde o atleta necessita de treinamento intenso, muita técnica e preparação. Este estudo visa identificar, analisar e descrever, no trabalho desses guias, uma relação especifica e os fatores que a sustentam, baseado na aplicação de teorias de motivação.
Mas ideias e histórias não me faltam. Contar um pouco por exemplo da
enorme expertise que adquire ao conviver com culturas diferentes em
diferentes países. Falar um pouco das culinárias estrangeiras. De povos de
outra nações. E porque não dizer de outras civilizações, eu visitei a Grécia, o
Mar Mediterrâneo, a Europa, Ásia, África, os Estados Unidos, Canadá, sem
falar na América Latina.
Cada país tem sua cultura, sua história. E nós tripulação se soubermos aproveitar podemos interagir e aprender muito com cada viagem que fizemos a trabalho. Foram milhares de contatos com garçons, motoristas, passageiros, atendentes de aeroportos. Enfim, milhares de pessoas e cada uma tem uma história diferente de vida e isso tudo é uma fonte rica de informações.
O próprio avião é um enciclopédia de vida. Centenas de passageiros cada um com uma história diferente, um motivo diferente de estar dentro daquele avião. Então, quero muito escrever um novo livro para resgatar essa história que vivenciei nesses anos todos.
Novamente meu recado final aos Jovens, primeiro pratiquem esportes, eu sempre gostei de esportes, meu hobby sempre foi correr. Cheguei a participar de algumas maratonas. Entre elas a São Silvestre. Inclusive estive no pelotão de elite. Esporte faz bem para a mente e para o corpo. Além de disciplinar a pessoa. Em segundo lugar não tenham ilusões na vida, mas nunca deixem de sonhar. Em terceiro sempre persistir na conquista do seu sonho. Lutem, estudem, estudem, estudem. Nunca parem de estudar.
Essa é a responsabilidade para vocês crescerem na vida. Mas se dediquem, não façam o básico. O básico todos fazem. Sejam o diferencial. Busquem mais. Se você estiver fazendo um curso de "Corte de Cabelo", vá pesquisar na internet tudo que tiver sobre isso. Outras técnicas, modas antigas e atuais. O que predomina na Europa e nos EUA. Não fique apenas no ABC do curso. Que assim você consegue.
Por fim, agradeço de coração ao Comandante Rolim Amaro por todas as
oportunidades que tive dentro da Tam. E digo mais, sou muito humilde em falar
que fui estudar pedagogia por um pontapé inicial do Comandante Rolim. Se hoje
eu sou Mestre e Doutor em Administração devo a ele. Foi ele que deu esse
pontapé para eu ter chegado onde eu cheguei. Eu não teria ido para na carreira
acadêmica se não fosse ele. Ter trabalhado com ele e na TAM é um orgulho que
não é possível mensurar. Foi através da TAM que construí minha família,
edifiquei minha casa, formei minhas quatro filhas. E por isso que termino nossa
matéria com essa pequena homenagem replicando o vídeo gentilmente cedido pelo
You Tube Leonardo Abrantes que contou a história do Comandante
Rolim em duas partes.
História do Comandante Rolim - Parte A:
Vídeo gentilmente cedido pelo You Tube Leonardo AbrantesHistória do Comandante Rolim - Parte B:
E seria bom voltar ao tempo em que você me parecia imortal. Tempo em que era você quem se preocupava
com a minha saúde e
não eu com a sua. Você me levou no colo, me carregou nos ombros, mas também me
ensinou a caminhar com minhas próprias pernas. E se hoje estou na estrada,
trilhando caminhos bonitos, você bem sabe que isso é obra sua. E eu vou te
olhar, mas não com o encantamento que tinha aos 6 anos… Porque aos 6 anos era
aquele amor cego das crianças. Já hoje, tenho esse olhar cirúrgico, avalio suas
atitudes, aponto seus erros, reclamo dos seus defeitos. A verdade, pai, é que
eu não te amo como antigamente. A verdade é que te amo ainda mais. Te amo mais
porque te vejo de verdade, com tudo de bom e de ruim, consciente de que você é
um ser falho, como todos os outros, mas que, mesmo assim, consegue se manter
como meu porto seguro, meu norte, aquele que me construiu, me guiou e ainda me
guia, me acode nas quedas que não pode evitar, me ama com todos meus defeitos e
é quem dá vida à ideia de “amor incondicional”
Eu já tentei escrever diversas vezes, mas sempre me faltam palavras quando o assunto é você. Uma pessoa simples, que cresceu na vida de uma forma surpreendente e admirável. Um homem que não tinha nada, que juntou todos seus esforços para se tornar esse exemplo hoje em dia.
Belíssima
carreira meu amigo! Fico feliz de há quase 10 anos poder compartilhar histórias
das mais diversas contigo.
Bela
história
Parabéns Cte Perez pela vida, carreira, lições e
ensinamentos para todos que tiveram o privilégio de tê-lo por perto. Fiz alguns
voos com o senhor como passageiro e funcionário na época da nossa TAM. Grande
abraço e aproveite a vida. Fique seguro!
Me
emocionei e não poderia ser diferente, de minha parte e de quem teve o
privilégio de compartilhar de boa parte da sua jornada! Parabéns com louvor meu
Caríssimo Prof.Dr.Cmte
Francisco Conejero Perez. Que Deus continue te guiando pelos “novos Céus”
e, com sua índole e gentileza ímpares, tenho certeza que eles sempre serão “céu
de brigadeiro”. Meu grande abraço!! 😊🙌
Cmte
Perez nosso primeiro contato foi em 96 na Trainning Division e desde desta
época, vc se mostrou uma pessoa incrível, merecedor de tudo o que almejou na
sua jorna...e que jornada... sucesso paz e sabedoria sempre Bons ventos....
Linda
história Comandante Prof.Dr.Cmte
Francisco Conejero Perez!!! 🤝 👏👏👏
Parabéns Professor!!!
Parabéns
pela jornada, comandante! ✈
Tenho
o prazer de ter sido seu copiloto e aluno. Grande abraço
Parabéns Comandante! E muito obrigado pelos muitos
voos e histórias pelo mundo! 👏🏻
Parabéns Prof.Dr.Cmte
Francisco Conejero Perez Educação | Ensinar
| este é o único caminho para um Brasil melhor no futuro. Abraços
Bonita
jornada...Parabéns. Abs
Cmte. Perez, não tive, infelizmente, a oportunidade
de voar com você, se assim me permitir fazer essa interlocução. Mas tive o
privilégio de ler essa memorável entrevista. Cada palavra, cada minuto dos
vídeos. Uma aula de vida, perseverança, determinação, que refresca a alma. Uma
baita reorganização mental e fonte de energia para prosseguir, apesar de todos
os desafios e momentos adversos. Certamente lerei quantos livros escrever.
Seria algo fantástico se um dia puder ter a honra de conhecê-lo pessoalmente e
poder dar um grande abraço em você, com todos os padrões sanitários atuais.
Parabéns Cmte. Pérez.
Parabéns Prof.Dr.Cmte
Francisco Conejero Perez Educação | Ensinar
| este é o único caminho para um Brasil melhor no futuro. Abraços
Prof.Dr.Cmte
Francisco Conejero Perez Eu agradeço a você
por ser exemplo, precisamos de muitos neste país hoje perdido... Abraços e
muita saúde para você e sua família.
Obrigado Cmdte, professor Perez pela dedicação e
abordagens no decorrer do meu curso na pós graduação. Continue nos inspirando!
Caríssimo Cmte. Perez, tanta dedicação à arte de
voar quanto a de ensinar contam com minha admiração. Grande privilégio termos
trabalhado juntos! Abraço forte!
Que história incrível! Sou fã, as melhores aulas da
Anhembi.
Caro Amigo. Parabéns pela trajetória e pelo
sucesso. Compartilhar experiências é encurtar aprendizados. Um abraço grande!
Trajetória inspiradora ! Parabéns ! Abracos
Linda e inspiradora trajetória! Me emocionei do
início ao fim.
Parabéns Comandante Perez, que jornada linda,
inspiração para muitos. Grata pelo privilégio de ter sido sua aluna.
Parabéns pela trajetória de sucesso! Obrigada por
compartilhar conosco. Linda história!
Antonio Palmela Bastos de Oliveira Filho
Parabéns pela sua história, Cmt Perez!. Um belo
exemplo para as atuais gerações, que querem o sucesso instantâneo.
Celso Alexandre
GIANNINI Oliveira
Parabéns Cmt Perez. Bela História, bons exemplos.
Bela carreira. Saúde e paz.
Cmte Perez, saiba que o Sr é inspiração para muitos
que estão começando! Parabéns por toda sua história. Motivo de orgulho para
seus filhos, família e todos nós aviadores!
Incrível trajetória!
Linda história de trajetória Sr. Comandante...
quando o sr. Vem em Recife gostaria de conhece-lo.
Parabéns Comandante!
Danado heim!!! Bons tempos Comando.
👏👏👏👏👏👏👏
👍 👍 👍 👍 👏 👏 👏 👏
Parabéns Comandante! Exemplo aos demais aviadores!
👏👏👏👏👏👏👏👏
Parabéns Cmte Perez
Grande pessoa! Grande profissional e colega de
farda! Forte abraço!
Parabéns Comandante Perez , que história linda,
inspiradora, motivadora não somente p os jovens , mas p todas as idades, tbm
tenho uma grande paixão pela aviação, e digo que fiquei emocionada!! Gratidão
por compartilhar!
Cmte , boa noite ! Gostaria de presenteá-lo com um
dos livros que escrevi . Abs
👏👏👏👏👏
Parabéns Dear Captain!!!Uma bonita trajetória de
carrreira !!!👏👏👏
Flores Leao
tava. Bunito