Meu nome é Júlio César natural de Barbacena Minas Gerais. Tenho 25 anos. Ao quatro anos de idade me mudei para uma cidadezinha bem pequena próxima a cidade de Conselheiro Lafaiete 70 km da capital Mineira. Morei lá até os dez anos. Após algumas mudanças e adaptações fomos morar em Conselheiro Lafaiete onde tive o primeiro contato com o aeromodelismo. Sou um apaixonado por aviação desde criança.
Fiquei maravilhado com aquele mundo, mas na época o hobby não era viável e meus pais não tinham como me proporcionar um aeromodelo. Dois anos depois voltei definitivamente para São João del Rei onde moro até hoje. Foi onde me formei e arrumei meu primeiro emprego, num pet shop, para dar banho em pets e foi onde juntei dinheiro para comprar meu primeiro aeromodelo, na época foi minha maior conquista.
Fiquei pouco tempo nesse emprego e como vida de aeromodelista solitário é muito difícil eu parei com o hobby por uns dois anos até conhecer mais pessoas na cidade e a paixão de voar com os pés nos chão ressurgiu depois de um tempo no hobby. Assim, voltei a comprar e montar alguns aeromodelo e de ter passado por alguns novos serviços.
Foi assim que resolvi construir meu primeiro aeromodelo do zero. Porque simplesmente pilotar não me realizava mais. Queria mais. Queria construir meu próprio avião. E também não tinha condições financeiras de comprar um modelo como eu gostaria de ter. A solução era fazer eu mesmo, foi daí que veio a coragem de começar a construir meu aeromodelo.
As peças são as únicas coisas que tem que comprar mesmo e vem tudo da china praticamente e a maior dificuldade era a dinheiro pra comprar. Assim, eu comprando as peças uma a uma cada mês no Mercado Livre. No começo meus familiares achavam que era perca de tempo e que eu gastava muito dinheiro com isso, mas hoje ele me entendem perfeitamente.
Foi a minha maior satisfação do universo. Então, você desenha, projeta o modelo e durante um tempo se envolve na construção de cada uma das etapas do aeromodelo. Dedica tempo, dinheiro e paixão. Mas sempre fica a dúvida durante todo o projeto, será que irá voar? Será que sua performance atenderá minhas expectativas? Claro, no começo eu ficava apreensivo por não saber se ia voar ou não, mas quando o aero foi tomando forma eu fui pegando confiança e acreditando que tudo iria dar certo.
Eu naquela época ainda não sabia pela minha inexperiência que o meu primeiro aero tinha pequenos problemas de fabricação. Vim a descobrir isso depois com o próprio modelo e na construção do meu segundo aeromodelo. Então, chegou o dia do voo solo do meu primeiro aeromodelo. Ver minha obra decolando da pista perfeitamente, saindo do chão e sobrevoando as árvores, voando como uma águia era tudo que eu sonhava e estava acontecendo. Foi minha realização e minha felicidade.
A construção desse aeromodelo foi um desafio por se tratar de um modelo crítico. Apesar do motor ser elétrico o voo é bem semelhante ao de uma aeronave real. Sendo assim tinha que ter todo cuidado na hora da construção. Eu sabia que qualquer desvio no projeto poderia resultar num desastre no resultado final. O modelo foi feito a partir de uma planta. Inicialmente recortei os molde em uma folha de alumínio. Então, nessa etapa do projeto, você olha a folha recortada e não acredita que dali irá sair um aeromodelo que irá voar e chamar a atenção das pessoas. Mais do que isso, quando você controla seu voo, é como se você estivesse realmente pilotando e voando um avião lá nas nuvens.
Como eu construí cada uma de suas partes, as emoções são infinitamente maiores. Muito diferente que comprar um modelo. Porque quando você cria todo o projeto por mais instruções que tem de apoio da internet, sempre fica a preocupação se tudo está correto e se irá voar perfeitamente e também você ver ele nascer. É como uma gravidez, são meses de gestação. E esse modelo levei sete meses do recorte do alumínio até o primeiro voo solo. Então, toda a fuselagem é construída em módulo. Colocando peça por peça, até formar o corpo do aeromodelo. A parti daí é cortar a asa e colar as peças e dar acabamento. Depois vem toda a parte eletrônica. Claro, para quem lê, imagina que tudo é simples. Mas com certeza não é.
Cada etapa tem que ser realizado com muita paciência e estudo. Nada pode ser realizado com pressa e sem pensar. Caso contrário o projeto final será comprometido e o voo poderá ser prejudicado e até mesmo não acontecer. Nesses sete meses que levei para construir eu trabalhava um pouco cada dia. A experiência que adquiri não é possível mensurar. Valeu muito. Foi uma realização pessoal e muito gratificante ter construído uma réplica de uma aeronave real. E quando chegou o momento de colocar ele para voar, foi esplendoroso seu voo. Liguei os motores e ele estava ali na pista, como se estivesse pedindo autorização para a torre de controle para decolar. Nenhuma falha, e lá foi ele, com uma fome desesperadora para voar, para sentir o vento em suas asas.
E na minha vida as coisas inacreditavelmente não acontecem por acaso. Certo dia fui informado que teria que viajar a trabalho. E a viagem seria de avião. Quase explodi de emoção. Esse era um dos meus maiores sonhos. Tão logo fui comunicado, já não podia mais esperar a hora de chegar em casa e falar a todos, e já me imaginava dentro do avião.
A emoção era maior que fazer o primeiro voo solo do meu primeiro aeromodelo construído por mim. Já imaginava eu sentado dentro do avião, olhando tudo, detalhe por detalhe e enxergando a cidade lá de cima. Atravessando as nuvens. Decolando e pousando. Então, pisquei os olhos e voltei ao meu trabalho, ainda estava no escritório.
Mas chegou o dia do voo. Foi uma emoção tremenda. Como um apaixonado por aviação fiquei super empolgado. Não perdi nenhum detalhe. Observei tudo e todos. Eu era uma filmadora viva. Na sala de embarque eu olhava todas aquelas aeronaves e meus olhos brilhavam até a chamada para embarque. Nessa hora o coração acelerou. Embarquei feliz da vida.
Estava muito curioso ao embarcar na aeronave. Tudo era novidade. Estava apaixonado por tudo. Na decolagem, no momento que o avião empina, senti um friozinho na barriga. Tudo era novidade, os ruídos da turbina, os movimentos da aeronave que acaba dando para a direita ou esquerda para ajustar a rota, a aceleração.
Foi espetacular ver as cidades, as matas, campos, rios, tudo lá de cima. É inexplicável tentar descrever para alguém que nunca voou. E por mim, faria um voo de cem horas. O voo era Confins para Recife num Embraer 195. Cada passageiro tinha sua história, um motivo para estar naquele avião. Uns iriam a trabalho, outros de férias, outros encontrar alguém. E eu como um amante e curioso no final do voo pedi para o comandante tirar uma foto na cabine e o CMDT foi super gente boa me deixando sentar na cadeira dele, aquilo foi sensacional que pena que a foto ficou o celular antigo. Voei a trabalho várias vezes a diferentes destinos e cada voo sempre foi a mesma emoção maravilhosa.
E hoje tenho mais de oito anos que sou apaixonado por aeromodelismo e isso mudou a minha vida e minha paixão de construir aeromodelo é mais forte do que antes. Atualmente estou em um projeto de aeromodelo que está sendo um desafio, todos os aeromodelos são fabricados em isopor a fabricação é um pouco complexo de explicar mas tenho um canal no YouTube chamado AeroJulius que explico um pouco como está sendo construído meu modelo atual. Eu levo o aeromodelismo como hobby. Tudo que construo é para consumo próprio. Espero que todos tenham gostado de minha história e de como o aeromodelismo mudou minha vida. Quem sabe a história venha a inspirar outras pessoas a praticarem esse maravilhoso esporte que agrega amizades e troca de experiências.
Conceição Souza Parabéns
Heber Cardoso Bom demais eu também gosto de construir
Cleiton Batista Realmente impressionante
Adriana Vidal Lindo