Então, de repente surgiu um contato no meu whats me convidando para fazer uma entrevista e contar minha história na aviação. E lógico no começo eu achei isso tudo muito estranho, fiquei pensando quem seria essa pessoa que estaria me fazendo esse convite, como será que me achou e claro porque quer contar logo a minha história? Mas enfim... Depois eu comecei a analisar as suas diversas entrevistas e percebi que ele é um cara super interessado na aviação e vi coisas sensacionais de diversas pessoas que foram entrevistadas, nem vou citar nomes.
Então, eu sou o Alexandre, que sempre fui aficionado e apaixonado pela aviação, desde a minha infância. Minha primeira vez que voei de avião deveria ter uns dez anos de idade. Onde fiz uma simples ponte aérea, São Paulo / Rio de Janeiro, com meus pais e eu achei aquilo maravilhoso. Por curiosidade na minha família não tinha ninguém da aviação que tenha me influenciado. Apesar de ter tido um primo distante que foi Piloto da Varig Eduardo Câmera que desapareceu naquele famoso avião Tóquio / Los Angeles.
Minha infância até parecia vida de Comissário, uma vida meia conturbada. Porque a infância normal é as crianças crescerem sempre na mesma rua ou na máximo se mudarem uma vez. Estudarem sempre no mesmo colégio e assim, formarem laços de amizades na rua e no colégio. Mas meus pais mudavam muito. E naquela época eu olhava para os aviões voando, mas não sabia distinguir qual era o seu modelo. E também não tinha com quem conversar muito sobre essa minha paixão, apenas minha irmã Aracelis, que era filha do meu padastro, mas é incrível como eu gosto dela como irmã, porque a gente se dá super bem, como a gente se gosta e como a gente se tem muita conexão, e uma dessas conexões é que ela também gosta de avião.
Tanto é que as vezes ela me convidava para irmos no aeroporto, e eu sempre topava. E meu pai nos levava e explicava, olha lá o avião Eletra, olha lá o Airbus. Eu lembro que a Empresa Aérea Cruzeiro tinha um Airbus que decolava para o Rio de Janeiro. Para você ter uma ideia em lembro de meus familiares no ônibus em Congonhas para embarcar no avião, tal era minha paixão desde aquela época.
Então, eu estou contando isso, e parece que estou vendo agora minha avó, meus tios dentro do ônibus passando ali na frente indo rumo ao Avião para embarcarem e decolarem. Naquela época íamos no aeroporto nos despedirmos e víamos nossos familiares embarcar e decolar, porque era tudo muito próximo. Aviação naquela época era um deslumbre e eu ficava com aquela imagem eternizada.
Quando tínhamos uns dezessete anos nós fomos ao Rio de Janeiro eu e a Aracelis, com a avião Avro, utilizado pelos Correios na época, onde demoramos mais tempo para ir com esse avião do que se tivéssemos ido de ônibus. Meu padastro morava no Rio e estávamos indo para lá passar as férias. Decolamos de Guarulhos, porém a prioridade de embarque e decolagem era para familiares de tripulantes, assim, ficávamos para o próximo voo, até que finalmente conseguimos embarcar e decolar. Foi uma viagem maravilhosa, e fizemos uma escala em Santos, que achei maravilhoso, que legal que vai ter escala.
Para dizer a verdade eu não posso dizer exatamente quando iniciei a gostar de avião. Porque parece que eu já nasci dentro de um avião, pelo fato de que quando me conheci por gente, quando eu começo a lembrar da minha vida, lá com quatro, cinco ou seis anos de idade, eu não posso precisar quando deu o estralo. Mas eu sempre achei que iria trabalhar na aviação. Eu cresci com essa ideia fixa de ser comissário. Quando criança, adolescente e até mesmo adulto nunca cheguei e me imaginar em outra profissão. Então as pessoas me perguntavam se eu queria ser piloto, e eu sempre fui muito claro na minha resposta, em querer ser comissário. Por gostar de trabalhar com público, sempre gostei. Tanto que antes de trabalhar na aviação eu trabalhei com turismo. Em sempre falava que queria ser comissário, mas queria muito, muito de verdade.
A Aracelis também foi trabalhar em outra empresa de Turismo e conseguimos eu e ela uma viagem para São Paulo /Maceió / Salvador / São Luís. Naquela época la por 1982 haviam algumas campanhas promocionais para quem trabalhava em turismo. Aquela época era muito boa também. E nós aproveitamos tudo que aparecia na nossa frente. Na volta foi muito interessante, porque foi uma volta ao mundo porque eu sai de Maceió / Natal / Fortaleza / Brasília / São Paulo e fui de Transbrasil e eu achei espetacular, mesmo levando doze horas.
Para mim cada pouso e cada decolagem era uma maravilha, era o momento mais importante da viagem. Naquela época isso foi sensacional. Era a única rota que conseguíamos sair de Maceió meio dia e chegar em São Paulo meia noite sem ter que dormir em alguma cidade. Hoje os passageiros querem fazer tudo voo direto e rapidinho, sem escalas e sem conexões. E a Aracelis também fez a inscrição junto comigo na Varig na segunda vez, mas infelizmente ela não passou. E ela continuou no turismo.
Eu comecei a trabalhar no turismo porque ele era um meio para quem sabe eu poder ingressar nesse mundo de viagens, da aviação. Fui Guia de Turismo. Fiz curso de Rotas e Quebras de Tarifas na Vasp. Eu entrei numa empresa de turismo na época, o qual me possibilitou ir para Espanha num DC-10 da Ibéria. E o incrível foi que mal havia chegado em Madri eu já queria voltar ao Brasil, não por saudades, mas porque queria voar novamente. Risos.
Depois eu fui para os Estados Unidos, onde fiquei lá três anos com meus tios. E sinceramente posso dizer que seria muito frustante para mim ter que trabalhar em terra, porque nossa, eu estaria perto do avião e não poderia voar com ele. Assim, eu estava mais que decidido que a minha profissão teria que ser dentro da aviação, ser comissário e principalmente dentro do avião, voando é claro. Minha mãe sempre me deu muita força, inclusive foi por intermédio dela que acabei entrando na Varig. Os amigos próximos por eu ser mais reservado não sabiam de meus sonhos e ambições. Inclusive quando me inscrevi no processo seletivo eu não contei para ninguém.
Eu estava nos EUA e recebo uma carta de minha mãe que morava no Rio de Janeiro, que ficou sabendo que a Varig havia aberto Seleção para Comissários, e na carta havia uma enorme propaganda da Varig, não pensei duas vezes, fechei as malas e voltei para o Brasil atrás de meu sonho. Fiz a inscrição no processo seletivo, fiz todas as provas e infelizmente na última prova eu bombei. Fiquei muito triste. Mas não deixei me abater, não deixei meu sonho acabar. Segui em frente, abri uma pizzaria, onde trabalhei um ano e depois fechei. Depois deste tempo abriram novas vagas e me candidatei mais uma vez, e então com vinte e três anos comecei a voar pela Varig como Comissário, realizando meu sonho. Sendo dia 26 de junho de 1987, foi meu primeiro voo até me aposentar.
Como eu falei antes, nas duas inscrições eu não contei para ninguém, somente minha mãe sabia. Mas também quando foi confirmada minha admissão foi uma festa. Lembro que fui na casa de uma amiga e contei para ela, sendo a primeira pessoa a ficar sabendo. E para todas as pessoas que eu contava, eu percebia suas alegrias e que gostavam e tudo mais. A minha ideia de profissão eu guardava comigo mesmo. Eu sempre espero as coisas acontecer antes de contar. Então comecei a fazer o curso de Comissário e comecei a voar. E voei a vida inteira, Voei trinta anos praticamente. Em Fevereiro de 2014 me aposentei e em Agosto fui morar nos EUA. E em 2015 fui trabalhar em terra na Azul em Orlando. No ano passado voltei para o Brasil e decidi me aposentar de vez, chega.
O meu treinamento de Comissário na Varig foi muito bom, rígido e intenso. Com aquela disciplina e rigidez que a Varig impunha. Foi comandando pela famosa Alice Klaus que todo mundo da Varig conheceu. Então nós tínhamos um dia a dia bem acirrado em critério de comportamento, treinamento. Eu lembro que eram vinte e duas matérias. Na qual a gente não podia tirar menos de sete, senão seríamos desligados do curso. Nós éramos 36 alunos. E todos se formaram Comissários. Até hoje nos falamos e conversamos, chegamos a construir um Logotipo da Turma Onze. Sendo dez de São Paulo e vinte e seis do Rio de Janeiro.
E os cariocas ficavam hospedados em frente ao Congonhas. Na época em junho e julho os Cariocas morriam com o frio de São Paulo. Naquela época eu acho que até fazia mais frio que hoje mesmo. Depois de Certificado passei a voar como Comissário. E quando a empresa adquire um modelo novo de aeronave somos novamente selecionados para sermos Certificados, principalmente Treinamento de Segurança, como a aeronave funciona e como será o Serviço de Bordo, que muitas vezes tem que ser modificado. E claro a própria ANAC exige a nossa Certificação para todos os Tipos de Aviões que estamos trabalhando. Então sempre nessas horas, era muito excitante porque era mais um avião que a gente iria voar e trabalhar.
E também tinha aquela expectativa de que o avião iria voar para um País ou Cidade nova. Isso aconteceu quando fomos fazer a carteira do 747, o famoso Jumbo da Varig e passei a Fazer Nova York / Miami e Também Roma. Quando eu fui morar em Los Ângelos para fazer EUA / Tókio. Foi muito boa essa época também. A minha formatura foi muito emocionante porque foi no Rio de Janeiro, e foi muito legal, porque minha mãe e minha irmã Aracelis puderam ir na formatura. Eu até tenho uma foto do meu primeiro voo quando eu voltei e tinha a Comissária a Amparo Sanches, que acabou machucando o joelho no dia da formatura.
Após a formatura tiramos o uniforme e colocamos outra roupa e fomos dançar e entrando na boate a Amparo caiu e machucou o joelho. Quando eu cheguei em casa, eu era para voar depois e uns dez dias, estavam uns amigos em casa, estava também a Amparo. E então a Varig me ligou informando que no dia seguinte eu teria que retornar para São Paulo porque eu teria que assumir imediatamente. Então eu fui o primeira da minha turma a assumir o posto de Comissário e assumi voando na Ponte Aérea. Minha mãe voou várias vezes comigo. Foi comigo pro México, Cancún, Nova York, fomos para Disney, Madri várias vezes para a casa de meu irmão. Então minha mãe com certeza aproveito comigo muito sim.
Eu trabalhei na Varig quatro anos na Econômica, depois dezessete anos na Internacional, destes quatorze anos foi na Primeira Classe e Executiva. Quando a Varig fechou eu fiquei um ano parado aqui no Brasil, onde havia aberto uma Saladeria e depois fechei e votei a voar pela Gol. Onde voei mais sete anos para poder me aposentar. Eu acredito que se a Varig existisse hoje, ela teria que ter mudado seu estilo de voar, como as outras empresas fizeram, porque atualmente nenhuma empresa aguenta aquela coisa que existia na Varig, a aviação mudou muito nesses anos todos.
Mas aqueles tempos eram maravilhosos, os passageiros eram muito bem servidos e tratados. Nós funcionários éramos totalmente educados pela Companhia na matéria e conceito que a Varig queria que atendêssemos. Então eu comecei a conhecer esse mundo maravilhoso de hotel, aeroporto, turismo, e como eu falo também italiano, então eu fiquei oito anos na rota Itália. Fazendo Milão e Roma, onde eu tive a oportunidade de conhecer muitos lugares. E também quando você faz muito um voo para determinado lugar, você acaba conhecendo mais os passageiros, as pessoas, suas culturas. Cheguei a morar na Califórnia porque fazia EUA x Tóquio, onde foi muito bom também.
Eu tenho algumas maquetes de aviões que juntei nesses anos, e fiquei muito feliz com sua última matéria do Sr. Luís de Fortaleza, que constrói maquetes com cabo de vassoura, pois eu consegui a voltar a conversar com ele e encomendei dois aviões, 727 e 737, os aviões dele são super bem feitos e super delicados. Foi muito legal eu ter reencontrado o Sr. Luís, depois de tantos anos. Ele nos atendia nos hotéis em Fortaleza ou no aeroporto, tanto ele como o irmão dele, o Seu Antônio.
Nesses meus trinta anos de aviação só tive coisas boas Graças a Deus. Nunca tive nada de acidentes, não tive nunca nada. A aviação sempre foi uma coisa tão bacana, que eu sempre tive uma energia tão boa que enquanto tudo isso acontecia nesse mundo da aviação. Eu nunca tive problema com passageiros, eu nunca tive problema de ter alguma coisa ruim no avião.
Claro turbulências a gente sempre passa. Eu lembre que passei por uma muito grande na rota São Paulo / Santiago, e inclusive estava com uma amiga de turma, eu ainda era Auxiliar Iniciante da Econômica, e o bicho pegou. Estávamos em cima das Cordilheiras. O Comandante havia nos avisado antes da decolagem que as coisas estavam brabas na Cordilheira e que se ele avisasse para sentarmos e apertamos os cintos que fossemos muito rápidos com todos os procedimentos. E não deu outra. Nós realizávamos o Serviço de Bordo aos passageiros antes de passarmos pelas Cordilheiras. E quando chegamos não deu outra.
Comunicamos aos passageiros e realizamos rapidamente a revista se todos estavam com cintos e sentamos também com os cintos apertadíssimos. E começou a acontecer. Mas o bicho batia muito. A minha colega Márcia dizia pra mim, "Será que é hoje? E eu falava para ela, que é hoje nada. Isso aqui não vai ser nada! A gente quase saía do banco voando de tanto que a gente pulava lá traz do 767-300. Eu tive outra ocasião uma preparação para pouso de emergência porque não acusava o travamento do trem de pouso, mas na hora do pouso deu tudo certo e tudo funcionou direitinho.
Eu lembro de algumas história engraçadas. Num voo da Itália para o Brasil, os primeiros a serem embarcados são os "deportados. Então, nesse dia eu já estava trabalhando na frente da aeronave com a Primeira Classe e eu atendo o telefone interno com a chamada de um Comissário da Classe Econômica me solicitando que eu chamasse o pessoal da Imigração do Aeroporto. Suspendemos o embarque, o pessoal da Imigração chegou na aeronave e perguntaram o que havia ocorrido e eu expliquei que o Deportado havia ido no banheiro e passado "merda" em todo o corpo. Que ele não quer ir embora.
Ele falou que ele não ia embora. A Imigração foi lá e mandou ele desembarcar do avião pela porta traseira. O carro da polícia ficava embaixo, naquela escada do finger (rampa de acesso ao avião). Então quando o passageiro desceu, e não sei exatamente como foi que ele resbalou e ele rolou escada a baixo. Nem imagino o que aconteceu com ele, imagina só, ele voltando no carro da Imigração todo sujo de merda com os agentes, que situação.
Teve outro deportado que entrou no avião, sentou alguns segundos e levantou, se dirigiu a mim e disse "Olha preciso falar com você." Ai ele saiu do avião e ficou parado fora do avião. Então, eu fui até ele e lhe disse, o Sr. não pode sair do avião e lhe perguntei o que houve. Então ele me respondeu "Desculpa, mas eu me caguei todo" Risos. Ele se cagou para não voltar ao Brasil. Então ele me disse que a minha esposa está voando para a Itália com toda a minha papelada para resolver o problema, mas eles não quiserem nem saber. Então ele teve essa ideia de atrasar seu retorno para ver se com isso conseguiria resolver os seus problemas com a imigração. Então não teve jeito não, foi desembarco pela Imigração, e claro que também não sabemos o fim dessa história.
Certa vez voltando de Marabá / GRU eu estava sentado de frente para os passageiros e a aeronave um 733-200 não tinha aquela parede que separa a tripulação dos passageiros. Naquela época eu já era Chefe de Equipe e reparei que um senhor sentado à minha frente tinha uma enorme pedra bruta presa numa enorme corrente de ouro em volta de seu pescoço. Eu olhei e imaginei que ele fosse garimpeiro. E ele percebeu minha fascinação. E eu lhe perguntei essa pedra, isso é o ouro bruto do garimpo? Ele tirou, deixou eu pegar nela, explicou tudo. Na verdade os garimpeiros gostam tanto da sua profissão, quanto nós da aviação. E gostam de contar histórias e de explicar as coisas.
Nisso ele tirou do bolso um vidro cheio de pepitas, mandou eu abrir minha mão e virou as pepitas na palma da minha mão. E disse: "Escolhe uma pepita!" Eu agradeci e disse que não, imagina, obrigado. Mas ele insistiu. Então eu escolhi e agradeci muito. Ele me explicou que eu não poderia fazer muito com aquilo porque era ouro 24. Temos depois entreguei a pepita para minha mãe que conhecia um ourives que fez uma avaliação, eu quase morri do coração com o valor que foi avaliado. Com o valor da pepita eu paguei metade do meu carro zero quilometro na época. Eu bem que queria ter guardado a pedra, mas o carro que havia comprado me foi bem mais útil durante muito tempo.
Certa vez eu estava indo para Atlanta e fizeram uma festa surpresa no dia do meu aniversário. A gente sempre solicitava folga Natal ou Ano Novo. Como meu aniversário era no dia de Natal naquele ano, a Varig decidiu que se fizemos o aniversário numa dessas duas datas, iríamos ganhar as duas datas automaticamente de folga. Mas aconteceu alguma coisa errada na administração de voos e eu fui escalado para um voo no meu aniversário. Os colegas compraram um bolo e fizeram uma festinha surpresa dentro do avião. Foi muito legal e inesquecível isso. Então fizemos duas comemorações naquele voo. Primeiro meu aniversário e depois o Natal. Meu irão mora em Madri, então era muito comum eu pedir para o Natal minha escala para Madri, onde eu levava junto minha mãe e passávamos todos juntos a comemoração. Fizemos isso umas três vezes, foi muito legal. A Varig pagava tudo, inclusive as despesas de Hotel minhas e de minha mãe.
Por mais treinamentos que tenhamos realizados, sempre acabamos escorregando e fazendo algumas gafes, que depois involuntariamente serve e exemplo e piadas entre nos. Por exemplo, você oferece um travesseiro para uma passageira grávida e o esposo informa que ela não está grávida e que é gordura mesmo. Poucas vezes eu troquei a refeição, entreguei carne e o passageiro havia solicitado peixe. Vinho branco no lugar de tinto.
Ou então na Econômica os últimos passageiros já não podiam mais escolher as duas opções, porque uma já tinha terminado, então a opção era querer aceitar o que tinha disponível ou não fazer a refeição, então tínhamos que explicar ao passageiro que havia acabado a outra opção e as vezes tínhamos alguns problemas com isso porque era difícil explicar para o passageiro que não podia ter 100% de todas as comidas. Era normalmente 60% de carne, 30 de massas e 20% de frango. Na maioria das vezes terminávamos o Serviço de Bordo com no mínimo duas opções, mas nem sempre isso acontecia.
Outra vez voltando de Roma com escala em Madri eu estava na Classe Executiva e uma colega me ligou de traz do avião e me disse, vem aqui que tem um passageiro que vai bater na gente. Fui lá traz e percebi que ele alcoolizado e também havia ingerido tranquilizantes. Comecei a conversar com ele, e percebi que ele não falava coisas muito conexas. Num momento falava de sua noiva, em outro falava que sua noiva estava em baixo do avião morta, daqui a pouco começa a bater na janela do avião.
Dizendo que queria estar morto junto com ela. Opa o bicho vai pegar aqui. Ele era grandão, enorme, forte. Ele me abraçava e chorava. De repente ele ficava novamente totalmente transtornado e ficava agressivo. Nisso eu dei três toques no interfone e pedi ajuda para o outro Comissário da frente, e o resto da equipe eram só meninas. Então, quem aparece?
O Comandante já perguntando em voz alta o que estava acontecendo. O Passageiro alterado pergunta a ele quem ele era. O Comandante se apresenta. E o passageiro responde com um "Foda-se " e mete um tapa na cara do Comandante. Ai já viu né. Deu a maior confusão. Eu e o Comandante conseguimos acalmar e fazer ele sentar e de certa forma ficando quieto. O Comandante volta para a cabine e pousa o avião em Madri as duas horas da manhã. Enquanto pousamos o Chefe de Equipe faz o relatório registrando o acontecimento que tem que dar para a Polícia em Madri. A mãe da menina falecida também estava no avião. E o passageiro falava para a sogra que ele iria derrubar o avião. Mas ela não compreendia o que ele falava porque era brasileira e não falava italiano.
O avião abriu a porta e entraram os policiais, eu estava sentado ao lado dele e ele me pergunta o que estava acontecendo? Enfim, eu tive que acompanhar o passageiro junto com a polícia, porque ele não falava espanhol e os policiais não falavam italiano. E o único intérprete que falava Italiano, Espanhol e Português era eu. Ainda para complicar os Policiais ao lerem o Relatório que o Chefe de Equipe havia escrito explicaram que não entendiam e me pediram para fazer um novo em Espanhol isso aquelas horas da madrugada.
Como estava demorando para eu voltar para o avião para decolarmos e seguirmos com nosso voo para o Brasil, o Comandante desse do avião e pergunta "se eu iria continuar namorando com os policiais até quando"? O chefe da polícia perguntou-me o que o Comandante havia me dito, eu sem saber o que dizer, preferi falar a verdade. O Chefe da Polícia ficou puto da cara e falou para o Comandante "Naquela merda quem manda é você, mas aqui em baixo quem manda sou eu. o Comissário vai ficar o tempo que foi necessário e pronto. E se você que não quiser ir pra delegacia junto com o italiano você volta pro seu avião e cala a sua boca".
Então o Comandante embarcou novamente no avião. Nisso o policial informou que o italiano estava preso e pediu para perguntar se algum familiar dele iria desembarcar. Entrei na aeronave e consultei a mãe da esposa falecida o que ela iria fazer, onde decidiu que iria desembarcar com o caixão. Sai do avião mais uma vez com a familiar e providenciei a retirada das malas e o caixão. Estou embarcando a Sra. no carro da polícia e vejo o esquife que colocaram em pé encostado na roda do avião. Cruzes, coitada da morta. Consegui disfarçar para sua mãe não ver, e vou falar com o pessoal de terra e pergunto em espanhol se eles ficaram doidos em deixar um caixão em pé com o morto dentro.
Me pediram desculpas e colocaram ele no chão em posição horizontal. Quase cinco horas da manhã decolamos e Comandante me chama na Cabine para questionar do porque que eu havia traduzido exatamente o que ele havia me dito.
Então eu lhe respondi "Ué quem falou foi você e não fui eu! Você acha que eu iria mentir para ele, vai la saber se ele entende português e me da voz de prisão. Nesse voo eu já trabalhei além das minhas obrigações." No dia seguinte em São Paulo fui chamado pela Chefia que tive que explicar todo o ocorrido desde o início, mas não deu em nada.
Eu tive situações de pessoas escandalosas dentro do avião. Pessoas do tipo você sabe com quem você esta falando, batendo boca com outros passageiros. Então a gente olhava e pensava, será que esse ano tem eleição? Passageiros algemados já tive vários, principalmente voando com a Gol, mas eles vão de boa, não dão nenhum trabalho, vão lá trás sentados na última poltrona. Sobem com a Polícia Federal, sentam um de cada lado e o preso no meio e não tiram a algema.
E na maioria das vezes os demais passageiros nem percebem que tem preso a bordo. Felizmente eu nunca passei pela situação de precisar trabalhar doente ou ter que ir a um hospital ou clínica fora do Brasil para fazer uma consulta. Apenas em Milão fui visitar um colega no hospital que havia sido atropelado. Por outro lado, transportei muitas pessoas acidentadas que vinham lá de Roraima, Boa Vista, Rio Branco. Naquela época vinha muitos para Brasília.
Eu lembro de um menino queimado que me chamou muito a atenção e que fiquei muito triste. Ele tinha eu acho uns oito anos. O pai estocava gasolina na garagem e ele foi brincar com a irmã e acenderam um fósforo e você já imagina o que aconteceu. Outra vez de Brasília para Belém, uma senhora levando a mãe com câncer no rosto do lado esquerdo, estava todo preto com umas feridas e começou a sangrar no avião, eu ajudava elas a tentar parar o problema, num dado momento a filha me contou que a mãe não tinha mais solução. Muitas vezes os Comissários passam sendo psicólogos de passageiros. Passamos muitas horas dentro do avião.
As pessoas estão voando e muitas vem te contar, muitas estão indo para passear, rever pessoas, conhecer lugares. Uma vez voando para Lisboa, eu estava sentado ao fundo e vi uma senhora que ao posarmos em Porto, começou a chorar, um choro triste. Eu levantei e fui perguntar a ela se estava bem. Então o marido me disse que estava tudo bem. E ele explicou que ela havia casada com ele, e que a mãe dela havia retornado a Portugal, e que não via a mãe a vinte anos. E que só se falavam por telefone. E que estavam a minutos de se reencontrarem, se abraçarem e se beijarem. Isso me deixou naquela dia e hoje novamente muito emocionado. São tantas histórias de vidas de pessoas que nem conhecemos. São todas emoções vividas né.
Outra vez eu estava de folga e era aniversário de meu irmão Fernando e já fazia anos que não passava o aniversário dele com ele. Então resolvi ir lhe dar esse presente. Confidenciei com minha mãe minha ideia, mas não fala nada pra ele. Peguei o avião e fui, eu tinha cinco dias de folga. Quando cheguei na casa dele na Espanha, ele estava dormindo e nem esperava pela surpresa. Meu primo morava com ele, e eu havia combinado com meu primo tudo. O Fernando trabalhava a noite e dormia de dia. Então, meu primo abriu a porta da casa, fui no quarto dele, sentei na cama dele e disse "Oi, Feliz Aniversário!" Meu irmão acordou e não entendeu, demorou para cair a ficha se estava sonhando ou se estava acordado, tanto é que dizia que me perguntou se estava sonhando. Então o que eu posso reclamar da aviação ? Nada! A aviação para mim foi tudo de bom. Foi uma coisa que está enraizada.
Eu não posso dizer que fui infeliz jamais. Foi muito, muito muito muito legal. Sei lá, eu não consigo expressar o que eu sinto. Não tem palavras para explicar esses trinta anos o quanto eu fui feliz. Mesmo depois trabalhando em terra na Azul, tive bons momentos. Eu tenho 57 anos de idade, praticamente voei trinta anos, mais seis anos de Azul. Então, podemos dizer que metade da minha vida eu passei dentro de um avião.
Ou seja, a aviação está na veia e está no sangue. Eu acho que na minha mamadeira minha mãe colocou querosene. As coincidências da vida, hoje eu moro em Jundiaí e quando comprei meu apartamento foi na Planta e comprei sem visitar e minha mãe havia comprado e eu queria morar no mesmo prédio com ela, só depois fiquei sabendo que meu apartamento dava de frente para o aeroporto. Vejam só, é só olhar pela janela que estou vendo os aviões decolar e pousar. E agora com a Azul-Conecta passou a ter mais movimentação no aeroclube.
Tive o prazer de voar com algumas celebridades, como a Xuxa, com a Alcione, com a Fafá de Belém, com o Fábio Júnior. E cheguei a conversar uma segunda vez com a Alcione e comentei com ela que já tínhamos voados juntos em outra ocasião para Paris na Primeira Classe, ela me falou que lembrava porque foram poucas as vezes que tinha voado de primeira classe e que lembrava de mim e que aquele voo tinha sido maravilhoso. Então, isso é muito gratificante quando um passageiro lembra de você ou do seu serviço. É muito gratificante quando uma pessoa te diz que você fez diferença naquele momento do voo.
Ou quando o passageiro ao desembarcar lhe agradece e que realizou um voo tranquilo e que o serviço foi espetacular. Porque naquele momento você pode ter feito uma pequena diferença na vida da pessoa. Porque você querendo ou não o avião é um ambiente diferente, entre aspas é um ambiente perigoso para elas. E na qual você podendo dar esse conforto e essa segurança que ela precisa, isso fica marcado para sempre na vida dela. Inclusive teve uma passageira que me contou que tinha muito medo de voar e de avião, mas que voando comigo eu perdi o meu medo.
Quando eu trabalhava na Gol era muito comum os passageiros comentarem comigo que eu trabalhei na Varig, pelo meu estilo de atendimento. Mas o que mais me chamou a atenção foi em Orlando na Azul em terra no Balcão de Atendimento, que eram separados os Balcões de Econômica e Executiva. Eu estava atendendo na Executiva. E um passageiro que eu estava atendendo me disse "Você trabalhou na Varig" Eu lhe perguntei se ele havia voado comigo. Ele me respondeu que não se lembrava não. Mas que não era isso que havia lhe lembrado da Varig.
Então me explicou que quando ele estava na fila aguardando o atendimento ele havia comentado com a sua esposa que tinha certeza que eu havia trabalhado na Varig. E ela perguntou como ele sabia. Então respondeu para nós dois: "Nós ex Funcionários da Varig temos um carimbo que foi colocado pela Varig que ninguém tira mais, é totalmente diferente o atendimento de um funcionário Varig para qualquer outra Empresa. O atendimento de Vocês é impecável." Você vê a sensibilidade desse passageiro, anos depois de já ter saído da Varig, ter passado pela Gol e estando na Azul e ele percebeu que eu tinha sido da Varig. Eu achei isso muito legal e gratificante.
Outra situação muito gratificante quando eu tive uma Saladeria eu tive um Colaborador chamado José que era Entregador de sanduíches, saladas e sopas. com o decorrer do tempo ele descobriu que eu e meu sócio tínhamos sido Comissários e ele nos contou que seu sonho era ser piloto. Nós o tempo todo o incentivamos para seguir seu sonho. Um dia ele estava muito triste e descobrimos que o dono de outro estabelecimento havia lhe dito que isso não era para ele e que estava perdendo tempo. Eu lhe disse que ele não podia abandonar seu sonho assim tão facilmente.
Que eu havia conseguido e porque ele não iria conseguir? Ele com o tempo acabou saindo da nossa Loja, foi fazer um curso de Comissário que sua mãe acabou pagando. Tempos depois o Luis entrou na Gol para ser Auxiliar de Mecânico por três anos. Depois foi para a Avianca ser Comissário. Logo depois se certificou como Piloto e hoje ele está ministrando aulas para piloto em Escola para piloto. Olha que legal. O sonho dele é estar num avião comercial pilotando e eu estar dentro como passageiro, ele falou isso para mim, e isso além de ser muito emocionante é também muito gratificante. Com certeza esse dia vai chegar. O José é uma pessoa que eu confiei nele e ele chegou onde ele queria. Isso não tem preço.
Encerrei minha vida na Varig em 2006, realizando um voo para a França. Pousando em Paris o Gerente da Varig nos informou que deveríamos ir para o hotel e ele iria ver como ele iria nos levar de volta para o Brasil, porque esse tinha sido o último voo da Varig para Paris. E a tripulação que já estava em Paris nos aguardando levou o voo de volta para o Brasil. Bom, fomos para o hotel descansar. Ficamos todos reunidos. E eu voava fixo com o colega Fernando. Então ele me perguntou: "Você sabe quando você vai voltar para Paris? " Eu respondi que Não. Então ele me disse: "Eu também não, então vamos aproveitar e sair, porque quem sabe se um dia iremos voltar para a França!". Então saímos os três dias.
O resto da tripulação ficava no hotel conversando o que poderia acontecer. E nós fomos bater muita canela pelas ruas de Paris. E ele fala francês também. Então foi muito divertido. Fomos chamado para uma reunião no hotel com o Gerente da Varig que nos solicitou 50,00 Euros para comprarem passagens de trens de Paris para Londres. A tripulação toda reunida não aceitou nem pagar a passagem e muito menos irem de trem para Londres. Eu e outros dizíamos que a Empresa tinha nos tirado do Brasil e tinha a obrigação de nos levar de volta.
E ficou-se aquela discussão de pagar e não pagar e eu avisei que se o Gerente não resolvesse o problema da Empresa eu iria bater na porta da Embaixada Brasileira em Paris. Eu estava muito decidido a pedir socorro na Embaixada e pronto. Porque se não queriam pagar uma passagem, imagina as demais despesas. Foi quando eu levantei para ir para a Embaixada, que o pessoal me acalmou e o Gerente viu que sua ideia tinha ido pro brejo e teria que achar outra solução. A minha sorte e que eu tinha meu irmão em Madri, eu poderia ir para lá e depois de lá eu me virava aos poucos. Mas as coisas acamaram.
No outro dia o Gerente informou que nós iríamos para a Alemanha e todas as diárias seriam pagas pela companhia. E que a Alemanha era o único jeito de sair da Europa. Então partimos para a Alemanha. As malas num avião e nós em outro. Os aeroportos estavam lotados e não havia como embarcarmos todos de uma vez para a Alemanha. Chegamos em Frankfurt e não tinha ninguém para nos receber. E então eu mesmo liguei para o Brasil e conversei com um Chefe muito amigo meu Pistéli, que esse ano infelizmente faleceu.
E informei que estávamos na Alemanha sem atendimento da Empresa e pedi a ele que contatasse o pessoal da nossa chefia para nos contatar e providenciar o embarque para o Brasil ou providências de Hotel e Alimentação. De repente surge o Gerente da Alemanha e pergunta para nós o que estávamos fazendo lá porque ninguém havia informado ele de nossa chegada. Depois de muito tempo, conseguiram nos hospedar todos nós num hotel até muito bom. Só que no meio do nada. Não tinha nada. Lembro que só tinha um supermercado, numa cidadezinha muito pequenininha, nos arredores de Frankfurt. E foi o que tinha para nós naquele momento. Era pegar ou pegar.
No dia seguinte telefonaram nos avisaram no final da manha que teríamos que sair do hotel, porque nossas diárias somente seriam pagas até o meio dia. E ninguém sabia para onde iríamos e o que fazer. Literalmente descemos, fechamos as contas, entregamos as chaves dos quartos e ficamos sentados em cima das malas em frente da recepção do hotel, lá fora, esperando algum ônibus vir nos buscar, eu e toda a tripulação, pois essa era a informação que tínhamos, que deveríamos aguardar chegar o ônibus. Um tempo chegou finalmente o ônibus chegou e nos levou para outro Hotel, super chique, um hotel fantástico.
E eu falei: "Gente para que tudo isso? " Ficamos mais um dia nesse hotel. Nós já estávamos todos sabendo do que havia ocorrido com a Varig no Brasil, com seu processo de fechamento. Então, imagina nós lá fora no Exterior. A gente já não mais se entendia. Um dizia uma coisa. Outro dizia outra coisa. O que o Comandante falava ou o Chefe de Equipe já não tinha mais a menor importância. Pois todos nós já sabíamos que a Varig tinha acabado. Estávamos numa Torre de Babel.
E nossa preocupação era como pagar as nossas mínimas despesas de alimentação que eram em Euros. Já estávamos no ponto de partimos para o Consulado Brasileiro novamente. Cada tripulante já pensava em resolver a sua própria vida, porque a coisa tava ficando cadas vez mais preta. E não víamos a hora de colocarmos nossos pés em solo brasileiro. Acabamos ficando mais um dia nesse hotel. Chegou no dia seguinte a orientação para não colocarmos os uniformes porque iríamos retornar como passageiros normais para o Brasil.
Chegando no aeroporto vocês despachem logo as malas, porque estaremos retirando passageiros do avião para colocar vocês. Fomos informados que naquele momento na Europa só haviam duas cidades que a Varig ainda estava operando que era Frankfurt e Londres. E nos informaram que muitos de vocês terão que voar em pé, sentados no vaso do banheiro ou sentados no assento de tripulantes porque não tem lugar, estamos vendo o que fazer porque não tem lugar. Alguns tripulantes do Rio de Janeiro aceitaram essa condição.
Eu não aceitei essa condição. O Fernando também não aceitou essa condição. Imagina ficar doze horas em pé dentro de um avião, ou fazendo revezamento com colegas para ficar sentado no banheiro. Alias era um avião 777, que nós chamávamos de 777 - 1.0, porque tinha que fazer escala em Recife quando vinha da Europa para abastecer por que não tinha autonomia de combustível para chegar em São Paulo. Depois de muita confusão, a companhia compreendeu que seria uma loucura fazer aquilo e concedeu poltronas para toda a tripulação voltar para o Brasil. Chegando em Recife, não sabia-se se a Empresa de Tanques de Combustível iria abastecer o avião, porque naquele momento a Varig já estava com os aviões em solo e devendo muito.
Mas também pensava eu, agora já estamos no Brasil, daqui para frente tudo fica mais fácil. Na pior das hipóteses vou de ônibus para São Paulo. Demorou um tempo, mas o caminhão pipa de combustível acabou abastecendo a aeronave e decolamos para São Paulo, e esse foi meu último voo na Varig. Impressionante né? Você começa com um glamour e sai pelas portas dos fundos, ainda escondidos porque os passageiros da Alemanha não podiam ver que nós eramos tripulantes Varig. E foi a primeira vez que eu deixei um par de sapatos no hotel e claro que nunca mais consegui recuperar.
Voar pela Gol foi muito difícil. Por um lado foi uma alegria, pelo fato que eu iria voltar a voar e trabalhar num avião e fazer tudo aquilo que eu mais gostava de fazer. Apesar que as notícias que naquela época se ouvia que aquela vida Varig não existia mais porque tudo tinha morrido com a Empresa. E realmente nada a ver. E para eu poder me aposentar com mais antecedência, porque eu já tinha mais de vinte anos na aviação. Então fui trabalhar na Gol, não vou dizer que foi excelente como eram as coisas na Varig. Mas também não foi ruim não. Simplesmente vamos dizer que "Foi". Era um outro estilo de voar, era uma outra empresa, uma outra cabeça, uma outra maneira de pensar.
Eu particularmente nunca quis comparar a Gol com a Varig, tipo na Varig era assim. Eu tinha bem claro que estava em outra empresa e os tempos eram outros. E que se eu quisesse ficar as coisas seriam outras e pronto. E acima de tudo eu sempre pensei que eu tinha que respeitar meus colegas que não tinham voado e trabalhado na Varig. E esse negócio de dizer que lá na Varig era assim não adiantaria. Porque lá até poderia ter sido, mas aqui não era e ponto final.
Então a Gol serviu para uma coisa que eu sempre pensei e falei "Eu estaria extremamente frustado se a Varig fechasse ou se me aposentasse aos 55 anos como era antigamente e pronto quando era na época do Aerus." Então eu naquela momento que a Varig fechou eu ainda me considerava apto a trabalhar e a voar, e queria voar acima de tudo. E com a Gol pude trabalhar mais uns anos. Quando saiu minha aposentadoria fiquei feliz da vida. Já tinha comprado meu apartamento e tal. Depois tive a oportunidade de trabalhar na Azul nos Estados Unidos.
Na Gol uma história muito engraçada, foi no dia que saiu minha aposentadoria, talvez tenha sido tão emocionante quanto o meu primeiro voo de comissário. Estávamos no hotel e fiquei sabendo que havia saído minha aposentadoria. Quando me reuni com toda a tripulação no roll do hotel eu comuniquei a todos que este seria meu último voo. Coincidentemente o Comandante era antigo funcionário da Varig também. Todos me abraçaram, desejaram felicidades e tal. Fomos para o aeroporto. Era um voo tranquilo de Salvador / Brasilia / Porto Alegre com sessenta passageiros, a Chefe de Equipe controlou um momento que eu estivesse realizando o Serviço de Bordo sozinho no corredor do avião e o Comandante do Avião começou a contar minha história e que aquele seria meu último voo.
Ele falou tão bonito, foi super emocionante, agradeceu todos os anos que trabalhamos juntos. Os passageiros aplaudiram e tudo. Foi muito emocionante. Só quem ama a aviação é que pode compreender tudo isso e entender o que a gente sente. Qual é a emoção que sentimos quando inciamos nossos trabalhos todos os dias a bordo. Hoje em dia até é chato, porque dá uma vontade de falar aos passageiros "Oi, deixa eu te ajudar?"
Porque a hora para nós dentro do avião muitas e muitas vezes não passa né! Você viaja para a Europa, voos de dez ou doze horas. Eu dentro do avião me sinto como se estivesse dentro da minha casa. É como se fosse uma extensão da minha casa. Os colegas uma extensão da família. Como eu gosto muito da minha casa, consequentemente eu gostava muito da aviação. Era muito legal. A sua Casa era a Mala e a sua Vida era o Avião.
Eu trabalhando na Azul foi muito estranho no início, porque muitas vezes eu tinha muita vontade de embarcar no avião e exercer a atividade de Comissário. No começo era muito estranho, eu entrar na aeronave e realizar a auditoria de voo e não poder decolar com ele. Eu entrei na Azul como Agente de Aeroporto, depois passei para Multiplicador da Base, depois Auditor de Voo, depois virei "Espião", era uma pessoa que colocava uma "Bomba Fictícia" todos os dias dentro do avião pro pessoal da limpeza achar em razão do atentado de 11 de Setembro. E esse Curso de Espionagem foi um dos cursos que eu mais gostei de ter feito na minha vida. E ainda fui Instrutor lá nos EUA.
Foi excelente ter trabalhado na Azul, eu gostei muito. É uma empresa que eu tenho um carinho muito grande, porque é uma empresa que dá muita oportunidade para você crescer lá dentro. A Azul foi outra empresa que eu consegui construir muitas amizades que trago até hoje. A Azul realmente é uma empresa fantástica para o funcionário analisando a visão das pessoas, do coleguismo. Ela ajuda muito o funcionário. Os Natais eram maravilhosos também em Orlando. Enfim, trabalhar na Azul foi um prêmio para mim fechar com chave de ouro a minha profissão na aviação. Assim, hoje eu olho para traz e vejo que a maioria das coisas que eu passei foram muito bem sucedidas dentro da aviação. Tanto é que eu não fui aquele Comissário que teve diversos problemas com passageiros.
Mas tiveram muitos e muitos momentos bons e felizes. Eu voei com gente muito legal. Nossa a gente se dava muito bem. A minha relação com os colegas de trabalho sempre foi excelente . Inclusive amanhã casualmente eu tenho um aniversário para ir. Eu nunca fui de fazer bagunças em hotéis. Mas adora os Happy Hour, isso é muito frequente nós da tripulação fazer. Fizemos bastante sim. As vezes a gente nem jantava, e íamos no supermercado e comprávamos algumas coisas, algumas vezes trazíamos vinho do avião que tinha sido aberto no Serviço de Bordo e que teríamos que colocar no lixo, porque não podia-se reaproveitar um vinho de um dia para o outro.
Os nossos Happy Hour não eram de bagunças, eram reuniões gostosas, ficávamos contanto piadas e histórias. Era muito bom. Eu nunca fiz coleção de nada, de cartão postal, de chave de hotel, de objetos da aviação. Eu sempre fui muito de conhecer os lugares. Isso foi uma coisa que eu soube aproveitar de mais na aviação. Baladas? Balada eu ia aqui no Brasil! Na Itália principalmente que a gente tinha um ou dois dias de folga principalmente, depois de ter conhecido tudo em Milão e Roma, eu ia para a Estação de Trem e perguntava para as pessoas onde eu poderia conhecer coisas novas e interessantes. Então até duas horas de trem eu ia. Além disso eu não ia, porque tinha medo de ficar cansado. Chegaria muito tarde. E no dia seguinte teria que trabalhar.
Assim eu nunca fui muito de abusar dos horários quando eu saia para passear não. Teve só uma vez quando eu fui para Munique, eu estava em Roma e queria muito conhecer Munique. Ai peguei um avião, fui dormi lá, andei bastante e no outro dia voltei. Mas de maneira geral, eu sempre aproveitava para conhecer no mesmo lugar onde eu estava, porque eu tinha medo de algum imprevisto e dar tudo errado. E eu era bem responsável com meus horários. A Varig fazia com que você fosse muito responsável, porque você sentava no pate legal se acontecesse alguma coisa errada. Então minha vida foi muito boa na aviação.
Minha família compreendia tudo isso. Eu sempre era convidado para aniversários e casamentos e todos sabiam que nem sempre eu poderia ir. Assim, eu sempre ficava dependente de escala. Claro tinham amigos que as vezes não ligavam mais, porque eu quase nunca podia e tal. Mas eu sempre fiz questão de estar presente de alguma forma perguntando como tinha sido, para as pessoas entenderem que apesar de não ter ido, você de alguma forma gostaria de ter ido e estava preocupado com essas pessoas. Não somente por causa da festa, mas porque as pessoas também eram importante para você. Então, com isso eu fiz muitos e muitos amigos na aviação. E também amigos fora da aviação. Apesar que na aviação tem sempre mais.
Meus tios tinham um sitio no interior de São Paulo e eu levava meus amigos para esse sitio que era muito aconchegante, grande, tinha piscina. A gente marcava com três meses de antecedência para todo mundo se organizar com as escalas de voos. A pouco tempo atras, fizemos um grupo com umas cinquenta pessoas, antes da pandemia. E já estamos pensando eu nos reunir novamente depois da pandemia. E temos outro grupo que denominamos a Turma 11 de 87, que a três anos atras fizemos uma festa no Rio de Janeiro, eu na época morava nos Estados Unidos e eu voltei para o Brasil exclusivamente para esta festa.
E quem organizou foi a minha colega Márcia, aquela do voo das Cordilheiras de Chile. Sai de Orlando com a Azul, peguei uns dias de folga e vim para a festa. A nossa turma de entrada na Varig é muito badalada por outros ex funcionários, porque eles me contam que volte e meia a gente faz alguma coisa e que sempre estamos em contato uns com os outros. Nós fizemos a festa dos trinta anos da turma. E agora queremos fazer a festa dos trinta e cinco anos. Todo mundo se reunindo e se reencontrando é muito legal. É sinal que deixamos um legado muito interessante para nós mesmos. O importante é você deixar para você.
Nunca voei de Balão ou Parapente, tenho vontade mas ainda não voei. Mas não tenho medo não. Cheguei a voar de Ultra Leve, que é uma Asa Delta Motorizada, isso lá em Fortaleza, que decolamos da praia e dávamos uma volta e descíamos, foi muito gostoso. Sou um cara que não tenho superstição, nenhum problema com gato preto, passar em baixo de escada. Nesses trinta anos de aviação conheci praticamente todos os países que a Varig operava e muitos que a Gol também. Hotéis impossível imaginar por quantos passei, muitas vezes ficávamos em vários hotéis na mesma cidade.
Uma lembrança que tenho do MD-11 eram as camas para a tripulação, que para a minha alegria, muitos colegas não gostavam delas e então não as utilizavam, porque se sentiam sufocados lá dentro, mas eu gostava. Porque eu deitava as minhas três horas de descanso e dormia mesmo, apagava de vez. E levantava super descasado. E justamente esses MD-11 estavam na minha rota de Milão e ficaram por cinco anos. E para mim, isso foi a benção, porque era muito bom dormir em cama. Outro avião que tinha camas era o 747-400 que operava em Los Angeles haviam seis camas bem confortáveis na calda, havia uma portinha e para entrar no "dormitório". Caso contrario a solução era tentar dormir sentado mesmo. Mas as camas de avião para mim eram fantásticas.
Hoje eu moro em Jundiaí, uma cidade muito próxima de São Paulo. Na verdade foi uma cidade que eu escolhi para passar minha aposentadoria. Fora da loucura de São Paulo, mas também do ladinho dela, a menos de uma hora de carro. E uma cidade também econômica, porque vida de aposentado não é fácil. Se não morasse no Brasil talvez escolheria a Espanha para residir, porque lá está meu irmão. Mas eu gosto muito do Brasil, senão não teria voltado dos Estados Unidos. Hoje estar longe da aviação eu não sinto saudade não. Acho que se eu tivesse sido aposentado direto pela Varig, ai sim eu sentiria muita saudade. Bate saudade de voar aquela época de voar que eu voei, com o brilhantismo e glamour da época da Varig,
Hoje eu não sinto saudade nenhuma não. Depois que eu sai da Varig muito coisa aconteceu que me fez acabar com minha vontade de voar. Hoje eu nem olho o Face da Aviação, não olho mesmo. Mas mantenho contato por telefone com muitos e muitos ex colegas da aviação. Hoje quando eu entro num avião como passageiro não deixa de ser um martírio pelo fato de eu não poder trabalhar, mas eu fico discreto na minha poltrona, não comento com ninguém abordo que trabalhei e fui comissário. As vezes voando de Azul, alguém me reconhece e a gente conversa rapidamente. Mas ir lá para trás e bater papo que eu voei isso eu nunca fiz, porque eu acho que é o momento da tripulação descansar e também não irão estar interessados em saber que eu voei né.
Nem sei o que dizer pela emocao que senti em ler os depoimentos tao emocionantes....De familia e amigos...
Obrigado pelo carinho das pessoas que sempre estiveram ao meu lado, e que se Deus quiser sempre terei....Amo muito vcs, Nao se preocupe o coracao e grande e sempre cabe mais um ......
Muito feliz pelo pelos anos que atravessei rasgando os ceus do mundo, com alegria e dedicacao sempre...
Comecaria tudo de novo??? Simmmmm, sem mudar nada, pois tudo foi um aprendizado para ser o que sou hoje...
Muito obrigado por todas essas palavras carinhos de todos vcs....
Beijos e muito carinho a todos
DEPOIMENTO DA MÃE - DONA YARA
Eu só tenho elogios para Alexandre Matheus, meu filho. Tenho muito orgulho do homem que se tornou. Ele tem uma coisa que para o caminho da vida é o primordial, caráter. Tem um coração que não cabe no peito. Uma pessoa boa, sensata, justa. Trabalhou em vários lugares, sempre com destaque. Mas quando ingressou na aviação, realizou-se totalmente. Descobrimos que ele nasceu para isso e lá fez o melhor dele. Era só elogios, inclusive dos passageiros. Quando eu voava com ele, era um orgulho muito grande. Ele me apresentava para os colegas e eles diziam: “Mãe do Alexandre Matheus? Parabéns!!!”. Muitas cartas de elogios dos passageiros. Funcionário padrão, começando pelo uniforme, sempre impecável, do início dos serviços de bordo até a aterrisagem. Sempre impecável. Teria muito mais pra contar mas não quero me alongar. Excelente filho, excelente irmão, excelente amigo... Elogios sem limites.
DEPOIMENTO DA IRMÃ - ARACELIS
Querido Ale, meu irmão, meu grande amigo, meu companheiro de muitas vidas.
Conhecemo-nos ainda crianças e a conexão foi imediata. Duas pessoas em (quase) tudo semelhantes: mesmos gostos, mesmas paixões, mesmo senso de humor. E mesmo naquilo que somos opostos, somos complementares: eu sonhadora, você realista; eu perdulária, você econômico; eu sedentária e você nômade. E foi justamente essa alma cigana que te levou muitas vezes para longe, atrás de alguma coisa que só você sabia o que era. Mas quando voltávamos a nos encontrar, era como se tempo nenhum tivesse passado, e retomávamos do exato ponto em que estávamos quando você alçou vôo (o trocadilho é intencional). Você sempre foi o mais carismático, o mais comunicativo, o mais cativante da dupla. Quando está perto, é o centro da festa, a alegria da reunião, um facho de luz em qualquer lugar. Fora pouco, ainda é um amigo daqueles verdadeiros, a quem se pode recorrer num momento de angústia ou de aflição. É “pau pra toda obra”. E por tudo isso a minha admiração não tem tamanho. Tem sido um privilégio e uma honra compartilhar esta caminhada com você. Te amo daqui ao infinito, e além. Conte sempre com esta sua irmã do coração.
DEPOIMENTO DA IRMÃ BEATRIZ
"ALEXANDRE,
PESSOA ESPECIAL! Eu costumo dizer que o Alê foi o irmão que Deus me deu, fora
da árvore genealógica. E foi muito bom tê-lo em minha vida, desde os 5 anos até
hoje. Nesses anos todos, tenho que me esforçar para lembrar de algum momento
que não tenha sido bom ao lado dele. Sempre que me lembro dele, é num contexto
de muitas gargalhadas, muitas aventuras, muitos papos legais! Alê tem um
coração enorme, sensível, acolhedor e perdoador. Sinto-me privilegiada de morar
nesse coração!"
DEPOIMENTO DA AMIGA E COMISSÁRIA AMPARO SANCHES
Eu conheço o Alexandre antes da aviação, ele é da minha turma e entramos juntos. Nós trabalhávamos na área do turismo em empresas diferentes e a gente se falava todos os dias. E por coincidência fomos parar na mesma seleção de comissários. Ele sempre foi um amigão, Uma pessoa sensacional.
Boa noite Alexandre, prazer em conhecer vc e sua estória. Meu nome é Raquel e me formei em abril de 1974 quando a Varig ainda tinha Electra em voos domésticos. Muitas estórias acumuladas para contar. Voei todos os equipamentos existentes na época. Fui a primeira mulher chefe de equipe. Abri portas para todas as que vieram depois. Tive a honra de servir a Varig até 1986 quando resolvi deixar a aviação para seguir com outros projetos de vida mas a saudades e as lembranças fazem parte da minha estória de vida. Abs
Parabéns felicidades, saudades da nossa Estrela Brasileira
Adorei! Isso faz bem saber e ler. Fortalece nosso espírito e traz base para nosso caminhar. Forças para chegar onde almejamos. Parabéns! Fantástico!
Parabéns pelo seu testemunho de vida! Também sou uma apaixonado pelo mundo da aviação!!
Muita legal
Alexandre Matheus
! Quantas saudades desse tempo, era maravilhoso!!Amei o relato,
Alexandre Matheus
! Muito bom conhecer um pouco mais de sua história. Lembra da nossa viagem de carro para Las Vegas? Como eu queria parar toda hora pra fazer xixi, você e o Ricardo me apelidaram de "Nona". "Pronto! Lá vai Nona fazer xixi de novo!". Resolvi o problema com uma garrafa pet e vocês queriam me expulsar do carro..Maravilhada com seu relato. Meu marido foi F/E da Varig, aposentou ao infartar em 1991 quando estava no DC 10. Será que o conheceu? Watson Mattos seu nome
Parabéns
Parabéns
Mesmo não tendo a TransBrasil como tema, acredito que não deixa de ser uma bela homenagem a tantos comandantes que tiveram sua vida dento de um cockpit, seja ele na TransBrasil, Vasp, Varig e tantas outras empresas que não existem mais.
Muito legal seu relato, chorei de saudades. Fizemos alguns vôos juntos e me lembro se uma situação super engraçada no Tropical Manaus acho que foi com vc que era chefe da trip e uma cmra e a mãe entraram num chafariz onde o cloro era muito forte e saíram com os cabelos e roupas de banho azuis, o cabelo então, foi muito hilário e rimos de chorar .
PARABĖNS!
Não dá para acreditar ainda faz tanto tempo mais RG e RG fica saudades no meu coração
Muito legal, Alex. Tenho orgulho de ter participado num trechinho dessa história de amor pela aviação. Parabéns!
Grande
Alexandre Matheus
, nossa li seu relato aqui e viajei no tempo, dos papos nos voos, nos hotéis em pernoites e nos DOs fazendo reserva rsrs, fiquei muito feliz de saber de você, grande abraço meu amigoLi o texto inteiro!! Quantas histórias!! Felizmente eu estava em casa quando a Varig quebrou, mas o último voo que eu tinha feito, para Lisboa, foi muito confuso e ficamos uns 5 dias no hotel, esperando um avião pousar, para voltarmos para o Brasil. Já estávamos, inclusive, vendo os preços das passagens. Muito bacana esse texto do Alexandre, com quem tive o prazer de voar muitas e muitas vezes!
Parabéns
A historia de um grande amigo muito querido que teve seu sonho realizado e vivido com
muito empenho, profissionalismo e amor, voamos juntos na mesma companhia Varig, altas historias e emoção. Trouxe carinho ao meu coração reler todas essas aventuras!
Nossas asas podem não mais bater tão forte, mas sempre nos levam as alturas!
te amo Ale!
Show !!!
Parabéns
Eu estava na Florida, levei uma semana pra poder ir pra casa , como fiquei com medo! Foi brabo, já estava procurando emprego lá, Eu quase escrevi um livro! Tantas estórias ! Muitas engraçadas!
Nossa que linda história
que lindo depoimento!!! Parabéns! Você merece!!!! Deus continue abençoando sua vida, agora na aposentadoria
Deus te abençoe sempre!!!
Amei!!!
Eu recomeçaria com você!
Orgulho de ser sua amiga e feliz por Deus ter concedido a vc realizar o seus sonhos.
Isto ninguém nos tira
Que lindo
Querido, querido, querido
Que lindo, amigo!!! Estamos com muita saudade
Oiiiii ! Só agora eu li !!! Está ótima !!! E a Marcia da turbulência, se não me engano sou eu !!! Kkkkkk Eu estava comendo não foi ?????
Nossa que bacana parece que te escutava falando, me trouce lembranças de momentos parecidos, meu pai também gostava de nos levar as vezes ao aeroporto, me fez lembrar a época do concorde, escutei um vinil com seu som que era uma passada. De repente suas vivencias me recordaram outras esquecidas, que delicia primo.
Parabéns
Uma vida bem vivida ! Parabéns
Nossa quanta estória boa e lembranças. Adorei e fiquei emocionada e contente de ver que algumas fotos eu tirei. Beijos
Um sonho cumprido com fidelidade, honestidade, sempre distribuindo gentileza e alegria. Trajeto de vida profissional com elogios tanto pelas empresas como por passageiros que se sentiam aconchegados pela atenção que recebiam de você. Querido, que a sua vida siga como tem sido, com saúde, fé, alegria e o amor de todos nós
Meu amigo querido, com uma vida como sempre quis. Parabéns
Uau !! É um livro.
Que delícia de texto. Que saudade da VARIG
Bravo! Eu, fiquei 37 anos . era das telecomunicação
Lindo relato!
Uma vida na aviação!!
Parabéns
Muito legal
Que história linda
Qts histórias!
Linda sua história
Triste e bonita história
Li todo o seu depoimento, muito bom. Conte mais de suas experiências na aviação. Sou advogado, fui funcionário/advogado da RG no RJ por mais de 20 anos, de 1982 até o final da nossa saudosa empresa. Ótimas lembranças.
Linda história!
Várias lembranças!
Presenciei o fechamento da vaso com meu pai, foi uma cena muito triste.
Agora imagina quem está do outro lado do planeta
Não sei porquê, mas há dentro de mim uma chama de esperança que a Varig um dia retorne como empresa aérea e nos traga muitas alegrias
Carla o mesmo pressentimento tenho eu Deus nos ouça
Parabéns
1987 - O ano que eu nasci !
Alexandre! No B-777, Estava Em NY e Ocorreu Uma Nevasca! Achei Que Iria Ficar Lá, Mas o Único Avião Que Pousou Foi o Avião da Varig! Ao Sairmos Pela Manhã, No Balcão Informaram-nos Que Era o Último Voo!
Triste e desagradável surpresa para um membro da tripulação. E tristeza para todos que vieram a tomar conhecimento do fechamento da Varig.
Foi uma crueldade o que fizeram com a Varig.. e seus funcionários!. Até hoje dá um nó na garganta...
Nossa
Tristeza total até hoje não consigo engolir
Que sofrimento
Alexandre , muito linda sua história, passamos a maior parte de nossas vidas a bordo dos aviões, e colecionamos momentos inesquecíveis !!!!!!
Muito bom li tudo ....
Adilson SouzaPalmas
Fecharam uma das melhores empresas do mundo a Varig. Lamentável
Linda história
Quase um livro, varias histórias menos essa de Paris
Parabéns pelas narrativas no seu blog. Grandes emoções que fazem parte da história da aviação comercial brasileira!
Fiz o curso inicial de Agente de Aeroporto na Azul em outubro de 2015 com o Alexandre integrando a turma. Grande profissional e um cara muito bacana.
Eu estava em Portugal, onde recebi uma ligação da Varig informando que não deixaram de operar é meu voo para SP fora cancelado. Para voltar na mesma data, teria que ir por um voo da TAP para Salvador, depois Varig para SP.
Parabéns pela ricas e inesquecíveis experiências à bordo
Imagina vc na FAB voando o sucatão 23 anos como engenheiro de voo antigo velho de guerra tanto eu como o meu equipamento.. acordando as 02:00 da manha para decolar as 05:00....missão de reabastecimento de voo.. carga.. presidência.. correio aéreo nacional....e recebe a notícia que o avião foi desativado... e todo a sua experiência e conhecimento foram jogados no lixo e você morreu com o avião...???? Foi assim que me senti....sorte que a minha cabeça foi muito boa ...engoli...e fui para a reserva ...dar realmente valor à família...e esquecer da FAB....e saber que nem tudo é avião e respirar querosene ...
Muito bom todas essas histórias contadas pelo comissário Alexandre em uma narrativa emocionante e que nos faz imaginar o quão bacana foi ter vivido cada um desses momentos ... Abraços.
Parabéns pelas histórias.
Confesso, tenho uma invejinha lá no fundo de quem exerceu uma profissão que gostava...
Como eu sempre te disse: "é duro ser gostoso
Muito interessante a história desse ex comissário. Os detalhes de cada episódio fantástico. Foi meu sonho de garoto ser comissário, mais um acidente quando tinha 12 anos me impediu seguir essa linda carreira. Meu falecido pai foi comissário da Panair por muitos anos.
realmente foi lamentável a todos que estavam na ativa, agora só resta dizer foi uma convivência muito feliz, nós bons tempos dá saudosa Varig. abraço a todos dá família Varig.
Fui Varig,British Caledonian,Lh brasil,Lh Alemanha,Banco Safra.Amei sempre.Sou advogada amo voar.Seu relato foi ótimo.
Inacreditável , mas era VERDADE!!
Lembro de nossa gerente da base de GRU entrando na sala de briefing, 17h30 para o turno que se iniciaria 18h00, com um lista enorme na mão. Era o nome dos funcionários desligados a partir daquele instante. A angústia de ver as pessoas chorando por terem seus nomes chamados, se misturava ao breve alívio de permanecer no quadro da base. Lembro como se fosse hoje quando eu e mais um colega de embarque descemos para o então portão 14, onde se embarcavam os voos em ônibus até a posição da aeronave no páteo fora dos fingers. Naquela noite nós embarcamos sozinhos os vôos para MAD, JFK, MXP e FRA se não me engano, segurando a emoção e tentando prestar o melhor serviço e as informações para nossos passageiros, que naquele momento estavam tão ou mais perdidos do que nós frente às noticias de fechamento de bases e extinção de rotas. Foi a noite mais desgastante de todos os dez anos em que trabalhei na aviação em GRU. Faria tudo novamente, por amor àquela que foi mais do que apenas uma Cia Áerea, foi uma verdadeira escola de aviação para muitos que aprenderam a amar esse ramo de atuação. Tenho e sempre terei orgulho em dizer que fui não, sou Variguiano!
Foi uma Tristeza meu Deus
Triste!! Varig a história mais linda da aviação
PARABÉNS PELA LINDA TRAGETÓRIA !!!
Desejo que você possa explorar novos horizontes, descobrir novos caminhos e realizar novas conquistas, na companhia da sua familia para alegria de todos. Sou Ex Varig : Universal@universalturismo.com.br
Também entrei na Varig em 87 e também passei por Gol e Azul. Porem em terra e nos últimos 13 anos como gestor de aeroportos. Bravo
Crisnamuth Rodrigues de OliveiraBravo
Linda estória
Jorge Machado LuzBravo
Sidney Nascimento
Parabens
Malc Camara
Parabéns!
Cesar Bacchieri
Parabéns
, muito legal!!!!!Reginaldo Barros
Eu sou da 15 1986 devo ter voado muito com vc
Pedro Azambuja
ABRAÇO
Paulo Silva
LEGAL / parabéns
Ana Maria Faraco Gallas
Lindíssima história!
Parabéns
.Silvio Viegas
Maquinão
Paulo Silva
Muito bem
Carla Mayer
Parabéns
.Maria Aparecida Allemand
Nos todos q fomos func da varig
parabéns
varig era uma 2 mãe p nós saudadesBete Ribeiro
Muito linda essa profissão
Paulo Mitoso
Parabéns
!Suzanne Roth
Parabéns
Antonia Sales
Parabéns
Paulo Fernando Bacca
Parabens
Marcia Augusto de SáParabéns
Artur Elias Valentim Valentim
Em agosto de 1987...voei pela Varig...Rio-New York..viajem inesquecível
Claudio Serrat de Oliveira
Mto legal sua história Alexandre,
parabéns
por tudo e o mais incrível eh q mesmo tendo voado quase trinta e três anos na Varig como cmro n lembro de termos voados juntos, aviação realmente eh única e deixa marcas indeléveis naqueles q tiveram a oportunidade de trabalhar nela. Felicidades e mto boa sorte nesta nova fase da vida, agora como aposentado e merecidamente. Forte abco.Paulo Dutra
Linda carreira...
parabéns